segunda-feira, 26 de novembro de 2018

DVD: Uganga - Manifesto Cerrado [2017]






O grupo mineiro Uganga surgiu após o ex-baterista do Sarcófago, Manuel "Manu Joker" Henriques, sair do grupo em 1991, e fundar o Ganga Zumba, e depois de quase uma década, tornar-se Uganga (por conta de haver outra banda com esse nome) e um dos principais grupos de thrashcore de nosso país. Desde então, são quatro álbuns de estúdio, um álbum ao vivo e duas turnês europeias. Uma história de mais de 20 anos de sucesso, e que no ano passado, foi narrada no DVD Manifesto Cerrado.

Lançado pela Sapólio Records, em parceria com a Som do Darma, do produtor Eliton Tomasi, Manifesto Cerrado apresenta um documentário de 75 minutos complementado por uma apresentação ao vivo do sexteto para uma pequena plateia, registrada na Estação Stevenson, prédio histórico localizado na zona rural de Araguari, no Triângulo Mineiro. Para quem não conhece a banda, sua formação é Manu “Joker” (vocais), Christian Franco (guitarras), Thiago Soraggi (guitarras), Maurício “Murcego” Pergentino (guitarras), Raphael “Ras” Franco (baixo, vocais) e Marco Henriques (bateria, vocais).


O DVD Documentário aborda uma gama sensacional de informações, que percorrem com propriedade os 20 anos do grupo, através de diversas entrevistas com os membros da Uganga. Ao longo de 75 minutos, temos uma clara divisão em três partes. A primeira apresenta a origem do nome Uganga, explicada por Manu, que também aparece tocando a bateria do Uganga na MTV e no Programa Ultrasom, o início de tudo em 1993, com o primeiro show, histórias com os primeiros guitarristas (Edinho, Marquinho e Christian nas gravações do primeiro CD, Atitude Lótus, de 2003), a mudança de posição de Manu “Joker” da bateria para os vocais, após uma tentativa frustrada de cantar e tocar batera em alguns shows, a entrada de Marco para a bateria, fechando o núcleo dos irmãos Franco e irmãos Henriques, e o encerramento da primeira fase com o lançamento do disco Atitude Lotus.

A segunda parte abrange a estabilização com a formação que grava Na Trilha do Homem de Bem (2006) e Volume 3: Caos Carma Conceito (2009), momento em que a banda alcança o reconhecimento nacional, e fazem sua primeira turnê europeia, registrada no primeiro ao vivo da banda, Eurocaos – Ao Vivo (2013). Esse trecho é muito legal de ver, pois mostra que a gurizada não estava para passeio na Europa, mas sim para fazer um trabalho árduo e de muito reconhecimento pelos colegas de turnê, que passou por países como Alemanha, Áustria, Eslováquia, França, Itália, Polônia, entre outros.


A terceira e última parte apresenta o processo de gravação de Opressor, e é o momento mais legal do DVD. Ali, os integrantes apresentam os motivos que levaram a inclusão da cover "Who Are The True? (original do Vulcano), inclusive com um depoimento do ícone Arthur, líder da Vulcano, as participações de Ralf Klein (Macbeth), Murillo Leite (Genocídio), divulgação de Opressor em programas de rádio, o início da parceria com a Incêndio e a Sapólio, o casamento de Thiago,bem como o nascimento do primeiro filho de Christian, a abertura para o Exodus em 2015, e os delicados momentos com a perda do pai dos irmãos Henriques e o “A Era das Contusões”, onde cada integrante passou por um problema grave, principalmente Christian, que teve que fazer um longo tratamento para se curar, levando o grupo então a ficar com três guitarras, e ao encerramento do documentário com a turnê pelo Nordeste.

Para quem curte história da música, é um senhor DVD, com muitas cenas raras, mas ainda há mais, já que agora passamos ao DVD. É uma apresentação de 45 minutos, realizada na Estação Stevenson, em Araguari/MG. A banda está disposta em círculo, tocando um de frente para o outro, com o público, formado exclusivamente por amigos e familiares, em volta da banda, além de uma baixa iluminação, dando caráter bastante intimista. Quando o som começa, é pancadaria do início ao fim. Muitas canções para quebrar o pescoço, com destaque especial para "Sua Lei, Minha Lei", "Nas Entranhas do Sol" e "Modus Vivendi").


Há participações especiais de Eremita, tocando Scratches e Sampler em "Couro Cru", Juarez “Tibanha” da Banda Scourge, fazendo vocalizações em "Moleque de Pedra Voz", Murcego Gonzales, com o solo de guitarra em "Who Are The True?" bem como Tatiane Ribeiro, Moises Mustafa e Lilian Salgado na percussão de"Aos Pés da Grande Árvore". 

Ainda temos um encarte com diversas fotos da banda, infelizmente de um tamanho não muito grande e possível de ser apreciado. De qualquer forma, a iniciativa desse tipo de material é de um valor imensurável para nosso país. Afinal, é com ele que percebemos o trabalho que é se ter uma banda de Heavy Metal em nosso país. O material foi lançado originalmente apenas para youtube, e a versão em DVD saiu logo em sequência. É necessário registra que o documentário foi financiado pelo Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PMIC). Para quem gosta de conhecer sobre a história das bandas, e principalmente, ter em seu acervo um material original de alta qualidade, que serve de acervo e aprendizagem sobre a música nacional, é uma grande recomendação.


Track list do show

1 Sua Lei Minha Lei
2 O Campo
3 Nas Entranhas Do Sol
4 Couro Cru
5 Opressor
6 Moleque De Pedra
7 Modus Vivendi
8 Who Are The True
9 Aos Pés Da Grande Árvore
10 Noite

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Review Exclusivo: Roger Waters - Curitiba e Porto Alegre (27 e 31 de outubro de 2018)



Queria fazer um texto sobre os shows de Roger Waters no Brasil, durante a turnê Us + Them, em outro contexto que não o que estamos vivendo em nosso país. Relutei, e pensei bem para chegar a conclusão que ele não irá comentar tudo de política que houve nos shows. Irei falar do que aconteceu musicalmente, e trazer uma visão geral dessa porcaria política. É muito triste ver um artista do tamanho de Waters ser vaiado por seu posicionamento político, e pior, ser xingado impiedosamente por pessoas que pagaram um bom dinheiro para estar na grade VIP, malucos sem noção que passaram apontando o dedo médio e gritando "comunista", "Aqui você vai ir para a cadeia com o Lula" e outras baixarias inacreditáveis, que obviamente ele não ouviu, ele não entendeu, talvez ele tenha visto, mas do alto de sua sabedoria, inteligência e por que não, arrogância que marcam uma carreira impecável de 50 anos e muito sucesso, superou musicalmente (e visualmente) com um show de alto nível.


Waters mandando ver no baixo de "One of These Days"

Baixarias de fanáticos a parte, os dois últimos shows de Waters em nosso país marcaram uma grande mudança em relação as suas últimas passagens, em 2007 e 2012. Se lá ele apresentou The Wall - o clássico disco do Pink Floyd, lançado em 1979 - na íntegra, e em 2007 concentrou-se em trazer Dark Side of The Moon em sua totalidade, com outros clássicos de sua carreira, dessa vez ele não ficou só em um disco, e veio promover o ótimo Is This The Life We Really Want?, que saiu ano passado. Com isso, percorreu também cinco álbuns lançados pelo Pink Floyd, passeando então por Meddle (1971), Dark Side of the Moon (1973), Wish You Were Here (1975), Animals (1977) e o citado The Wall.

Para tal, um palco gigantesco, com um telão igualmente gigantesco, preencheu boa parte dos estádios Couto Pereira (Curitiba, no dia 27) e Beira-Rio (Porto Alegre, no dia 30). O show foi dividido em três partes, muito parecidas entre Curitiba e Porto Alegre, com exceção da terceira parte, que teve canções excluídas em Porto Alegre. Na primeira parte, o show começou com um vídeo de meia hora de uma moça sentada a beira da praia. A imagem representa uma refugiada, fugindo do seu país, e a moça irá aparecer por outras vezes ao longo do show, inclusive no final.

O som do mar vai se confundir com sons de batidas de coração, e então, "Speak To Me" e "Breathe" abrem o espetáculo de forma suave, nos convidando para apreciar Dark Side of the Moon. Foi curioso encerrar "Breathe" e ouvir na sequência "One of These Days". Waters aqui mandou ver no baixo, e o chão tremeu com os solos de Jon Carin (tecladista que fez parte da formação do Pink Floyd pós-saída de Waters, e que no show, além de teclados também tocou violão e foi responsável em "One of These Days pelo slide guitar) e Dave Kilminster (na guitarra). Sonzaço, seguido pelos relógio de "Time", e uma mágica interpretação das vocalistas Holly Laessing e Jess Wolfe (apelidadas de Lucius) para "The Great Gig in the Sky", que não ficou nem perto da original em ambas as apresentações (fazer o que Clare Torry fez é irreproduzível), mas deu um bom agrado aos ouvidos, e encerrou o lado A de Dark Side of the Moon apenas substituindo "On the Run" por "One of These Days", o que confesso, curti bastante.

"Time" e "Welcome to the Machine"

A surpreendente "Welcome to the Machine" veio na sequência, trazendo ao fundo o famoso vídeo que marcou sua execução nos anos 70. Foi aqui que aconteceu a manifestação política em Curitiba, mas em Porto Alegre, passou sem nenhuma manifestação (aliás, a capital gaúcha não teve NADA referente ao Bostonaro). Os demais integrantes da banda de Waters, Jonathan Wilson (guitarra, vocais), Gus Seyffert (baixo) e Joey Waronker (bateria), além de Ian Ritchie (saxofone) e Bo Koster (teclados, guitarras), estão na formação de Is This the Life ..., e fizeram muito bem a apresentação de três canções deste disco, "Déjà Vu", "The Last Refugee" e "Picture That" . Confesso que "The Last Refugee" me levou às lágrimas, ainda mais pelo belíssimo clipe exibido no telão, e que "Picture That" foi um belo tapa na cara de muita gente que estava nos dois estádios só para ouvir as duas seguintes, "Wish You Were Here" e "Another Brick in the Wall Pt. 2". Foi o momento celular, onde os estádios se iluminaram e pude constatar que os retardados que vaiaram Waters só conheciam essas duas músicas mesmo. Agora, o que não entendo é como um cidadão ficou registrando "Another Brick in the Wall Pt. 2" gritando o tempo todo "Vai pra Cuba!", e isso na pista Vip, e depois foi embora ... É vontade de gastar dinheiro!

Tirando isso, vale citar que "The Happiest Days Of Our Lives" se fez presente, assim como a terceira parte de "Another Brick in the Wall", que encerrou então a primeira parte do show. Também foi bonito ver a mensagem que Waters passou com as crianças encapuzadas durante "The Happiest Days of Our Lives", como se fossem ser executadas, e depois, ao longo de "Another Brick in the Wall Pt. 2", tirando o capuz e a roupa de presidiário para curtirem o show livres, dançando, com a liberdade que toda criança - e ser humano - deve ter, e com a palavra RESIST estampada no peito. Ele não tem ideia do impacto que essa mensagem, junto do clipe de "The Last Refugee", me causou. Ah, houve um pequeno vacilo de Waters na entrada de "Wish You Were Here", isso no show de Curitiba, mas nada que causasse tanto estrago.


Waters em "Picture That" (acima) e as crianças prestes a serem "executadas" em "The Happiest Days of Our Lives" (abaixo)

O intervalo foi recheado de mensagens no telão, que disseram muito para quem tinha que ler, mas duvido que tenha lido, vide o que aconteceu no domingo das eleições ... Enquanto as mensagens rolavam, mais manifestações políticas vinham da plateia, em mais atitudes novamente ridículas de ambos os lados, afinal, aquilo é um show de rock. Enfim, vem a segunda e encantadora segunda parte.

Aqui realmente o show começou. Depois do intervalo com muitas mensagens de resistência a diversos males do mundo, como fascismo, ditadura e até o facebook, o chão começou a tremer, e então, o gigantesco telão transformou-se na usina termelétrica Battersea, que estampa a capa de Animals. Acima do telão, quatro chaminés e o famoso porquinho voando entre elas, e os presentes puderam presenciar uma aula de tecnologia, deixando todos de olhos vidrados, e ouvidos atentos, para as impecáveis apresentações de "Dogs" e "Pigs (Three Different Ones)", ambas do disco de 1977. A forma como a usina surge no telão é encantadora. Uma pena que no Brasil ela não veio "completa", como nos shows do exterior, onde parte dela prolongava-se para a plateia, mas mesmo assim, foi incrível.

Momentos do show de Curitiba (acima) e Porto Alegre (abaixo) durante as execuções de "Dogs" e "Pigs (Three Different Ones)

Musicalmente, "Dogs" foi interpretada fielmente a versão original. Os solos de guitarra, a participação dos teclados, tudo esteve muito bem encaixado. A sacanagem unindo os três animais do disco, com a ovelha servindo champanhe para os porcos, e os cães latindo ao fundo, ficou muito legal, e claro, Waters fantasiado de porco, dizendo que os porcos governam o mundo, e depois mandando um belo "Fuck the Pigs" (já sem máscara) foi de tirar o sarro. "Pigs (Three Different Ones)" foi mais centrada em "homenagear" Donald Trump. O uso do vocoder por parte de Dave me fez viajar no tempo, quando ouvia Animals deitado no meu quarto delirando com aqueles efeitos. Só essas duas faixas já valeram a ida nos dois shows, seja pela música, ou pela beleza que foi a criação da usina no telão.

O mais interessante mesmo foi o que ocorreu em Porto Alegre. Assim que o telão apresentou a palavra "Dogs", um raio gigante cruzou o céu da capital gaúcha. Muitos acharam que fazia parte do show, mas na verdade, foi só um prenuncio do temporal que atingiu a cidade logo em seguida, mas em tempo de ainda acabar o show, o qual foi toda a segunda parte embaixo de água. Inclusive, o porquinho voador, com as palavras Seja Humano estampadas na barriga, deu uma breve volta no estádio e logo foi guardado (em Curitiba ele ficou mais algumas canções "no ar"). O público não arredou o pé em Porto Alegre, e em Curitiba, todos sequinhos curtiram "Money" e "Us and Them", mais duas de Dark Side of The Moon, e que novamente levaram-me às lágrimas. Que músicas belas, e que composições. Presenciar o criador delas tocando ali, diante dos meus olhos, é algo inesquecível.

Mais imagens da Usina, com destaque para o porquinho voando sobre as chaminés (abaixo) e Waters com a máscara de porco (acima)

Veio "Smell the Roses", do novo álbum, e um cheiro forte e repugnante surgindo na frente do palco, que nos fez sentirmos dentro da própria usina termelétrica (esse efeito, para quem não estava na pista, creio que não foi sentido). Fechando a segunda parte do show, o momento mais aguardo, com "Brain Damage", "Eclipse" e a recriação da capa de Dark Side of The Moon, através de um show de lasers que iluminaram os estádios, formando então a pirâmide (lasers branco) e as cores do arco-íris. Vendo de dentro da pirâmide, o efeito não foi tão belo quanto da arquibancada, onde podia se ver explicitamente a capa de Dark Side, mas de qualquer forma, foi muito esperta e inteligente a produção que fez essa obra, encantadora de todos os lugares que fosse vista, e que encerrou a terceira parte do show de forma sublime.

Em Curitiba, Waters deu um breve intervalo, apresentou a banda, contou que a próxima canção ele resolveu tocar no lugar de "Mother", por conta dos problemas judiciais que poderiam surgir, e que a mesma era dividida em três partes. Assim, vieram "Wait for Her", "Oceans Apart" e "Part of Me Died", que ficaram lindas, com muita emoção e mensagens belíssimas de paz vindas do telão. Já em Porto Alegre, com a chuva aumentando e o temporal se aproximando, Waters quebrou o protocolo, disse que não ia apresentar a banda, e foi direto para o final, com "Comfortably Numb". Outra faixa sensacional, com belos solos por parte de Kilminster, e na qual eu tive a oportunidade de ao menos cumprimentar Waters e agradecer por ele ter trazido essa turnê ao Brasil, já que ao final da canção (em ambos os shows), ele desceu do palco e foi dar um tapinha nas mãos dos fãs que se aglomeravam nas grades.



A pirâmide de Dark Side em dois momentos


Foi uma demonstração de simpatia e carisma de Waters, um momento digno de alguém como ele, o qual saiu do palco dizendo amar à todos e agradecendo a presença (e dando uma corridinha para fugir da chuva em Porto Alegre). Com os estádios já iluminados, a mulher sentada na beira da praia volta ao telão, e então, eis que surge sua filha, do meio da praia, para um fraterno e emocionante abraço encerrar definitivamente a apresentação.

Alguns pontos preciso ressaltar:

  • O show de Curitiba, para mim, teve muito mais tesão por parte de Waters. Em Porto Alegre, ele pareceu mais frio, ou conformado com a eleição do Bolsonaro. Em Curitiba, ele ainda tinha um gás para queimar, e foi bem mais interativo com a plateia no sentido de tentar fazer algum eleitor repensar o voto.
  • O público em Porto Alegre foi maior, mas não lotou o Beira-Rio. Talvez por que havia semifinal de Libertadores no mesmo horário, ou a ameaça de chuva, enfim. Na média, os dois shows deram 40 mil pessoas cada.
  • A tecnologia dos shows estão cada vez mais surpreendendo, o que é ótimo, mas como é bom ver uma banda afiadinha e sem errar quase nada.
  • A comida e bebida estavam com preços bem abusivos, sem falar no estacionamento. Foi a oportunidade para muitos enriquecerem as custas dos fãs, e pior, a oportunidade de ver que tem muito direitista cheio da grana, que se prestou a comer pra caralho durante o show, vaiar Waters quando podia, bater papo durante "Dogs" ou "The Last Refugee" (só para citar algumas) e ligar o celular para filmar "Another Brick in the Wall, Pt. 2".
  • Interessantíssimo ver que em "Another Brick in the Wall, Pt. 2", até o vendedor de lanches sentou para curtir o espetáculo.
  • Provavelmente essa foi a última turnê de Waters por nosso país.
  • O povo brasileiro, em suma maioria, ainda tem muito a aprender sobre democracia, e principalmente, que em local de show, política, futebol e religião não podem entrar em campo de jeito nenhum.
  • #EleNão!!
Fim de espetáculo

Set list

Speak to Me
Breathe
One of These Days
Time
Breathe (Reprise)
The Great Gig in the Sky
Welcome to the Machine
Déjà Vu
The Last Refugee
Picture That
Wish You Were Here
The Happiest Days of Our Lives
Another Brick in the Wall Part 2
Another Brick in the Wall Part 3
Dogs
Pigs (Three Different Ones)
Money
Us and Them
Smell the Roses
Brain Damage
Eclipse
Wait for Her (Curitiba)
Oceans Apart (Curitiba)
Part of Me Died (Curitiba)
Comfortably Numb
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