Esperar, esperar e esperar. Essa é a sina de um fã de Guns N'Roses, afinal foram anos esperando o tal do Chinese Democracy, foram anos esperando pela volta ao Brasil e, especificamente para o pessoal daqui do sul, que nunca viu a banda ao vivo, foram anos esperando pela primeira apresentação do grupo em solos pampeanos.
Em uma noite histórica para Porto Alegre, onde pela primeira vez ocorriam dois grandes shows ao mesmo tempo em diferentes locais, e que pelas informações que tive conseguiram angariar uma quantidade enorme de pessoas em ambos (o Dream Theater também fazia a sua estreia no Rio Grande do Sul para cerca de 4.500 pessoas), o Guns N'Roses colocou aproximadamente 25 mil pessoas no estacionamento da FIERGS, e chegou mostrando que, principalmente pelo nome Axl Rose, está vivendo uma fase no mínimo estranha para aqueles que realmente presenciaram o auge da banda em 1991/92 e, principalmente, com profissionalismo praticamente nulo.
Eu sou um deles. A primeira revista que li foi com Axl na capa. A primeira canção que lembro de ouvir insanamente nas rádios foi "Patience". A primeira música que fiquei com curiosidade de saber "o que eles estão cantando" foi "Civil War". O primeiro show de rock que vi ao vivo na TV foi o do Guns no Rock in Rio 2, e lembro até hoje do solo de Slash tocando "Godfather" e "Voodoo Chile" e do nosso BBB-apresentador Pedro Bial comentando sobre a "bundinha de Axl" (o cara já era um mané desde aqueles tempos), e por aí vai. Com meus 8 anos, absorvia o fanatismo do meu irmão pela banda de forma saudável, sempre baseado na guitarra de Slash e na pegada de Duff McKagan.
Ontem, 16 de março de 2010, o Guns veio para Porto Alegre. Mesmo contra muitas recomendações de diversas pessoas que alegavam que não iriam ao show porque não era o Guns, porque o novo álbum é uma bomba, por que o Axl não canta mais nada, eu me desfiz desses preconceitos e comprei o ingresso feliz da vida, afinal, ver um ícone como Axl ao vivo é uma oportunidade única.
Bueno, o show mudou de local. Saiu do Gigantinho (um local de fácil acesso na capital gaúcha) para ser realizado no distante estacionamento da FIERGS, onde poucas linhas de ônibus chegam, e que se localiza na divisa de Porto Alegre com a cidade de Alvorada. Lamentável parte 1.
Aí começaram os problemas. Larguei o trabalho às 4 da tarde pra conseguir chegar no local do show, o que só ocorreuà 19 horas, já que o engarrafamento na região do show era enorme (ainda mais que lá é a saída das pessoas que trabalham em Porto Alegre e moram na região metropolitana).
Tivemos uma verdadeira aula de como não fazer um espetáculo. Pecando em itens básicos, como organização, sinalização, orientação de trânsito e, principalmente, falta de respeito com o público, a péssima produtora do evento, que já tinha marcado o show do Guns no mesmo dia do Dream Theater e depois transferira o show para a FIERGS, ainda teve a capacidade de não querer mudar a data do show para o dia seguinte, já que o equipamento do grupo havia sido danificado com o temporal no Rio de Janeiro. Resultado: com milhares de fãs esperando pela abertura dos portões (que estava programada para ocorrer às 16 e só aconteceu às 20 horas), o palco, que estava apenas com a sua estrutura externa, começou a ser montado. Lamentável parte 2.
Para entrar no show foi uma batalha. A longa fila se arrastava por diversas sessões de revista, mas finalmente entramos no local eu e mais três amigos, e conseguimos um bom lugar para ver o show, ao mesmo tempo que acompanhávamos toda a movimentação na montagem do palco.
Duas bandas gaúchas estavam programadas para aquecer a gurizada: Tequila Baby e Rosa Tattooada. Porém, a montagem do palco passou de ser algo direto e simples para uma torturante sessão de espera, o que começou a cansar todos os que estavam na pista. Lamentável parte 3.
O tempo passava e nada ocorria, sendo que boatos surgiam de que Axl ainda estava no Rio de Janeiro (não sei se isso é verdade, mas várias fontes afirmam que Axl pousou em Porto Alegre somente às 23 horas!) e que estavam faltando peças do palco. Um cidadão que não se identificou tentou acalmar a galera que começava a vaiar, dizendo que o palco havia sido danificado no Rio e que iriam demorar mais ou menos uma hora para arrumar tudo.
Piada! A uma hora dele demorou três horas, quando a Rosa Tattooada, abaixo de vaias e palavras ofensivas, subiu ao palco exatamente a meia-noite para deixar seu recado. A Tequila Baby nem fez sua apresentação (ainda bem), mas a Rosa, apesar do público vaiar muito nas duas primeiras músicas, acabou aplaudindo esses ícones do rock gaúcho no final da apresentação, principalmente por reconhecer que o grupo não era o principal responsável pelo atraso. Detalhe: aonde eu estava o som era horrível, embolado e muito baixo.
Mais alguns minutos e então vem a primeira grande atração da noite. Por volta de 00:30 (3 horas e meia de atraso), subia ao palco o ex-líder do Skid Row, Sebastian Bach. Acompanhado de uma boa banda de apoio, o vocalista loiro entrou detonando com a clássica "Slave to the Grind", agitando muito com o seu tradicional giro de microfone sobre os esvoaçantes cabelos, e ainda trocou umas palavras em português pedindo desculpas pelo atraso, explicando que isso ocorrêra por que o equipamento fôra danificado no Rio e que ia fazer um set bem curto.
O show de Sebastian foi muito bom (mesmo com o som continuando baixo aonde eu estava), passando por sons da carreira-solo e pérolas do Skid Row como "In a Darkened Room", "18 and Life", "Monkey Business" e "I Remember You", onde ele grudou com um beijo mais que linguado uma garota que creio seja sua namorada, e sempre puxando a gurizada para o show do Guns, com muita energia e mostrando a mesma voz que o consagrou na década de 90. Pena que a galera, não sei se pelo cansaço ou se por não conhecer a banda, acabou não agitando muito. Mesmo assim, Sebastian agradeceu o carinho e os vinte anos de rock'n'roll dos porto-alegrenses e disse que amava a cidade (dizer que no início dos anos 90 o mesmo Sebastian jurou nunca mais botar os pés por aqui quando um foguete foi lançado na banda durante uma apresentação no Gigantinho).
Encerrado o show de Sebastian, a correria era geral para pegar bebida e comida, além de dar aquela esvaziada no banheiro. Me sentei e fiquei no meu lugar, cansado pacas, enquanto o pessoal narrava a movimentação no palco para colocar tudo como Axl queria. Alguns reclamavam (e com razão) do exorbitante preço das bebidas (8 reais um copo de água) e da comida (10 reais um cachorro quente só com pão, molho e salsicha), mas, principalmente, do cansaço.
Duas da manhã. Finalmente as luzes se apagam para a entrada do Guns. O primeiro pensamento que tive foi "puxa, nem Slash, nem Duff, nem meu irmão vão estar aqui", mas tudo bem, eu estava lá, e vamos ver o que a banda vai tocar. O início com "Chinese Democracy" foi muito interessante, com pirotecnia das boa e a banda mandando ver, além do Axl com a sua tradicional dancinha e correria para todos os lados do gigantesco palco (responsável pela mudança do local).
A seguir, o petardo de "Welcome to the Jungle", cantada por todos, mas que começou a mostrar um dos grandes problemas dessa nova geração do Guns: não saber tocar os clássicos. Três guitarras para fazer o que Izzy Stradlin (depois Gilby Clarke) e Slash faziam ficou embolado demais, e apesar dos caras tocarem fielmente nota por nota da canção percebia-se diversos erros, viradas erradas e contratempos que até meu filho não iria errar. O público agitou bastante, mas o cansaço bateu em seguida, e mesmo mais dois clássicos, "It's So Easy" e "Mr Brownstone", não conseguiram levantar a galera.
Em uma noite histórica para Porto Alegre, onde pela primeira vez ocorriam dois grandes shows ao mesmo tempo em diferentes locais, e que pelas informações que tive conseguiram angariar uma quantidade enorme de pessoas em ambos (o Dream Theater também fazia a sua estreia no Rio Grande do Sul para cerca de 4.500 pessoas), o Guns N'Roses colocou aproximadamente 25 mil pessoas no estacionamento da FIERGS, e chegou mostrando que, principalmente pelo nome Axl Rose, está vivendo uma fase no mínimo estranha para aqueles que realmente presenciaram o auge da banda em 1991/92 e, principalmente, com profissionalismo praticamente nulo.
Eu sou um deles. A primeira revista que li foi com Axl na capa. A primeira canção que lembro de ouvir insanamente nas rádios foi "Patience". A primeira música que fiquei com curiosidade de saber "o que eles estão cantando" foi "Civil War". O primeiro show de rock que vi ao vivo na TV foi o do Guns no Rock in Rio 2, e lembro até hoje do solo de Slash tocando "Godfather" e "Voodoo Chile" e do nosso BBB-apresentador Pedro Bial comentando sobre a "bundinha de Axl" (o cara já era um mané desde aqueles tempos), e por aí vai. Com meus 8 anos, absorvia o fanatismo do meu irmão pela banda de forma saudável, sempre baseado na guitarra de Slash e na pegada de Duff McKagan.
Ontem, 16 de março de 2010, o Guns veio para Porto Alegre. Mesmo contra muitas recomendações de diversas pessoas que alegavam que não iriam ao show porque não era o Guns, porque o novo álbum é uma bomba, por que o Axl não canta mais nada, eu me desfiz desses preconceitos e comprei o ingresso feliz da vida, afinal, ver um ícone como Axl ao vivo é uma oportunidade única.
Bueno, o show mudou de local. Saiu do Gigantinho (um local de fácil acesso na capital gaúcha) para ser realizado no distante estacionamento da FIERGS, onde poucas linhas de ônibus chegam, e que se localiza na divisa de Porto Alegre com a cidade de Alvorada. Lamentável parte 1.
Aí começaram os problemas. Larguei o trabalho às 4 da tarde pra conseguir chegar no local do show, o que só ocorreuà 19 horas, já que o engarrafamento na região do show era enorme (ainda mais que lá é a saída das pessoas que trabalham em Porto Alegre e moram na região metropolitana).
Tivemos uma verdadeira aula de como não fazer um espetáculo. Pecando em itens básicos, como organização, sinalização, orientação de trânsito e, principalmente, falta de respeito com o público, a péssima produtora do evento, que já tinha marcado o show do Guns no mesmo dia do Dream Theater e depois transferira o show para a FIERGS, ainda teve a capacidade de não querer mudar a data do show para o dia seguinte, já que o equipamento do grupo havia sido danificado com o temporal no Rio de Janeiro. Resultado: com milhares de fãs esperando pela abertura dos portões (que estava programada para ocorrer às 16 e só aconteceu às 20 horas), o palco, que estava apenas com a sua estrutura externa, começou a ser montado. Lamentável parte 2.
Para entrar no show foi uma batalha. A longa fila se arrastava por diversas sessões de revista, mas finalmente entramos no local eu e mais três amigos, e conseguimos um bom lugar para ver o show, ao mesmo tempo que acompanhávamos toda a movimentação na montagem do palco.
Duas bandas gaúchas estavam programadas para aquecer a gurizada: Tequila Baby e Rosa Tattooada. Porém, a montagem do palco passou de ser algo direto e simples para uma torturante sessão de espera, o que começou a cansar todos os que estavam na pista. Lamentável parte 3.
O tempo passava e nada ocorria, sendo que boatos surgiam de que Axl ainda estava no Rio de Janeiro (não sei se isso é verdade, mas várias fontes afirmam que Axl pousou em Porto Alegre somente às 23 horas!) e que estavam faltando peças do palco. Um cidadão que não se identificou tentou acalmar a galera que começava a vaiar, dizendo que o palco havia sido danificado no Rio e que iriam demorar mais ou menos uma hora para arrumar tudo.
Piada! A uma hora dele demorou três horas, quando a Rosa Tattooada, abaixo de vaias e palavras ofensivas, subiu ao palco exatamente a meia-noite para deixar seu recado. A Tequila Baby nem fez sua apresentação (ainda bem), mas a Rosa, apesar do público vaiar muito nas duas primeiras músicas, acabou aplaudindo esses ícones do rock gaúcho no final da apresentação, principalmente por reconhecer que o grupo não era o principal responsável pelo atraso. Detalhe: aonde eu estava o som era horrível, embolado e muito baixo.
Mais alguns minutos e então vem a primeira grande atração da noite. Por volta de 00:30 (3 horas e meia de atraso), subia ao palco o ex-líder do Skid Row, Sebastian Bach. Acompanhado de uma boa banda de apoio, o vocalista loiro entrou detonando com a clássica "Slave to the Grind", agitando muito com o seu tradicional giro de microfone sobre os esvoaçantes cabelos, e ainda trocou umas palavras em português pedindo desculpas pelo atraso, explicando que isso ocorrêra por que o equipamento fôra danificado no Rio e que ia fazer um set bem curto.
O show de Sebastian foi muito bom (mesmo com o som continuando baixo aonde eu estava), passando por sons da carreira-solo e pérolas do Skid Row como "In a Darkened Room", "18 and Life", "Monkey Business" e "I Remember You", onde ele grudou com um beijo mais que linguado uma garota que creio seja sua namorada, e sempre puxando a gurizada para o show do Guns, com muita energia e mostrando a mesma voz que o consagrou na década de 90. Pena que a galera, não sei se pelo cansaço ou se por não conhecer a banda, acabou não agitando muito. Mesmo assim, Sebastian agradeceu o carinho e os vinte anos de rock'n'roll dos porto-alegrenses e disse que amava a cidade (dizer que no início dos anos 90 o mesmo Sebastian jurou nunca mais botar os pés por aqui quando um foguete foi lançado na banda durante uma apresentação no Gigantinho).
Encerrado o show de Sebastian, a correria era geral para pegar bebida e comida, além de dar aquela esvaziada no banheiro. Me sentei e fiquei no meu lugar, cansado pacas, enquanto o pessoal narrava a movimentação no palco para colocar tudo como Axl queria. Alguns reclamavam (e com razão) do exorbitante preço das bebidas (8 reais um copo de água) e da comida (10 reais um cachorro quente só com pão, molho e salsicha), mas, principalmente, do cansaço.
Duas da manhã. Finalmente as luzes se apagam para a entrada do Guns. O primeiro pensamento que tive foi "puxa, nem Slash, nem Duff, nem meu irmão vão estar aqui", mas tudo bem, eu estava lá, e vamos ver o que a banda vai tocar. O início com "Chinese Democracy" foi muito interessante, com pirotecnia das boa e a banda mandando ver, além do Axl com a sua tradicional dancinha e correria para todos os lados do gigantesco palco (responsável pela mudança do local).
A seguir, o petardo de "Welcome to the Jungle", cantada por todos, mas que começou a mostrar um dos grandes problemas dessa nova geração do Guns: não saber tocar os clássicos. Três guitarras para fazer o que Izzy Stradlin (depois Gilby Clarke) e Slash faziam ficou embolado demais, e apesar dos caras tocarem fielmente nota por nota da canção percebia-se diversos erros, viradas erradas e contratempos que até meu filho não iria errar. O público agitou bastante, mas o cansaço bateu em seguida, e mesmo mais dois clássicos, "It's So Easy" e "Mr Brownstone", não conseguiram levantar a galera.
Axl ainda contou com uma tradutora para falar que "era para tomar cuidado com o piso molhado" e que "o baixista estava com um pequeno problema, mas que a banda já seguiria tocando". O piso molhado era do palco, decorrente da agitação de Sebastian Bach, e prontamente vários roadies surgiram com toalhas para colocá-las no chão e satisfazer a vontade de Axl, além de repetidamente depois disso, vez ou outra um roadie surgir correndo para secar o chão.
Mais duas músicas de Chinese Democracy na sequência, a interessante "I'm Sorry" e a estranha "Better", que deixaram o público ainda mais calmo. Como o som continuava alternando altos e baixos, ficava difícil entender o que Axl cantava, então o jeito era esperar arrumarem o som e curtir o momento. Detalhe interessante: em "I'm Sorry" deu claramente para perceber que duas das cortinas chinesas que viravam telões estavam faltando, provavelmente danificadas no Rio de Janeiro. Em termos de imagens, os cinco telões funcionaram perfeitamente, e a pirotecnia com chamas, explosões e fogos rolava solta.
Segue-se então uma interpretação para o tema de James Bond feita pelo guitarrista Richard Fourtus, onde Axl apresentou o músico e saiu para tomar fôlego (a essas alturas ele já tinha trocado bastante de roupa). O solo de Fourtus trouxe "Live and Let Die", essa sim tocada muito bem, e que fez a galera acordar na madrugada que caía na cabeça de todos.
Mais duas novas - "If the World" e "Shackler’s Revenge" - colocaram todos no chão novamente, e mostraram que Axl já não tem realmente a voz que tinha, já que por várias vezes não dava para se escutar o que ele cantava, mesmo com o som já melhor regulado. O pianista Dizzy Reed é apresentado (o único, além de Axl, dos velhos tempos), e faz um dos momentos mais emocionantes do show para quem vos escreve. Sozinho ao piano, Dizzy interpretou uma magnífica versão para "Ziggy Stardust", de David Bowie, a qual eu cantei a plenos pulmões, e que me fez pensar um pouco sobre o que eu estava presenciando, ou seja, uma banda tocando cover.
"Street of Dreams" veio a seguir, e foi a mais aplaudida do álbum novo, dando sequência para uma lista de clássicos da carreira da banda, começando com a fantástica "Rocket Queen", seguida pelo solo do guitarrista DJ Ashba, onde ele fez um belo tema com notas simples e muito feeling, sem frescura ou masturbação instrumental, e que foi aplaudidíssimo por todos. Ao término, DJ puxou o riff mais conhecido da banda, "Sweet Child O'Mine", e aí sim o público veio abaixo. Todo mundo cantando junto e escondendo o fraco desempenho de Axl e banda. Novamente os clássicos solos de Slash foram reproduzidos fielmente, mas faltava a garra e a vontade, ou talvez até a sabedoria de quem criou aquilo, e na hora estava sendo só uma mera reprodução.
"You Could Be Mine" (com cenas de uma arma sendo projetadas no telão) manteve o pique lá em cima, e então chegamos no ponto alto do show. O piano cravejado de brilhantes é levado para a frente do palco. Axl senta no banco enquanto a banda toca "Another Brick in the Wall Part 1", do Pink Floyd (outro cover). Axl então começa a cantar "Another Brick in the Wall Part 2" e a plateia canta junto, para então começar a solar sozinho no piano.
Um solo curto, sem firulas, que apenas com uma olhada para o público durante uma determinada nota mostrava o que viria a seguir: a clássica das clássicas "November Rain". Bom, essa foi uma canção a parte. Apesar de contar com dois tecladistas, nenhum reproduziu os momentos orquestrais da versão original (pelo menos eu não consegui ouvir flautas ou violinos), porém não sei se por ser uma música mais lenta finalmente eu conseguia ouvir algo do Guns que sempre admirei. Confesso que lágrimas vieram (e não fui só eu) enquanto cantava a letra junto com Axl. Esse momento foi emocionante, e o encerramento da canção, cantada por todos, foi simplesmente de arrepiar. Ali eu achei que meu dinheiro e o cansaço haviam valido a pena. E realmente foi anormal o que "November Rain" causou no público. Soube até de um casal que trocou alianças durante a execução da mesma, mas o principal eram os rostos encharcados de lágrimas a minha volta. Impressionante o que uma música consegue fazer!
O terceiro guitarrista, Bumblefoot (muito parecido com Slash fisicamente) começou seu solo na guitarra de dois braços que ele empunhou em quase toda a apresentação, sendo um deles parecendo sem trastes, o que auxiliava bastante à ele fazer slides e bends. Sobre o tema da Pantera Cor de Rosa, Bumblefoot se mostrou o mais virtuoso da banda, e fez um solo bem empolgante, puxando então outro petardo, "Knockin' on Heaven's Door" (mais um cover), a única onde Axl conversou com os fãs, e que também emocionou bastante.
"Nightrain" veio a seguir, e me decepcionei com a embolação de guitarras e com o Axl, que estava quase sem voz e não dava pique à canção.
Encerrada a primeira parte, os gritos de "Guns N' Roses" e "Civil War" eram entoados. Então, a banda volta e toca a bonita "Madagascar", mais uma de Chinese. Então, é a hora dos isqueirinhos. Sentados em frente ao palco, postando violões, os guitarristas começam a clássica "Patience", enquanto Axl, do lado esquerdo do palco, faz o assovio que consagrou esa canção como uma das mais conhecidas da banda. Todo mundo cantou junto, até o momento em que alguém jogou um boneco do Homer Simpson para o palco. Axl colocou o boneco no meio das pernas e começou a simular masturbação na cabeça do mesmo. A banda e o próprio Axl começaram a rir, e estragaram o belo arranjo dessa canção, fazendo eu brochar (com o perdão da palavra) com aquela atitude. Anos de espera para ver a banda ser nada profissional, rindo e errando as notas como se tivessem tocando em um acampamento, realmente para mim foi muito frustante. Eles podiam dar risada em qualquer som mais pesado, mas não em "Patience".
Mais frustante foi a interpretação para "Paradise City". Já sem pique nenhum, tanto público quanto banda presenciaram esse clássico de forma morna, quase que sem vontade, e com a banda errando feio em várias passagens, principalmente na sequência final.
Outro detalhe: a presença de palco dos integrantes é idêntica aos antigos membros, mais uma vez mostrando que é uma cópia quase perfeita do original.
4 e 10 da manhã e o show se encerrava com fogos, show de papel picado e muitas chamas e explosões. Todos já saiam do local quando a banda voltou e Axl começou a pedir para uma garota subir ao palco. Junto com essa garota outra subiu, e a primeira passou a beijar um por um os integrantes da banda. Axl puxou um parabéns a você pra guria, que ele chamou de "crazy girl", e ficou insistindo e pedindo para que alguém o ajudasse a traduzir o que ele queria falar. Como ninguém aparecia, Axl começou a ficar p ... da vida, até que falou um "fuck you, you are blind", jogou o microfone no chão e saiu a passo, seguido pelas fãs que haviam subido no palco e do resto da banda, sem dar explicação alguma. Puro Axl Rose!
Cheguei na casa de um dos amigos que havia ido comigo por volta de cinco horas da manhã, cansado demais e com muita sede, mas, principalmente, pensando no show, e cheguei a conclusão de que tinha acabado de ver duas bandas cover se apresentando com os vocalistas oficiais da banda que estavam homenageando. Não me entendam mal, o show não foi de todo ruim, e eu até desejo que o Guns (e o próprio Sebastian) continuem suas carreiras. Também entendo que para quem não pegou o Guns na época que era a maior banda do mundo (e tinha muita gente que não era nascida em 1990 presente no show) talvez pensem que tenha sido um show excelente, mas desculpem, comparar o que esse GNR atual faz com o antigo e, principalmente, ver o Axl ao vivo, mostra claramente que o que está acontecendo com a banda agora é puro marketing. Que me perdoem aqueles que gostaram muito do show, mas se tivessem colocado qualquer um que sabia tocar bem as músicas do Guns em um boteco e tendo o Axl cantando, o efeito seria o mesmo do que toda a parafernália trazida para o Brasil.
Mas pelo menos posso contar para meus filhos e netos que um dia vi um dos maiores ícones da história do rock ao vivo, e comprovei tudo o que sempre me falavam e lia: ou seja, o cara é um mala!!!
Setlist:
Chinese Democracy
Welcome to the Jungle
It’s So Easy
Mr Brownstone
Sorry
Better
Solo de Guitarra do Richard Fourtus
Live and Let Die
If the World
Shackler’s Revenge
Solo de Piano do Dizzy Reed
Street Of Dreams
Rocket Queem
Solo de Guitarra do DJ Ashba
Sweet Child O’Mine
You Could Be Mine
Solo de Piano do Axl Rose
November Rain
Solo de Guitarra do Bumblefoot
Knockin’ On Heaven’s Door
Nightrain
Bis:
Madagascar
Patience
Paradise City
Mais duas músicas de Chinese Democracy na sequência, a interessante "I'm Sorry" e a estranha "Better", que deixaram o público ainda mais calmo. Como o som continuava alternando altos e baixos, ficava difícil entender o que Axl cantava, então o jeito era esperar arrumarem o som e curtir o momento. Detalhe interessante: em "I'm Sorry" deu claramente para perceber que duas das cortinas chinesas que viravam telões estavam faltando, provavelmente danificadas no Rio de Janeiro. Em termos de imagens, os cinco telões funcionaram perfeitamente, e a pirotecnia com chamas, explosões e fogos rolava solta.
Segue-se então uma interpretação para o tema de James Bond feita pelo guitarrista Richard Fourtus, onde Axl apresentou o músico e saiu para tomar fôlego (a essas alturas ele já tinha trocado bastante de roupa). O solo de Fourtus trouxe "Live and Let Die", essa sim tocada muito bem, e que fez a galera acordar na madrugada que caía na cabeça de todos.
Mais duas novas - "If the World" e "Shackler’s Revenge" - colocaram todos no chão novamente, e mostraram que Axl já não tem realmente a voz que tinha, já que por várias vezes não dava para se escutar o que ele cantava, mesmo com o som já melhor regulado. O pianista Dizzy Reed é apresentado (o único, além de Axl, dos velhos tempos), e faz um dos momentos mais emocionantes do show para quem vos escreve. Sozinho ao piano, Dizzy interpretou uma magnífica versão para "Ziggy Stardust", de David Bowie, a qual eu cantei a plenos pulmões, e que me fez pensar um pouco sobre o que eu estava presenciando, ou seja, uma banda tocando cover.
"Street of Dreams" veio a seguir, e foi a mais aplaudida do álbum novo, dando sequência para uma lista de clássicos da carreira da banda, começando com a fantástica "Rocket Queen", seguida pelo solo do guitarrista DJ Ashba, onde ele fez um belo tema com notas simples e muito feeling, sem frescura ou masturbação instrumental, e que foi aplaudidíssimo por todos. Ao término, DJ puxou o riff mais conhecido da banda, "Sweet Child O'Mine", e aí sim o público veio abaixo. Todo mundo cantando junto e escondendo o fraco desempenho de Axl e banda. Novamente os clássicos solos de Slash foram reproduzidos fielmente, mas faltava a garra e a vontade, ou talvez até a sabedoria de quem criou aquilo, e na hora estava sendo só uma mera reprodução.
"You Could Be Mine" (com cenas de uma arma sendo projetadas no telão) manteve o pique lá em cima, e então chegamos no ponto alto do show. O piano cravejado de brilhantes é levado para a frente do palco. Axl senta no banco enquanto a banda toca "Another Brick in the Wall Part 1", do Pink Floyd (outro cover). Axl então começa a cantar "Another Brick in the Wall Part 2" e a plateia canta junto, para então começar a solar sozinho no piano.
Um solo curto, sem firulas, que apenas com uma olhada para o público durante uma determinada nota mostrava o que viria a seguir: a clássica das clássicas "November Rain". Bom, essa foi uma canção a parte. Apesar de contar com dois tecladistas, nenhum reproduziu os momentos orquestrais da versão original (pelo menos eu não consegui ouvir flautas ou violinos), porém não sei se por ser uma música mais lenta finalmente eu conseguia ouvir algo do Guns que sempre admirei. Confesso que lágrimas vieram (e não fui só eu) enquanto cantava a letra junto com Axl. Esse momento foi emocionante, e o encerramento da canção, cantada por todos, foi simplesmente de arrepiar. Ali eu achei que meu dinheiro e o cansaço haviam valido a pena. E realmente foi anormal o que "November Rain" causou no público. Soube até de um casal que trocou alianças durante a execução da mesma, mas o principal eram os rostos encharcados de lágrimas a minha volta. Impressionante o que uma música consegue fazer!
O terceiro guitarrista, Bumblefoot (muito parecido com Slash fisicamente) começou seu solo na guitarra de dois braços que ele empunhou em quase toda a apresentação, sendo um deles parecendo sem trastes, o que auxiliava bastante à ele fazer slides e bends. Sobre o tema da Pantera Cor de Rosa, Bumblefoot se mostrou o mais virtuoso da banda, e fez um solo bem empolgante, puxando então outro petardo, "Knockin' on Heaven's Door" (mais um cover), a única onde Axl conversou com os fãs, e que também emocionou bastante.
"Nightrain" veio a seguir, e me decepcionei com a embolação de guitarras e com o Axl, que estava quase sem voz e não dava pique à canção.
Encerrada a primeira parte, os gritos de "Guns N' Roses" e "Civil War" eram entoados. Então, a banda volta e toca a bonita "Madagascar", mais uma de Chinese. Então, é a hora dos isqueirinhos. Sentados em frente ao palco, postando violões, os guitarristas começam a clássica "Patience", enquanto Axl, do lado esquerdo do palco, faz o assovio que consagrou esa canção como uma das mais conhecidas da banda. Todo mundo cantou junto, até o momento em que alguém jogou um boneco do Homer Simpson para o palco. Axl colocou o boneco no meio das pernas e começou a simular masturbação na cabeça do mesmo. A banda e o próprio Axl começaram a rir, e estragaram o belo arranjo dessa canção, fazendo eu brochar (com o perdão da palavra) com aquela atitude. Anos de espera para ver a banda ser nada profissional, rindo e errando as notas como se tivessem tocando em um acampamento, realmente para mim foi muito frustante. Eles podiam dar risada em qualquer som mais pesado, mas não em "Patience".
Mais frustante foi a interpretação para "Paradise City". Já sem pique nenhum, tanto público quanto banda presenciaram esse clássico de forma morna, quase que sem vontade, e com a banda errando feio em várias passagens, principalmente na sequência final.
Outro detalhe: a presença de palco dos integrantes é idêntica aos antigos membros, mais uma vez mostrando que é uma cópia quase perfeita do original.
4 e 10 da manhã e o show se encerrava com fogos, show de papel picado e muitas chamas e explosões. Todos já saiam do local quando a banda voltou e Axl começou a pedir para uma garota subir ao palco. Junto com essa garota outra subiu, e a primeira passou a beijar um por um os integrantes da banda. Axl puxou um parabéns a você pra guria, que ele chamou de "crazy girl", e ficou insistindo e pedindo para que alguém o ajudasse a traduzir o que ele queria falar. Como ninguém aparecia, Axl começou a ficar p ... da vida, até que falou um "fuck you, you are blind", jogou o microfone no chão e saiu a passo, seguido pelas fãs que haviam subido no palco e do resto da banda, sem dar explicação alguma. Puro Axl Rose!
Cheguei na casa de um dos amigos que havia ido comigo por volta de cinco horas da manhã, cansado demais e com muita sede, mas, principalmente, pensando no show, e cheguei a conclusão de que tinha acabado de ver duas bandas cover se apresentando com os vocalistas oficiais da banda que estavam homenageando. Não me entendam mal, o show não foi de todo ruim, e eu até desejo que o Guns (e o próprio Sebastian) continuem suas carreiras. Também entendo que para quem não pegou o Guns na época que era a maior banda do mundo (e tinha muita gente que não era nascida em 1990 presente no show) talvez pensem que tenha sido um show excelente, mas desculpem, comparar o que esse GNR atual faz com o antigo e, principalmente, ver o Axl ao vivo, mostra claramente que o que está acontecendo com a banda agora é puro marketing. Que me perdoem aqueles que gostaram muito do show, mas se tivessem colocado qualquer um que sabia tocar bem as músicas do Guns em um boteco e tendo o Axl cantando, o efeito seria o mesmo do que toda a parafernália trazida para o Brasil.
Mas pelo menos posso contar para meus filhos e netos que um dia vi um dos maiores ícones da história do rock ao vivo, e comprovei tudo o que sempre me falavam e lia: ou seja, o cara é um mala!!!
Setlist:
Chinese Democracy
Welcome to the Jungle
It’s So Easy
Mr Brownstone
Sorry
Better
Solo de Guitarra do Richard Fourtus
Live and Let Die
If the World
Shackler’s Revenge
Solo de Piano do Dizzy Reed
Street Of Dreams
Rocket Queem
Solo de Guitarra do DJ Ashba
Sweet Child O’Mine
You Could Be Mine
Solo de Piano do Axl Rose
November Rain
Solo de Guitarra do Bumblefoot
Knockin’ On Heaven’s Door
Nightrain
Bis:
Madagascar
Patience
Paradise City