quinta-feira, 25 de julho de 2013

Entrevista Exclusiva: Arnaldo Baptista




Fotos do facebook oficial do cantor (https://www.facebook.com/ArnaldoDiasBaptista?fref=ts)


Comemorando os sessenta e cinco anos de Arnaldo Baptista nesse mês de julho de 2013, o Baú do Mairon, juntamente com o Consultoria do Rock, vem prestando uma justa homenagem ao maior músico que o Brasil apresentou ao mundo nos últimos quarenta anos.

Depois de um War Room especial com o seu principal disco, Lóki?, e da Discografia Comentada detalhando seus álbuns na carreira solo e com a Patrulha do Espaço, chegou a hora de uma entrevista exclusivíssima com o próprio. Um bate-papo rápido, sincero e revelador de um novo projeto na carreira de Arnaldo, o álbum Esphera.

Agradecimentos mais que especiais para Sonia Maia, acessora direta e produtora executiva de Arnaldo, a qual não mediu esforços para que essa entrevista fosse realizada, e claro, ao Arnaldo e Lucinha por terem concedido a mesma.



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1. Mairon Machado (MM): Como surgiu a ideia das apresentações dos Saraus?
Arnaldo Baptista (AB): Foi assim: como não existe P.A. valvulado, nem para alugar... e eu não suporto o som digital com os graves (contrabaixo), então passei para o show solo... O piano e a voz, não tem, graves.

2. MM: Qual o critério estabelecido para a escolha das canções apresentadas nos shows?
AB: É o que me vem a cabeça, em função do público, do momento... Fiz um repertório, mas não me prendo...

3. MM: Existe uma comparação entre os shows atuais e os shows realizados na turnê Shining Alone, durante a década de 80?
AB: A única comparação é a mudança que em mim, ocorreu. No Shinin’ Alone, eu tocava com um Hammond e violão, e no Sarau o Benedito? , com um piano de cauda.

4. MM: Como tem sido a reação das plateias e qual a sua sensação de voltar a tocar sozinho no palco depois de algum tempo afastado do mesmo.
AB: Maravilhosa... enche de jovens... “Sanguinho Nôvo”... Estou muito satisfeito.

5. MM: Conte-nos como foi a gravação do álbum Disco Voador.
AB: Foi com o que possuía na época (equipamento precário).... Este foi um registro que o Luis Calanca fez questão de lançar...

6. MM: Por que não ocorreram mais lançamentos independentes como Let it Bed? Você pretende lançar algum material novo em breve?

AB: Estou aguardando O “paitrocínio”, como diz o John Ulhoa, para terminar o ESPHERA...


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7. MM: Quanto a Lóki!, esse álbum tornou-se extremamente venerado, e completará 40 anos em 2014. Conte-nos um pouco sobre o que se lembra dos dias de gravação do mesmo.
AB: Foi difícil encontrar-me em estilos com o Liminha, mas, deu muito certo...

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8. MM: Por que da não inclusão da guitarra nas gravações?
AB: Para provar que ela não era indispensável.

9. MM: Existe a possibilidade de um lançamento especial ou até mesmo um box comemorando os 40 anos de Lóki!?
AB: Ignoro... e acho muito difícil que a Universal invista neste projeto... Hoje é tudo digital...

10. MM: É perceptível a influência de piano erudito nas suas composições. Você tem mais algum pianista clássico favorito além de Liszt?
AB: Tenho: Debussy. Minha mãe, Clarisse Leite, era pianista e concertista, e foi a primeira mulher no mundo a compor um concerto para piano e orquestra. Quando era criança, eu brincava com o piano e não com revólver.

11. MM: No período dos Mutantes, como era construir músicas de tão alta qualidade no Brasil com tão poucos recursos em comparação aos americanos e europeus?
AB: Fazia parte das pesquisas.

12. MM: Como você aprendeu o processo de mixagem e gravação de estúdios? Ao mesmo tempo, como desenvolveu sua habilidade de multi-instrumentista?
AB: Foi uma curiosidade. Auto-didata.

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13. MM: Qual o instrumento que você mais gosta de tocar? Por que?
AB: Piano. Ele é mais completo.

14. MM: Qual a sua opinião sobre a música mundial atualmente? Você acompanha sites relacionados a música?
AB: A música está esperando pelo ESPHERA.

15. MM: Como você vê o processo de downloads e do uso da internet para venda de vinis, cds e outros itens ligados à cultura.
AB: Creio ser uma parte que adicionou confusão na área monetária.
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MM: Arnaldo, muito obrigado pela sua atenção. Parabéns pelo seu aniversário e que você tenha muita luz, paz e saúde. Obrigado também por nos propiciar momentos maravilhosos e inesquecíveis através de sua música. Seja ouvindo um vinil/CD, seja presenciando um show seu, saiba que nós fãs estaremos eternamente gratos por podermos apreciar uma obra de rara qualidade.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Black Sabbath Com Ozzy É Heavy Metal?




Não há sequer um ser, conhecedor de rock, admirador do estilo ou até mesmo fã incondicional de Heavy Metal, que não reconheça a importância do quarteto britânico Black Sabbath para a solidificação das estruturas que culminaram posteriormente no surgimento de nomes como Slayer, Metallica, Iron Maiden, entre outros. 

Sem dúvidas, os riffs da guitarra de Tony Iommi, a pegada indefensável de Bill Ward, o ritmo cavalgante do baixo de Geezer Butler e as linhas vocais (bem como o carisma) de Ozzy Osbourne, a partir de 1970, aperfeiçoaram uma receita que havia sido (pouco) explorada por grupos como Cream, Blue Cheer e Steppenwolf. 

Mas, analisando profundamente a discografia da banda no seu período áureo, que vai de 1969 até 1979 (na qual o grupo lançou oito discos), temos uma vastidão de estilos que não compreendem somente o Heavy Metal. Apesar da primeira canção do primeiro álbum, que leva o nome da banda, ser um dos ícones assustadores representativos da capacidade "metálica" da banda, o próprio primeiro álbum não é somente metal. Assim como o Led Zeppelin, o Black Sabbath peregrinou por diversos estilos, e aqui, vou tratar de algumas canções que estão longe de ser METAL, variando desde o blues até o mais complexo progressivo.


 Bill Ward, Geezer Butler, Ozzy Osbourne e Tony Iommi

Vamos então fazer um álbum a álbum, mostrando outros estilos escondidos entre a grande capa metálica que cobre as largas costas sabbáthicas, e aguardo os comentários certamente contra (ou a favor) das ideias aqui propostas.

Black Sabbath [1970]

O primeiro álbum apavorou a conservadora mídia britânica e ao mundo, graças aos pesados riffs de faixas como "Black Sabbath" e "N. I. B.", só que essas são as únicas faixas Metal do álbum. Após a pancada de "Black Sabbath", somos levados ao blues de "The Wizard", estilo também apresentado em "Evil Woman (Don't Play Your Games With Me)". A épica "Sleeping Village", trazendo uma recriação para "Warning" (do Aynsley Dunbar Retaliation), mostra o Black Sabbath engatinhando pelo rock progressivo (algo que ele iria fazer constantemente nos álbuns posteriores. Ainda temos o jazz, estilo que acabou sendo marcado a ferro por ser o responsável pela saída prematura de Ozzy Osbourne, dá suas caras disfarçadamente através das passagens instrumentais de "Behind The Wall Of Sleep". E o que é a introdução de "Wicked World" se não uma deliciosa peça de Wes Montgomery com distorção? Ou seja, das oito canções (considerando o lançamento nacional, excluindo "Wicked World"), temos seis faixas não-Metal. Pouco para um disco considerado o primeiro do estilo.

Paranoid [1970]

O mais emblemático disco do Black Sabbath. Daqui, nasceram as clássicas "War Pigs", "Paranoid" e "Iron Man". Ainda temos mais peso em "Electric Funeral", e acaba por aí. "Planet Caravan" é um mergulho na psicodelia folk do final dos anos 60, com leves pitadas de progressivo. A instrumental "Rat Salad" traz novamente as inspirações jazzísticas, que levam "Hand of Doom" por toda sua audição. A própria "Electric Funeral" paga tributo ao jazz no trecho central que tem o nome da canção destacado. "Fairies Wear Boots" desliza pelo blues e pelo jazz com naturalidade, e assim, temos um álbum com 50% de canções metálicas (uma delas com pitadas de jazz). Já é uma percentagem maior em relação ao primeiro álbum, mas não totalmente confiável.

Master of Reality [1971]

Para muitos, o álbum mais pesado do grupo, e com razão. Aqui, são pauladas atrás de pauladas, e as escapadas em outros estilos são curtas e rápidas, através do violão clássico de "Orchid" e "Embryo" e na valsa folk "Solitude", uma das mais belas canções da carreira do grupo. Cinco em oito, sendo duas das três Não-Metal vinhetas com pouco mais de um minuto, consolidam Master of Reality como o disco mais pesado do Black Sabbath até então.

Vol. 4 [1972]

Outro disco bem pesado. Excluindo a melosa "Changes" (uma balada única na discografia do Sabbath), raros são os momentos Não-Metal. Temos inspírações psicodélicas na viajante vinheta "FX", um pouco mais de violão clássico com "Laguna Sunrise", rock com distorção em "St. Vitus Dance" e até passagens de samba (?!) em "Supernaut". No mais, aqueles riffs certeiros de Tony Iommi em cinco de dez faixas. Ou seja, mais um álbum 50% - 50%, mas que na sua duração geral, é bem mais pesado que os dois primeiros.

Sabbath Bloody Sabbath [1973]

A partir daqui o Black Sabbath começa a peregrinar por novos mundos. O progressivo é a bola da vez, com os integrantes (principalmente Iommi e Butler) dividindo-se em vários instrumentos do estilo, como mellotron, flautas e sintetizadores. O principal representante é Who Are You?", carrregadíssimo em sintetizadores e mellotron. As flautas em "Looking for Today" (atributos de Iommi) também nos levam para um caminho progressivo, apesar do pesado riff da canção. Concentrando-se nos riffs de "A National Acrobat", canção mais longa do álbum, podemos também concordar sem exageros que há ali inspirações progressivas. "Fluff" é mais uma canção instrumental levada apenas por violões, enquanto "Sabbra Cadabra" é uma genial pérola do cancioneiro jazzístico de Iommi e cia., transformada em uma sensacional mistura prog com a entrada dos sintetizadores de Mr. Rick Wakeman (que muitos também atribuem erroneamente a ser o músico dos sintetizadores de "Who Are You?"). E o que dizer de "Spiral Architect"? Dividida em três partes, a primeira acústica aos violões, a segunda levada pelo riff e pelos violinos, e a terceira com uma orquestração fabulosa. Da onde isso é Metal? Duas em oito. Pouco para um dos maiores símbolos do Heavy Metal na década de 70.


Black Sabbath em 1975

Sabotage [1975]

Esse disco começa sensacional. Uma paulada atrás da outra, com "Hole in the Sky" e "Sympton of the Universe", apesar do "pseudo-samba" em seu encerramento, e ainda a introdução aos violões de "Don't Start (Too Late)". Mas e "Megalomania"? Uma das principais peças progressivas da carreira do Black Sabbath, digna inclusive de entrar em uma lista de Maravilhas Prog com seus quase dez minutos de experimentalismo e aquele maravilhoso mellotron no final. As passagens vocais e orquestrais de "Supertzar" saíram de alguma catacumba medieval, e "The Writ" somente é a mais progressiva canção do grupo, repleta de variações e levadas muito complicadas e trabalhadas para o estilo Sabbath. "Thrill of it All" perde-se entre um rock singelo e uma pegada mais hardeira, de um ritmo estranho e sem peso, complementado por uma bela sessão com piano e moog, e "Am I Going Insane (Radio)" é vítima de um mini-moog passageiro que idealiza ainda mais o vínculo com o progressivo. Uma canção e meia em oito, isso definitivamente não é heavy metal. 

Technical Ecstay [1976]

O disco que gerou todas as brigas que levaram Ozzy a sair da banda. Para muitos, o mais fraco álbum da carreira do grupo, justamente por ser considerado "fora dos padrões" do Metal sabbáthico. Os teclados de Gerald Woodruffe ajudaram ainda mais a aumentar o desprezo pelo álbum, que já abre com uma pedrada, "Back Street Kids". Ainda há outros petardos violentíssimos em "Dirty Women", com leves passagens jazzísticas,  e "Gypsy", um bom rock pesado para não se botar defeito, assim como "Rock 'n' Roll Doctor" é um rockão dançante, sem peso, mas muito bom. As citações ao jazz aparecem também em "All Moving Parts (Stand Still)", e "You Won't Change Me", apesar do excesso de teclados, é uma balada pesadíssima, que se gravada nos anos 70, iria estar entre as melhores de todos os tempos. "It's Alright" (coverizada ao vivo pelo Guns N' Roses futuramente) é mais uma balada, porém levada por piano e o vocal de Bill Ward, e que também poderia estar tranquilamente sendo tratada a pão-de-ló em qualquer álbum dos anos 80. Falando em baladas, não se comover com "She's Gone" é para surdos. Uma das canções mais agonizantes que já ouvi, em uma performance fantástica de Ozzy. Três em oito, mantém a média de canções pesadas por álbum do Black Sabbath.

Never Say Die! [1978]

Ozzy saiu e voltou para gravar outro disco conturbado, que começa com a  clássica, sensacional e tiradora de fôlego faixa-título, uma peça rara no mundo Metálico. Outra que ficou famosa foi "A Hard Road", que foi divulgada pela televisão através de um video-clipe, e que poderia estar facilmente em álbuns como Sabotage ou Sabbath Bloody Sabbath, assim como "Over To You" e "Shock Wave", a última com mais um riff (e solo) matador de Iommi. Tentar definir "Junior Eyes" é impossível. Apenas uma das melhores canções do grupo, com Iommi mostrando por que ele é um dos maiores guitarristas de sua geração, destruindo o wah-wah, e com o baixão de Butler sacudindo as paredes da casa como manda o figurino metálico. O disco tem um interessante lado experimental, seja com a tecladeira de Don Airey em "Johnny Blade" (fantástica peça misturando progressivo com metal, algo que o Rainbow fez muito bem pouco antes com a maravilhosa "Stargazer"), além de um solo mágico na guitarra e Ward em uma performance soberba, seja com a instrumental "Breakout", misturando um solo frenético com saxofone (carregado de distorção) com uma base extremamente pesada. Ainda temos as deliciosas viagens progressivas de "Air Dance" (com os delírios de piano de Don Airey), e Bill Ward soltando a voz (novamente) na bigorna 5 T de "Swinging the Chain". Sete em nove (isso sem incluir o peso de "Breakout"), é um álbum muito acima da média nos padrões metálicos do Sabbath.

No compto geral, temos que aproximadamente metade das canções desse período são legitimamente Heavy Metal. Porém, tachar a banda de Heavy Metal parece-me um tanto quanto descabido. 


Black Sabbath em 1978

É óbvio que dentro da Santíssima Trindade (Black Sabbath, Led Zeppelin e Deep Purple), o grupo de Ozzy e cia. foram os mais pesados, e os mais influenciadores, até por que o Led Zeppelin é uma banda de difícil catalogação, e o Deep Purple, com sua constante mudança de formação, saiu do rock psicodélico ao funk com uma naturalidade impossível de ser igualada por outra banda.

Porém,  com essa pequena retrospectiva nos álbuns, quero deixar que o que o Black Sabbath fazia não estava muito aquém do que bandas como o Blue Cheer, Uriah Heep e o início do Queen. O peso estava lá, somente a forma como ele era empregado era diferente.

Assim como tantas outras, o Black Sabbath viveu em uma fase incrível, na qual a inspiração das bandas variava incrivelmente. Assim, nasceram baluartes como Fletwood Mac, UFO, Judas Priest, Trapeze, e tantas outras bandas. A diferença principal foi no poder de fogo dos riffs de Iommi. Sua distorção característica marcou uma geração, e veio a florescer posteriormente junto ao grunge, já na década de 90, com bandas como Soundgarden e Alice In Chains enaltecendo a importância de um grupo que passou a década de 80 relegada a gaveta de dinossauros sem importância, apesar de bons lançamentos esses sim, exclusivamente metálicos. 

Reflitam e, depois, joguem as pedras.


quinta-feira, 18 de julho de 2013

Maravilhas do Mundo Prog: King Crimson - Pictures of a City [1970]



Continuando as Maravilhas Prog criadas pelo King Crimson, temos agora o momento crucial para a sobrevivência do grupo. A saída de McDonald e Giles pouco depois da turnê de divulgação de In the Court of the Crimson King (contendo a Maravilhosa "Epitaph") colocou a casa da banda em um tremor de quase 8.9 graus na escala Richter, danificando muito as estruturas internas, levando posteriormente Lake a aceitar o convite de Keith Emerson e fundar o Emerson Lake & Palmer.

Porém, o guitarrista e líder da banda Robert Fripp tinha a companhia inseparável do amigo Peter Sinfield, e com ela, apostava que podia seguir em frente. O primeiro passo foi avaliar os danos e tentar construir rapidamente uma base que sustentasse suas ideias. Sinfield decidiu aprimorar seus conhecimentos sobre sintetizadores e aprendeu a tocar mellotron, instrumento que Fripp também se especializou no período.

Mel Collins
O guitarrista convenceu os irmãos Peter e Michael Giles a retornarem para o King Crimson (já que ambos haviam feito parte do projeto Giles, Giles & Fripp, pouco antes da formação do Rei Escarlate, e Peter foi o baterista e In the Court of Crimson King), mas agora como músicos contratados. Para substituir Lake nos vocais, o jovem Reginald Dwight fez parte de alguns ensaios, mas acabou não sendo aprovado pelo exigente perfeccionismo de Fripp. Anos depois, Reginald vendeu (e continua vendendo) milhões de álbuns sob o pseudônimo de Elton John. A solução encontrada foi também ofertar a Lake um contrato para a gravação apenas dos vocais (já que o baixo ficou com Peter Giles), tendo como pagamento o sistema de PA do grupo (!).

Porém, faltava um substituto para Ian McDonald. Os instrumentos de sopro haviam sido o principal destaque no álbum de estreia, caracterizando o som Crimsoniano (junto do mellotron) e sua ausência era impensável para o projeto dar certo. Resultado, Fripp seduz o saxofonista Mel Collins a fazer parte da banda. Mel havia feito participações em shows e também em algumas gravações do The Animals, e estava consolidando-se como integrante do grupo Circus. Tocar no King Crimson foi um passo natural, revelando um músico fantástico.

Com uma visão de mudar um pouco a direção sonora, deixando-a mais acústica, o pianista Keith Tippett é integrado ao grupo (apesar de não ser apresentado como um membro oficial). Também pensando no futuro, Fripp chamou um ex-colega de infância para testar seus vocais. Gordon Haskell é o nome da pessoa em questão, e ele frequentou os estúdios de gravação entre os meses de janeiro e abril de 1970, período no qual foi registrado o segundo álbum do King Crimson.

Peter Giles, Keith Tippet, Greg Lake e Michael Giles (acima);
Robert Fripp (sentado)
  No dia 15 de março, o King Crimson apresentou-se (pela única vez) no programa Top of the Pops da BBC, interpretando a inédita "Cat Food", e com a formação tendo Fripp, Lake, Tippet e os irmãos Giles.

Lançado em 15 de maio de 1970,  In the Wake of Poseidon manteve o mesmo estilo de som que encantou o mundo com In the Court of Crimson King. Lá estão o mellotron, os instrumentos de sopro, a voz aveludada de Lake e passagens sonoras arrepiantes. Até a sequência musical parece ser a mesma, o que levou a imprensa a cair de pau na banda, dizendo que o grupo era pouco criativo e sem inspiração, chegando ao ponto da revista Rolling Stone acusar a banda de ser uma plagiadora dela mesma.

O fato é que as semelhanças com o primeiro disco existem, mas o segundo não perde em nada sua qualidade por conta disso. Pelo contrário. Os problemas internos parecem não ter afetado a composição final das faixas, e o que ouvimos é um álbum talvez superior ao seu antecessor. Ainda mais com sua abertura, a maravilhosa "Pictures of a City" (contendo no subtítulo a frase 'including 42nd and Treadmill"), para muitos, a irmã-gêmea de "21st Century Schizoid Man", porém muito mais madura (e por que não, gostosa). No início, "Pictures of a City" chegou a ser batizada de "A Man, A City". É assim que podemos encontrá-la na caixa Epitaph, citada no artigo anterior

Capa interna (autografada) de In the Wake of Poseidon

Nossa maravilha surge após a vinheta "Peace - A Beginning", a qual é apenas um breve poema entoado por Lake entre sons de pássaros, e já detona as caixas de som com o rufar e viradas da bateria, enquanto saxofone, baixo e guitarra executam as mesmas notas, para apresentar o jazzístico tema central da canção, em um andamento cadenciado de Giles.

Uma virada de Giles traz a voz de Lake, entoando palavras soltas e rasgando a voz no final de cada frase, com o peso comendo ao fundo principalmente na guitarra de Fripp. O tema central é repetido, trazendo a sequência da letra, com a mesma pegada da primeira estrofe, e dela, entramos na viajante sessão instrumental, através de rasgadas notas da guitarra.


É Fripp quem abre a sequência de solos com um tema estupidamente cavalar e quebrado, acompanhado por viradas excelentes da bateria, uma escala fabulosa do jazz e a marcação do saxofone. A velocidade das notas da guitarra é estonteante, mostrando todo o virtuosismo de Fripp, e claro, as bases jazzísticas ao fundo são de fazer qualquer cidadão vibrar com tamanha perfeição. Ainda somos apresentados a uma série de notas que vão diminuindo suas frequências, para Fripp repetir seu solo, com o baixo e a bateria imitando o ritmo de suas notas em uma marcação soberba.

Depois de toda a velocidade do solo de Fripp, baixo e bateria acalmam os ânimos, e Fripp desliza seus dedos pelo botão de volume, fazendo um solo muito leve, com tímidas notas, utilizando-se bastante de escalas de grandes músicos do jazz, como Django Reinhardt e Wes Montgomery. A medida que a bateria aumenta seus rufos, as notas da guitarra vão se misturando esquizofrenicamente, explodindo na última estrofe vocal, para Lake rasgar sua voz, e a guitarra, carregadíssima de distorção, encerrar essa maravilhosa mistura de jazz com o rock em uma barulheira infernal, com destaque para Giles, que simplesmente detona a bateria.


Depois da pancada de "Pictures of a City", somos apresentados a voz grave de Gordon Haskell na balada "Cadence and Cascade", uma espécie de irmã (porém não-gêmea) de "I Talk to the Wind", e encerra-se com a faixa-título, outra Maravilha, com os mesmos dotes e talentos de "Epitaph".

No lado B, a vinheta "Peace - A Theme" dá espaço para "Cat Food", o único single desse álbum, lançado em 13 de março de 1970, trazendo no lado B a estranha "Groom" (que ficou de fora do vinil), seguindo com as  três partes de viagens insanas de "The Devil's Triangle" ("Merday Morn", "Hand of Sceiron" e "Garden of Worm"), inspiradas no movimento "Mars: Bringer of War", da suíte "The Planets", composta por Gustav Holst, para encerrar o LP com "Peace - An End", assim como as demais, outra rápida vinheta para Lake despedir-se dos fãs Crimsonianos e fazer fama no Emerson Lake & Palmer. 

Vale a pena ressaltar a arte de In the Wake of Poseidon. A obra, pintada por Tammon de Jongh em 1967, recebeu o nome de The 12 Archetypes, e também ficou conhecida como The 12 Faces of Humankind. Essas doze faces representam composições dos quatro elementos naturais (Ar, Água, Terra e Fogo) interagindo entre eles através de personagens, seis femininos e seis masculinos. Assim, temos as faces representadas como:

i) O Idiota (Fogo e Água): Homem sorrindo com uma barba rala;
ii) A Atriz (Água e Fogo): Menina egípcia com lágrimas nos olhos;
iii) O Observador (Ar e Terra): Cientista careca com óculos redondos sobre da testa;
iv) A Mulher Adulta (Terra e Ar): Mulher com rosto enrugado e protegendo-se do frio;
v) O Guerreiro (Fogo e Terra): Homem com capacete de aço e chifres, além de vasta barba preta;
vi) A Escrava (Terra e Fogo): Mulher negra com grandes brincos de Ouro;
vii) A Criança (Água e Ar): Menina com sorriso doce e cabelos presos em laços no formato de borboleta;
viii) O Patriarca (Ar e Água): Idoso de rosto comprido e longos cabelos brancos;
ix) O Lógico (Ar e Fogo): Cientista de rosto comprido, com a mão esquerda cercada por estrelas;
x) O Coringa (Fogo e Ar): Espécie de Harlequim sorridente com chapéu de ouro no formato do chapéu de Napoleão.
xi) A Encantadora (Água e Terra): Menina triste com olhos lacrimejantes e cabelos esvoaçantes;
xii) A Mãe Natureza (Terra e Água): Silhueta de um rosto coberto por uma camada de gramas e cercado por flores e borboletas.


As doze faces: No lado esquerdo, sentido horario: O Lógico, O Patriarca, A Mulher Adulta, A Escrava, A Mãe-Natureza e O Observador;
No lado direito, sentido horário: A Criança, A Encantadora, A Atriz, O Coringa, O Guerreiro e O Idiota.


Essa é uma das capas mais belas da carreira do King Crimson, ao lado da sua sucessora, representando o álbum Lizard. Lançado em 1971, ele veio ao mundo após mais uma série de turbulentas colisões internas, e novamente, com todas as dificuldades, Robert Fripp e sua mente brilhante proporcionaram mais uma Maravilha Prog, a terceira em sequência, e que carrega justamente o nome do álbum em que foi lançada. Contaremos sua história em quinze dias, aqui no Maravilhas do Mundo Prog. 

terça-feira, 16 de julho de 2013

DVD: Gary Moore - Blues for Jimi [2012]




O guitarrista irlandês Gary Moore, responsável pelas seis cordas de importantes nomes do rock como Thin Lizzy, Skid Row, Colosseum II, entre outros, nos deixou no dia 06 de fevereiro de 2011, vítima de um ataque no coração causado por excesso de consumo de álcool.

Um dos mais talentosos músicos que o mundo já viu, quatro anos antes, Moore resolveu fazer uma linda homenagem para aquele que tenha sido o responsável por consolidar a guitarra como O instrumento do rock: Jimi Hendrix.

Gary Moore
Assim, na noite de 25 de outubro de 2007, acompanhado por Dave Bronze (baixo) e Darrin Mooney (bateria), Moore subiu ao palco do London Hippodrome como ilustre convidado do lançamento do DVD Jimi Hendrix: Live at Monterey, em uma festa que contou com muita emoção e saudosismo, e com o trio, mandou ver uma performance inesquecível, registrada no DVD Blues for Jimi.

São doze petardos certeiros de Hendrix interpretados por Moore, que com uma performance incendiária, chega a assustar até mesmo aos colegas de palco, que frequentemente arregalam os olhos na direção do guitarrista. Tudo começa com "Purple Haze", e Moore arrancando uivos ensurdecedores da guitarra. Abusando de alavancadas e do wah-wah, o irlandês encarna o espírito de Hendrix, e até mesmo no estilo de cantar podemos confundir "Manic Depression" e "Foxy Lady", apesar de a voz grave do Deus Negro da guitarra ser incomparável.

O clima acalma com a leve "The Wind Cries Mary", e somos anestesiados com magníficas versões para "I don't Live Today", "My Angel" e "Angel".

Gary Moore, Mitch Mitchell e Billy Cox

A partir de "Fire", voltamos novamente para uma explosão de alavancadas, bends, arpejos e diversas técnicas que Hendrix consagrou em sua breve carreira, as quais Moore repete com uma técnica exclusiva, mostrando toda a sua qualidade em mais de 40 anos de estrada. 

E após "Fire", chegamos no momento mais delicado e fantástico do DVD, que por si só, já vale a aquisição do mesmo. Moore convida nada mais nada menos que o baixista Billy Cox e o baterista Mitch Mitchell para acompanhar suas proezas, e assim, os ex-companheiros de Hendrix no Experience fazem uma performance emocionante para o blues arrasa-quarteirão de "Red House". As notas de Moore criam uma atmosfera toda especial, que leva esse sonzaço por mais de onze inesquecíveis minutos, com muitos solos e feeling sendo extraído em cada nota da guitarra. 

Moore, mordiscando a guitarra
A dupla Cox/Mitchell continua mandando ver em "Stone Free", encerrando a participação com uma longa versão para "Hey Joe". Aplaudidíssimos, ambos saem do palco emocionados, e o show é concluindo com o wah-wah comendo solto em "Voodoo Child (Slight Return)", com Moore fazendo a guitarra chorar assim como seu criador, e abocanhando ela em um solo arrepiante, no qual os olhos da dupla Bronze/Mooney parecem saltar de suas órbitas, impressionados com a ferocidade de Gary.

Acompanha o DVD um interessante livreto contando sobre o show e também com fotos da apresentação, destacando Moore, Mitchell e Cox em páginas inteiras dedicadas aos músicos, além de prestar uma bonita homenagem para Mitchell, que faleceu um ano após a gravação desse DVD, no dia 12 de novembro de 2008, enquanto dormia em sua casa.

Moore, soltando os dedos

Um vídeo fantástico, que recebeu também uma versão em CD com todas as canções do DVD, e que certamente, emocionará aos fãs de Moore por ser uma de suas últimas apresentações, junto com o ótimo DVD Live at Montreux (2010) e também fará com que seu nome seja conhecido pelos jovens que só conhecem o Skid Row como sendo a banda que revelou Sebastian Bach, e se quer sonham que no final da década de 60, um baixinho irlandês já fazia estripulias em sua guitarra com uma banda que carregava o mesmo nome.

Capa e contracapa de Blues for Jimi

Track list

1. Purple Haze
2. Manic Depression
3. Foxy Lady
4. The Wind Cries Mary
5. I don't Live Today
6. My Angel
7. Angel
8. Fire
9. Red House
10. Stone Free
11. Hey Joe
12. Voodoo Child (Slight Return)

sábado, 13 de julho de 2013

Melhores de Todos os Tempos: 1967

The Jimi Hendrix Experience: Noel Redding, Mitch Mitchell e Jimi Hendrix
The Jimi Hendrix Experience: Noel Redding, Mitch Mitchell e Jimi Hendrix
Por Diogo Bizotto
Com Adriano KCarão, Bruno Marise, Davi Pascale, Fernando Bueno, Luiz Carlos Freitas*, Mairon Machado, Micael Machado e Ronaldo Rodrigues
Em um ano marcado por importantes mudanças na indústria musical, colocando a experimentação e fortes doses de ousadia cada vez mais em voga mesmo entre os artistas mais populares da época, nada mais justo do que ter uma lista como esta liderada por um álbum que chacoalhou as estruturas e lançou ao estrelato um dos artistas mais importantes e influentes de todos os tempos: Jimi Hendrix, o arquétipo do guitar hero. Se 1967 é tido para muitos como o mais importante ano para o desenvolvimento da música popular como a conhecemos, logo abaixo estão artistas que certamente ajudaram a colaborar com o cenário posterior e seguem sendo influentes até hoje, mesmo que indiretamente. Para entender tudo isso, não deixe de conferir as edições anteriores desta seção (1963, 1964, 1965 e 1966). Lembrando sempre que os critérios para a elaboração da coluna seguem a pontuação do Campeonato Mundial de Formula 1. Dito isso, apreciem e opinem!

1967TheJimiHendrixExprienceAreYouExperienced The Jimi Hendrix Experience – Are You Experienced (128 pontos)
Adriano: Embora eu tenha minhas reservas com hard rock e heavy metal, não é demérito o fato de, sempre que escuto este disco, sentir que tenho diante de mim um álbum de hard dos anos 70. Nem o fato de que o Blue Cheer tenha “criado” o heavy metal com base no exageramento de Hendrix – até porque adoro Blue Cheer! – ou que “Helter Skelter” tenha usado e abusado da estrutura de “I Don’t Live Today”. Isso tudo apenas serve pra enaltecer o poder de inovação de Jimi e seus comparsas. Claro que este disco ocupa a primeira posição em virtude dos ouvidos exageradamente hardeiros/metaleiros de meus colegas, mas ele é pelo menos bem superior a Disraeli Gears. Destaco nessa joia as lindíssimas “Can You See Me?”, “Love or Confusion”, “I Don’t Live Today” e, em especial, a ensandecida “Manic Depression”. Vale notar também a contribuição de Hendrix à psicodelia espacial em “Third Stone from the Sun”. O único defeito do disco é sua faixa-título, que o encerra em um nível bem inferior ao das pauladas que a precedem. Talvez ela ficasse melhor em um arranjo totalmente diferente.
Bruno: Se Clapton é deus, Jimi Hendrix era o quê? Fico tentando imaginar o espanto que um garoto negro, canhoto e autodidata causou quando apareceu espancando sua Stratocaster e tocando guitarra de uma maneira nunca vista antes. Acompanhado dos grooves de Noel Redding e das pancadas de Mitch Mitchell, Hendrix e seu Experience gravaram um dos registros mais importantes da história da música e um disco fundamental para o surgimento do rock pesado. Não é meu preferido do trio, mas é obrigatório.
Davi: Puta disco! Jimi Hendrix mudou a maneira de tocar guitarra. Os guitarristas de rock deveriam ser divididos em pré e pós Hendrix. Nascido em Seattle (EUA), contraditoriamente o músico conquistou primeiro a Inglaterra. O primeiro cara a apostar no músico, aliás, foi o baixista da banda inglesa The Animals, Chas Chandler. Esse foi o primeiro álbum do trio – completado pelo baixista Noel Redding e pelo baterista Mitch Mitchell. São daqui clássicos como “Foxy Lady”, “Red House”, “Fire” e “Manic Depression”.
Diogo: Esse é um daqueles raros discos que conseguem a façanha de realmente mudar os rumos da música. Mesmo que involuntariamente, com ele nasceu o mito do “guitar hero”, colocando a guitarra à frente de todos os outros instrumentos como principal definidora da sonoridade rock e alçando aqueles que conseguem dominá-la com destreza a um nível que beira a adoração. Falando de Hendrix, é justamente isso que ocorreu, e, não à toa, seu nome segue sendo idolatrado mesmo 42 anos após sua morte, muito em função da força e do ineditismo de canções como “Foxy Lady”, “Manic Depression”, “I Don’t Live Today”, “Fire” e “Third Stone From the Sun”. Não menos que obrigatório.
Fernando: Tenho que admitir que, até pouco tempo atrás, cerca de dois anos, eu não tinha interesse algum de me aprofundar no catálogo do Jimi Hendrix. Até então, tudo o que eu havia ouvido não tinha me agradado. Mas um dia achei os relançamentos dos três primeiros discos por um preço muito bom na Saraiva e acabei comprando. Ouvir suas músicas no CD, e não em faixas isoladas, mudou minha percepção. Hoje gosto bastante, mas ainda prefiro muitas outras bandas. Porém, tudo isso não me faz deixar de reconhecer sua importância para a música e o instrumento, apesar de ainda preferir Clapton a Hendrix nesse quesito.
Mairon: A estreia de Hendrix é um apanhado de canções que viraram referências para a guitarra a partir de então. Antes de Hendrix, a guitarra era apenas um instrumento de acompanhamento. Depois de Hendrix, a guitarra virou o símbolo do rock ‘n’ roll. A faixa-título, “Third Stone from the Sun”, “Foxy Lady” e a sensacional revisão para “Red House” são os ápices de um ótimo disco, que deve ser apresentado para qualquer menino com vontade de ser músico.
Micael: Hendrix revolucionou a maneira de tocar guitarra no mundo. Ouvindo a sua produção anterior a este álbum, é impressionante sua evolução técnica em tão pouco tempo. Canções como “Foxy Lady”, “Love or Confusion”, “I Don’t Live Today” e os experimentos da faixa título soam impressionantes ainda hoje, e, levando-se em conta os recursos tecnológicos e de gravação disponíveis à época, é quase inacreditável como ele conseguiu registrar tanto talento com tão pouco. E ainda por cima revelou ao mundo um de seus grandes bateristas, Mitch Mitchell, o qual, infelizmente, acaba esquecido quando se fala dos “grandes” do instrumento, muito por estar à sombra do maior guitarrista da história. E isso que a versão original inglesa nem tinha “Purple Haze” e “Hey Joe”. Sorte que, com a chegada do CD, pudemos conferir uma versão expandida desta obra-prima, o que a torna ainda melhor. Essencial é pouco para descrever este disco!
Ronaldo: Junto com os Beatles e Bob Dylan, Jimi Hendrix é o músico mais importante da década de 60 e um dos mais influentes de todos os tempos. Disco mais importante e mais fantástico de 1967, sem dúvidas. Minha opinião sobre esse petardo está aqui.

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The Beatles – Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (82 pontos)
Adriano: Embora haja discos melhores lançados nesse ano, é compreensível a segunda posição deste disco, até porque é um álbum muito bom. A banda mantém o nível iniciado em Revolver (1966), mas aqui há uma coesão maior entre as músicas. O destaque maior vai pra “Within You Without You”, provável melhor música da carreira dos Beatles e também da carreira de George Harrison – embora eu ame seus discos-solo. “Good Morning Good Morning” também entra na lista das melhores da banda. A única grande falha do disco é “She’s Leaving Home”, embora “With a Little Help from My Friends” e, principalmente, “When I’m Sixty Four” não sejam lá grande coisa.
Bruno: Sim, é um registro importantíssimo. Foi o passo largo dos Beatles do beat mais pop para o rock psicodélico e o experimentalismo. É talvez o primeiro disco que fez com que as pessoas começassem a prestar atenção no track list inteiro, e não apenas nos singles. Mas em termos de composição perde feio para outros trabalhos como Abbey Road (1969), Rubber Soul (1965) e White Album (1968). Ainda assim, merece a segunda posição por sua influência e enorme importância para o que viria dali para frente.
Davi: Este, para mim, deveria ter sido o primeiro lugar. Este disco mudou a maneira como as pessoas analisavam a obra do quarteto mais famoso de Liverpool e mudou também a maneira de se fazer rock dali em diante. A influência dele é sentida até mesmo nas músicas tropicalistas. Na minha opinião, um dos melhores discos da história do rock. Essencial!
Diogo: É provável que nenhum disco anterior a esse tenha sido tão importante na consolidação do álbum como formato majoritário do consumo de música. A maneira como Sgt. Pepper’s se estrutura e se desenvolve mostra, mais até que a força de suas composições, o compromisso dos Beatles com sua arte e o fato de que o sucesso estrondoso do grupo, ao invés de ser usado como combustível para levar a cabo um dínamo de hits, lhes conferiu um salvo conduto para que criassem o que bem entendessem. Felizmente, deu certo. O álbum é muito bem nivelado e apresenta grandes êxitos, ficando difícil destacar faixas suficientemente superiores umas às outras, mas é preciso ao menos citar o belíssimo encerramento com “A Day in the Life”, que tem vida própria e vai muito além do restante do track list.
Fernando: “Como que o melhor disco de todos os tempos fica em segundo numa lista anual?”, podem se perguntar os mais atentos. Isso seria um mistério, mas quem quem conhece o dia a dia das nossas discussões aqui do site pode explicar. Temos alguns coleguinhas que tentam esconder o óbvio. Só “A Day in the Life” já deveria render ao disco o topo desta nossa eleição.
Mairon: Para muitos, este é o melhor disco de todos os tempos. Gosto muito do seu lado A, mas acho que a história perde-se no lado B. Entre os discos dos garotos de Liverpool até então, com certeza é o melhor, mas muito longe de fazer por merecer entrar em uma lista de dez melhores.
Micael: Nunca entendi toda a badalação em cima deste álbum. Se ele causou uma revolução nas técnicas de gravação e, por que não, de composição, com o uso do estúdio como um instrumento extra, musicalmente ele me diz menos que outros álbuns do Fab 4. Prova disso é que todas as versões que conheço para músicas deste disco (“Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band” com Hendrix, “With a Little Help From My Friends” com Joe Cocker, “A Day in the Life” com Jeff Beck) são melhores que as originais. E, honestamente, “Fixing a Hole” e “Lovely Rita” não estão à altura de um álbum considerado um dos melhores da história. Ponto para George, que compôs a linda “Within You Without You”, uma das poucas que está no nível de uma banda da importância dos Beatles. Ao menos para mim, superestimado.
Ronaldo: Não consigo acrescentar nada em palavras a este trabalho soberbo e muito influente também, um divisor de águas para a indústria fonográfica.

Cream-_Disraeli_Gears_ Cream – Disraeli Gears (75 pontos)
Adriano: Não é de se estranhar a (um pouco indesejável) presença deste disco entre os primeiros, uma vez que todo mundo nesse site só escuta METÁU! Apesar disso, o Cream tem a seu lado a anedota em que alguém diz a Ginger Baker que eles foram responsáveis pelo surgimento do heavy metal e ele responde que o estilo devia ter sido abortado. E Disraeli Gears não é um disco ruim. É superior ao primeiro da banda, possui algumas músicas que gosto muito, como “Dance the Night Away” e “Swlabr”, mas não merecia figurar entre os dez melhores desse ano. Devia ceder seu lugar a umYounger Than Yesterday (The Byrds), a um Something Else by the Kinks (The Kinks) ou a um Forever Changes (Love). Melhor disco do Cream é Wheels of Fire.
Bruno: Tenho uma relação meio estranha com o Cream. Gosto muito dos três integrantes, mas não sou grande apreciador do trabalho do grupo. Ao lado de Are You Experienced, Disraeli Gears é um disco seminal para o rock pesado e traz o power trio em sua melhor forma, mas não o colocaria tão alto na lista. Inclusive prefiro Fresh Cream (1966) a este.
Davi: Mais um grande trabalho do super trio formado por Ginger Baker, Eric Clapton e Jack Bruce. Reza a lenda que esse trabalho foi gravado em apenas três dias. Incrível como em tão pouco tempo tenham criado um álbum tão influente. Os clássicos “Strange Brew” e “Sunshine of Your Love” são daqui. Fundamental!
Diogo: Fresh Cream (1966) é ótimo e Wheels of Fire (1968) é sensacional, masDisraeli Gears é simplesmente o melhor álbum do mais fantástico trio que já existiu. A conjunção de fatores estava tão positiva durante as gravações, que até quando a banda brinca, como em “Mother’s Lament”, o resultado é bom. “Sunshine of Your Love” se tornou um clássico reconhecido por milhões e sinônimo de Cream, assim como “Strange Brew” também obteve grande êxito, mas o melhor desse disco absurdamente CAVALO encontra-se em “Dance the Night Away”, que mescla a psicodelia inglesa com aquilo que a californiana tinha de melhor, “Tales of Brave Ulysses”, que me torna mais fã de Jack Bruce a cada vez que a ouço, e “Swlabr”, recheada de licks espertos de um inspirado Eric Clapton. Todo o track list é excelente, mas destaco ainda “World of Pain” e a percussivamente agressiva “We’re Going Wrong”, dominada pelo grande Ginger Baker. Clássico é pouco.
Fernando: Fresh Cream (1966) já foi um avanço enorme, mas foi em Disraeli Gearsque a coisa pegou para o Cream. Aproveitando-se da onda psicodélica, a banda reuniu no álbum a melhor coleção de músicas de sua curta carreira.
Mairon: Disraeli Gears é o melhor disco do trio e tem petardos tinhosos como “Strange Brew”, “Sunshine of Your Love”, “Tales of Brave Ulysses” e “Swlabr”. Um belíssimo álbum, só que, como já disse anteriormente, repito aqui: Cream em estúdio não me agrada. Essas mesmas canções ao vivo ganhavam dimensões muito maiores, e por isso, na minha opinião, o Cream virou “O” Cream.
Micael: Se a estreia do Cream já foi excelente, o segundo álbum está milhas à frente daquele. Não bastassem dois clássicos imortais como “Strange Brew” e “Sunshine of Your Love”, ainda tem a psicodelia de “Tales of Brave Ulysses” e “Swlabr”, as faixas mais blueseiras comandadas por Clapton e a devastadora “We’re Going Wrong”, uma das coisas mais tristes e lindas da carreira dos envolvidos! Maravilhoso!
Ronaldo: Uma banda mais madura, mais solta e com composições fortes, que entraram para o rol dos clássicos do rock. O Cream foi extremamente celebrado na época mesmo tendo dois lados bem distintos – a banda no estúdio e a ferocidade de suas apresentações e improvisos no palco. Em ambas as posições, eram craques indiscutíveis.

thedoorsThe Doors – The Doors (57 pontos)
Adriano: Acredito que seja o melhor disco da banda, e é bastante digno de figurar entre os cinco primeiros desta lista. Embora eu não ache nada legal o nome dos Doors ofuscar todo o som ácido que vinha sendo produzido no Oeste dos EUA, esse disco realmente agrada mais a meus ouvidos que o restante dos trabalhos lá produzidos. Não consigo curtir tanto a versão de “The End” aqui presente, depois de ter ouvido uma infinitas vezes melhor no The Doors: Box Set (1997). No entanto, o disco é repleto de clássicos e não há nenhuma falha. Destaco as três primeiras – em especial, “The Crystal Ship” – e a seção central de “Light My Fire”.
Bruno: É impressionante como os Doors são superestimados. Sim, a banda tem qualidade e sua estreia é um ótimo disco. Mas é difícil entender como eles ofuscam tantas bandas melhores da época. Já ouvi relatos de pessoas mais velhas de que os Doors não eram tão grandes assim na época, e ficaram meio esquecidos por um bom tempo depois da morte de Jim Morrison, e voltaram a ser lembrados somente depois do filme de Oliver Stone. Não é o melhor disco da banda, mas é o mais representativo, sem dúvida. Só a última faixa, “The End”, já vale a experiência.
Davi: Trabalho de estreia do grupo de Jim Morrison, Ray Manzarek, Robby Krieger e John Densmore. Na minha opinião, o melhor álbum da discografia da banda. Assim como Sgt. Peppers, este é um disco que considero perfeito. São daqui clássicos como “Break On Through (to the Other Side)”, “Light My Fire” e “The End”. Destacam-se ainda a versão de “Back Door Man” (Willie Dixon) e “Soul Kitchen”. Pode escutar sem medo de ser feliz.
Diogo: O The Doors talvez seja minha maior birra musical, tanto que só me prestei a ouvir um disco da banda na íntegra pois realmente levo a sério esta seção e procuro escutar o maior número possível de álbuns lançados nos anos correspondentes, não podendo ignorar um registro como este. Desde meados dos anos 90 tenho me afastado do grupo em função da insuportável idolatria endereçada a Jim Morrison graças ao péssimo filme “The Doors” (1991), fomentada por adolescentes com os hormônios em polvorosa e pouco interessadas em música. Felizmente, deixei esses conceitos pré-estabelecidos de lado e desbravei esse caminho, e, para minha surpresa, atrás de Jim estavam três músicos talentosos e criativos, que conseguiam se destacar entre tantos outros que infestavam a cena californiana da época. Os grandes hits, “Break on Through (to the Other Side)” e “Light My Fire” são interessantes, para dizer o mínimo, mas “The End” é a obra suprema de The Doors.
Fernando: O problema do The Doors é o endeusamento de Jim Morrison, que acaba atrapalhando e até superestimando a importância da banda. Gosto de muita coisa do grupo, mas não a ouço com tanta frequência quanto os que votaram no álbum para figurar neste nosso ranking.
Mairon: Lamentável que, em um ano tão importante para a cena psicodélica californiana, apenas o The Doors tenha recebido votos suficientes para entrar entre os dez melhores. Uma estreia formidável, com o órgão de Ray Manzarek fazendo história. Desde a abertura com o “pseudo-samba” de “Break on Through (to the Other Side)” até o encerramento com a sensacional “The End”, somos levados por dimensões mágicas através de seus quarenta e quatro minutos (uma duração longa para um disco do estilo). Não entrou na minha lista final por detalhes, mas é totalmente merecedor de estar aqui, junto de sua sequência, o fantástico Strange Days (1967).
Micael: A estreia dos Doors avançou o menu da psicodelia californiana e inspirou gerações que viriam depois. Músicas do calibre de “Break on Through (to the Other Side)”, “Light My Fire”, “Soul Kitchen”, “The Crystal Ship” e, claro, “The End”, o clássico maior, soam surpreendentes ainda hoje, e mostram que a cena local era muito mais forte do que já havia sido mostrado. Tentar descrever o disco é quase inválido, o bom mesmo é escutá-lo e perceber o quanto ainda soa atual! Mais uma obra recomendadíssima!
Ronaldo: Um desfile de canções icônicas, com pretensa poesia marginal e inovação no campo musical. Teclados muito distintos e dividindo espaço tapa-a-tapa com a guitarra e o vocal visceral de Jim Morrison costuraram este disco clássico do rock. Tenho a impressão de que o séquito de detratores do Doors tem aumentado nos últimos tempos, mas nenhuma birra pode tirar o valor deste disco.

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The Jimi Hendrix Experience – Axis: Bold as Love (56 pontos)
Adriano: O que eu conheço de gente que me fuzila com os olhos quando digo que esse é meu disco menos favorito do Hendrix não é brinquedo. Vou soar óbvio demais, mas pra mim o único clássico aqui presente é “Little Wing”, embora essa faixa – uma das melhores de todos os tempos da música – já o torne um disco essencial! Mas nesta lista, acredito que ele deveria ter ficado de fora, cedendo lugar a alguma banda que não tivesse ainda algum disco aqui incluído.
Bruno: Fico impressionado com a qualidade da produção deste disco. É meu favorito do Experience e no qual Hendrix consegue dosar perfeitamente os elementos de blues, psicodelia, rock, jazz e experimentalismo. Só “Little Wing” e “Bold as Love” já valem a ouvida.
Davi: Álbum que deu continuidade ao Are You Experienced, gravado com a mesma formação. O disco mantém a qualidade do trabalho anterior e é também um item essencial na coleção de qualquer fã de rock que se preze. “Spanish Castle Magic”, “Wait Until Tomorrow”, “Little Wing” e “Castles Made of Sand” são alguns dos clássicos que fazem parte do track list.
Diogo: Are You Experienced pode ser mais importante que sua sequência, afinal, tanto o homem quanto sua obra já estavam obtendo o mais que merecido reconhecimento. Digo mais: o primeiro disco de Hendrix é até melhor nivelado, mas, mesmo assim, Axis: Bold as Love é meu favorito do trio formado pelo guitarrista e pelos ótimos Noel Redding e Mitch Mitchell. Neste álbum, quando Hendrix acerta, é na mosca, vide a furiosíssima “Spanish Castle Magic”, no mínimo um proto heavy metal, a bela “Little Wing”, uma das avós das power ballads que surgiriam com força nos anos 70 e seriam exploradas à exaustão na década de 80, e “If 6 Was 9″, perfeita amostra de quão diferenciado Hendrix era de seus contemporâneos, apresentando sua marca registrada tanto na maneira de executar seu instrumento quando extraindo diferentes sonoridades de seu equipamento. Além dessas, “Castles Made of Sand” e “Bold as Love” também são audição obrigatória para quem quer começar a explorar o universo de Hendrix.
Fernando: Acho um exagero que dois discos de Hendrix tenham entrado no nosso Top 10. Tanto pessoalmente, por tudo o que disse no comentário a respeito de Are You Experienced, mas também penso que em um Top 10 um disco já é suficiente para representar os artistas relevantes. Mas isso é discussão para os comentários mais abaixo.
Mairon: Se a estreia de Hendrix é uma ótima pedida, Axis: Bold as Love vale principalmente por conta de “Little Wing”. O disco soa meio repetitivo para mim, e, assim como o Cream, as canções deste álbum em específico soam muito melhores ao vivo.
Micael: Apesar de não tão bom quanto a estreia, o segundo disco de Hendrix e seus comparsas soa ainda mais experimental e consegue surpreender nos efeitos de “EXP”, na beleza de “Little Wing” e “Castles Made of Sand”, no ritmo de “Spanish Castle Magic” e “Wait Until Tomorrow”, além da agradável “She’s So Fine”, na qual Noel Redding pôde mostrar seus dotes vocais para o mundo! E Mitch Mitchell continua mandando muito bem! Que banda, meus amigos!
Ronaldo: Jimi Hendrix é (quase) inquestionável e pessoalmente é o meu artista favorito no rock. Também já destilei minha opinião sobre ele (leia aqui), porém não o incluiria em uma lista de dez discos em detrimento de álbuns de outras bandas, já que a grande riqueza dos lançamentos de 1967 é a diversidade de estilos, em um momento de muita inspiração e percepção musical aguçada.

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Pink Floyd – The Piper at the Gates of Dawn (55 pontos)
Adriano: Sexta posição??? Além de genial, esse disco é referência absoluta quando o assunto é psicodelia e rock espacial! Sem contar que é o primeiro disco de uma das maiores bandas dos anos 70. Amo esse disco de paixão. Na carreira do Floyd, só perde pra Atom Heart Mother (1970) e Wish You Were Here (1975), mas como o estilo é totalmente diferente do Floyd posterior, nem dá pra comparar. Destacar canções é complicado, porque o disco é todo muito bom. As menos geniais são “The Gnome”, “Scarecrow” e “Chapter 24”, e ainda assim batem muita música aclamadíssima desse mesmo ano. Syd Barrett é um MITO, mas não deixem de reparar na bateria visceral de Nick Mason, nos solos fenomenais de Richard Wright e na belíssima “Take Up Thy Sthetoscope and Walk”, de Roger Waters – pra não falar do seu baixo tão infantil quanto perfeito.
Bruno: Não conheço muito a carreira solo de Syd Barret, mas talvez esse seja seu registro fundamental. Álbum muito mais psicodélico e experimental do que progressivo. Não figura entre os meus favoritos do Pink Floyd, mas vale como um trabalho inusitado e extremamente criativo.
Davi: Primeiro álbum do Pink Floyd. Nessa época, contavam ainda com o cultuado Syd Barret à frente do grupo. É um disco bem viajado, com uma pegada meia psicodélica. Um bom trabalho, de grande importância, mas não está entre meus favoritos da banda. Os trabalhos que mais gosto do Pink Floyd foram realizados a partir de The Dark Side of the Moon (1973).
Diogo: Devo admitir que, apesar de gostar de Pink Floyd há muitos anos, The Piper at the Gates of Dawn foi um dos últimos discos da banda que ouvi na íntegra. Talvez por não ter essa familiaridade tão aguçada, não consigo gostar tanto assim do álbum quanto tantas outras pessoas que o têm como uma das mais importantes obras (se não a mais) ligadas à psicodelia britânica. As composições são ótimas, interessantes em suas estruturas e ousadas nas experimentações, mas é no mínimo sintomático o fato de minha provável favorita ser uma das mais convencionais do disco, “Lucifer Sam”. Ressalto, no entanto, que minhas impressões sobre Piper tornam-se mais positivas a cada audição.
Fernando: Esse disco deveria estar alguns degraus para cima. A obra prima de Syd Barrett e seu único registro como a força criativa da banda. Não sabemos o que se tornaria o Pink Floyd se ele tivesse continuado no grupo, mas sabemos que a música deles mudou bastante e não sei se consigo admitir que foi para melhor. Isso tudo pelo respeito que tenho em relação a Syd, mas vou escrever aqui como se estivesse dizendo particularmente para cada um de nossos leitores: melhorou sim!!!
Mairon: Se a psicodelia californiana era regada a ervas, ácidos e canções de protesto contra a guerra do Vietnã, a psicodelia londrina era temperada com LSD e improvisações eternas. O Pink Floyd, entre as dezenas de grandes bandas que existiam na cidade na sua mesma época, foi a que se destacou mais por conta de seu líder, o gênio Syd Barrett. Depois de The Piper at the Gates of Dawn, o grupo migrou para o rock progressivo naturalmente, com a entrada de David Gilmour, e perdeu toda sua essência psicodélica, mas jamais esqueceu de beber na fonte genial da experimentação de seu álbum de estreia. Ouvir “Interstellar Overdrive” é prova de fogo para saber se você é louco ou não. Um disco sensacional, formado por canções curtas em sua maioria, ao mesmo tempo em que é um raro registro de um Syd Barrett ainda lúcido em relação ao que estava fazendo nos estúdios.
Micael: Piper é mais uma obra de Syd Barrett do que do Floyd, o que só comprova sua genialidade! As viagens de “Astronomy Domine” e “Interstellar Overdrive”, o ocultismo de “Lucifer Sam” e “Chapter 24″, a estranheza de “Pow R. Toc H.” e “Take Up Thy Stethoscope and Walk”, a beleza de “Matilda Mother” e “The Scarecrow” e até as quase infantis “The Gnome” e “Bike” comprovam o quanto Barrett estava distante dos compositores da época e quão vasto era seu repertório. Nem ele nem sua banda soariam iguais depois, o que torna esta obra ainda mais única e interessante!
Ronaldo: Evidentemente que The Piper at the Gates of Dawn é um bom disco, mas o considero um disco da maior importância para o desenvolvimento da linguagem psicodélica (e futuramente da linguagem art-rock) por sua ousadia, o estranhamento que causa, a dificuldade na sua assimilação imediata e outras características que seriam tônica nos anos seguintes, quando parecia não haver limites artísticos (e nem orçamentários) para experimentações no mundo do rock.

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The Rolling Stones – Their Satanic Majesties Request (52 pontos)
Adriano: Eu entendo que esse disco não tenha ficado entre os primeiros, até pensei que nem fosse entrar na lista final. Mas acho que tem muito de preconceito na análise que se faz desse álbum. Como não admirar a carga dramática de faixas como “In Another Land” (composta e cantada pelo subestimado Bill Wyman), “2000 Man” (quase um plágio de “Death of a Clown”, dos Kinks, embora provavelmente as duas tenham sido gravadas simultaneamente!), além de “Sing This All Together”, que abre o disco. E o “proto-krautrock” que fizeram injetando ódio e horror nesse tema em “Sing This All Together (See What Happens)”? E “She’s a Rainbow”, a faixa mais linda dos anos 60?! Vou parar por aqui. Esse disco não é simples cópia, como alguns adoram repetir. Depois de The Piper at the Gates of Dawn, era difícil sair alguma verdadeira novidade no campo da psicodelia e do incipiente rock espacial, mas aqui os Stones não desapontaram. Escutem sem preconceitos e me digam.
Bruno: Como disco psicodélico inglês: nota 7. Como disco dos Stones: nota 5.
Davi: O álbum psicodélico dos Rolling Stones. Esse disco é idolatrado por fãs e artistas do mundo inteiro. Contudo, os músicos da banda não morrem de amores pelo trabalho. Todo mundo sabe que o quinteto estava no auge das drogas e sem produtor. Talvez não guardem boas memórias pelo momento. O disco, em si, é muito bom sim. Os clássicos “2000 Light Years From Home” e “She’s a Rainbow” são daqui, assim como “2000 Man”, que mais tarde viria a ser regravada pelo Kiss nos álbuns Dynasty (1979) e MTV Unplugged (1996). Para os colecionadores, vale correr atrás do LP com a belíssima capa holográfica.
Diogo: Apesar de representar uma quebra estilística em relação ao que a banda vinha fazendo em seus trabalhos anteriores, Their Satanic Majesties Request não interrompe a sequência de alta e mostra uma banda consciente de suas capacidades, propondo-se a “brincar” com o que estava em voga na época e saindo-se muito bem. Além disso, o quinteto mostra com este álbum que podiam ir muito além como instrumentistas, destacando Brian Jones, principal pilar da experimentação levada a cabo pelo quinteto. O nível geral do disco é bastante elevado, mas destaco “Citadel”, “In Another Land”, “2000 Man”, “2000 Light Years From Home” e, mais especialmente, “She’s a Rainbow” e sua letra cheia de significação. Não entrou em minha lista particular por mínimo detalhe.
Fernando: A fase de ouro dos Rolling Stones iniciou-se no disco seguinte à esse de 67. Their Satanic… foi apenas uma tentativa da banda em ser igual aos Beatles e a sua obra prima aí da segunda colocação (lamentável!). Entretanto o resultado foi bem abaixo do conseguido pelos besouros de Liverpool. Não estou falando que o disco é ruim. Talvez ele entrasse no meu top 30. “2000 Man” é o destaque na minha opinião.
Mairon: “Já que está todo mundo brincando de psicodelia, vamos brincar de psicodelia?”. Esse foi o pensamento de Mick Jagger e cia. quando entraram em estúdio para gravar esta obra prima da psicodelia inglesa. Atrás apenas de Little Games(Yardbirds, também altamente lisérgico) em termos de lançamentos ingleses nesse ano, Their Satanic Majesties Request comprova que os Stones SEMPRE estiveram à frente dos Beatles em tudo, fosse para fazer blues, fosse para fazer canções de amor, fosse para fazer lisergia. Lançado depois do ótimo Between the Buttons (do mesmo ano), em nada temos dos riffs clássicos que consagraram Keith Richards posteriormente. É acidez atrás de acidez, enaltecidas por obras-primas como “Citadel”, “Sing This All Together (See What Happens)”, “In Another Land” e a incrível “2000 Light Years From Home”, com o teremim comendo solto. Um dos melhores discos da carreira dos Stones, se não o melhor, e a melhor performance de outro gênio: Brian Jones.
Micael: Um disco diferente dentro da discografia dos Stones até então, mais experimental e sombrio! Nunca me atraiu muito, mas a qualidade de canções como “Citadel”, “She’s a Rainbow” e, principalmente, “2000 Light Years from Home”, não pode, de forma alguma, ser ignorada. Não é nem o álbum nem a banda que eu gosto de escutar, mas deixou sua marca na história da música!
Ronaldo: Este disco é uma tentativa. Deixo no ar a resposta se essa tentativa foi acertada ou frustada. Salvam-se alguns bons momentos de rock psicodélico, mas, no geral, acho enfadonho e aposto que, se a banda não tivesse o peso do nome que construiu ao longo dos anos (tanto antes quanto depois deste lançamento), esst disco poderia estar pegando poeira por aí. Aconteceram coisas mais importantes em 1967 do que os Rolling Stones.

Songs_of_Leonard_CohenLeonard Cohen – Songs of Leonard Cohen (40 pontos)
Adriano: Quer ouvir esse disco? Afaste todas as cordas e objetos cortantes/perfurantes que você tenha em casa! Um disco tão suave quanto desesperadamente triste, uma das melhores coisas que a música folk produziu. A trinca “So Long, Marianne”, “Hey, That’s No Way to Say Goodbye” e “Stories of the Street” já seria suficiente pra colocar o disco entre os melhores desse ano e talvez da década! São tão perfeitas e fazem sangrar tanto o coração, que nem sobra espaço pra falar das demais faixas do disco. Ouça quando terminar o namoro. Ou melhor: quando sua esposa e seus filhos tiverem morrido de forma inesperada e cruel.
Bruno: Obra-prima. Antes de se meter na música, Cohen já era um poeta de certo renome, e decidiu unir isso a alguns acordes e gravar um disco. O resultado é um trabalho maravilhoso, com as composições de primeira do canadense e arranjos simples, minimalistas mas muito bem encaixados na proposta.
Davi: Não ouvi este disco, portanto não comentarei.
Diogo: Quando começa-se a explorar o universo de Bob Dylan, fica difícil surpreender-se com outros trovadores urbanos que utilizavam a linguagem folk para  expressar o cotidiano que os rodeavam ou a poesia que tomava forma em suas mentes. Leonard Cohen, no entanto, conseguiu se destacar e não entrou em minha lista particular por pouco. Seu estilo é minimalista, mas os discretos arranjos de cordas e sopros e os suaves vocais de apoio femininos emprestam uma aura mais elegante para o track list, destacando as sublimes “Suzanne”, “Master Song” e “The Stranger Song”.
Fernando: Não havia ouvido este disco até receber o resultado final de nossa votação. Ouvi-o o mais atentamente que consegui e acho que não o colocaria em minha lista do mesmo jeito. A poesia do cantor conseguiu muitos fãs, mas sozinha ela não consegue ser musical o suficiente para me fazer apreciá-la. Para aqueles que se ligam bastante nas letras que os artistas estão cantando, é possível que ele tenha um maior apelo, mas para quem gosta do todo, como eu, acho que passará batido.
Mairon: Este é o único disco de Leonard Cohen que ouvi na íntegra. O som é muito bom, mas não é daqueles que me façam gostar. A sensação que eu tive depois que o ouvi foi sempre a mesma: tristeza. Por outro lado, entendo sua importância histórica, e só.
Micael: Cohen é um artista extremamente influente, embora não seja muito comentado em nosso País. Muita gente do folk e do rock bebeu na fonte de suas canções tristes, sofridas, quase desesperadas, as quais se tornam ainda mais importantes quando se presta atenção às letras. Não é o tipo de música que eu gosto de escutar, mas as melodias de faixas como “The Stranger Song”, “Suzanne” (que serviu de inspiração para “Hope”, do REM, que até deu um crédito de co-escritor ao canadense, devido à clara semelhança entre as duas músicas), “Hey, That’s  No Way to Say Goodbye” (que eu só conhecia na versão gravada por Renato Russo) e “Teachers” são bastante atraentes.
Ronaldo: Desde que vi e ouvi Leonard Cohen pela primeira vez no vídeo do festival da Ilha de Wight de 1970, meu interesse por seu nome caiu vertiginosamente. E continua lá caído. Seria um absurdo dizer se tratar de um disco ruim, para quem aprecia o som dos cantadores folk. Mas nessa seara, há nomes com músicas e arranjos muito mais interessantes – Simon and Garfunkel, Tim Buckley, Joan Baez, Ritchie Havens, Bert Jansch, Donovan, Al Stewart, Cat Stevens, Van Morrison, etc. 1967 foi o despertar de uma musicalidade mais rica no rock, com a inclusão de instrumentos novos e arranjos mais elaborados. Esse disco é oposto, ao trazer uma voz e uma interpretação regulares somada apenas ao som de um violão solitário.

l43-velvet-banana-warhol-120113165939_big   The Velvet Underground - The Velvet Underground & Nico (35 pontos)
Adriano: Não morro de amores por este disco, mas ele possui algumas ótimas canções. Em especial, destaco três clássicos: “I’m Waiting for the Man”, o tipo da música simples que gruda pra sempre na sua cabeça e você NÃO acha isso ruim; “Femme Fatale”, lindíssima, tocante, e que você pode cantar pr’aquela menina falsa pra quem jurou o seu amor; e “Heroin”, um caso exemplar em que muito barulho, uma voz um tanto inexpressiva, associados, é claro, a um dedilhado doce na guitarra e uma melodia que parece ascender ao infinito, podem lhe arrancar vergonhosas lágrimas. Danem-se as letras sobre drogas.
Bruno: Na época em que o flower power, o movimento hippie e as viagens de LSD começavam a reinar, Lou Reed e sua turma, comandados por Andy Warhol, vindos do submundo de Nova York, já falavam de toda a sujeira da vida urbana, compondo sobre prostitutas, drogas pesadas, viciados, sexo e violência. Era um disco avançado demais para 1967, e ninguém compreendeu. Só seria aclamado algum tempo depois, quando a máscara da sociedade caiu e o niilismo do punk e do hardcore passaram a fazer mais sentido do que canções sobre amor livre e natureza.
Davi: Uma das bandas mais superestimadas de todos os tempos, que tem à sua frente um dos cantores mais superestimados de todos os tempos. O disco é um trabalho de rock experimental que tem bons momentos, mas está muito distante de ser tudo o que falam dele. É verdade que o Velvet Underground conseguiu fazer algumas coisas interessantes e que é superior ao trabalho solo do chatíssimo Lou Reed, mas o mito é maior do que a qualidade de sua obra. Cuidado!
Diogo: É bastante complicado avaliar esse disco. De lançamento que passou praticamente batido a álbum idolatrado e extremamente influente, passou-se uma década para que Velvet Underground & Nico começasse a ostentar o status do qual goza hoje em dia. Particularmente, não é o tipo de sonoridade que normalmente me agrada, mas enxergo qualidades em grande parte de suas faixas, como “Femme Fatale”, “Venus in Furs” e “Heroin”, que talvez sejam até os mais óbvios destaques para a maioria. A influência e a importância parecem estar mais ligadas, na verdade, à estética do que à qualidade das composições, apesar de ser difícil determinar o quanto disso ocorreu propositalmente e o quanto foi fruto da inexperiência do grupo com seus instrumentos. De qualquer maneira, o álbum soa como uma ótima resposta novaiorquina à “faceirice” californiana, que cada vez mais perdia contato com a realidade.
Fernando: Tá aí uma banda para a qual já dei muitas chances e, mesmo assim, não consegui gostar.
Mairon: Passo longe. Talvez a maior decepção musical que tive em minha vida. Lembro que comprei este disco todo faceiro e fui ouvir. Não entendi o que Lou Reed e cia. tentaram me dizer, e, até hoje, sofro com o que sai das caixas de som (música não é).
Micael: Tivesse este disco sido lançado em 1966, quando foi gravado, muita coisa poderia ter sido diferente! Mas, em 1967, as revoluções eram tão grandes que este ser estranho acabou perdido no meio de tantas mudanças! Proto punk (“I’m Waiting for the Man”, “Run Run Run”, “There She Goes Again”), belas baladas repletas de sofrimento (“Sunday Morning”, “Femme Fatale”, “I’ll Be Your Mirror”, “All Tomorrow’s Parties”, todas na voz gélida de Nico), experimentalismo (The Black Angel’s Death Song”, “European Son”) e pelo menos dois clássicos atemporais e estranhíssimos (“Venus in Furs” e, principalmente, “Heroin”), tornam esta uma das melhores estreias de todos os tempos e algo que o próprio Velvet nunca conseguiu superar!
Ronaldo: Sim, este é um disco importante e bom, mas extremamente superestimado. O Velvet Underground é uma banda que tinha uma musicalidade pífia mais por limitação de seus componentes do que por opção estética. Não gosto de destacar trechos individuais das músicas nestes comentários, mas o solo de guitarra de “Run Run Run” é uma das coisas mais constrangedoras que meus ouvidos já conheceram. No campo musical, estavam no mínimo uns dois ou três anos defasados da média das outras bandas, fazendo músicas de dois acordes com infinitas repetições. No campo das letras, temáticas pesadas já eram pinçadas por outras bandas. Mas, para os críticos contemporâneos, o Velvet Underground inventou a roda e descobriu o fogo. Para quem não conhece o disco, passo a dica – outras bandas norte-americanas do chamado garage rock têm muito mais a lhe oferecer.

MI0001996025Buffalo Springfield - Buffalo Springfield Again (33 pontos)
Adriano: Uma grata surpresa este álbum entre os dez mais votados. Embora faixas como “Mr. Soul” e “Rock & Roll Woman” não me empolguem muito, não há músicas propriamente ruins no disco. “Yesterdays” é boa, mas diante do que o Yes fez com essa música dois anos depois, você até esquece que ela foi gravada originalmente pelo Buffalo Springfield. Os destaques ficam por conta, principalmente, de “Good Time Boy” – faixa que, pra mim, é irmã da também belíssima “Zig Zag Wanderer”, do Captain Beefheart & His Magic Band – e do clássico eterno “Broken Arrow”, talvez a melhor composição da carreira de Neil Young. Vale muito a audição.
Bruno: Bastante superior ao primeiro disco, Buffalo Springfield Again tem quatro composições de Stephen Stills, e três de Neil Young e Richie Furay. Dá para dizer que os quatro mantêm o mesmo nível. A guitarra de Neil Young já começa a dar as caras, rasgando as melodias folk e country de Furay e Stills.
Davi: Conheço a banda, mas não tenho este disco, portanto não comentarei também.
Diogo: Fico muito feliz em ver Buffalo Springfield Again nesta lista, pois trata-se do melhor trabalho de uma das mais fantásticas formações da época, influente como poucas, tanto através de sua própria obra quanto por tudo aquilo que seus membros gerariam posteriormente. Três figuras de personalidade ímpar lideravam os rumos criativos do grupo e expressavam suas ideias de maneira que tudo acabava soando maravilhosamente belo. Neil Young já dava mostras de seu estilo raivoso, exibindo seu lado elétrico mas também lançando mão de exuberantes experimentações, enquanto Richie Furay voltava seus olhos para a música tradicional norte-americana e a adaptava para a época, ajudando a consolidar aquilo que viria a ser rotulado com country rock. Entre eles, Stephen Stills fazia o meio de campo e ajudava a costurar a unidade musical da banda, mantendo a homogeneidade. O disco é todo excelente, mas exalto “Mr. Soul”, “A Child’s Claim to Fame”, “Expecting to Fly”, “Sad Memory” e “Broken Arrow”.
Fernando: Mesmo gostando bastante do Crosby, Stills & Nash e do Crosby, Stills, Nash & Young, eu nunca havia tido oportunidade de ouvir o Buffalo Springfield. Escutei o álbum e o achei realmente muito bom. Para quem achava que seria a mesmíssima coisa que as bandas citadas , notei  diferenças suficientes para justificar a audição.
Mairon: A capa é bonita. A música, nem tanto. Outro que nunca conseguiu satisfazer meus ouvidos é Neil Young e seus derivados. Não é ruim, mas em casa serve apenas para acompanhar uma partida de canastra, que exige concentração e não permite que se dê muita atenção para a música.
Micael: Uma banda se desfazendo, mas que, ainda assim, conseguiu registrar uma das mais belas obras do final dos anos sessenta! Se Neil Young transformou “Mr. Soul” e “Broken Arrow” em clássicos ao adotá-las em sua carreira solo, “Everydays” (depois regravada pelo Yes), “Expecting to Fly”, “Bluebird”, “Hung Upside Down” e “Rock & Roll Woman” também merecem destaque em um disco que mescla calmas canções quase pastoris com rocks harmoniosos e agitados! Um álbum aquém da estréia do grupo, mas, ainda assim, recomendadíssimo!
Ronaldo: Aqui sim, temos um trabalho com o melhor de 1967. Energia rock e sofisticação. Um disco digno de devoção e importante também para o desenvolvimento da art rock, com suas combinações eletroacústicas, orquestrações e climas viajantes. Merecia posição melhor na lista.

Listas individuais:
BetweenthebuttonsUKAdriano KCarão
1. The Rolling Stones – Their Satanic Majesties Request
2. Pink Floyd – The Piper at the Gates of Dawn
3. The Rolling Stones – Between the Buttons
4. The Byrds – Younger Than Yesterday
5. Leonard Cohen – Songs of Leonard Cohen
6. The Beatles – Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band
7. The Jimi Hendrix Experience – Are You Experienced?
8. The Doors – The Doors
9. The Velvet Underground – The Velvet Underground & Nico
10.  The Kinks – Something Else By The Kinks

The_Byrds_-_Younger_Than_YesterdayBruno Marise
1. The Jimi Hendrix Experience – Axis: Bold as Love
2. The Jimi Hendrix Experience – Are You Experienced?
3. Leonard Cohen – Songs of Leonard Cohen
4. Buffalo Springfield – Buffalo Springfield Again
5. The Byrds – Younger Than Yesterday
6. The Rolling Stones – Between the Buttons
7. The Beatles – Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band
8. Donovan – Mellow Yellow
9. Moby Grape – Moby Grape
10.  The Doors – The Doors

album-strange-daysDavi Pascale
1. The Beatles – Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band
2. The Doors – The Doors
3. The Jimi Hendrix Experience – Are You Experienced?
4. The Rolling Stones – Their Satanic Majesties Request
5. Cream – Disraeli Gears
6. The Doors – Strange Days
7. The Jimi Hendrix Experience – Axis: Bold as Love
8. Procol Harum – Procol Harum
9. Bee Gees – 1st
10. Os Incríveis – Para os Jovens que Amam os Beatles, os Rolling Stones e os Incríveis

TheMoodyBlues-album-daysoffuturepassedDiogo Bizotto
1. The Moody Blues – Days of Future Passed
2. Cream – Disraeli Gears
3. The Jimi Hendrix Experience – Axis: Bold as Love
4. Bob Dylan – John Wesley Harding
5. The Jimi Hendrix Experience – Are You Experienced?
6. The Byrds – Younger Than Yesterday
7. Buffalo Springfield – Buffalo Springfield Again
8. The Yardbirds – Little Games
9. Traffic – Mr. Fantasy
10. Love – Forever Changes

src731454282321Fernando Bueno
1. The Beatles – Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band
2. Pink Floyd – The Piper at the Gates of Dawn
3. Cream – Disraeli Gears
4. Traffic – Mr. Fantasy
5. The Who – The Who Sell Out
6. Captain Beefheart and His Magic Band – Safe As Milk
7. Love – Forever Changes
8. The Jimi Hendrix Experience – Are You Experienced?
9. Jefferson Airplane – Surrealistic Pillow
10. The Moody Blues – Days of Future Passed

MI0000617002Luiz Carlos Freitas
1. The Jimi Hendrix Experience – Are You Experienced?
2. The Velvet Underground – The Velvet Underground & Nico
3. Leonard Cohen – Songs of Leonard Cohen
4. The Doors – The Doors
5. Cream – Disraeli Gears
6. Tim Buckley – Goodbye and Hello
7. The Who – The Who Sell Out
8. Ten Years After – Ten Years After
9. The Jimi Hendrix Experience – Axis: Bold as Love
10. The Doors – Strange Days

615+Ek+mZtLMairon Machado
1. The Yardbirds – Little Games
2. Moby Grape – Moby Grape
3. The Rolling Stones – Their Satanic Majesties Request
4. Vanilla Fudge – Vanilla Fudge
5. The Rolling Stones – Between the Buttons
6. Country Joe and the Fish – Electric Music for the Mind and Body
7. Jefferson Airplane – Surrealistic Pillow
8. The Moody Blues – Days of Future Passed
9. Nirvana – The Story of Simon Simopath
10. Big Brother and the Holding Company – Big Brother and the Holding Company

51VaWimTAILMicael Machado
1. The Jimi Hendrix Experience – Are You Experienced?
2. Pink Floyd – The Piper at the Gates of Dawn
3. The Velvet Underground – The Velvet Underground & Nico
4. The Doors – The Doors
5. Cream – Disraeli Gears
6. The Jimi Hendrix Experience – Axis: Bold as Love
7. The Doors – Strange Days
8. The Nice – The Thoughts of Emerlist Davjack
9. Jefferson Airplane – Surrealistic Pillow
10. Big Brother and the Holding Company – Big Brother & the Holding Company

b0000a0dry01_sclzzzzzzz_Ronaldo Rodrigues
1. The Jimi Hendrix Experience – Are You Experienced?
2. The Beatles – Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band
3. Buffalo Springfield – Buffalo Springfield Again
4. Cream – Disraeli Gears
5. The Doors – The Doors
6. The Nice – The Thoughts of Emerlist Davjack
7. Jefferson Airplane – Surrealistic Pillow
8. Love – Forever Changes
9. The Moody Blues – Days of Future Passed
10.  Pink Floyd – The Piper at the Gates of Dawn
 
* O colaborador Luiz Carlos Freitas não conseguiu enviar seus comentários a respeito da lista final a tempo, mas participou de sua elaboração.
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