sábado, 23 de novembro de 2013

Melhores de Todos os Tempos: Brasil - Década de 60

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por Bruno Marise
Com Adriano KCarão, Bernardo Brum, Davi Pascale, Mairon Machado e Ronaldo Rodrigues
Quem acompanha o nosso site, já deve ter se deparado com a seção Melhores de Todos os Tempos. Pois bem, decidimos criar uma versão nacional para prestigiar os grandes discos brasileiros que acabam ficando de fora das listas gerais pela concorrência ferrenha, mas merecem ser comentados e sempre lembrados.
Mas diferente da outra seção, aqui iremos nos focar em décadas, começando pela década de 60, sendo que ela compreende os anos de 1961 a 1970. Essa foi talvez a época de maior revolução na música brasileira, com grandes nomes da chamada MPB lançando seus primeiros trabalhos e artistas que buscavam misturar a música regional brasileira com as guitarras elétricas e os ritmo do Rock n Roll. As letras, quase sempre desafiadoras, buscavam retratar um período complicadíssimo da história Brasileira, que saíra de anos de problemas de administração, e mergulhava em uma ditadura militar que duraria 20 anos.
Lembrando que o critério usado é o Sistema de Pontuação do Campeonato Mundial de Fórmula 1.

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Vários Artistas  - Tropicalia ou Panis Et Circensis [1968] (68 pontos)
Adriano: Não sou entusiasta como muitos do chamado movimento tropicalista, mas é fato que algumas das melhores produções da música brasileira surgiram em seu seio. Este apanhado do dito movimento pode não ser o disco que melhor lhe represente, mas certamente tem momentos muito bons. Os destaques são, além da manjadíssima “Panis et Circenses”, que apareceria também no primeiro disco dos Mutantes, a sombria versão de “Coração Materno”, na voz de Caetano, e o belíssimo cha cha cha de “Três Caravelas (Las Tres Carabelas)”, com Caetano e Gil. “Baby” e “Bat Macumba” são boas, mas as versões no disco de estreia dos Mutantes são melhores.
Bernardo: Gostem ou não, esse talvez seja o disco definitivo de nossa música. A virada em 180 graus, a radicalização do que era apenas experimento, o maior concentrado de artistas ainda hoje respirando novidade por metro quadrado – Panis et Circensis é tudo isso e um pouco mais. Da anarquia de Tom Zé em “Parque Industrial” ao vozeirão visceral de Gal em “Mamãe, Coragem”, tudo conduzido com brilhantismo pelos arranjos do insano maestro Rogério Duprat e exaltando tanto nomes daqui como Vicente Celestino como dando boas-vindas à psicodelia americana, a explosão de texturas desse disco manifesto mudou a cara e o jeito de se pensar música daqui para sempre.
Bruno: Apesar de toda a importância e por representar um disco manifesto de um movimento revolucionário na música brasileira, acho Panis et Circensis um trabalho um tanto inconsistente.
Davi: Disco emblemático da musica brasileira. Em tempos onde a Elis Regina fazia passeata na rua criticando a americanização da musica brasileira (evento que ficou conhecido como “passeata contra a guitarra elétrica” e que Gilberto Gil vergonhosamente participou), os caras vieram com uma nova proposta estetica e musical. Estava tudo ali. Da MPB à psicodelia do rock inglês. Das gírias e temas brasileiros aos cabelos e roupas dos astros estrangeiros. Clássico!
Mairon: Esse álbum não entrou nos meus dez mais por que pensei que discos com mais de um artista não podiam entrar (e sempre tive em mente que algumas canções do mesmo não eram inéditas). É um álbum espetacular, do início ao fim, apresentando-nos o início do Tropicalismo de relevância feito por Gilberto Gil, Nara Leão, Gal Costa, Tom Zé e Mutantes. Para mim, o grande destaque na parte intérprete do álbum é Gil, com as pérolas “Miserere Nobis” e “Parque Industrial”, a última com a colaboração de Gal, Caetano e Tom Zé. Gil ainda nos brinda com “Geléia Geral” e “Bat Macumba”, que ficou melhor na versão dos Mutantes. A versão de “Panis et Circencis” é a mesma que entrou posteriormente no álbum de estreia do grupo paulista. Adoro a voz de Nara no rock-bolero “Lindonéia”, e é uma pena ela não ter cantado mais canções no álbum. Gal também surpreende na emocionante “Mamãe, Coragem”. Falando em mães, a polêmica “Coração Materno” arrasa as casas através da interpretação endiabrada e emocionada de Caetano, em um conto que parece saído das histórias de Machado de Assis, e uma das melhores canções da MPB. Caetano (o cubano) faz uma boa parceria com Gil (o brasileiro) no mambo de “Três Caravelas” (impossível de não dançar com ela), e canta também aquela que considero a segunda mais fraca canção do LP, “Enquanto Seu Lobo Não Vem”, mostrando um pouco da psicodelia inconsequente de Caetano que faria sucesso (cult) pós-exílio na Inglaterra. “Baby” é outra que, depois de ouvir com o Mutantes, na voz de Gal se torna chata, e é a mais fraca com certeza. O principal do álbum, é inegável, são os arranjos de Duprat, um gênio responsável por toda a tropicália, e que na minha visão, é um dos mais injustiçados músicos e arranjadores de nosso país, e que carrega o disco nas costas. Merecidíssimo esse primeiro lugar, e repito, estaria na minha lista (em segundo lugar) se não fosse um erro de interpretação causado por este que vos escreve.
Ronaldo: Um dos espectros mais ricos de toda a música brasileira e um disco-movimento que gerou muitos tratados literários e artísticos. Não tem muito o que acrescentar. A Tropicália usou o passado para apontar o futuro. Ainda que o disco pareça (vejam bem, pareça) irregular.

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Os Mutantes – Mutantes [1969] (61 pontos)
Adriano: Clássico! A banda se supera com relação ao primeiro disco, apresentando composições riquíssimas, como “Caminhante Noturno”, e alguns dos mais belos temas que podemos encontrar na música sessentista, como “Dia 36”, “Fuga No. II”, “Rita Lee” e “Mágica”. Estas duas apresentam as fortes influências de Beatles e Rolling Stones da banda, que eles demonstravam sem pudor e sem medo, afinal sabiam ser muito mais que essas influências. Outros destaques são “Dois Mil e Um”, canção com letra de Tom Zé, musicada por Rita Lee, e a versão pra “Banho de Lua (Tintarella di Luna)”, sucesso com Celly Campelo. O único ponto fraco do disco é “Algo Mais”, que, entretanto, não compromete uma obra à altura do que vinha sendo feito de melhor na música mundial.
Bernardo: Particularmente, entre os grandes discos do Mutantes é o que menos gosto. O que não impede, claro, que considere algumas músicas desse disco geniais – o experimentalismo dos Mutantes estava ainda mais ácido e radical aqui, um processo que iria se acentuar cada vez mais no auge do grupo que, enquanto manteve esse pico, foi um das bandas mais originais do planeta. Destaque para “Não Vá Se Perder Por Aí” e “Qualquer Bobagem”.
Bruno: Pode não ser tão chocante quanto o disco de estreia, mas aqui é que a banda começa a botar as asinhas de fora e criar composições extremamente criativas e mais ácidas. O que dizer de “Dois Mil e Um”, uma moda caipira que desemboca num rock n roll? É uma pena que a produção seja péssima.
Davi:  Os Mutantes foram uma das bandas mais criativas do rock brasileiro. Isso pelo menos até a saída da Rita Lee. Independentemente do talento e da genialidade de Arnaldo e Sergio, quando a Rita saiu, eles entraram numas de ser o Yes brasileiro e tornaram-se comuns. Não era ruim, mas não tinha a genialidade desses primeiros trabalhos. “Dom Quixote, “Fuga Nº2” e “2001” estão entre os destaques.
Mairon: O segundo álbum dos paulistas do Mutantes é uma evolução sonora mais importante do que aquela conhecida por ter sido proposta por Darwin. O que Arnaldo Baptista, Sergio Dias e Rita Lee fazem nesse segundo disco está muito acima do aclamado (e também muito bom) disco de estreia. Enquanto o primeiro disco do grupo era uma boa mescla de Tropicalismo e Beatles, com poucas canções originais (duas apenas), o segundo mostra o grupo mais independente, soltando criações fantásticas como “Caminhante Noturno”, “Fuga N° II dos Mutantes”, “Dom Quixote” e “Mágica”, essa com citações à Stones. Com exceção de “Rita Lee” (a música), as demais canções são excelentes, inclusive a recriação para “Banho de Lua (Tintarella di Luna)”. Os rocks de “Não Vá Se Perder Por Aí” e “Algo Mais” alegram ainda mais o ouvinte, assim como a engraçadíssima (e pesada) “2001″. Destaco como melhores canções do álbum a experimental “Dia 36″, com Arnaldo revelando-se como intérprete, e a melodiosa “Qualquer Bobagem”, que o Pato Fu conseguiu destruir anos depois. Discaço-AÇO.
Ronaldo: Filho da mãe mestiça do tropicalismo, foi a banda tropicalista por excelência que produziu a melhor faceta rock desses tempos. Ainda mais ousado e original que seu primeiro disco, tem o toque de gênio do maestro Rogério Duprat, que conseguiu traduzir em orquestrações a sopa de ideias que fervia na cabeça dos irmãos Baptista e de Rita Lee. Um disco nivelado por cima em termos de ousadia e requinte psicodélico.

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Caetano Veloso – Caetano Veloso [1968] ( 57 pontos)
Adriano: O primeiro álbum de Caetano conta com altos e baixos. Os baixos são canções que me soam bem chatinhas e às vezes até desnecessárias, mas ainda assim considero este disco como de audição obrigatória, uma vez que seus altos são altíssimos! A abertura já é nada menos que “Tropicália”, uma das melhores canções de Caetano e de todo o movimento tropicalista, com introdução, letra, melodia e arranjos simplesmente geniais! Após a bonita “Clarice”, temos a espetacular “No Dia em que Eu Vim-Me Embora” e “Alegria, Alegria”, que não se tornou um clássico à toa. Após isso, entretanto, com exceção de “Soy Loco por Tí, América” e “Eles”, o disco cai de qualidade, com algumas canções apenas boas e pelo menos uma chatíssima, “Ave Maria”.
Bernardo: Não é todo mundo que pode se gabar de ter entre seus primeiros discos uma verdadeira coletânea de clássicos – “Soy Loco Por Ti, América”, “Superbacana”, “No dia em que eu vim-me embora” e, é claro, o hino de toda uma geração, “Alegria, Alegria”. O universo criativo de Caetano pegava fogo à época, e a sofisticação musical andava muito bem com a atitude rebelde, que dava um tapa na cara da caretice e abria um sem número de precedentes pra música nacional.
Bruno: Caetano é aquele tipo de artista que é praticamente unanimidade. Reconheço sua importância, tenho grande respeito pela fase dos anos 70, mas sua música não me cativa de jeito nenhum. Além de não apreciar as composições do baiano, também me incomoda muito sua interpretação.
Davi: Muito antes de resolver decepcionar o Brasil com essa postura arrogante e mesquinha anti-biografias, Caetano foi um artista de vanguarda. Achava um absurdo alguém da MPB não poder se dizer fã de Roberto Carlos, as musicas terem que seguir padrões pré-estabelecidos (por que musica brasileira não poderia ter guitarra?), o povo não poder se manifestar. Tudo isso está aqui, misturado. Álbum único. Pena que tenha se perdido musicalmente e ideologicamente.
Mairon: Um disco fácil fácil para se soltar aquele tradicional: “Puta Merda”. O melhor disco da carreira de Caetano não poderia deixar de aparecer nessa lista. Acompanhado de Rogério Duprat e Julio Medaglia, além dos Beat Boys, só pela faixa de abertura o álbum já merece estar aqui, afinal, “Tropicália” batizou uma geração que acabou tendo como consequência o resultado do primeiro lugar dessa lista. Porém a mais emCaetano Veloso do que a excelência samba-orquestral de “Tropicália”. “Alegria, Alegria” virou um clássico, assim como “Soy Loco Por Ti America”. “Eles” é típicamente do cancioneiro do Sertão, com a guitarra e o órgão dos Beat Boys rasgando-a ao meio, órgão esse que aparece com destaque em “No Dia Em Que Eu Vim Embora”, e o jogo de palavras de “Clara” mostra um pouco da “genialidade” que consagrou Caetano anos depois. Claro que o samba-baiano de “Ave Maria”, a vinheta “Onde Andarás” e o emocionante violão do bolero “Clarice” parecem não fazer jus ao cerne do álbum, mas as mesmas são lindas canções, que apenas dão um contra-ponto para o tiroteio propiciado pelas demais dez canções de Caetano Veloso,  e o melhor são as experimentações psicodélico-tropicais de “Anunciação”. Complementam “Paisagem Útil” e “Superbacana”, canções que rolavam fácil nas rádios brasileiras da década de 60, mas com alto teor de crítica em suas letras. É interessantíssimo como um álbum de estreia de um artista no Brasil soa tão independente e forte. Foi um período que durou até 1974, no qual Caetano lançou ótimos discos, mas depois acabou corrompendo-se para o Monstro Sist, e hoje virou um senhor perdido nas suas ideias do passado.
Ronaldo: Caetano já teve desde sempre a verve da poesia na música, mas nessa época estava imerso na cultura pop. Suas músicas refletem um panorama bastante juvenil do cotidiano, cheio de formas, imagens e velocidades, contrastando com as paisagens bucólicas e dramáticas de algumas de suas canções que remetem ao mar calmo da Bahia. É o camaleão de nossa MPB, e esse disco é quase que um néctar de sua juventude. Ele passava um pouco mais ao largo do rock que seus companheiros baianos, mas se destaca como proeminente compositor e letrista.

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Baden Powell E Vinícius de Moraes – Os Afro-Sambas [1966] (57 pontos)
Adriano: Ótimo álbum, com todos os temas belíssimos e uma junção espetacular do samba com uma cozinha de puro candomblé. Dr. John não faria melhor – talvez igual. Destaque pra clássica “Canto de Ossanha” e pras menos clássicas, mas tão ótimas quanto, “Canto de Xangô”, “Tempo de Amor” e “Canto do Caboclo Pedra Preta”.
Bernardo: Esse entra fácil na minha lista particular de discos favoritos. O samba que saiu do casamento musical de Vinicius e Baden possui uma das sonoridades mais únicas – toda a atmosfera do candomblé evocada nas letras, dos cantos de Ossanha, Xangô e Iemanjá é transposto com perfeição para a música: um samba grave, melancólico, mais focado no ritmo do que na melodia. A sensibilidade aguçada do poetinha não poderia ter parceiro melhor do que o talento monstruoso de Baden, que mesclou música regional com popular pra fazer um dos discos brasileiros definitivos. Obra-prima essencial.
Bruno: A união desses dois monstros da música nacional resultou em um disco de samba bastante melancólico, mergulhado na cultura africana, recheado de percussões e com influências de Candomblé.
Davi: Não conheço esse álbum. Não comentarei!
Mairon: A união de dois gênios da música brasileira, apesar que considero esse álbum muito mais Baden do que Moraes. Eu prefiro o Baden instrumental, e esse álbum em si, apesar de boas vocalizações, acaba sendo mais um disco de fundo do que algo para ser ouvido com intensidade. Algumas canções ficaram bem melhores nas vozes de outros artistas, e o exemplo mais claro é “Canto de Ossanha”, que com a Elis é um arraso, e aqui ficou bem sem sal. É um disco muito brasileiro, misturando essências africanas, e que sinceramente, não consigo colocar entre os melhores nem da carreira de Baden Powell, autor de obras-primas como Apresentando Baden Powell ao Seu Violão e os três volumes do The Quartet.
Ronaldo: Um samba-bossa soturno de dois grandes mestre de nossa rica musicalidade. Unidos a cultura afro-brasileira que os rodeava, conseguiram explorar um território até vilipendiado pela música brasileira, que naquela época já se elitizava. A fluência de Baden Powell ao violão é algo que deve ser analisado até o último grau.

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Os Mutantes – Os Mutantes [1968] (57 pontos)
Adriano: Ótimo disco! Óbvio que se deve dar muito crédito a Gil e Caetano, com suas belíssimas composições, mas a banda já se mostrava afiadíssima! O solo de guitarra em “Bat Macumba”, por exemplo, é um dos melhores solos de guitarra dos anos 60, sem exagero algum. A única canção que acho fraquinha é a versão pra “A Minha Menina”. O disco é consistente, mas destaco, além da citada “Bat Macumba”, as clássicas “Panis et Circenses” e “Baby” e a belíssima “O Relógio”.
Bernardo: Sou da opinião muito particular que nem Pink Floyd e seu Piper at The Gates of Dawn e os Beatles com Sgt. Peppers foram tão radicais quanto a estreia amalucada dos Mutantes: Arnaldo Baptista e Rogério Duprat foram além no assunto “pensar fora da caixa” e misturaram um caldeirão de influências ao mesmo tempo agressivo, etéreo, com uma dose de bom-humor e avacalho que compôs um dos discos mais anacrônicos e provocantes da história da música pop.
Bruno: Replico aqui meu comentário feito sobre o disco nos Melhores de Todos Os Tempos do ano de 68: “Um dos discos mais importantes da música psicodélica mundial, sem dúvida nenhuma. O que esses caras fizeram em 1968 em terras brasileiras, em plena ditadura, é pra aplaudir de pé. Não é o meu favorito da banda, muito por não conter quase nenhuma composição própria, mas é com certeza o mais inventivo do grupo.”
Davi: Pop e psicodélico. Critico e debochado. Complexo e popular. Não só quando surgiram, mas ainda nos dias atuais, confundem a cabeça de milhares de ouvintes. Várias músicas tornaram-se clássicos. “Panis Et Circensis” que voltou às paradas de sucesso anos depois na voz de Marisa Monte e a releitura de “Minha Menina” (Jorge Ben) estão entre essas canções. Embora seja muito celebrada não consigo gostar de “Bat Macumba”.
Mairon: A estreia dos Mutantes já foi analisada por mim na Discografia Comentada que fiz sobre o grupo, e quando o mesmo foi eleito entre os dez melhores de 1968. Portanto, não irei me repetir nessas linhas. Digo apenas que é um ótimo disco, mas com razão, abaixo de seu sucessor.
Ronaldo: Esse disco já foi comentada por mim na lista dos melhores de 1968. Repito: Garotada muito ousada, que estava cercada de cabeças pensantes e muito ativas (Duprat, Caetano, Gil, Tom Zé, etc). Rock psicodélico com um toque exótico, e esse elemento não se refere somente as incursões na música brasileira.

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Mutantes – A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado [1970] (50 pontos)
Adriano: Não sou bom conhecedor desse disco em sua inteireza, mas as músicas que conheço são realmente ótimas. A “faixa-título” e “Desculpe, Babe” já são boas, mas “Meu Refrigerador Não Funciona” e a versão impossível de “Chão de Estrelas” são fora de série, clássicos absolutos. Pena que não pude ouvi-lo totalmente pra essa série!
Bernardo: Acho que uma evidência bem notável, por assim dizer, é que três discos dos Mutantes aparecerem em uma lista composta por várias pessoas diferentes. Os seis minutos tão divertidos quanto perturbadores de “Meu Refrigerador Não Funciona” são uma amostra de A Divina Comédia… como talvez o disco dos Mutantes que foi mais fundo na psicodelia, talvez até mais que o colorido e vibrante Jardim Elétrico, como se pode ver no clima pagão de “Ave, Lúcifer” e a brincadeira tão famigerada quanto genial que fizeram com a soturna “Chão de Estrelas” de Silvio Caldas, onde o tom soturno é logo bagunçado pela eletricidade e as colagens sonoras. No final das contas, reafirma-se a sensação de que não há banda mais singular que os Mutantes.
Bruno: É aqui que os Mutantes começa a deixar de lado a Tropicália e se afundar no Rock Psicodélico, deixando um pé em cada lado, o que dá um equilíbrio interessante para o disco. Considero uma evolução em relação aos dois primeiros. Aqui o grupo consegue unir a guitarrada ácida de Sérgio Dias com as experimentações, colagens sonoras e toda a ousadia que já mostraram nos discos anteriores.
Davi: Em seu terceiro disco, o trio busca uma sonoridade mais rock, tentando se distanciar um pouco da imagem tropicalista. As sátiras e as experimentações, contudo, continuavam intactas. “Ando Meio Desligado”, “Quem Tem Medo de Brincar de Amor” e “Oh! Mulher Infiel” são desse disco.
Mairon: O álbum da virada na carreira dos Mutantes. Com a entrada do baixista Liminha, e a presença praticamente oficial de Dinho Leme nas baquetas, o grupo excursionou pela Europa e voltou cheio de ideias. É o último disco a ter a participação efetiva dos arranjos do Maestro Rogério Duprat, que são ouvidos na polêmica recriação para “Chão de Estrelas” (original de Silvio Caldas, e que levou muitos a destruirem o disco em praça pública) e “Hey Boy”. As inspirações europeias são percebidas no riff de “Ando Meio Desligado”, copiado vergonhosamente do riff de “Time of the Season” (Zombies) e na excepcional “Meu Refrigerador Não Funciona”, na qual Rita foi persuadida a cantar igual a Janis Joplin, cantora que o grupo assistiu durante sua excursão internacional. Essa é a melhor faixa do grupo, e representa bem a divisão que estava para acontecer, com os arranjos de Duprat aparecendo em destaque no solo, mas Arnaldo revelando-se agora como um exímio tecladista, além da performance de Rita ser sobrenatural. Na parte dos teclados, destacam-se também “Haleluia”, “Quem Tem Medo de Brincar de Amor” e a pesada “Oh! Mulher Infiel”. Há ainda a recriação para “Preciso Urgentemente Encontrar Um Amigo” (Roberto Carlos) e a balada “Desculpe Baby”, duas excelentes canções do último disco dos Mutantes com clima tropical. O que veio depois, a partir de Jardim Elétrico (1971), é um engatinhamento para a banda se tornar a maior do país fazendo um progressivo perfeito. Porém, ter os três primeiros álbuns do grupo entre os seis primeiros da década de 60 já mostra que sim, O Mutantes foi o Maior grupo do Brasil em todos os tempos.
Ronaldo: Penso que nesse disco os Mutantes já dão uma pisada no acelerador, melhoraram como instrumentistas, mas ficaram um pouco sem chão pela ausência dos parceiros e o brilho é ligeiramente menor do que nos discos anteriores.

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Gilberto Gil – Gilberto Gil [1968] (34 pontos)
Adriano:  Um álbum que começa com a lindíssima “Frevo Rasgado” e que encerra com o clássico dos clássicos, a dramática “Domingo no Parque”, não poderia ser menos que obrigatório. Contendo, então, em seu interior, várias boas músicas, entre elas as maravilhosas “Domingou” e “Marginália II”, ele se torna, ao lado do disco homônimo dos Mutantes, o melhor registro nacional de 1968 e, como esta lista atesta muito bem, um dos melhores da década.
Bernardo: Ainda que não considere a estreia de Gil tão brilhante quanto a de seu parceiro Caetano, o primeiro disco dele é um marco absoluto, principalmente por um dos hinos da nossa música – “Domingo no Parque” e sua atmosfera lúdica, inventiva e bagunceira que colocou o baiano no panteão da nossa música popular de forma quase instantânea. Junto a abertura “Frevo Rasgado” e seu encontro de carnaval com rock e “Domingou”, com letra de Torquato Neto, o disco de Gil é um registro e tanto, vibrante, colorido e com uma criatividade raramente vista.
Bruno: A respeito de Gilberto Gil, repito o meu pensamento sobre o Caetano. Reconheço toda a importância do artista, mas seu trabalho não me agrada em nada.
Davi: Disco tropicalista do Gil. Assim como Caetano, Gil foi preso e posteriormente, expulso do país. O governo acreditava que a Tropicalia era uma critica à política nacional e resolveu reprimir o movimento prendendo aqueles que acreditavam serem os líderes (sério… como alguém com esse histórico defende censura prévia?). Mais um álbum essencial para entender a cena tropicalista. Foi daqui que saiu a clássica “Domingo no Parque”.
Mairon: Ao mesmo tempo do colega Caetano, Gil lançou seu disco tropicalista em 1968, e o resultado aqui obtido reflete bem o que é o álbum, um pouco abaixo de Caetano Veloso. Creio que isso se deve principalmente por que Gilberto Gil é um disco mais alegre, como por exemplo “Frevo Rasgado”, “Pega Voga, Cabeludo” e “Domingou”, e as letras são centradas em problemas do povo brasileiro, aonde encaixam-se “Marginália II” e “Ele Falava Nisso Todo Dia”. As (poucas) experimentações soam mais com a união de orquestrações e cancioneiro do sertão, principalmente na arrepiante vocalização e na levada de “Procissão”, ou na união de sons de “Pé da Roseira” e “Luzia Luluza”, e não psicodélicas como no disco de Caetano, o que foi explorado bastante no álbum primeiro lugar dessa lista. De novo, os arranjos e a produção de Rogério Duprat elevam o LP rapidamente em termos de qualidade, e uma pena que pouco se fala do excelente trabalho do maestro hoje em dia. O disco é muito bom, principalmente faixas como “Coragem Para Suportar” e a clássica “Domingo No Parque”, aonde Os Mutantes fazem o diferencial, rivalizando com os Beat Boys para saber qual era a melhor banda da América do Sul. Não entrou na minha lista final por pouco, mas é Essencial e inigualável na carreira de Gil!
Ronaldo: Gilberto Gil foi um pouco mais fundo em suas incursões pelo rock e seu apelo a uma música mais vibrante era nítido. Suas canções, apesar de algumas letras tristes, são sempre bem acaloradas e a banda que o acompanha garante um groove e o fuzz necessário a uma boa apreciação psicodélica no período. E para Gil, frevo, baião, maracatu, bossa-nova, rock, folk e soul, sempre foram tudo uma coisa só.

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Gal Costa – Gal [1969] (22 pontos)
Adriano: Faz tempo que ouvi esse disco, mas acho que, embora seja bom, o outro disco lançado por Gal esse ano é bem mais interessante.
Bernardo: Gal, uma das mulheres que botaram pra ferver na Tropicália junto a Rita Lee e Nara Leão, pouco depois de bagunçar o panorama estaria em sua carreira solo lançando um legítimo disco de rock brasileiro – guitarras distorcidas, cozinha na cara, vocal poderoso e rasgado que inventam uma espécie de Janis brasileira. No repertório, uma versão ainda mais “quente” de “País Tropical”, de Jorge Ben, a ponte entre MPB e Jovem Guarda se completando no rock “Meu Nome é Gal”, composição de Roberto e Erasmo e a loucura maldita de Macalé e Capinam em “Pulsars & Quasars”, com um ritmo cadenciado e pulsante onde a interpretação intensa de Gal põe tudo abaixo. Uma das nossas grandes intérpretes.
Bruno: Instrumental impecável que acompanha talvez a melhor intérprete feminina da época, em um disco totalmente psicodélico.
Davi: Disco clássico que conta com a participação do músico Lanny Gordin. O instrumental passeia pelo rock e pela soul music trazendo arranjos bem inspirados. Entretanto, a cantora exagera na gritaria. Esse é um dos motivos que sempre me fez preferir seu primeiro álbum solo à esse. Mesmo assim há faixas memoráveis como “Cinema Olympia” e “Meu Nome é Gal” (canção que ganhou de presente do ‘rei’ Roberto Carlos).
Mairon: Esse é o melhor disco da discografia de Gal. Soltando a voz como nunca, jamais poderia se imaginar que aquela incrível intérprete iria virar uma sem sal durante os anos 80. Com uma banda afiadíssima de acompanhamento, destacando a guitarra estridente de Lanny Gordin derretendo cérebros em alto som, o disco possui canções de diferentes artistas, e é repleto de experimentações psicodélicas e viajantes, principalmente a oriental “Tuareg” (Jorge Ben) e a maluca “Objeto Sim, Objeto Não” (Gilberto Gil). Os vagidos e gritos de “The Empty Boat” (Caetano Veloso) “Cultura e Civilização” (Gilberto Gil) e “Pulsars e Quasars” (Jards Macalé) transmitem ao ouvinte a impressão de que o álbum foi gravado abaixo de muitos alucinógenos, nessas que são as melhores canções do LP, e chega a assustar para quem está acostumado com Gal mais acanhada e interpretando sucessos de Djavan, Ivan Lins e Caetano Veloso. O tropicalismo aparece com força em “Com Medo, Com Pedro” (Gilberto Gil). “Cinema Olympia” (Caetano Veloso), “Meu Nome É Gal” e “País Tropical”, acredito que por serem canções mais acessíveis”  - a primeira é um rock beat, a segunda foi composta por Erasmo e Roberto, tendo inclusive um bonito arranjo orquestral de Rogério Duprat, e a terceira é o hino-samba de Jorge Ben – tornaram-se clássicos de um álbum que mostra como uma excelente cantora conseguiu desprezar uma carreira que poderia ser melhor aproveitada.
Ronaldo: Caetano tateava. Gil fazia. Mas Gal era a própria representação do rock psicodélico brasilizado. Sua linda voz é um veículo pra uma horda incenssante de guitarradas fuzz e para aquele fuzuê de instrumentos da geléia geral de estilos promovida no tropicalismo. Gal verbalizou o desbunde.

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Ronnie Von – Ronnie Von [1968] (19 pontos)
Adriano: O pouco que eu tinha ouvido de Ronnie Von me pareceu razoável, mas não prendeu o suficiente minha atenção. Ouvi um pouco mais esse disco quando soube dessa lista definitiva e até apreciei um pouco mais, mas não achei nada muito sensacional.
Bernardo: É ouvindo discos como o de Ronnie que a gente percebe que o desbunde não era só uma moda, mas como um verdadeiro respiro criativo: em um movimento ousado de sua carreira, Ronnie Von foi além de ser um pioneiro da Jovem Guarda em gravar versões dos Beatles ao invés do rock cinquentista; perseguiu a sonoridade psicodélica dos mesmos com as orquestrações e colagens de Damiano Cozzela, um dos poucos que competia em matéria de vanguarda com Duprat. Moogs e metais explodem por todo o disco, como na sensacional abertura “Meu Novo Cantar”, a grudenta “Silvia 20 Horas Domingo” e o rock surrealista de “Espelhos Quebrados”. Se até o príncipe da jovem guarda, com uma imagem algo domesticada para o grande público, desbancou pro experimentalismo e pra doideira, sinal que o cenário estava tomado de vez.
Bruno: Galã da época, Ronnie Von surpreendeu a todos com um disco ousadíssimo e mergulhado na psicodelia após vários lançamentos de canções açucaradas e versões de Beatles. Não entendo como uma música chamada “Anarquia” conseguiu passar pela censura. Particularmente gosto mais dos outros dois trabalhos da trilogia psicodélica, mas esse é sem dúvida seu registro mais ousado e experimental.
Davi: Depois de emplacar canções inofensivas como “Meu Bem” e “A Praça”, o príncipe soltou no mercado um álbum totalmente experimental. Quando iniciou sua carreira, o cantor disse à gravadora que queria fazer algo no pique dos Beatles, a gravadora o colocou para cantar Beatles em português, ele não gostou. Aqui resolveu pegar toda a psicodelia do grupo inglês e aplicar na sua musica. Na época, a crítica massacrou o disco. Atualmente, a crítica elogia. (dá para entender esse país?). O LP realmente é bom, mas para apreciá-lo é necessário se distanciar da imagem de ‘mãe de gravata’.
Mairon: Fico imaginando o frisson que as tietes de Ronnie Von sentiram quando ouviram ele dizer: “Olha, eu não sei de onde eu venho, nem pra onde eu vou”. Este álbum é um raríssimo exemplo de como um artista consegue superar a mídia, a pressão das gravadoras, e lançar um disco de protesto que culmina com uma trilogia perfeita. A única simplicidade deste disco é “Menina de Tranças”, bem no estilo que consagrou Ronnie em rede nacional. No mais, Ronnie Von é rico em belíssimos arranjos elaborados por Julio Medaglia e Damiano Cozzela, além da produção impecável de Manoel Barenbein e das letras (e parceria) de Arnaldo Saccomani. Temos metais (“Meu Novo Cantar”, “Mil Novecentos e Alem”, “Canto de Despedida” e “Chega de Tudo”) e cordas (“Espelhos Quebrados”). Claro que o órgão e as guitarras sem distorção, comuns na música brasileira de meados dos anos 60, não podiam faltar, principalmente em “Nada de Novo” e “Contudo, Todavia”, que apresentam finais estranhíssimos e impensáveis para um disco brasileiro de 1968, assim como a chamada telefônica de “Anarquia”, cujo nome já diz tudo e Ronnie eternizando a frase: “A moda está fora de moda”, ou ainda, os conturbados barulhos de piano em “Tristeza Num Dia Alegre”. A entrada de “Esperança de Cantar”, com bateria, piano e órgão, podia facilmente estar em algum disco da Califórnia. O único sucesso ficou para “Silvia, 20 Horas, Domingo”, mas que não foi tanto sucesso assim. Acompanhado de uma excelente banda, Ronnie praticamente vomita sua raiva e indignação com a fama, em letras ásperas, melodias trabalhadas e complicadas, fugindo da imagem de bom moço, e fazendo um álbum que poderia estar bem mais acima nessa lista. Hoje, Ronnie Von é venerado, aclamado e todo mundo busca uma palavra de Ronnie sobre sua revolta. Melhor ouvir o disco e deixar se contaminar pela lisergia revolucionária do Pequeno Príncipe. Polemicazinha: os espelhos quebrados no início da faixa de mesmo nome teriam inspirado o Gentle Giant em “In a Glass House”?
Ronaldo: Um disco corajoso e certeiro em muitos momentos. Gostaria de ouvir essa coragem em outros baluartes da escola da jovem guarda, da qual Ronnie Von fez parte.

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Som Imaginário – Som Imaginário [1970] (18 pontos)*
Adriano: Primeiro dos três clássicos discos desta que é candidata a melhor banda surgida em terras brasileiras. Temos aqui um grupo que une a musicalidade brasileira – particularmente a sonoridade do Clube da Esquina – com toques reforçados de psicodelia e começos de progressivo, gerando um som particularíssimo em suas criações, em especial pela proeminente figura de Zé Rodrix. Dentre vários ótimos temas, posso destacar “Make Believe Waltz”, “Sábado” e principalmente os clássicos “Feira Moderna” e “Hey, Man”, cada uma com seu estilo próprio e, ao menos estas últimas, pertencentes ao quadro das melhores composições nacionais de todos os tempos.
Bernardo: Com uma das sonoridades mais “etéreas” de sua geração, o primeiro disco do Som Imaginário é uma viagem por várias paisagens que conseguiu se descolar do propósito de banda de apoio de Milton Nascimento para lançar alguns registros marcantes, ainda que subestimados. Guitarra fuzz, teclado e percussão são explorados em abundância, criando um disco que ao contrário de utilizar a psicodelia como uma ferramenta entre tantas, caía de cabeça e explorava todas as possibilidades. Um marco menos conhecido, mas nem por isso menos sensacional.
Bruno: Único registro da banda com Zé Rodrix. Uma feliz e anárquica mistura de fuzz, batucada e passagens progressivas com música brasileira. Sem dúvida um dos grandes nomes do Rock Brasileiro nos anos 70.
Davi: Primeiro disco do grupo de Wagner Tiso. A banda, na realidade, foi criada com o intuito de acompanhar o Milton Nascimento, mas acabou ganhando asas. Nesse LP de estréia, misturam com perfeição psicodelia, rock progressivo, folk e MPB. É o único disco da banda a contar com o musico Zé Rodrix que pouco após abandonar o barco, escreveria sua famosa canção “Casa no Campo”, grande sucesso na voz de Elis Regina.
Mairon: O álbum de estreia do Som Imaginário é uma compilação deliciosa da lisergia que corria sob a batuta da ditadura do general Emílio Médici. A guitarra estridente de Frederiko rola solta em “Morse”, e eu gosto da mistura sonora das faixas up do disco, como “Super-God”, “Make Believe Waltz” e “Hey Man”. Os melhores momentos ficam para as incursões no progressivo, através de “Pantera”, “Tema dos Deuses”, com a participação de Milton Nascimento, o homem responsável por criar esse excelente grupo, e principalmente, a estonteante “Nepal”, uma viagem alucinógena de incrível poder de derreter a cabeça dos mais fracos. “Sábado” e “Poison” são as “acessíveis”, apesar da interessante levada percussiva e do lindo arranjo vocal em ambas, assim como “Feira Moderna”, que virou um grande clássico anos depois na voz de Beto Guedes. Zé Rodrix saiu do grupo e Wagner Tiso tomou conta, fincando o pé no progressivo e lançando o melhor álbum da banda três anos depois, mas tudo começou aqui, em um dos melhores discos de estreia do rock nacional.
Ronaldo: Apesar de não estar vinculado ao movimento tropicalista, o primeiro disco do Som Imaginário capta toda essência desse movimento e promove uma anarquia sonora, unindo humor e introspecção e já apontando para uma direção mais sissuda em termos de instrumentação. Disco simplesmente genial.

Listas Individuais:
modulo1000.0Adriano KCarão
1. Os Mutantes – Mutantes (1969)
2. Som Imaginário – Som Imaginário (1970)
3. Os Mutantes – Os Mutantes (1968)
4. Gilberto Gil – Gilberto Gil (1968)
5. Caetano Veloso – Caetano Veloso (1968)
6.  Baden Powell e Vinicius de Moraes - Os Afro-Sambas (1966)
7. Módulo 1000 – Não Fale com Paredes (1970)
8. Novos Baianos – É Ferro Na Boneca (1970)
9. Jorge Ben – Jorge Ben (1969)
10. Jorge Ben – Samba Esquema Novo (1963)

http://sacundinbenblog.blogspot.com/
Bernardo Brum
1. Vinícius de Moraes e Baden Powell – Os Afro-Sambas (1966)
2. Vários - Tropicália ou Panis Et Circensis (1968)
3. Os Mutantes – Os Mutantes (1968)
4. Jorge Ben – Samba Esquema Novo (1963)
5. Caetano Veloso – Caetano Veloso (1968)
6. Jorge Ben – Jorge Ben (1969)
7. Chico Buarque – Chico Buarque de Hollanda (1966)
8. Ronnie Von – Ronnie Von (1968)
9. Gal Costa – Gal (1969)
10. Gilberto Gil – Gilberto Gil (1968)

 
ronniecopyBruno Marise
1. Os Mutantes – A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado (1969)
2. Baden Powell e Vinícius de Moraes – Os Afro-Sambas (1966)
3. Ronnie Von – A Máquina Voadora (1970)
4. Tim Maia – Tim Maia (1970)
5. Os Mutantes – Mutantes (1969)
6. Jorge Ben – Força Bruta
7. Ronnie Von – Ronnie Von (1968)
8. Baden Powell – Tristeza On Guitar
9. Jorge Ben – Jorge Ben (1969)
10. Jorge Ben – Samba Esquema Novo

03Davi Pascale
1. Vários – Tropicalia Ou Panis Et Circensis
2. Roberto Carlos – Roberto Carlos (1966)
3. Mutantes – Os Mutantes (1968)
4. Caetano Veloso – Caetano Veloso (1969)
5. Os Incriveis – Para os Jovens Que Amam os Beatles, os Rolling Stones e Os Incriveis
6. Wanderlea – Wanderlea (1967)
7. Gilberto Gil – Gilberto Gil (1968)
8. Ronnie Von – A Misteriosa Luta do Parassempre Contra o Imperio do Nunca Mais
9. Gal Costa – Gal Costa (1969)
10. Jorge Ben Jor  Samba Esquema Novo (1963)

maxresdefaultMairon Machado
1. Mutantes – A Divina Comédia Ou Ando Meio Desligado (1970)
2. Mutantes – Mutantes (1969)
3. Caetano Veloso – Caetano Veloso (1968)
4. Elis Regina E Zimbo Trio – O Fino do Fino (1965)
5. Dom Salvador Trio – Salvador Trio (1965)
6. Ronnie Von – Ronnie Von (1968)
7. Gal Costa – Gal (1969)
8. Trio 3-D – Trio 3D Convida
9. Os Mutantes – Os Mutantes (1968)
10. Antonio Adolfo E A Brazuca – Antonio Adolfo E A Brazuca (1970)

33aed0920ea079ab28691210.LRonaldo Rodrigues
1 – V.A – Tropicália ou Panis et Circenses
2 – Quarteto Novo – Quarteto Novo (1967)
3 – Gilberto Gil – Gilberto Gil (1968)
4 – Gal Costa – Gal (1969)
5 – Caetano Veloso – Caetano Veloso (1968)
6 – Mutantes – Mutantes (1969)
7 – Baden Powell & Vinicius de Moraes – Os Afro-Sambas (1966)
8 – Jorge Bem – Jorge Bem (1969)
9 – Os Brazões – Os Brazões (1969)
10 – Ronnie Von – Ronnie Von (1968)
 
*Som Imaginário empatou em décimo lugar com Quarteto Novo – Quarteto Novo e Roberto Carlos - O Inimitável, todos com 18 pontos. O critério de desempate foi votação entre os três, Som Imaginário ganhou, com quatro votos.

Um comentário:

  1. A década de 1960 foi muito rica para a nossa música popular. Produziu álbuns fantásticos e que apontaram caminhos para o que iria se produzir para o futuro. Acho o álbum de Ronnie Vonn, o de 1968, muito bom, e mostra uma artista completamente sintonizado com a vanguarda pop internacional. interessante é que Ronnie não era da Jovem Guarda (apesar de muita gente rotulá-lo como tal), não era tropicalista e muito menos não era da turma "linha dura" da MPB da época (leia-se Vandré, Elis, Carlos Lyra...). Ronnie seguia sozinho, ele fazia o seu próprio movimento.

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