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Dream Theater em 1999: Mike Portnoy, John Myung, James LaBrie, John Petrucci e Jordan Rudess |
Por Diogo Bizotto
Pela segunda vez, uma das bandas que mais suscita reações de amor e ódio nas últimas décadas encabeça uma edição da série "Melhores de Todos os Tempos". Falo do Dream Theater, que desta vez surge com aquela que é considerada por grande parte dos fãs (a maioria?) sua obra máxima: Metropolis Pt. 2: Scenes From a Memory. Lembrando sempre que o critério para a formação de nosso top 10 segue o sistema de pontuação do campeonato mundial de Fórmula 1, lhes apresento nossa lista final, que conta com veteranos, um novato que ganharia o mundo e grupos totalmente identificados com a década. Apreciem!
Dream Theater - Metropolis Pt. 2 - Scenes From a Memory (82 pontos)
Alexandre: Disparado o melhor álbum na minha lista também, nem preciso dizer que é merecida sua vitória. Ainda que eu considere outros dois discos melhores na discografia da banda, esta obra conceitual baseada no filme "Dead Again" (1991) é provavelmente o preferido pela maioria dos fãs do Dream Theater. Tal preferência se justifica por vários motivos, sobretudo por um trabalho que é muito coeso e praticamente sem momentos fracos. Ainda assim, posso destacar o "Act II" como superior ao "Act I". Deste, "Fatal Tragedy" é a minha favorita. Impecável, talvez apenas "One Last Time" esteja pouco abaixo das demais da parte final do CD. O momento é tão feliz para o grupo que até os vocais de LaBrie não comprometem, em minha opinião. Metropolis Pt. 2 é um álbum para se ater aos detalhes, como no artigo de jornal contido na página final do encarte, que é a parte inicial da letra de "Beyond this Life". Algo ainda mais genial é a utilização de diversos trechos da faixa "Metropolis - Part I", de Images and Words (1992), durante todo o decorrer do trabalho, mas de forma não tão óbvia, como na marcação de bateria próximo à primeira estrofe de "Home". É desnecessário avaliar a categoria e o virtuosismo dos músicos, mas o que eles fazem em "The Dance of Eternity" é de estarrecer. Ao trazer Jordan Rudess para o grupo, Portnoy e Petrucci apostaram alto no álbum, tanto que o tocaram na íntegra na tour que se seguiu. A aposta foi um tiro certeiro, Scenes from a Memory é um clássico da banda.
Alissön: É o único disco do Dream Theater que ainda consigo ouvir completamente. Os méritos como compositores dos caras ainda se faziam valer em músicas que cativavam pela grande nuance de elementos estilísticos presentes e, claro, pela habilidade técnica dos integrantes, que no caso faziam sentido ao serem exuberantes.
André: Os fãs do Dream Theater e mesmo os não tão fãs consideram este álbum como a obra definitiva do grupo. Eu também gosto muito, porém sou daqueles que preferem o período da década de 2000 da banda. Estreia de Jordan Rudess, tecladista melhor que os anteriores (me surrem, fãs de Kevin Moore), o trabalho apresenta todas as facetas mais conhecidas do grupo elevadas à décima potência: longos solos, malabarismos de bateria de Portnoy, agudos de LaBrie, teclados cheios de energia positiva, técnica apuradíssima e punhetação instrumental. Ou seja, tudo aquilo que os fãs adoram. Minha favorita é “Scene Eight: The Spirit Carries On”, claramente inspirada pelos caras que fizeram o disco do lado escuro da lua. Independentemente do que chamam de “feeling”, sempre achei que a banda tem de sobra. E Dream Theater é melhor do que Ramones.
Bernardo: Não consegui ouvir nem metade. Juro que não é má vontade, mas é por demais empolado, pouco marcante e chato de ouvir.
Davi: Um dos últimos grandes álbuns do Dream Theater, na minha opinião. Em seu quinto registro de inéditas, os rapazes resolveram fazer uma obra conceitual. O disco, que traz a estreia do tecladista Jordan Rudess, mistura momentos pesados e complexos com passagens simples e limpas. Durante a audição, fica perceptível a influência de grupos como Pink Floyd, Genesis e Marillion, principalmente nas partes mais calmas. Difícil destacar uma música. O álbum é simplesmente perfeito. Primeiro lugar merecido!
Diogo: O Dream Theater é uma banda cercada de extremos, suscitando reações que vão da mais devota idolatria ao total desprezo. Alguns apontam que a capacidade técnica de seus integrantes é uma ferramenta preciosíssima na construção de composições ambiciosas; outros, que essa mesma técnica, mal utilizada, é uma armadilha e provoca sua ojeriza ao quinteto. Sem querer bancar o ponderadão, mas já bancando, nem tanto o céu, nem tanto o inferno. Scenes From a Memory é um bom exemplo de que a banda sabe, sim, utilizar sua afiada capacidade instrumental a favor de boas canções, mas também não é toda essa obra-prima que alguns fazem parecer. Como obra conceitual, o álbum atinge seu objetivo com louvor: trata-se de um disco bonito, coeso, com canções entrelaçadas e que ajudam a dar sentido ao conteúdo lírico. Individualmente, é possível destacar algumas faixas, caso das ótimas "Strange Déjà Vu", "One Last Time" e as instrumentais "Overture 1928" e "The Dance of Eternity". Esta última, inclusive, além de ser uma ótima mostra de que a técnica dos músicos pode ser direcionada para algo realmente bom, deixa claro que Jordan Rudess foi uma escolha perfeita para tapar o buraco deixado por Kevin Moore. Derek Sherinian pode ser um excelente tecladista, mas não havia sido exatamente uma escolha tão boa.
Fernando: O Dream Theater nos anos 1990 forjou três clássicos que vão ser referência para qualquer um conhecer o som da banda. E Metropolis Pt. 2 é o último desses discos – os dois primeiros são Images and Words e Awake (1994), claro. Nenhum álbum da banda lançado após este consegue arranhar a qualidade desse trio. Scenes é uma aula de como fazer um disco conceitual ser atrativo mesmo com as firulas técnicas que todo fã de Dream Theater gosta.
Igor: Não dá para dizer que o Dream Theater ficou pop em "Falling Into Infinity" – até porque o disco foi um fiasco comercial –, mas o som havia se amaciado. Jordan Rudess chegou e deu alguma segurança para que a banda retomasse o padrão de álbuns como Images and Words e Awake. Talvez Metropolis Pt. 2 seja o último disco realmente bom do Dream Theater, que investiu para se transformar em uma atração segmentada e menos versátil a partir de então. Destaco "Strange Déjà Vu", "Home" e "The Dance of Eternity".
João Renato: Obra espetacular em toda sua concepção. Não dá para negar a beleza de “The Spirit Carries On”. Porém, Dream Theater sempre me lembrou aqueles caras que ficam fazendo freestyle com a bola na praia. Prefiro o centroavante caneleiro, mas objetivo, que manda a pelota pro gol. Resumindo, não é para mim.
Leonardo: O auge da carreira do Dream Theater, na minha opinião, se deu em seus dois primeiros discos com o vocalista James LaBrie, Images and Words e Awake, nos quais o virtuosismo foi usado para evidenciar ótimas composições. Depois, a banda passou a variar muito, lançando álbuns bons e outros nem tanto, mas sem o brilhantismo de outrora. Contudo, Metropolis Pt. 2 é um dos que se aproximam da qualidade dos discos supracitados. As faixas que compõem a longa suíte que o batiza se interconectam com perfeição, e a performance dos músicos é, como sempre, impecável. Recomendado até para aqueles que, como eu, não curtem toda a discografia da banda.
Mairon: Quando votei neste álbum para os dez mais de 1999, votei com consciência. Mesmo não gostando tanto assim de Dream Theater, não posso ficar cego para a capacidade de criação que o grupo teve neste disco, que me surpreende pela primeira posição. Talvez seu principal defeito seja a extensa duração, que acabou criando a imagem de que o Dream Theater só tem músicas longas e intermináveis. É uma história criada por Petrucci e Portnoy, falando sobre um homem (Nicholas) que faz uma regressão e descobre que, em vidas passadas, houve uma história de amor, assassinato e traição envolvendo ele e Victoria Page. Instrumentalmente, é um disco impecável, com Petrucci e o estreante Jordan Rudess destacando-se em faixas como "Overture 1928", "The Dance of Eternity" – paulada musical que atesta por que Rudess é o melhor tecladista a ter passado pela banda –, "Fatal Tragedy" –que sonzeira – e a impressionante "Finally Free". Acho muito massa a introdução instrumental de "Home", com as escalas orientais de Petrucci, para mim, o principal nome do disco e da banda. A pancadaria de "Beyond this Life" me faz pensar o que seria do Dream Theater se tivesse um baterista decente (sim, eu não suporto Portnoy, e daí?), que fizesse as quebradas impressionantes de baixo, bateria e teclados sem tanta frescura. Claro que a voz de LaBrie continua enchendo o saco depois de dois minutos de audição, só que, entrando na história, isso passa sem afetar tanto a mente. Belo disco, um dos poucos do Dream Theater que aprendi a gostar com o passar do tempo. Ouvi-lo ao vivo no ótimo Live Scenes from New York (2001) é uma experiência que certamente irá fazer você pelo menos reconhecer que o grupo tinha capacidade para fazer as pomposidades que criavam. Merecida a primeira posição, ainda mais pelos outros discos que o estão acompanhando.
Ulisses: Álbum conceitual tendo como propósito ser a sequência da música "Metropolis Pt. 1", de Images and Words. Mais de uma hora de prog metal que consegue a proeza de manter a atenção do ouvinte na maior parte do tempo. A historinha conceitual da vez eu nunca achei muito interessante, mas a música tem muito a oferecer. É neste disco que se encontra a famosíssima instrumental "The Dance of Eternity", verdadeiro esplendor de virtuose, assim como o ótimo solo de guitarra de Petrucci na floydiana "The Spirit Carries On". Gosto bastante também da direta "Strange Déjà Vu", da balada "Through Her Eyes" e da viajante "Home". Os caras bem que poderiam ter podado "Beyond this Life" e "Finally Free" mas, para o primeiro lugar nesta lista, o disco se garante.
Slipknot - Slipknot (70 pontos)
Alexandre: A questão principal que "embaça" uma análise mais isenta é o fato do estilo vocal não ter minha apreciação. Quando Taylor deixa seu estilo mais gritado e canta em tom mais natural é até legal o som da mistura do instrumental com sua voz. Mas isso se dá em menos de 5% do álbum. Outro fator contra é que o estilo nu metal, que me parece ser o gênero em que o Slikpknot mais se situa, não abandona as frequências graves nem se ameaçarem tapar o rombo feito pelo esquema investigado pela Operação Lava-Jato. Desta forma, fica muito monocórdico e, pra mim, muito monótono. Se os guitarristas se arriscassem a compor solos, acredito que teria mais ânimo de ouvir o grupo. Não há como negar a presença e a agressividade do Slipknot ao vivo, assisti-os no "Rock in Rio", mas pra mim fica faltando música. Há até alguns riffs interessantes (crias de Metallica, Sepultura, Pantera) e um bom trabalho de bateria (misturada a alguma percussão), com viradas super aceleradas durante todo o CD, mas de vez em quando jogam umas tampas de panela no chão, muito estranho mesmo. Há outros barulhinhos esquisitos que dão clima de introdução a uma ou outra música, ajudando a criar um clima soturno e de agressividade, que também não me agradaram. Em suma, cheguei à incrível conclusão de não gosto do grupo. Eu jamais os colocaria aqui, portanto. Do que ouvi, salvo o refrão de "Wait and Bleed".
Alissön: Lembro até hoje da primeira vez que ouvi isto. Era muito bizarro e pesado, não havia escutado nada parecido com aquilo ainda. Vez ou outra, quando quero recordar boas lembranças de minha infância, geralmente coloco este disco pra rolar. Fora o fator pessoal, é um dos registros mais significativos do metal pesado pós-anos 1990, um dos que ajudaram a trazer novidades sonoras ao metal – ou vai dizer que existia algo minimamente parecido com o caos controlado presente aqui? Birras à parte, pelo menos reconheçam que é um dos registros mais significativos do metal como um todo.
André: Tá aí uma banda que vem subindo cada vez mais no meu conceito com o passar dos anos. E ainda considero este debut o melhor deles até hoje. Independentemente de sonoridade, admiro a banda que você sente que entrega tudo de si, mesmo no estúdio. Dá a impressão que os caras estão todos juntos e fazendo o maior show de suas vidas até chegarem ao final do disco esgotados.
Bernardo: Há quem faça piada com a formação numerosa da banda, com os instrumentos tocados, com o tipo de som tocado (new metal, "não se toca metal assim", etc), com as letras angustiadas... Mas sempre achei o Slipknot, se não perfeito, uma banda impressionante. Seu show que foi há mais de uma década foi um dos maiores massacres sonoros que presenciei – fiquei física e emocionalmente esgotado com o show deles. Este primeiro álbum traz a energia da banda em estado bruto, desde a porradaria de "Eyeless", as clássicas "Wait and Bleed" e "Spit it Out" e a agressividade niilista de "Surfacing". O resto está longe de alcançar o mesmo nível, mas acho que nem precisava. Em seis faixas, já foi ouvida tanta intensidade sonora você já está virado do avesso.
Davi: Excelente álbum de estreia do Slipknot. A ideia de misturar percussão (fora a bateria, é claro) e experimentações inseridas pelo DJ do grupo trouxe um pouco de personalidade ao som dos caras. O disco é extremamente pesado e bem diferente da demo Mate. Feed. Kill. Repeat. (1996). Parece até duas bandas distintas. Joey Jordison debulha no disco. Corey Taylor já demonstrava ser um cantor versátil, conseguindo cantar limpo em alguns momentos e mais agressivo em outros. As faixas são ótimas. Várias delas são consideradas clássicos do grupo, atualmente. Disco pesado, empolgante e muito bem feito. Outro que mereceria a primeira posição.
Diogo: A história tem se repetido: fãs de estilos mais tradicionais de heavy metal, que não queriam saber do grupo quando ele surgiu e arrebatou milhões de fãs, hoje em dia estão rendidos ao talento e à garra que esses caras entregam no estúdio e nos palcos. Essa é a minha história também. A associação feita com o nu metal afastou muita gente, mas bastou que o rótulo caísse no desuso e que cada grupo mostrasse que tinha características especiais, que os tornavam únicos, para que os melhores seguissem em frente, conquistando sucesso e respeito, enquanto outros ficaram para trás. Entre os que seguiram com orgulho e ousadia e mostraram que estão muito acima das modas, ninguém foi melhor que o Slipknot, que até hoje não tem disco meia-boca. Este debut, aqui presente, transpira intensidade em cada faixa e insanidade direcionada em prol de algumas das melhores músicas de sua época. O início do tracklist, em especial, é avassalador, cada faixa soa como patrolas e tratores nos atropelando sem a mínima pena. "(sic)", "Eyeless", "Wait and Bleed" (refrão formidável), "Surfacing", "Spit It Out" (a interação com o público nessa faixa, ao vivo, é assombrosa)... O disco chega na metade e nossos ouvidos já estão em frangalhos, mas felizes, ainda mais que músicas como "Purity" e "Liberate" ainda nos aguardam. Aqueles que acham exagero a presença de nove integrantes para levar a cabo o que a banda faz são os que nunca vão entender a essência do Slipknot, em que o exagero sempre trabalha a favor. Corey Taylor, em especial, vale por mais que um integrante, pois sua versatilidade vocal é impressionante, e melhoraria ainda mais com o passar do tempo, assim como o próprio grupo, que voltaria ainda mais extremo dois anos depois, com Iowa.
Fernando: Essa banda é um fenômeno e eu não consigo entender o motivo. Musicalmente eles não me agradam, mas os shows são ótimos. Eles têm quase 20 anos de carreira e são poucos os lançamentos e fazem turnês com bandas como o Slayer, que já têm carreiras muito mais consolidadas. Prefiro o Stone Sour.
Igor: Preconceitos imbecis com o nu metal fizeream com que muitos fãs de metal se afastassem do Slipknot. De forma justa, a banda tem conquistado o reconhecimento dos admiradores mais tradicionais do estilo. Este disco de estreia traz o grupo em grande forma. O álbum não dá brechas para respirar: é pesado do início ao fim e ainda traz refrãos poderosos. É insano classificar isto como algo que não seja metal. "Surfacing", "Spit It Out", "Wait And Bleed" e "(sic)" são alguns dos destaques.
João Renato: Logo que surgiu, não me agradou. Parecia algo muito difícil para um garoto do hard rock/heavy metal tradicional assimilar, ainda mais naquela época da vida em que os hormônios true tomam conta. Com o tempo, passei a gostar de algumas músicas, embora considere seus trabalhos posteriores melhores.
Leonardo: Confesso que demorei a digerir o Slipknot. Tudo na banda soa exagerado, da quantidade de integrantes à afinação das guitarras, da quantidade de efeitos à brutalidade das letras. Mas uma vez que tudo se conecta, e foi preciso que eu visse o grupo ao vivo para entendê-lo, tudo passa a fazer sentido, e de uma forma caótica e violenta. O primeiro disco da banda é uma lição de ódio, raiva e angústia em forma de música, e choca o ouvinte em todos os sentidos. Mas a ideia eé essa, e a execução é sensacional. Não indicado para ouvidos sensíveis.
Mairon: O disco de estreia da banda que ajudou a mudar o cenário mundial do rock entre os dez mais de 1999 não me é nenhuma surpresa. Apesar de não gostar da banda, tenho que admitir que Slipknot (o disco) foi extremamente inovador no final da década de 1990. Era difícil entender o que aqueles malucos mascarados estavam fazendo. Basta ouvir "Wait and Bleed", "Spit It Out", "Purity" ou "No Life" para você ficar com aquele pensamento de "já ouvi isso antes". A agressividade e maluquice da turma de Corey Taylor ainda hoje chocam. Não é um disco que eu gosto, mas respeito sua introdução nesta lista.
Ulisses: Lembro-me muito bem de como a minha obsessão pelo metal começou: foi justamente com o Slipknot. Eu nunca fui muito chegado em barulheira generalizada e vocais guturais, mas tem algo no Slipknot que me encantou no passado e continua a encantar na atualidade. Na verdade, barulheira é uma péssima definição para o som apresentado aqui. Em um primeiro momento, a presença de nada menos que nove malucos, incluindo aí um DJ e dois percussionistas, já causa estranheza; entretanto, tudo funciona incrivelmente bem, pois as composições são bem caprichadas e distintas uma das outras, dando vida à uma audição memorável, mas não menos caótica e doentia. O assalto percussivo constante e os gritos perturbados de Corey em petardos como "(sic)", "Eyeless" e "No Life" são verdadeiros socos no estômago. O rap em "Spit It Out" e a catártica "Purity" também são grandes momentos, mas o grande destaque deste disco é também a melhor composição do Slipknot: "Surfacing", empolgante do começo ao fim e cujo refrão levanta até defunto para pular e bater cabeça. Veredito: nada mais que uma brutalidade insana, nada menos que uma obra-prima.
Testament - The Gathering (70 pontos)
Alexandre: Um baita line-up, com Dave Lombardo na batera e Steve Giorgio no baixo. Sei que Dave faz isso o tempo todo no Slayer, mas preciso novamente destacar seus dois bumbos, me impressionam sempre. E Steve é um virtuoso no instrumento. Os bons solos de guitarra não se destacam de forma inconteste, mas trazem uma importante alternância para as canções. Poderiam apostar mais nisso. Há também boas harmonias de guitarras dobradas e uma maestria em trazer riffs do thrash metal. Assim, gosto mais quando o álbum transita pelo heavy e pelo thrash (que era o mais comum ao Testament no começo de sua carreira) do que quando aposta no death metal. Como ouvi em grande parte da lista de 1999, isso se dá pela alternância entre o vocal rasgado e gutural de Chuck Billy. Quando o “range" do vocalista não fica apenas no death metal, acho muito bom o trabalho. Faixas como "Eyes of Wrath" e "True Believer" são excelentes. Não o colocaria entre os dez, mas temos um ano fraco e sua presença aqui não é nenhum absurdo.
Alissön: Auge criativo do Testament, que reuniu uma constelação de instrumentistas para a gravação deste disco. Tinha como dar errado um trabalho que reúne Dave Lombardo na bateria e Steve DiGiorgio no baixo?
André: Depois da péssima recepção que Demonic (1997) recebeu por parte dos fãs por fazerem uma mistura de groove metal com guturais, a banda retornou ao seu tradicional thrash de sempre. E o fez muito bem. Toneladas de grandes riffs por parte de Eric Peterson e James Murphy, além, é claro, daquela bateria vigorosa do eterno Dave Lombardo (que só gravou este disco e pulou fora), fazem deste trabalho um dos melhores dos norte-americanos do Testament. “Down for Life”, “Eyes of Wrath” e “Riding the Snake” são as minhaspreferidas.
Bernardo: Chuck Billy, Steve DiGiorgio e Dave Lombardo em estado de graça, transitando entre death e thrash, peso e melodia com uma facilidade incrível. Álbum para ser ouvido por todo amante de música pesada.
Davi: Depois do terrível Demonic, o Testament voltou à boa forma com The Gathering. Chuck Billy deixou aquela bobagem de soar como demônio para trás e trouxe seu velho estilo de volta (parecido ao que fez em Low, de 1994. Ainda bem! Sempre foi um dos meus vocalistas preferidos no gênero. Outro destaque é a bateria destruidora de Dave Lombardo (Slayer). Não acho que esteja no mesmo nível que The New Order (1988), Practice What You Preach (1989) e Souls of Black (1990), mas sem dúvidas é um ótimo álbum. Arranjos bem trabalhados, sonoridade pesadaça. Álbum, no mínimo, empolgante. Meus momentos preferidos ficam por conta de “Down for Life”, “True Believer”, “3 Days In Darkness”, “Allegiance” e “Careful What You Wish For”.
Diogo: Demonic não é um disco ruim, mas causa estranheza até hoje mesmo a este grande fã que aqui escreve. Em The Gathering, felizmente, o Testament retomou o caminho traçado em Low, rumo ao extremismo mas sem esquecer das raízes melódicas afixadas nos magníficos The Legacy (1987) e The New Order. Os riffs de Eric Peterson e James Murphy – uma das grandes duplas do thrash metal –, os dedos rápidos de Steve DiGiorgio – meu baixista favorito de heavy metal – e as conduções cavalares de um encapetado Dave Lombardo – minha surpresa ao vê-lo no line-up foi das mais positivas – erguem uma espantosa edificação do mais sólido thrash metal com pitadas de death metal, mas o acabamento tem refino e ganha contornos de melodia aqui e acolá que tornam The Gathering um disco viciante, tão bom quanto The New Order. Chuck Billy, o melhor vocalista que o estilo pariu, também promove essa alternância através de sua voz, dosando guturais e vocais mais limpos com inteligência e contribuindo para que cada faixa seja mais coesa. Ao contrário do que muitos pensam, ao menos para mim, 1999 foi um bom ano para a música, afinal de contas, não é todo ano que conta com o lançamento de petardos como a estreia do Slipknot, At the Heart of Winter (Immortal) e o único disco do Control Denied. E, se mesmo assim The Gathering mereceu meu primeiro lugar, é porque se trata de uma obra verdadeiramente maiúscula, como atestam faixas do calibre de "D.N.R. (Do Not Resuscitate)" (uma aula de como ser extremo e viciante ao mesmo tempo), "True Believer" (honrando o lado mais melódico do grupo), "3 Days in Darkness" (pra bater cabeça ao som de seus riffs ganchudos), "Legions of the Dead" (destroçante, death metal como eu gostaria que Demonic soasse) e "Riding the Snake" (como ser extremo, melódico e ainda ter groove!). Sério, poderia citar todo o tracklist. Um dos dez melhores álbuns da década de 1990.
Fernando: Demorei para entender que uma das minhas bandas favoritas de thrash metal estava tocando death metal. Ainda prefiro qualquer disco entre The Legacy (1987) e Souls of Black a este, mas nenhum lançado depois é tão bom quanto.
Igor: O Testament talvez seja a única banda de thrash metal que ficou ainda mais pesada ao longo dos anos. Em um momento em que Metallica, Megadeth e Slayer, entre outros grupos, tentavam buscar outras influências, o Testament surgiu com o intenso The Gathering. Dave Lombardo fez a diferença com as baquetas.
João Renato: O Testament é o raro caso de uma banda que ficou cada vez melhor com o tempo. O ponto em que a coisa engrenou de vez foi justamente aqui. Com Dave Lombardo na bateria, Chuck Billy e Eric Peterson capricharam e fizeram o grande referencial de qualidade de sua discografia. Não há uma música mais ou menos aqui, são 11 petardos do mais alto calibre.
Leonardo: O retorno em grande estilo. Quando ninguém esperava mais muita coisa da banda, Chuck Billy e Eric Peterson recrutaram um verdadeiro dream team e lançaram o melhor disco de thrash metal da segunda metade dos anos 1990. É claro que a ausência de Alex Skolnick, guitarrista solo original da banda, é sentida, visto que muito da sonoridade clássica do grupo se devia a ele, mas a dose extra de agressividade que o disco tem compensa com sobras essa falta. Escute "D.N.R.", "Down for Life" e "Legions of the Dead" e tente ficar parado!
Mairon: Um dia, lá nos anos 1990, eu fui fã do Testament, dos álbuns The Legacy até The Ritual (1992). Depois, deixei de acompanhar por um bom tempo, e The Gathering foi um disco que passou despercebido por mim. Ouvindo desta feita, continuo sem sentir grandes atrativos. O grande destaque é Dave Lombardo, que se reinventou nas baquetas, em nada lembrando o monstro do Slayer, mas mostrando técnicas diferenciadas e que comprovam por que ele é o melhor baterista do thrash metal mundial. Há boas músicas, como "Allegiance", "Eyes of Wrath", "Fall of Sipledome" e a ignorância de "Careful What You Wish For", mas acho que mais um disco desses nas listas de melhores é falta de criatividade e um pouco de preconceito com outras boas bandas de outros estilos que lançaram álbuns em 1999.
Ulisses: Misto de thrash e death empolgante que não perde a força em momento algum. Chuck Billy varia o vocal entre o rasgado e o demoníaco e, com a presença de DiGiorgio e Lombardo (aliás, o som de bateria ficou ótimo), realmente não dava pra sair algo ruim. Consegue ser pesadíssimo e técnico sem deixar de ser variado e cativante. Fantástico registro!
The Black Crowes - By Your Side (57 pontos)
Alexandre: Este eu cogitei colocar na lista final, certamente ficaria entre os 15 melhores. Na verdade, confesso até certo arrependimento. Olhando meus indicados, talvez tenha dado alguma mancada mesmo. De certo é que, desta lista final, ele merece o segundo lugar, com sobras. Eu o indico para os que gostam da banda e do gênero “retrô” que eles buscam. Não há nenhuma inventividade em relação ao que o grupo em boa forma fez anteriormente. É um belo punhado de boas canções, como as três primeiras que credenciam (citando um pensamento de um dos redatores do Minuto HM, Rolf Neubarth) o disco já de início. A porta de entrada fica garantida com a faixa-título, o single "Kickin’ My Heart Around" e "Go Faster", ótima abertura para o CD. Ótimos vocais e slide guitars dos donos da banda, os Robinsons. A melhor faixa pra mim é "Virtue and Vice", com riffs que teriam a marca Jimmy Page, sem nenhum exagero. Lá pro meio do álbum há o uso de metais, parecendo o início da carreira de Rod Stewart ("Only a Fool"). Mas o mesmo uso de metais em "Welcome to the Goodtimes" (ainda que coerentes com a proposta da faixa) pareceu-me demais, desta forma a considero a pior do disco. O outro ponto fraco é a capa, poderia ser menos “glamourosa”. Ótima escolha para 1999.
Alissön: Como é gostoso ouvir um disco dos Black Crowes. Aquelas guitarras do Lynyrd Skynyrd com influência de Led Zeppelin formam uma das misturas do século. Não está entre meus favoritos da banda, mas é um ótimo registro. Mais pulsante e “caipira”, captura a atenção desde a frenética “Go Faster”, passando pelas guitarras faiscantes em “Kickin’ My Heart Around”, até o encerramento, com “Virtue and Vice”.
André: O disco tem um bom início com “Go Faster”, “By Your Side” e “Horsehead”, porém, da metade até o final, tem uma queda de qualidade notável. A banda tem vários álbuns ótimos, mas acho este bem mais ou menos.
Bernardo: Não curti muito não. A banda já fez bem melhor.
Davi: Adoro este disco. Não havia gostado muito de Three Snakes and One Charm (1996), mas, sem dúvidas, By Your Side trouxe o Black Crowes de volta à boa forma. Os caras pegaram o lado hard rock de Shake Your Money Maker (1990) e misturaram com a pegada soul/gospel de The Southern Harmony And Musical Companion (1992). O resultado é mortal! A influência de Stones continua perceptível em diversos momentos, mas não para aí. “Heavy” e “Horsehead” deixam nítida a influência de Led Zeppelin. “Only a Fool” deixaria Rod Stewart com um sorrisão de orelha a orelha. Outros momentos de destaque ficam por conta de “Kickin' My Heart Around”, “Go Faster”, “Go Tell the Congregation” e “Virtue And Vice”. Belíssimo disco.
Diogo: Deixei o The Black Crowes um pouco de lado após ouvir Three Snakes and One Charm, que julguei inferior aos anteriores e não prendeu minha atenção. Que erro! By Your Side é a surpresa positiva desta edição, um disco gostoso de ouvir de cabo a rabo e recheado de canções memoráveis, daquelas que o cara se pega cantarolando sem mesmo sentir. Dizem que este álbum (e a banda também) tem pesada influência de artistas como Rod Stewart, Rolling Stones e, em menor intensidade (ao menos para mim), Led Zeppelin; ora, isso pode não ser mentira, mas o que os corvos fizeram em By Your Side foi devolver aos Estados Unidos aquilo que os britânicos tomaram emprestado décadas antes para moldar seu jeito de fazer rock 'n' roll, com muito soul, rhythm 'n' blues e vocalizações gospel. Rich Robinson mostra estar especialmente inspirado e toca sua guitarra com a sapiência de um veterano e a gana de um novato, enquanto seu irmão Chris também capricha nos vocais. "Go Faster" e "Kickin' My Heart Around" são urgentes, "By Your Side" e "Only a Fool" são deliciosamente sinuosas, "Heavy" é puro balanço guitarrístico e "Virtue and Vice" é o perfeito encerramento para um disco de uma banda que completou um ciclo, voltando à simplicidade dos primórdios, mas munida da experiência de quase uma década de estrada.
Fernando: Hoje temos uma avalanche de bandas que não só bebem da fonte setentista, mas também comem e se vestem como nos anos 1970. Mas o The Black Crowes fazia isso há muito mais tempo. Porém, acho que eles apareceram atrasados aqui na série, já que seus discos mais representativos foram lançados uns cinco ou sete anos antes. Acho que isso mostra que 1999 não foi lá grande coisa.
Igor: A dinâmica de contar apenas com Rich Robinson na guitarra fez bem a By Your Side. Após a saída de Marc Ford (e também do baixista Johnny Colt), a banda optou por fazer um trabalho mais semelhante aos iniciais do que seguir com leves experimentos, como em Three Snakes and One Charm. O hard rock blueseiro, com alguma pegada soul ocasional, voltou à forma ideal por aqui. Destaco a abertura "Go Faster", a bluesy faixa-título, a grudenta "Only a Fool" e a suingada "Heavy".
João Renato: Talvez o álbum mais acessível dos corvos. O que está longe de ser um problema, já que todas as músicas são excelentes. Rock and roll do mais alto nível, colocando novamente a banda nos eixos – até que brigaram de novo e foram se aguentando até quando deu. Meu primeiro colocado desta lista.
Leonardo: Parece um disco gravado pelos Rolling Stones nos anos 1970 tendo Rod Stweart como convidado nos vocais. Tem como ser ruim?
Mairon: Os filhos do Led Zeppelin com o Rolling Stones fazendo um grande álbum, como sempre. Acredito que os norte-americanos podiam ter pintado aqui com The Southern Harmony and Musical Companion e, principalmente, Amorica, e finalmente conseguiram com este grande álbum. Rock 'n' roll na veia, destacando a performance arrebatadora de Rich Robinson, que manda ver no slide e em riffs grudentos. Chris Robinson nos vocais também dá seu charme para uma das poucas bandas que surgiram com força nos anos 1990, para sair da mesmice. Destaques para a paulada "Go Faster", a pesada "Virtue and Vice", os metais em "Welcome to the Goodtimes" e as baladas lindas "Only a Fool" e a faixa-título, canções mais Stones que o Stones nunca gravaram. Ótimo disco, parabéns aos consultores que colocaram este álbum entre os dez mais. Achei que ia ser voto único.
Ulisses: Disco bem divertido do começo ao fim, trazendo influências de Stones, Zeppelin e Aerosmith com uma levada moderna, além de pitadas de soul. Honesto e bem tocado – nada mais que isso.
Red Hot Chili Peppers - Californication (51 pontos)
Alexandre: É provavelmente o mais bem sucedido comercialmente da lista, com boa parte das canções tornando-se singles durante os anos subsequentes, em especial na primeira parte do CD. Não sou o maior fã da banda, mas considero que o álbum faz um bom papel em captar o proposto para ocasião, com inegáveis momentos pop destilados dentro da mistura que a banda costuma entregar. O meu grande questionamento em relação aos Peppers é quando eles se apresentam ao vivo, pois no meu entender o grupo fica longe do vigor e da sonoridade que se ouve em estúdio, fora o fato de Anthony Kiedis desafinar (normalmente semitonar) bastante nos shows. Californication é um grande exemplo disso, o álbum é muito bem gravado. Ressalto que não estou mencionando a performance de palco dos músicos, e sim o que é entregue de forma estritamente musical. Como não estamos aqui analisando um álbum ao vivo, destaco as harmonias dos coros efetuados na gravação e o sempre excelente papel de Flea, em especial quando a coisa vai mais para o lado funk (não confundir com a porcaria carioca) em "Get on Top" ou junto a Chad Smith, um baterista muito consistente, em "I Like Dirt". Assim, considero justa a participação de Californication entre os finalistas, mesmo não tendo votado nele.
Alissön: Não sou fã da fase radiofônica dos Chili Peppers. Minha preferência é pelo período dos funks sacanas com Hillel Slovak nas guitarras. Deste disco eu me lembro do estrondoso sucesso da faixa-título e de um dos melhores trabalhos de produção da história do rock, méritos que Rick Rubin pode levar sozinho para casa.
André: Já tentei gostar dessa banda várias vezes e nunca obtive sucesso. Porém, se em outros discos, como Mother’s Milk (1989), eu consigo ouvir sem fazer cara feia, Californication me é simplesmente intragável. Porém, minhas considerações ao Flea, um baixista fantástico.
Bernardo: Não é o disco que me apresentou ao Red Hot (o mérito cabe a By the Way, de 2002), mas foi o que eu mais ouvi deles. Talvez um pouco longo demais, com a primeira metade bem melhor que a segunda, mas o álbum tem tudo o que a gente aprendeu a amar na banda: o baixo funkeado e pulsante de Flea, as letras nonsense e as interpretações carismáticas de Kiedis e as melodias grudentas de Frusciante. A banda reencontrou a "fórmula mágica" e renovou sua popularidade – "Around the World" ainda toma de assalto qualquer lugar em que se toque, as baladas "Scar Tissue", "Otherside" e "Road Trippin'" são bem feitas e perfeitamente ouvíveis. A faixa-título é um clássico noventista com um clipe icônico, e particularmente gosto muito do clima insano, adolescente e irresponsável de "Get on Top'".
Davi: Este é o típico trabalho que muitos fãs amam e muitos odeiam. O disco marcou o retorno de John Frusciante. O que divide opinião é que os fãs antigos esperavam um retorno à sonoridade mais funky, quando na real este foi o álbum mais pop do grupo até então. Californication trouxe uma nova leva de fãs para o Chili Peppers, o grupo voltou com força à mídia. E o disco, para quem não se prendia ao passado, realmente é bem bacana. Anthony Kiedis está cantando de maneira mais melódica. O som é realmente mais polido, mas o nível das composições é muito bom. As divertidas “Right on Time”, “I Like Dirt” e “Get on Top” nos levam um pouquinho de volta ao passado. Os grandes destaques, contudo, ficam por conta de “Around the World”, “Parallel Universe”, “Otherside”, “Californication” e “Purple Stain”.
Diogo: Este disco foi um fenômeno gigantesco quando eu estava no ensino médio. Meus colegas em geral, meninos e meninas, tinham Californication em alta conta e passaram a idolatrar o grupo, tenha isso durado pouco ou até hoje. Eu, desde então metido a ser do contra, não fui muito com a sonoridade do grupo, e tinha especial problema com a voz de Anthony Kiedis, que nunca achei grande coisa. Passou um tempinho e comecei a apreciar melhor a banda, apesar de, ainda hoje, achar que o vocalista é seu ponto fraco, mas não chegando a atrapalhar muito. O longo tracklist torna a audição um tanto cansativa, mas há, sim, vários destaques que fazem valer a pena. O hit "Otherside", por exemplo, é uma música bem resolvida, boa de ouvir, mas não tanto quanto a faixa-título, essa sim um musicão marcante não apenas na carreira do grupo, mas de toda uma época. "Parallel Universe" é outro destaque evidente, assim como o clima etéreo de "Road Trippin'". Alguns podem escolher como favoritas outras canções, que apontam mais para o estilo de Mother's Milk e Blood Sugar Sex Magik, mas a verdade é que, ao menos pra mim, o tom de Californication é outro: menos funk, menos pesado; mais tranquilo e acessível. E isso não é necessariamente ruim.
Fernando: O Red Hot apareceu para o mundo na época em que o grunge estava em alta. Acabou surfando a onda junto de Nirvana, Alice in Chains e Pearl Jam, mas era bem diferente desses grupos. Eles tinham uma veia pop muito maior e acredito que muitos que os criticam por ser uma banda queridinha da mídia não conseguiram perceber isso. Blood Sugar Sex Magik (1991) é seu maior clássico e este é considerado o segundo melhor deles, apesar de eu gostar mais de Mother's Milk.
Igor: Um dos discos responsáveis por me introduzir ao rock e uma das grandes voltas da música como um todo. O retorno de John Frusciante, em boa forma, foi essencial para que Californication se tornasse o disco mais aclamado da banda, seja comercial ou artisticamente. A experiência do quarteto foi essencial para dar uma abordagem levemente mais radiofônica para o seu funk rock nervoso. Destaco a trinca de abertura, o megahit "Californication" – e seu videoclipe antológico –, a paulada "Easily" e o fechamento acústico de "Road Trippin'".
João Renato: Jogaram água com açúcar nos apimentados. É preciso exaltar a qualidade das músicas. Mas é algo tão certinho, tão no lugar, que acaba enjoando. Californication é o Hysteria (1987) do Chili Peppers. E não, isso não é um elogio, embora eu goste do trabalho do Def Leppard.
Leonardo: Disco bastante melancólico e atmosférico do Red Hot Chili Peppers, ao contrário do tom mais animado e festivo de seus álbuns anteriores. Apesar de algumas canções, como a faixa-título, terem sido tocadas a exaustão, no geral Californication é um disco bem agradável de se ouvir, com ótimas melodias e refrãos.
Mairon: Dos poucos álbuns que se escapam nesta lista, aliás, um grande álbum. o Red Hot já poderia ter entrado com Mother's Milk ou Blood Sugar Sex Magik, e Californication tinha que entrar com certeza. Ele foi o responsável por apresentar a banda para uma nova geração, trazendo uma sonoridade, sim, mais acessível do que os suingues elegantes que o grupo fez em seus álbuns antecessores, mas que trouxe hinos para os jovens dos anos 2000 cantarem durante muito tempo. Afinal, a faixa-título, "Around the World", "Scar Tissue" e a fantástica "Otherside" fazem parte de uma fábrica de hits, complementada pelos delírios de "Parallel Universe", a agressiva "Get on Top" e a suave "Easily". Concordo com aqueles que dizem que a primeira metade do álbum é melhor, mas a segunda metade também é interessante, seja no suingue de "This Velvet Glove" e "Purple Stain", as viagens de "Savior", o embalo de "Porcelain", as velozes "Right on Time" (que espetáculo de baixo) e "Emit Remmus", e na ousada "Road Trippin'", com Frusciante ao violão e um bonito arranjo de cordas, Acho que o trabalho de Frusciante deixou de ser explorado a partir daqui, mas, por outro lado, os seus solos simples fizeram com que muita gente passasse a visualizar a guitarra como um instrumento a ser tocado. Vendeu horrores, é o melhor disco da lista e o melhor do RHCP. No mínimo top 3.
Ulisses: Contando com a celebrada volta de John Frusciante, Californication é o melhor e mais famoso disco disco do quarteto. O clipe ao estilo videogame da faixa-título é praticamente imortal, assim como o baixo fulminante de Flea em "Around the World" e a emoção das baladas "Scar Tissue" e "Otherside". Disco bem sólido do começo ao fim e importantíssimo para toda uma geração.
Rage Against the Machine - The Battle of Los Angeles (43 pontos)
Alexandre: Sinto falta de solos mais clássicos, sinto falta de um cantor que cantasse mais. Aliás, gostaria de saber se há algum problema dos consultores aqui em considerar vocalistas que cantam com estilo mais "old-fashioned", pois nesta lista quase não há. Salvam-se poucos, Eric Martin e, principalmente, Chris Robinson. Neste caso, no entanto, entendo que, além de ser a grande marca do Rage Against the Machine, Zack de La Rocha, se não é um destaque vocal, pelo menos não compromete totalmente o trabalho da banda, ainda que vá me cansando conforme o disco vai tocando. O vocal mais falado é um tanto monótono pra mim. The Battle of Los Angeles, apesar de não ser tão grande, vai perdendo o fôlego no final; a faixa "Ashes in the Fall" é de doer, tamanha a chatice. Tenho dificuldade de destacar alguma faixa, vou fazer um esforço para citar "Testify", "Calm Like a Bomb" e "Born of a Broken Man". As letras são fortes e inteligentes, ponto inquestionável do trabalho, e o instrumental é bem feito e cheio de intervenções inusitadas de Tom Morello. Mas acho muito melhor o que Tom faz junto com Brad Wilk e Tim Commerford no Audioslave, menos revolucionário, mas muito mais harmônico. Este eu também dispenso.
Alissön: Canto do cisne de uma das bandas mais importantes para o heavy metal nos anos 1990. Felizmente deixou para a posteridade um belo apanhado daquilo que consagrou o grupo. “Testify” e “Guerrilla Radio” já viraram hinos entre o pessoal que curte o som pesado noventista.
André: Parece estar aindamais rap metal do que o debut, que entrou em 1992. Escutei, mas é o tipo de sonoridade que não me vai de jeito nenhum. De algo próximo a isso, tenho um pouco mais de consideração pelo Linkin Park.
Bernardo: Só pedrada no tímpano. No último álbum de inéditas do RATM, o ineditismo se mostra amadurecido e bem resolvido com o rap-funk-rock explodindo na abertura "Testify", se mostrando pulsante em "Calm Like a Bomb", com outras pedradas como "Guerrilla Radio" e "Sleep Now in the Fire", que teve o videoclipe dirigido por Michael Moore. O Rage é a alegria dos revoltados.
Davi: Este foi um disco que ouvi bastante na época. Não tanto quanto o álbum de estreia, mas ainda assim bastante. Nunca imaginaria que seria o último disco de inéditas dos caras. O trabalho é Rage Against puro. Continuam misturando rap com heavy metal. As letras continuam em tom de protesto. Tom Morello continua extremamente inventivo nas guitarras. Considero-o bem superior a Evil Empire (1996), inclusive. Faixas de destaque: “Testify”, “Guerrilla Radio”, “Calm Like a Bomb”, “Sleep Now in the Fire”, “Maria” e “War Within a Breath”.
Diogo: Evil Empire me decepcionou um pouco por não chegar perto da explosão criativa que foi o primeiro álbum, mas The Battle of Los Angeles não apenas recuperou o fôlego como apresentou várias das melhores músicas que o grupo criou. "Calm Like a Bomb", "Maria" e "Ashes in the Fall" são ótimas amostras de quão certo deu a mistura de heavy metal, rap e muito groove; "Testify", Guerrilla Radio" e "Sleep Now in the Fire", então, estão entre as músicas mais marcantes da década de 1990, mostrando não apenas um Tom Morello habitualmente criativo, mas uma cozinha muito sólida e um Zack de la Rocha trabalhando seus vocais melhor do que nunca. Considerando que meus quatro primeiro colocados são praticantes de estilos mais segmentados, sem tanto apelo massivo (o Slipknot, porém, quebraria essa lógica), não seria nenhum absurdo ver The Battle of Los Angeles ocupando o mais alto posto desta edição da série. Mesmo que não tenha conquistado essa posição, felizmente a presença está registrada.
Fernando: Mesmo comentário que já fiz alguns meses atrás. Acho legal a parte instrumental, mas o vocal rapper/alternativo/contestador não me atrai.
Igor: Não gosto de The Battle of Los Angeles como um todo. Há destaques isolados, como "Testify", "Sleep Now in the Fire" e "Guerrilla Radio", mas a aparente falta de inspiração de Tom Morello para os riffs fez com que este álbum não chegasse aos pés dos seus antecessores, em especial do quase perfeito debut autointitulado, de 1992.
João Renato: Os singles são agradáveis, mas é um tipo de disco que não consigo ouvir em sua íntegra. Tom Morello é excelente, mas o resto do grupo, em minha opinião, fica um degrau abaixo. O primeiro álbum me agrada, os outros passam de ano raspando.
Leonardo: O estilo do Rage Against the Machine, misturando bases pesadas a vocais rappeados, é bastante cansativo para o meu gosto, mas não há como negar o poder de fogo que a banda tinha nessa época. Cada faixa é uma explosão de energia, sempre carregada pelos ótimos riffs de guitarra de Tom Morello e a bateria suingada de Brad Wilk. Não é a minha praia, mas não faz feio nesta lista.
Mairon: O grupo entrou na lista de 1992 com sua estreia, um álbum que me causou boa impressão. Mais maduros, em seu terceiro disco os norte-americanos fazem um som bem mais decente. Não gosto do estilo vocal de Zack de la Rocha, e se for para ouvir rap metal, prefiro Faith No More ou Red Hot das antigas, mas curti "Sleep Now in the Fire" e "New Millennium Homes". É um disco legal sim, mas não para melhor de 1999.
Ulisses: Sonicamente superior a Evil Empire e com letras ainda mais politizadas, o último disco de inéditas do RATM mantém intacta a mistura de hip hop, hardcore e metal e a exploração de interessantes variedades sonoras, mais frequentemente através dos efeitos criados pela guitarra – ainda inovadora – de Morello. "Testify", "Guerrilla Radio", "Sleep Now in the Fire" e "Maria" trazem o som característico do quarteto, enquanto que o hip hop é mais forte em "Mic Check" e "Voice of the Voiceless". Os destaques são a intensa "Born of a Broken Man" e a funkeada "Ashes in the Fall", na qual o batera Brad Wilk faz um ótimo trabalho.
Mr. Big - Get Over It (42 pontos)
Alexandre: Gosto bastante do início da carreira do Mr. Big, dos dois primeiros álbuns em especial. Um vocal com feeling, dois monstros em seus instrumentos (Sheehan e Gilbert) e um bom baterista que também contribui com ótimos vocais. A partir do terceiro álbum, meu interesse diminuiu, desta forma conheço pouco a fase com Kotzen, a quem fui conhecer melhor a partir de seu recente power trio, The Winery Dogs. O álbum me passou batido, talvez por ter sido lançado apenas no Japão em 1999 (no restante do mundo em 2000) e sequer foi cogitado para a minha lista, mas é um bom trabalho, destacando Sheehan e as ótimas guitarras de Kotzen, que traz uma pegada mais soul e blues para a banda e é tão bom músico quanto Gilbert, certamente dividindo as preferências entre os fãs. As duas faixas iniciais estão mais próximas do desenvolvido com Paul. "Electrified" é um show de Billy e "Static" mantém a pegada, com vocais generosamente divididos por Eric com Richie. O CD vai incorporando o estilo blues/soul de Kotzen pouco a pouco, mas pra mim até perde certo fôlego a partir da quarta faixa, pois há uma sequência de músicas mais leves que se seguem até "Try to Do Without It". Essa já me agrada mais pelos vocais de Eric Martin. Em especial, o single "Superfantastic" é muito bobinho, o lado do Mr. Big que eu dispenso, assim como a última canção, "My New Religion". Mesmo assim, a parte final do álbum, bem calcado no blues, é bem legal, em especial "Mr. Never in a Million Years". Uma boa escolha dos consultores.
Alissön: Não tenho muito a dizer. Disco bacana. Instrumental bem conduzido, Billy Sheehan sem as afetações habituais. Mas não muito memorável, único problema do registro.
André: Curioso que conheço mais da carreira solo de Eric Martin do que do próprio Mr. Big, no qual fez mais sucesso comercial. Mas as guitarras blues/funkeadas já me fizeram desconfiar da presença de Kotzen como guitarrista, fato que comprovei pesquisando sobre o disco logo depois. Tendo ainda o lendário Billy Sheehan no baixo, é fato que o Mr. Big é uma banda diferenciada e que eu deveria fazer o favor de me aprofundar mais na discografia deles. “Hiding Place” é uma música deliciosa. “How Does It Feel” idem. Grande disco, merecido estar por aqui.
Bernardo: Billy Sheehan é impressionante. O Mr. Big é meia boca.
Davi: Nessa época, Paul Gilbert estava fora da banda. Quem assumiu seu lugar foi o (ótimo) Richie Kotzen. O som obviamente deu uma mudada. Kotzen não entrou em uma de imitar o antigo guitarrista. Trouxe sua sonoridade mais blues, mais funk para dentro do hard rock do Mr. Big. Na época, dividiu opiniões. Alguns acharam que a banda havia se renovado. Outros, que haviam perdido o brilho. Como sempre fui um grande fã de Kotzen, gostei bastante do resultado final. Disco muito gostoso de ouvir. Momentos de destaque: “Electrified”, “Static” (riff Mother Head's Family Reunion total) e “How Does It Feel”.
Diogo: Quem me conhece sabe o quanto eu sou fã de Richie Kotzen, guitarrista, vocalista e tudo o que mais aparecer para ele fazer (com talento). Foi com sua passagem pelo Mr. Big, banda que eu já apreciava muito quando contava com a guitarra de Paul Gilbert (que retornou anos depois), que tomei conhecimento de seu trabalho, e a paixão foi instantânea. Seu estilo tecnicamente aguçado, mas cheio de groove, suíngue e malícia extraída do rhythm 'n' blues, me conquistou e desde então corri atrás de seus diversos trabalhos. Ok, Eric Martin é um vocalista magnífico, Billy Sheehan é um monstro do baixo e Pat Torpey é um dos bateristas mais injustiçados dos quais tenho notícia, mas o diferencial que Richie emprestou ao grupo faz de Get Over It uma peça especial na discografia do grupo, cheia de vitalidade e de um balanço que caiu muito bem em uma banda tida por muitos como "certinha" demais. Quer ter uma boa noção disso? Ouça "Electrified", "Static"(com vocais divididos entre Eric e Richie), "A Rose Alone" (bem vinda pegada country), "How Does It Feel" (Eric já citou o desejo de tocá-la ao vivo, mas com Paul de volta parece difícil...), "Dancin' With My Devils" (groove fantástico) e "Mr. Never in a Million Years" (chega a lembrar a canção que deu nome à banda, do Free). "Hole in the Sun" é a que mais remete ao Mr. Big de antes, assim como as baladas "Superfantastic" (belíssima) e "My New Religion", em menor intensidade. Seu sucessor, Actual Size (2001), mais pop, é ainda melhor. Espero que meus colegas não esqueçam dele.
Fernando: Tá aí uma banda que já tentei gostar. Muito se fala e se elogia, principalmente a questão técnica dos músicos, mas a música nunca conseguiu me seduzir. O hard rock do grupo me parece um pouco diluído quando comparo com seus contemporâneos.
Igor: Não acho que exista sequer um disco ruim na trajetória do Mr. Big. Mas Hey Man (1996) é o "menos melhor" em comparação com seus antecessores. Os conflitos internos motivaram a saída de Paul Gilbert e Richie Kotzen caiu como uma luva para a banda, que precisava resgatar sua veia comercial. Ok, Get Over It não foi um grande sucesso – a não ser no Japão, onde os integrantes da banda são deuses –, mas é um ótimo álbum que reinventou a forma dos caras trabalharem. Além da pegada mais radiofônica, o suingue dado por Kotzen, tanto nos vocais quanto na guitarra, é sedutor. Destaco as duas faixas de abertura, a arrasadora "Dancin' With My Devils" e a balada "Superfantastic" – não por acaso, as quatro escolhidas para o show da temporária despedida, em 2002.
João Renato: Apesar de Paul Gilbert ser a figura definitiva da guitarra do Mr. Big, a entrada de Richie Kotzen rendeu bons trabalhos. O primeiro deles, com uma pegada blueseira e sonoridade mais simplificada, ofereceu bons hits, como “Static”, “Superfantastic” e “Electrified”, além de “A Rose Alone”, pequena pérola pouco lembrada. Mesmo não obtendo a mesma repercussão dos anteriores – exceto no Japão, onde eram reis –, trata-se de um ótimo disco.
Leonardo: Apesar de contar com músicos de talento indiscutível, o Mr. Big nunca me conquistou por completo. O hard rock melódico da banda soa tão certinho e careta, com tudo no lugar certo, que muitas vezes acaba se tornando chato. Falta um pouco de sujeira, agressividade e até mesmo malícia no som do grupo. Com a entrada de Richie Kotzen, a banda passou a soar ainda mais polida. No geral, é um disco cansativo, com muitas baladas, e que acaba não empolgando.
Mairon: Estreia de Ritchie Kotzen no Mr. Big, e ele chegou chegando. Depois de sair do Poison, ele assumiu o posto de guitarrista de um grupo que sempre teve como destaque os músicos individuais, e acabou sendo o principal nome. Achei o álbum muito simples para a capacidade musical de Billy Sheehan, mas gostei de ouvir o slide de Kotzen em "A Rose Alone". O riff de "Dancin' With My Devils" foi chupinhado explicitamente de "Harem Scarem" (Focus), e foi dose ouvir a choradeira de "My New Religion", mas, no geral, é um disco tranquilo de ouvir, que passa rápido nas caixas de som, mas jamais um álbum para entrar entre os dez melhores de 1999. Entrou pelas cotas bizottianas, só pode...
Ulisses: Sai o talentoso Paul Gilbert e entra o igualmente talentoso Richie Kotzen. O título do álbum provoca, mas também promete e cumpre: Gilbert não deixa saudades mesmo. Apesar de Kotzen ser um pouco menos exibido que seu antecessor, ele traz seu gingado ("Hiding Place", "How Does It Feel"), exibe sua técnica ("Dancin' With My Devils") e até divide os vocais ("Static"). Algo que também conta pontos a favor do disco é a pouca quantidade de baladas.
Tom Waits - Mule Variations (40 pontos)
Alexandre: Este é daqueles discos que a Consultoria propõe e dos quais nunca ouvi falar. Não conheço a carreira de Tom Waits, não sabia o que esperar. Nas outras edições em que participei, pegar um álbum assim pode significar um grande aprendizado e eventualmente elencá-lo para aquisição ou então morrer de tédio, raiva ou outro sentimento não tão nobre. Neste caso, fiquei com a segunda opção. Mule Variations é o que menos gostei desta lista. O músico, pelo que entendi, mistura um som de raiz (blues, folk) com um instrumental até bem feito, mas que fica muito no fundo, aliado a efeitos sonoros e esquisitices. A bateria quase inexiste, Tom prefere colocar sons percussivos apenas para que não haja ausência total de marcação de tempo em suas canções. Quando não há os tais efeitos e a percussão esquisita, há a voz quase sempre bêbada do autor, que não favorece também. Boa parte me passou de forma intragável, por exemplo "What’s He Building" e seu falatório, e também "Black Market Baby". Disco lento, longo, não acaba nunca. As menos ruins pra mim são "Hold On", "House Where Nobody Lives" e "Picture in a Frame".
Alissön: Essa é a maior justiça feita nesta série, tendo em vista que o próprio não é muito lembrado pelo pessoal aqui. Entendo que o som experimental e a voz de junkie de Tom Waits não agrade de imediato, mas sua importância musical e qualidades como compositor e intérprete são óbvias até para detratores ferrenhos. Em Mule Variations, Waits conseguiu equilibrar a balança experimental, com faixas em que pisa fundo na doideira, como na maluca “Big in Japan”, e outras em que relembra seus melhores momentos como um intérprete bluesy de primeira estirpe, representado magistralmente em “Get Behind the Mule”, dona de uma sujeira encantadora, e em “House Where Nobody Lives”, uma das melhores baladas de sua extensa carreira.
André: Orra, tantos discos bacanas lançados nesse ano tais como É o Tchan na Selva, Tiazinha faz a Festa, As Quatro Estações, de Sandy & Junior, e O Pinto, do Raça Pura, e vocês me elegem logo o Tom Waits?
Bernardo: Waits e as "variações da mula", empacado com a mesma obsessão: fazer música diferente. Como? Bem, consultando a ficha técnica e encontrando desde músicos de avant-garde e jazz fusion como Ralph Carney e Greg Cohen até nomes do rock como a banda Primus e o baixista do Canned Heat Larry Taylor, passando por gaitistas de blues e DJs, podemos ter a ideia de como ele resolve isso. Tem a explosiva abertura "Big in Japan", as lindas de doer "Hold On" e "Pony", a esquisitice de "What's He Building?", a ácida e crítica "Chocolate Jesus", a tragicômica e filosófica "Cold Water" e o final épico com "Come on Up to the House", que resume bem a ópera: Waits agora é o narrador de campos e cidades, menestrel das angústias contemporâneas, que desafia e transcende as estéticas mainstream para fazer uma música única e indefinível. Dava para falar o dia inteiro dessa obra prima o dia inteiro, literalmente.
Davi: Tento, tento, tento escutar os discos desse cara, mas não tem como. Não desce. Tem horas que eu acho que ele está brincando com a cara do ouvinte. Não é possível que ele tenha escrito uma faixa como “Eyeball Kid” "seriamente". Sem contar nos momentos que ele canta como um bêbado que perdeu a esposa, o filho, o cachorro e foi gravar. Muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito chato.
Diogo: Tenho uma política muito bem definida de escutar na íntegra todos os discos que ganham espaço nesta série, por mais que não estejam necessariamente identificados com meu gosto pessoal. É uma questão de respeito com meus colegas que os elegeram e a possibilidade de expandir meus horizontes musicais, um dos fatores mais positivos que os "Melhores de Todos os Tempos" podem trazer. Admito, no entanto, que foi difícil chegar ao fim do longo tracklist de Mule Variations. Apesar de algumas músicas até suscitarem algum interesse, como "House Where Nobody Lives", "Cold Water", "Come on Up to the House", por suas melodias um pouco mais confortáveis, trata-se, em geral, de um álbum cansativo, recomendado apenas para os iniciados ou para quem estiver transbordando boa vontade.
Fernando: Os fãs de Tom Waits são insistentes, hein!?!?! Mais um disco do norte-americano botequeiro aqui entre os Melhores. Continuo não gostando.
Igor: Em faixas mais convencionais, como "Hold On" e "House Where Nobody Lives", chega a entregar bons momentos. Mas não é minha praia.
João Renato: Ouvir este disco me fez lembrar o velho Lado B, da MTV. E tal qual acontecia com o programa, mudei de canal antes do fim. Isso é tudo.
Leonardo: Eu sei que tem gente que acha genial, mas nunca gostei do trabalho de Tom Waits. A mistura de baladas ao violão com canções que tentam ser mais animadas, mas repletas de efeitos, é de dar sono. Tarefa árdua ouvir este disco até o fim.
Mairon: Esse senhor já pintou duas vezes aqui na série, e nunca me agradou. Ouvir os 70 minutos de mais um disco ridículo é uma palhaçada que cada vez aumenta mais minha vontade de sumir dessas listas. Não consigo acreditar que alguém goste disso, barulhos, efeitos na voz, choradeira desafinada, e pior, que esta porcaria chata de dar dó ocupe o lugar de uma obra atemporal como Sete Cidades (Bacamarte). Abominável e horrível!
Ulisses: Não sou admirador da obra do Waits; consigo apreciar uma "Hold On" ou algo assim, mas não me sinto investido na audição a ponto de realmente me agradar do disco inteiro.
In Flames - Colony (31 pontos)
Alexandre: O vocal não me agrada, é uma questão de estilo. Assim como no disco presente na edição dedicada a 1997, a análise fica prejudicada, apesar do instrumental, que julgo apresentar um considerável avanço em relação a Whoracle, daquele ano. Gostei das guitarras acrescidas de um piano na faixa "Ordinary Story", acho os solos de guitarra bem superiores aos gravados com a outra formação, um baterista mais competente também. Em suma, percebe-se a evolução da banda de um momento para o outro. Acho, no entanto, que os consultores perderam uma boa oportunidade, por exemplo, de eleger um álbum como The Fragile Art of Existence, do Control Denied, que ficaria muito melhor na lista final do que este, em minha opinião. Este disco abre mais espaço para melodias no meio da pancadaria, que é feita com categoria, como no instrumental das faixas "Behind Space '99" e "Insipid 2000", mas isso é comprometido por um vocal que não me agrada nem nas poucas vezes em que Anders Fridén varia do estilo que apresenta em 99,9% do álbum. A maior decepção ficou para a curta "Pallar Anders Visa"; eu esperava descansar da gritaria e ouvir mais da classe dos músicos, mas a música, apesar dos violões bem tocados, não é nada de mais. O destaque então vai para a canção que está na versão deluxe, essa sim com um ótimo instrumental: "Man Made God". Como em 1997, não, obrigado.
Alissön: Deu pra notar que o pessoal curte In Flames por aqui. Nada contra Colony, mas, dos discos clássicos, é o que menos aprecio, pelo exagero. Há trechos extremamente melódicos que, se fossem melhor dosados, resultariam em músicas mais agradáveis de se ouvir. Mas, no geral, o disco cai bem. Tem músicas clássicas na carreira dos suecos, como “Ordinary Story”, que faz as vezes de fãs de melodias em evidência.
André: Melhor produzido e com umas composições um pouco melhores que o anterior, Whoracle, segue a linha do melodeath noventista que inspirou muitas bandas nas décadas posteriores. É um bom disco, mas preferia muito mais que Hatebreeder do Children of Bodom, que perdeu o décimo lugar para Euphoria, tivesse ocupado este espaço.
Bernardo: Os In Flames costuraram com excelência aquele quebra-pau com gostinho contemporâneo, que se nunca me pegou de verdade, sempre ouço sem incômodo algum. É bom ver como a maturidade fez bem para banda, mais consistente e bem resolvida a cada disco.
Davi: Em Colony, o In Flames seguiu de onde havia parado em Whoracle. Acho a proposta bem parecida. Algo que estava a favor é que a qualidade de gravação é superior, então causa mais impacto. Os arranjos são bem desenvolvidos. Em especial, o trabalho de guitarra e bateria. Daniel Svensson fez um trabalho bem criativo neste disco. Os vocais continuam gritados na maior parte do tempo, o que pode ser cansativo para quem não é acostumado com a banda ou com o gênero. Faixas de destaque: “Ordinary Story”, “Scorn”, “Zombie Inc.”, “Behind Space '99” e “The New World”.
Diogo: Muitos podem se admirar com a terceira aparição do In Flames na série, mas eu não. Pouquíssimas bandas tiveram a consistência que esses suecos tiveram na segunda metade da década de 1990. Além da já conhecida qualidade das canções, Colony também apresenta, finalmente, uma produção digna do talento da turma outrora liderada por Jesper Strömblad, mantendo as afiadas guitarras em evidência, mas fazendo a bateria soar como a bateria de uma banda de death metal deve soar, com clareza e definição. Em Colony encontra-se a canção que, junto à faixa-título de The Jester Race (1996), me apresentou ao grupo, "Behind Space '99", versão melhorada da música que abre seu primeiro disco, Lunar Strain (1994). São várias, porém, as canções presentes em Colony que ajudaram a cimentar meu gosto pelo quinteto, com ênfase para "Embody the Invisible" (de tirar o fôlego), "Scorn", "Zombie Inc.", "Coerced Coexistence" e "Insipid 2000", todas com um trabalho de guitarra estupendo e colaborativo, moldando melodias memoráveis que fazem com que, mesmo nos momentos mais agressivos, o ouvinte mantenha-se atento. Crédito também para Anders Fridén, que capricha nas linhas vocais, e para o estreante baterista Daniel Svensson, que fez um baita trabalho e liberou Björn Gelotte para se concentrar apenas na guitarra.
Fernando: Depois que The Jester Race entrou na nossa lista dedicada a 1996, eu passei a ouvir o In Flames com bastante frequência. Curioso que, na primeira vez que ouvi a banda, foi com Colony e eu não havia gostado. Agora, revisitando o disco, passei a apreciá-lo.
Igor: Não tenho paciência para esse tipo de vocal. Poderia ser uma boa banda se não fosse por isso
João Renato: O disco que elevou o In Flames ao patamar de primeira banda realmente bem sucedida do Gothenburg Sound. Gosto de escutar de vez em quando, embora não seja algo que faça parte da minha playlist com frequência.
Leonardo: Com uma nova formação, que acabaria sendo considerada a mais clássica da carreira da banda, o In Flames retornou com mais um disco espetacular em 1999. Colony é pesado, melódico e moderno ao mesmo tempo, e consolidou o In Flames como um dos grandes grupos de metal da década de 1990. O primeiro grande sucesso da banda se encontra neste álbum, a grudenta "Ordinary Story", mas o disco tem muito mais a oferecer, como os sensacionais riffs da faixa de abertura, "Embody the Invisible", o ritmo viciante da faixa-título e a regravação da sensacional "Behind Space", presente originalmente no disco de estreia. O trabalho de guitarras de Jesper Strömblad e Bjorn Gelotte é impressionante, se alternando em riffs e solos de tirar o fôlego.
Mairon: E me fizeram ouvir de novo o vocal irritante do In Flames, já que novamente ele está entre os dez mais. Não gostei deste álbum. Esse vocal é muito irritante, e os teclados dão um toque "moderno" que para mim não faz sentido nenhum. Se nas edições anteriores eu havia gostado do instrumental, neste caso não houve esse sentimento. O vocalista é demasiado irritante. Parece que a banda tentou ficar mais "atual" (para o final dos anos 1990) e acabou se tornando uma chatice tremenda. A voz do vocalista é insuportavelmente irritante. Muitas dificuldades para terminar o disco, com exceção da pequena e bela vinheta instrumental "Pallar Anders Visa" e da boa "Man Made God", também instrumental. Ainda bem que não precisarei mais ouvi-lo, e você não precisará ler que o vocalista é completamente irritante.
Ulisses: Outro disco do In Flames dando as caras. Já estou começando a enjoar dessa banda. Em Colony eles parecem soar mais diretos e menos pesados, contando inclusive com passagens com vocais limpos (não lembro destes nos discos passados). O resultado é um álbum mediano do começo ao fim.
Def Leppard - Euphoria (31 pontos)
Alexandre: Do Def Leppard, considero seu melhor álbum High ‘n’ Dry (1981), seguido por Pyromania (1983). A banda voltou com a fórmula que fez sucesso e os fez vender aos borbotões com o próprio Pyromania, Adrenalize (1992) e, principalmente, Hysteria (1987). De diferente, percebo solos bem interessantes feitos por Phil Collen e também Vivian Campbell. Há mais preocupação para que os solos não sejam tão simples quanto na fase áurea. Collen também é o responsável pelo momento instrumental no álbum, Disintegrate, uma boa faixa, um cruzamento dos riffs dos Leppards com uma canção como "Summer Song", de Joe Satriani. O que mata em Euphoria, para mim, é que ele é comercial demais, e assim como nos outros álbuns acima mencionados (exceto por High ’n’ Dry), eu separo algumas poucas músicas que me bateram mais por um gosto estritamente pessoal. O single "Promises" não me convence e as modernidades de bateria eletrônica e guitarras voltadas para o funk/pop em faixas como "Back in Your Face" e "All Night" me dão asco. "Paper Sun" – boa melodia e ótimos solos – e "Goodbye" – balada bem melhor que "Promises" – dão para o gasto. Tem coisa melhor em 1999, sem dúvida.
Alissön: Não é o fato do Def Leppard ser descaradamente comercial, mesmo porque eu gosto de Pyromania. O problema é que não faz muito sentido lembrar de qualquer coisa que tenha vindo após Hysteria. A sonoridade foi ficando cada vez mais pasteurizada e com aquela cara de música de estádio, mas sem pegada alguma. Essa involução acabou culminando neste que é, definitivamente, o disco mais fraco dos ingleses. Há o fator superação, mas isso não os deixa imunes de receber críticas por trabalhos ruins, como é o caso aqui.
André: O Def Leppard já caminhou por muitos lados diferentes. Começaram hard/heavy, depois partiram para o hard farofa, tentaram o pop rock, deram uma passeada no alternativo e dessa vez voltaram ao hard bem oitentista que os levou à fama com Hysteria. Embora não seja melhor do que na sua época de louros e verdinhas e com aquela aparência de Aerosmith e Bon Jovi dessa mesma época, os caras gravaram um belo álbum açucarado, sendo “Goodbye” e “It’s Only Love” feitas sob medida para embalar corações apaixonados. Só pulem “All Night”, que é uma música bem ruinzinha.
Bernardo: Vocês gostam de chutar um cachorro morto, hein? Já era dureza ouvir os discos dos anos 1980... Se bem que eu gostei do disco de covers deles, de 2006 – tem The Kinks, Mott the Hoople, T. Rex, Blondie, David Bowie... pelo menos bom gosto eles têm.
Davi: Depois do equivocado e mal sucedido Slang (1996), os músicos retornaram à sua sonoridade clássica em Euphoria. O disco não tem o mesmo nível de álbuns como Adrenalize, Hysteria e Pyromania, mas, na época, foi um alívio vê-los parar de inventar moda e retornar com um trabalho honesto. Trata-se de um disco bacaninha, mas nunca o considerei um grande álbum. Misturam-se momentos fantásticos (como “Promises”, “Paper Sun”, “Demolition Man”, “Kings of Oblivion” e “Day After Day”) com outros extremamente sem sal (como “21st Century Sha La La Girl”, “It's Only Love”, e “To Be Alive”). De todo modo, fico feliz de ver o grupo marcando presença na série.
Diogo: Não foi sem surpresa que constatei a presença do Def Leppard por aqui. Afinal de contas, trata-se de 1999, época em que grupos assim haviam visto sua relevância reduzir-se a pó. O que, então, traz Euphoria a esta edição da série? A sonoridade é bastante semelhante àquela que consagrou Hysteria e fez de Adrenalize um sucessor muito bem sucedido: um hard rock mais pop do que nunca, carregado nas harmonias vocais e em guitarras sobrepostas. Em resumo: é um disco honesto com a proposta do grupo e com os fãs, ao contrário de Slang, seu antecessor, um ponto fora da curva que decepcionou bastante. Em geral, a qualidade das faixas não chega perto de Hysteria, mas é possível pinçar algumas canções legais, caso de "Demolition Man" (com um solo de guitarra do campeão de Fórmula 1 em 1996, Damon Hill), "Paper Sun", "Guilty", "Kings of Oblivion" e a instrumental "Disintegrate", uma viagem ao passado mais heavy metal do grupo. Exagero estar por aqui? Sim, mas é um pequeno deslize tendo em vista a boa lista compilada para 1999.
Fernando: Acho que a entrada deste disco do Def Leppard foi forçar a barra. A banda não faz nada legal desde Hysteria, de 1987. Surgiu um empate entre este e o Children of Bodom, e acho que me arrependi de ter votado no Def Leppard, mesmo não gostando tanto da banda de Alexi Laiho.
Igor: Slang não é um disco ruim, mas é inadequado. Tem méritos por explorar diferentes vertentes, mas não combina com o Def Leppard. Euphoria retoma o hard rock chiclete que os britânicos fazem tão bem, porém, dispensa os excessos do início das produções digitais que marcaram a década de 1980. Em termos de conjunto, é o meu segundo trabalho full-length preferido do Def Leppard – no meu gosto, só perde para Adrenalize. Destaco as duas pauladas de abertura, a balada "Goodbye" e a inspirada "Paper Sun".
João Renato: Apesar de não resgatar os velhos tempos, Euphoria é um disco bem mais condizente com o que a maioria dos fãs espera do Def Leppard. Consistente, o trabalho entrega alguns hits. Destaco “Promises” e “Paper Sun”, duas das minhas favoritas de toda a carreira do grupo.
Leonardo: Depois do fiasco chamado Slang, o Def Leppard retornou à sonoridade de seus maiores sucessos, o hard rock extremamente melódico e polido dos discos Hysteria e Adrenalize. Euphoria, o álbum em questão, é repleto de ótimos riffs, bons refrãos e melodias marcantes, e acabou se tornando um dos discos favoritos dos fãs da banda inglesa. Os principais destaques são a enérgica abertura com "Demolition Man" e as grudentas "Promises" e "Paper Sun", todas no estilo clássico do Def Leppard.
Mairon: Def Leppard entre os dez mais de 1999 é o atestado final da acefalia musical repetitiva que assombra a maioria dos consultores. Achei que estavamos falando de 1999, e não dos anos 1980. Afinal, as vocalizações em "Back in Your Face", a bateria eletrônica em "Demolition Man", a farofice comendo solta, por favor, é muito datado. O que é aquela tentativa de funk ou sei lá o que em "All Night", que coisa horrível. Uns velhos quarentões fazendo música de gurizinho. Quando chegou na baladinha asquerosa "Goodbye", quase fiquei com diabetes de tanto açúcar, e em "Paper Sun" nem insulina resolvia mais. Daí veio a inexplicável chatice de "It's Only Love" e, pronto, perdi meu dia. Segui ouvindo por respeito ao mentor das listas, me obriguei a pular "To Be Alive" e nem a instrumental "Disintegrate" se salvou. Depois da terrível "Guilty", desisti e deixei o cérebro em stand-by. O melhor momento do disco foi quando ele acabou. Horrível, consultores saudosistas de farofa, que coisa bem feia. Menos, consultores, menos...
Ulisses: Na votação entre o Def Leppard e o Children of Bodom pelo décimo lugar, preferi o arena rock do primeiro, com ganchos musicais mais evidentes, refrãos grudentos e a presença de Vivian Campbell. O que não significa que o Def Leppard deveria representar um dos melhores registros que 1999 tem para oferecer: é agradável, radiofônico e tal... Nada de mais.
* Euphoria (Def Leppard) ficou empatado com Hatebreeder (Children of Bodom), ambos com 31 pontos. Como não foi possível aplicar nenhum critério de desempate, a decisão a respeito do décimo colocado foi tomada através de uma enquete na qual participaram todos os colaboradores da série.
Listas individuais
Alexandre Teixeira Pontes
- Dream Theater – Metropolis Pt. 2: Scenes from a Memory
- Saxon – Metalhead
- Creed – Human Clay
- Control Denied – The Fragile Art of Existence
- Liquid Tension Experiment – Liquid Tension Experiment 2
- Kenny Wayne Shepherd – Live On
- Santana – Supernatural
- Gamma Ray – Powerplant
- Muse – Showbiz
- Lacuna Coil – In a Reverie
Alissön Caetano Neves
- Slipknot – Slipknot
- Bonnie “Prince” Billy – I See a Darkness
- Tom Waits – Mule Variations
- The Roots – Things Fall Apart
- Death in Vegas – The Contino Sessions
- Sleep – Jerusalem
- Basement Jaxx – Remedy
- Immortal – At the Heart of Winter
- Pentagram – Review Your Choices
- Fantomas – Fantomas
André Kaminski
- Lacrimosa – Elodia
- Solaris – Nostradamus: Book of Prophecies
- Anekdoten – From Within
- Doomsword – Doomsword
- Galadriel – The Mirror of Ages
- Colour Haze – Periscope
- Children of Bodom – Hatebreeder
- The Science Group – A Mere Coincidence
- Nebula – To the Center
- Dream Theater – Metropolis Pt. 2: Scenes from a Memory
Bernardo Brum
- Tom Waits – Mule Variations
- Nine Inch Nails – The Fragile
- Rage Against the Machine – The Battle of Los Angeles
- Wilco – Summerteeth
- Mos Def – Black on Both Sides
- Blur – 13
- Ibrahim Ferrer – Buena Vista Social Club Presents: Ibrahim Ferrer
- Bungle – California
- Sigur Rós – Ágaetis Byrjun
- The Roots – Things Fall Apart
Davi Pascale
- Lobão – A Vida É Doce
- Dream Theater – Metropolis Pt. 2: Scenes from a Memory
- Red Hot Chili Peppers – Californication
- The Black Crowes – By Your Side
- Foo Fighters – There Is Nothing Left to Lose
- Great White – Can’t Get There from Here
- Rage Against the Machine – The Battle of Los Angeles
- Muse – Showbiz
- Prince – Rave Un2 the Joy Fantastic
- Chris Cornell – Euphoria Morning
Diogo Bizotto
- Testament – The Gathering
- Slipknot – Slipknot
- Immortal – At the Heart of Winter
- Control Denied – The Fragile Art of Existence
- Rage Against the Machine – The Battle of Los Angeles
- In Flames – Colony
- Mr. Big – Get Over It
- S.O.D. – Bigger than the Devil
- Cannibal Corpse – Bloodthirst
- Gangrena Gasosa – Smells Like a Tenda Spirita
Eudes Baima
- The White Stripes – The White Stripes
- Ben Harper and the Innocent Criminals – Burn to Shine
- Café Tacuba – Revés/Yo Soy
- Lenine – Na Pressão
- Mr. Bungle – California
- Hermeto Pascoal – Eu e Eles
- Angelo Badalamenti – The Straight Story (Trilha Sonora Original)
- Camel – Rajaz
- Rage Against the Machine – The Battle of Los Angeles
- Wilco – Summerteeth
Fernando Bueno
- Dream Theater – Metropolis Pt. 2: Scenes from a Memory
- Nevermore – Dreaming Neon Black
- Gamma Ray – Powerplant
- Testament – The Gathering
- Amorphis – Tuonela
- In Flames – Colony
- Red Hot Chili Peppers – Californication
- Grave Digger – Excalibur
- Mercyful Fate – 9
- Foo Fighters – There Is Nothing Left to Lose
Igor Miranda
- Def Leppard – Euphoria
- Mr. Big – Get Over It
- Red Hot Chili Peppers – Californication
- The Black Crowes – By Your Side
- Dokken – Erase the Slate
- Foo Fighters – There Is Nothing Left to Lose
- Dream Theater – Metropolis Pt. 2: Scenes from a Memory
- The Hellacopters – Grande Rock
- Slipknot – Slipknot
- Buckcherry – Buckcherry
João Renato Alves
- The Black Crowes – By Your Side
- Mr. Big – Get Over It
- Testament – The Gathering
- Black Label Society – Sonic Brew
- Edguy – Theater of Salvation
- Rage – Ghosts
- Def Leppard – Euphoria
- Dokken – Erase the Slate
- W.A.S.P. – Helldorado
- Saxon – Metalhead
Leonardo Castro
- Children of Bodom – Hatebreeder
- Testament – The Gathering
- In Flames – Colony
- Nevermore – Dreaming Neon Black
- Grave Digger – Excalibur
- Immortal – At the Heart of Winter
- Dark Tranquility – Projector
- Dimmu Borgir – Spiritual Black Dimensions
- Amon Amarth – The Avenger
- Control Denied – The Fragile Art of Existence
Mairon Machado
- Bacamarte – Sete Cidades
- Los Hermanos – Los Hermanos
- Red Hot Chili Peppers – Californication
- Keith Jarrett – The Melody at Night, With You
- Faust – Ravvivando
- The Black Crowes – By Your Side
- Uakti/Marco Antonio Guimarães – Águas da Amazônia
- John Paul Jones – Zooma
- The White Stripes – The White Stripes
- Dream Theater – Metropolis Pt. 2: Scenes from a Memory
Ulisses Macedo
- Slipknot – Slipknot
- Misfits – Famous Monsters
- Citizen King – Mobile Estates
- Rage Against the Machine – The Battle of Los Angeles
- Ark – Ark
- Dreams of Sanity – Masquerade
- Dream Theater – Metropolis Pt. 2: Scenes from a Memory
- Tristania – Beyond the Veil
- Kamelot – The Fourth Legacy
- Maximum the Hormone – A.S.A. Crew