quinta-feira, 30 de abril de 2020

Capas Legais: Hawkwind - Warrior On The Edge of Time [1975]



Neste terceiro episódio, apresento o álbum Warrior On The Edge Of Time, lançado pelo grupo britânico Hawkwind em 1975, e cuja linda capa interage com o fã através de uma magnífica pintura, e em um formato alusivo ao nome do disco. Confira!!


segunda-feira, 27 de abril de 2020

JOGO DIDÁTICO: SUPER TRUNFO DE ASTRONOMIA



Apresentamos aqui o jogo Super Trunfo de Astronomia, bem como suas regras.

O jogo de cartas é baseado no tradicional jogo de cartas Super Trunfo, que fez sucesso nos anos 70 e 80, e ainda hoje, encanta e diverte crianças e adultos ao redor o mundo. O jogo original objetiva a análise das informações contidas nas cartas, e aquele jogador que tiver a carta com maior valor na informação escolhida, ganha a carta. No final, o jogador que obtiver mais cartas é o ganhador do jogo. O jogo é dividido em seis grupos de cartas, em que cada grupo possui oito cartas, formando assim um jogo com 48 cartas. Ele propicia com que os jogadores, além de se divertirem com o jogo, também aprendam algumas informações básicas dos temas escolhidos de Astronomia. Os conjuntos representam planetas do sistema solar, estrelas, cometas, luas, crateras de impacto, asteroides e meteoritos. As cartas ficam viradas para baixo, onde é possível identificar cada grupo de cartas pela letra que possui no seu verso (ver imagens ao longo do texto). Pode ser jogado por duplas ou quartetos. Em ambos os participantes irão escolher as suas cartas, que devem ser divididas de forma igual. O jogo possui um dado, o qual é jogado para o jogador saber qual grupo será utilizado para fazer a análise das cartas. Ganha o jogo aquele que obtiver o maior número de cartas.

As escolhas dos autores para confecção das cartas foram baseadas principalmente em nomes conhecidos e/ou corpo celeste com valor de relevância para o jogo. Começando pelo grupo de cartas das estrelas, ele é simbolizado pela letra E. Possui como informações raio (em metros), massa (em quilogramas), luminosidade (em ergs/s) e temperatura (em K). Foram utilizadas as seguintes estrelas: Sol, Alpha Mensae, Cygni A, Estrela de Van Biesbroeck, Orions C, Orions ⱷ, e Gamma Berenice. O grupo dos planetas é simbolizado no verso pela letra P. Ele utiliza como informações o diâmetro (em quilômetros), massa (em quilogramas), período de rotação (em horas) e temperatura de cada planeta (em °C) do Sistema Solar. Foram utilizados os oito planetas existentes no nosso Sistema Solar. O grupo de cartas dos cometas é identificado pela letra C. Ele possui as informações período (em anos), periélio (em unidades astronômicas) e magnitude, considerada a magnitude aproximada do último retorno do cometa à uma Unidade Astronômica (UA) da Terra e do Sol. Os cometas escolhidos foram Encke, Clarck, Kopff, Biela, Oterma-Stephan, Gale, Halley e HaleBopp.

O grupo Luas é identificado pela letra L em seu verso. Ele traz as informações diâmetro (em quilômetros), massa (em quilogramas), período de rotação (em dias) e densidade (em g/cm³). As luas escolhidas foram a Lua (Terra), Deimos e Fobos (Marte), Ganímedes e Europa (Júpiter), Titã (Saturno), Oberon (Urano) e Tritão (Netuno). O quinto grupo de cartas é os das Crateras de impacto, identificada pela letra I, que traz as informações dimensão (em quilômetros), idade (em Mega-anos) e localização. As crateras de impacto utilizadas no jogo foram, Vista Alegre, Chicxulub, Vredefort, Popigai, SudburyBasin, Manicouagan, Jarau e Domo do Araguainha. O sexto e último grupo de cartas é o de Asteroides e Meteoritos, identificadas com a letra A, que possuem informações diâmetro (quilômetros), ano de descoberta e massa (em quilogramas). Foram selecionados os Asteroides Ceres, Vesta, Herculina e Hebe, o os Meteoritos, Willamette, Bacubirito, Hoba e Santa Catharina. 

Este jogo foi desenvolvido como parte de um trabalho de conclusão de curso da Licenciatura em Física do Instituto Federal Farroupilha - Campus São Borja. Os autores responsáveis pelo desenvolvimento deste são a Aluna Cátia Andressa Fortes Buzanello, e os orientadores Mairon Melo Machado e Priscyla Christine Hammerl.

Para baixar as cartas para impressão e colocar o jogo em prática com a sua turma é só clicar no link! Bom jogo!

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Cinco Músicas Para Conhecer: Parece, Mas Não É


Nos últimos tempos, tornou-se comum a brincadeira do reaction, onde se filma uma pessoa tendo reações ao ver um determinado vídeo ou ouvir uma música pela primeira vez. Baseado nessas experiências, o Cinco Músicas Para Conhecer de hoje simula uma espécie de reaction com alguém que irá ouvir as faixas escolhidas, pensando ser uma coisa, mas que na verdade, é outra.

Atomic Rooster - "Gershatzer" [1970]

Como é bom ouvir Emerson Lake & Palmer, que paulada já de cara. Esse órgão do Emerson, o baixão do Lake, e pô, Palmer soltando o braço. Sonzeira fudida hein? Olha essa rufada do Palmer, que espetáculo. Ei, que massa, Emerson demolindo o piano no seu solo. O cara tinha é uma técnica sensacional. Olha esse pulo para os teclados, e a velocidade. E agora vai para a sutileza do piano com uma simplicidade monstra! E essas loucuras assim é puro Emerson. Genial! Baita solo! É  da época do Tarkus? Só pode, pela inspiração! Voltou o riff, puro ELP. Que baita música, não conhecia. Ih rapaz, Palmer mandando ver no solo. Cara, como ele toca tanto? Monstro, olhada as rufadas, mão esquerda impecável, e o controle dos bumbos. Baita som. É de qual disco? O que? Não é ELP? É meu caro, isso é Atomic Rooster, um dos grandes power trios da história da música britânica, liderado pelo genial Vincent Crane nos teclados, e que por acaso revelou Carl Palmer ao mundo. Mas aqui, as baquetas estão a cargo do também fenomenal Paul Hammond. Está no excelente e fundamental segundo disco do grupo, Death Walks Behind You (1970) e em diversas coletâneas da banda. Para conhecer um pouco mais sobre a banda e a faixa, acesse aqui. 

Focus - "House of the King" [1970]

Violão fazendo acordes velozes, e eis que a flauta surge sobre um andamento rápido, linha de baixo complicada e uma bateria marcante.O sorriso toma conta, afinal, é o Jethro Tull quem está tocando. Como Ian Anderson toca bem, certamente isso é da fase Aqualung, uma sobra de Thick as a Brick no máximo. Por que será que nunca foi lançada? Epa, mas e essa virada? A guitarra do Martin Barre não tem esse timbre! Claro meu caro, é Jan Akkerman na guitarra, solando para um dos maiores clássicos do grupo holanês Focus. O flautista em questão é Thijs Van Leer, um dos maiores nomes do instrumento, claro, ao lado de Ian Anderson. "House of the King" é tão Jethro Tull, mas tão Jethro Tull, que certa vez um famoso lojista de Porto Alegre falou que "é a canção que Ian Anderson jamais gravou, mas com certeza deve ter composto". Exageros a parte, é uma magnífica faixa, que saiu originalmente nas versões americana e inglesa de Focus Play Focus (batizadas de In And Out of Focus), posteriormente em algumas das várias versões de Focus 3, e em diversos lançamentos em compacto, inclusive sendo responsável por manter o Focus na ativa, já que o fracasso de vendas de Focus Play Focus levava para o fim prematuro da banda, mas o sucesso da bolachinha fez com que Jan Akkerman (guitarras) e Thijs Van Leer (teclados, flauta, voz) reformulam-se a banda e seguissem na ativa, para conquistar o mundo no seu lançamento seguinte.

Mandrill - "Mandrill" [1970]

O som começa com uma tecladeira infernal, envolta por percussão rítmica avassaladora. Um naipe de metais entoa o riff da canção, e então surge a guitarra com wah-wah e carregadíssima de efeitos. Impossível não ser a trupe de Carlos Santana. A medida que a canção vai passando, o ritmo frenético da percussão e o solo de órgão só nos comprova cada vez mais que é Santana sim. Claro, a presença de flautas, vibrafones e metais, cria aquela pulga atrás da orelha, ainda mais quando a flauta passa a solar virtuosisticamente. Peraí, vibrafone tomando conta das caixas de som sobre o ritmo avassalador? Isso é Santana? Ah, esse solo avassalador de percussão faz minha pergunta cair por terra, agora tenho certeza que sim, é Santana o que sai das caixas de som. Mas não é minha leitora, meu leitor, você foi redondamente enganado por uma das bandas mais fantásticas da década de 70.  Um hepteto do brooklyn com uma boa discografia a ser descoberta. "Mandrill" está no álbum de estreia da banda, auto-intitulado, e em quatro compactos como lado A, tendo cada um no lado B as faixas "Peace And Love" (Espanha, que ilustra a matéria), "Revolucion Sinfonica" (México), "Warning Blues" (Estados Unidos) e "Hang Loose" (Reino Unido).

Styx - "Mademoiselle" [1976]

Um acorde de teclado, baixo marcante, guitarra e bateria juntinhos, uma voz em francês, solo de guitarra com efeitos e uma vocalização aguda e marcante. Opa, é Queen! Mas peraí, quem está cantando? Brian May? Bom, o instrumental é Queen, deve ser o May sim. Pô, isso é Queen, só pode ser Queen. Ouve essas linhas de guitarra, essas vocalizações. Cara, com certeza é Queen. Ah velho, está brincando, isso é Queen sim!! Não meu caro, isso é uma das obras atemporais que o Styx lançou no excepcional Crystal Ball, de 1976, quando o Queen havia acabado de conquistar o mundo. Nunca foi comprovado se o Styx se inspirou no Queen para fazer "Mademoiselle", mas com certeza, os elementos de vocalizações e efeitos na guitarra que Brian May usou na banda inglesa apareceram em diversas outras faixas da banda antes mesmo do Queen pensar em existir como tal, como "After You Leave Me" (1972) ou "Earl of Roseland" (1973). "Mademoiselle" é um exemplo mais recente na obra do Styx, mas eu poderia ter escolhido vários outros. Trouxe essa faixa do SEXTO disco da banda, e de um belíssimo compacto com a sensacional “Lonely Child” no lado B, para ver se causo uma polêmica por aqui. E também existe um compacto com “Light Up” no lado B.


Greta Van Fleet - "Lover, Leaver" [2018]

Epa, é uma versão nova de "Whole Lotta Love"? Opa, não é nova não, é a original. Deve ser ensaios de gravação né? Mas a letra tá diferente. Eita, o Bonham devia estar gripado esse dia, mas o Plant e o Page estão afiadíssimos. Por que o baixo do Jonesy tá tao baixo? Eita, Plant canta pra caralho nesses agudos hein? Sonzeira. É uma versão inicial de "Whole Lotta Love"? A letra tá bem diferente ... Eita, Page e sua Les Paul, baita solo. Bah, os caras tavam flertando com orquestrações antes do Led III, eu sabia!! O que? Isso é um bando de garotos americanos dessa década? Tás de brincadeira!! O Greta Van Fleet é o verdadeiro caso do Ame ou Odeie, muito mais por um preconceito infantil e besta, Tirando a paixão clubística de lado, os caras entregam faixas memoráveis, claro que sugadas diretamente da fonte Zeppeliana, mas com toda uma vitalidade moderna que cai muito bem aos dias atuais. "Lover, Leaver" é um exemplo claro disso. Todas as referências ao Led estão lá, mas o comportamento geral da canção mostra que há muito mais criatividade do que inspiração na obra dos americanos. Está no seu primeiro full lenght, de 2018, e foi lançada no mesmo ano para download no site oficial da banda, através do single que ilustra a postagem.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Ouve Isso Aqui: Pra Quem Eles Tiram o Chapéu



Por André Kaminski

Tema escolhido por Davi Pascale

Com Fernando Bueno. Mairon Machado e Ronaldo Rodrigues

Última rodada do Ouve Isso Aqui, Davi completa a seção indicando discos de covers feitos por artistas famosos destacando suas principais influências musicais. O que se percebe é que o Deep Purple e o Rainbow são os campeões em faixas coverizadas pelos artistas desta seleção de discos. Agradeço a todos os consultores que participaram desta seção nesses longos meses em que recomendamos discos de diferentes temas. Como diz o Raul Gil, menção ao Davi ao tema, "Obrigado senhor, obrigado. Por ter nos dado uma seção feliz".


John Lennon - Rock 'n' Roll [1975]

Davi: Sou suspeito para falar de John Lennon. Cresci ouvindo Beatles e também a carreira solo deles. E John e Paul sempre foram os meus favoritos. Tenho um carinho bem grande por esse disco. Aqui, John resgatou diversas músicas dos anos 50 e início dos anos 60. Gosto bastante da sonoridade desse álbum. Ok, há umas 2 ou 3 músicas que não ficaram tão legais, mas tem vários sons aqui que acho espetaculares. Versão de "Stand By Me" apresentada aqui é um clássico. "Slippin´ And Sliddin´" também chegou a ser trabalhada na época e ficou fabulosa. Gosto muito da abertura do disco com "Be-Bop-a-Lula", de Gene Vincent. "Ain´t That a Shame" acho a versão dele melhor do que a do Paul. O rock "Bony Moronie" também ficou bem bacaninha. Algumas das músicas aqui foram trilha da minha infância. Nas versões apresentadas aqui mesmo. Ouvi o cassete no walkman, com essas gravações, infinitas vezes. Disco bem legalzinho.

André: Mais um disco para ouvir do Beatle que menos gosto. Mas dou o braço a torcer e o trabalho de Lennon aqui é muito bom coverizando estes clássicos dos anos 50 e 60. Lennon até foi bem fiel as originais, sem modificar muito exceto por alguns sopros a mais, o que torna os covers facilmente reconhecíveis. "Rip It Up/Ready Teddy" ficou muito boa. A interpretação vocal em "You Can't Catch Me" está muito boa. Ainda fico com qualquer disco do Harrison, mas Lennon me deu um cala a boca bem dado por aqui.

Fernando: Sou do Time-Mcartney e, confesso, tenho uma prédisposição de não querer nem ouvir o que John Lennon fez depois dos Beatles. Acho chatíssima toda aquela história de paz e amor, vamos salvar o mundo e tudo o que ele representou, fora a culpa que ele carrega de dar suporte e ajudar a trazer ao mundo as maluquices da chatíssima Yoko Ono. Dito isso achei o disco divertido, mas um pouco fora do que eu costumo ouvir, mas dá para notar que o rock and roll raíz é mesmo a praia do ex-beatle.

Mairon: John Lennon tocando velhos clássicos do rock 'n' roll, e mostrando ao mundo que mesmo os Beatles tinham suas influências, não criaram nada sozinhos. É difícil citar canções em especial, por que os arranjos são quase todos iguais aos originais, com exceção na reggaeada de "Do You Wanna Dance", a faixa mais desnecessária desse lançamento com esse arranjo. No mais, todos grandes clássicos absolutos de um passado não tão distante para John Lennon, mas muito jurássico para essa geração MP3, que PRECISA ouvir os originais aqui gravados. De qualquer forma, cito a dupla "Rip It Up / Ready Teddy" para dançar até cair no chão, e a versão definitiva de "Stand By Me" que está aqui como as que mais curto. Disco ótimo de se ouvir, rock 'n' roll puro, simples, emotivo e tudo de bom do melhor beatle.

Ronaldo: Ainda que fosse um artista versátil, é muito bom ver Lennon fazendo o que sabia fazer de melhor. O repertório é de primeira grandeza, a interpretação idem, arranjos fantásticos e uma sonoridade que soube captar a vibe dos anos 50 com a roupagem dos anos 70. Talvez possa soar herético, mas Rock 'n' Roll é o melhor trabalho solo de John Lennon, justamente por ter um repertório 100% calcado em suas melhores habilidades (sem demérito para seu enorme talento como compositor).


Eric Clapton - From The Cradle [1993]

Davi: Clapton foi outro artista que cresci ouvindo. Tanto a carreira solo, quanto o trabalho do Cream. Mesmo os trabalhos mais pops, que muitos torcem o nariz, me agradaram. Aqui, contudo, temos o músico caindo de cabeça no blues. Foi um trabalho muito celebrado, na ocasião. Lembro do lançamento desse disco. Recordo, inclusive, de assistir ao clipe de “I´m Tore Down” na MTV Brasil. A razão que tornou esse disco tão especial é simples. Trata-se de um trabalho extremamente honesto. O cara criou um setlist homenageando seus ídolos, trancou-se no estúdio com músicos de primeiríssimo de time (como de costume) e gravou o material tocando ao vivo dentro do estúdio. Muita gente, inclusive, comenta que não gosta do trabalho vocal dele aqui. E a razão é essa. Ele não ficou refazendo o vocal trocentas vezes, foi como saiu. O repertório é espetacular e a interpretação é inspiradíssima. O trabalho de guitarra dele aqui é magistral. “Blues Before Sunrise”, “Hoochie Coochie Man”, “Five Long Years” e “Blues Leave Me Alone” se destacam.

André: Não tem o que reclamar da performance de guitarra de Clapton, neste aspecto ele sempre foi divino. Complicado mesmo são os seus vocais porque, convenhamos, aqui ele demonstra que não tem o mesmo fôlego da turma do puro blues norte-americano e ainda por cima, tenta imitar os caras. Não conheço grande parte das versões originais aqui mas as que sei vejo que Clapton caprichou bastante, principalmente no instrumental. Mas esses vocais estão de lascar.

Fernando: Eric Clapton já regravou tanta gente durante sua longa carreira que um disco de covers não é lá muita novidade. O mais interessante é que o disco foi praticamente gravado ao vivo em estúdio. Mas para um cara com o talento de Clapton, ainda mais tocando coisas que ele conhece desde o berço não seria tão difícil, não é?

Mairon: Depois de álbuns lançados nos anos 80 que é de vergonha alheia, Clapton resgatou suas raízes no blues, pós-MTV Unplugged, e então lançou esse discaço que é um dos meus preferidos na sua vasta discografia. Versões embriagadas e perfeitas para "Blues Leave Me Alone" , "Third Degree",  "Standin' Round Crying", "Hoochie Coochie Man", "How Long Blues" e "Someday After a While (You'll Be Sorry)", e que não se prende só em clássicos atemporais do blues. A única que não me desce muito é "Motherless Child", faceira demais para o contexto geral do disco. Por outro lado, "Sinner's Prayer" é de se atirar na garrafa de uísque e não largar mais. Um disco fantástico, que me arrependo de não ter comprado na época, e hoje, virou raridade achar a versão em vinil. Baita lembrança Davi!

Ronaldo: O título do álbum é autoexplicativo e mostra qual foi a base para que o talento de Clapton emergisse para o mundo. Difícil tecer muitas palavras para esse álbum, que esbanja classe em todos os segundos de sua duração. Blues perfeito! E mais surpreendente é ele ter passado incólume pelas "loudness wars" e o excesso de compressão que assolou a produção musical nos anos 90. Tudo soa tão bem quanto "John Mayall & Bluesbreakers with Eric Clapton". O timbre de Eric Clapton realmente é algo a ser estudado.


Yngwie Malmsteen - Inspiration [1996]

Davi: Sempre gostei muito do trabalho do Malmsteen. Trata-se de um cara que ajudou a dar uma nova cara para a guitarra (guitarristas como Timo Tolkki e Edu Ardanuy são claramente influenciados por ele). Sempre foi uma figura peculiar. Uma curiosidade bacana é que, embora seja um músico de rock (ok, metal, vai), suas principais influências vieram da música clássica e não do rock. Isso foi interessante para que criasse um novo estilo de tocar, mas em um projeto como esse sempre questionamos o que o cara iria aprontar... Além das já esperadas interpretações de Hendrix e Blackmore, temos o músico se arriscando em regravações de artistas como Rush, Kansas e Scorpions. O projeto funcionou muito bem. Não há uma única formação aqui. Ele trabalhou com diferentes lineups, mas o disco não soa como uma colcha de retalhos. Ele praticamente pegou as músicas, atacou uma dose de peso extra e fez seus solos típicos. Ou seja, tudo na velocidade da luz. O setlist funcionou incrivelmente bem. A única que não gostei foi a releitura de “Child In Time”.

André: Achei estranho quando soube deste disco porque me lembrei de alguma entrevista que Malmsteen deu dizendo que só se influenciou por músicos sinfônicos (e creio eu, Ritchie Blackmore). Foi uma entrevista bem depois deste álbum, o que pode ser interpretado como mais um dos ataques de pelanca do gordão sueco. Quanto ao disco, em geral, um bom disco com versões muitos boas da hoje batida "Carry on my Wayward Son" do Kansas e de "Gates of Babylon" do Rainbow ambas cantadas por Jeff Scott Soto. Malmsteen frita nos solos das músicas, enquanto mantém os riffs e melodias originais das canções. Todavia, destaco a performance ruim de Malmsteen fazendo os vocais de "Manic Depression", estragando bastante o clássico de Hendrix. No mais, o disco se mantém em bom nível.

Fernando: Malmsteen pegou músicas de todas as aquelas bandas que ele cansou de dizer que eram influencias e fez versões muito legais, aliás ele sempre foi muito bom com covers. Destaque para "In the Dead of Night" que deve ter apresentado o UK para um monte de garotos que só querem ouvir o Malmsteen para ficar babando nas linhas de guitarra e aproveitaram para conhecer o fantástico Alan Holdsworth. No mais um desfile de grande bandas e guitarristas que influenciaram muita gente. Tava pensando aqui e Inspiration foi um ponto importante da carreira do Malmsteen, pelo menos para mim, pois gosto de muita pouca coisa que veio depois dele.

Mairon: Caralho, jamais imaginaria o Malmsteen tocando Kansas! E essa Sitar em "Gates of Babylon", que massa.  Pô, nunca tinha ouvido uma cover para "In The Dead Of Night", e ficou boa! Dos vocais, bom, não curto o Soto, mas reconheço que ele mandou bem em "Mistreated", faixa que dificilmente vai ficar ruim quando tocada corretamente. Admiro o Turner, e acho que ele casou bem sua voz para as músicas em que participa. Traçando comentários sobre a performance do sueco, óbvio que o cara toca pacas, mas acho que seu estilo para as canções escolhidas fica muito diferente. É virtuosismo demais. Tipo, se eu não gosto do Morse tocando "Pictures of Home", imagina com esses solos e escalas velozes? "Manic Depression" até que ficou interessante, mas o próprio Styx consegue fazer uma versão mais atraente. E outra, meteu quatro músicas do Purple! É muita paixão!! Desnecessário destruir o trabalho do Uli Roth em "The Sails of Charon" ou a elegância do Rush em "Anthem", e principalmente Ian Gillan em "Child In Time", mas vamos em frente. É um belo disco, claro que é, mas todas as músicas prefiro as versões originais, já que nenhuma delas o Malmsteen fugiu do arranjo original. Apesar de que a versão de "Gates of Babylon" ficou muito boa!

Ronaldo: Repertório caprichado e, até certo ponto, esperado a considerar a exuberância técnica de Malmsteen. Como de praxe ao longo de sua carreira, Malmsteen sempre esteve cercado de músicos de alto nível, então a execução não só da guitarra mas da banda toda (vocais incluídos) são excelentes. Os arranjos são um pouco "duros" e sem groove, uma marca do rock pesado dos anos 80 e 90. Outro porém é que Malmsteen tem por marca colocar todo seu vocabulário de técnica em todos seus solos, o que torna a coisa desequilibrada e muitas vezes descolada da proposta da música, como no caso de "Maniac Depression" ou "Mistreated". A presença de várias canções do Deep Purple não surpreende, já que Malmsteen é um fã confesso de Ritchie Blackmore, assim como do Scorpions. "In the Dead of Night", do UK, ficou genérica na mão do sueco e de sua banda, mas "Anthem", do Rush, ganhou uma cara nova bem interessante.


Joe Lynn Turner - Under Cover 2 [1999]

Davi: Esse é outro cara por quem sempre tive uma admiração muito grande. Sim, escolhi os discos a dedo. Lembro que muitas pessoas, quando conversava de som, se referiam ao Joe Lynn Turner como um cantor regular. Nunca concordei. Sempre gostei muito do trabalho dele. Não apenas repertório, como também de sua voz. Ao contrário de muitos que devem ter tido o primeiro contato com ele no Rainbow, eu tive meu primeiro contato com o trabalho do Malmsteen. Adorava aquele VHS Live In Lenningrad... Tem muita gente que não gosta dele porque ele acabou participando da fase mais comercial de vários artistas. Esse trabalho foge um pouco dessa expectativa. Aqui, ele aposta em um hard rock pesado, com uma certa influência de blues. Tem muita música que os arranjos são similares, só enfiou um peso a mais, mas funcionou. Ele brilha em faixas como “Helter Skelter”, “Rock n Roll Hoochie Koo” e “Mississipi Queen”. Até se você não for muito com a cara dele, vale conferir esse disco.

André: Tenho Lynn Turner em boa conta. Não é um vocalista excepcional, mas se segura bem em tudo o que participa. O disco tem um ótimo repertório e um bom instrumental, com algumas versões bem mais pesadas que as originais. Gostei das versões de "Helter Skelter" dos Beatles, "Rock Bottom" do UFO e "Lost in Hollywood" do Rainbow. É um disco sólido, consistente e que agrada.

Fernando: Convenhamos... gravar um segundo discos só de covers em uma carreira que tinha até então cinco discos não é lá uma mostra de boa produtividade. Mas acabei ouvindo os dois discos e gostei de muitas das versões que encontrei. Mesmo a dispensável "Born to be Wild", presente em 9 entre 10 set lists de bandas covers pelo mundo a fora, ficou interessante. Curioso ele escolher duas faixas de Deep Purple, Rainbow e Whitesnake já que de certa forma ele ficou marcado como sendo uma sombra de quase todos os vocalistas que passaram por essas bandas, mesmo tendo uma bela voz e nem sempre ser reconhecido por isso. Interessante também que ele nem sempre pinçou o grande clássico das bandas que escolheu. E sejamos sinceros, juntar Free, Mountain, Thin Lizzy, UFO e vários outros monstros em um lugar só é garantia de que coisa boa iríamos ter.

Mairon: Assim como Malmsteen, Joe Lynn Turner resolveu seguir os arranjos originais de suas escolhidas. O repertório é redondinho, não tem erro na escolha, e eu curto a forma do Turner cantar. Ele dá a sua cara para os clássicos, sem tirar quase nenhuma qualidade dos mesmos. A única que achei mais abaixo foi "Rock Bottom". Por outro lado, "Helter Skelter", "The Boys Are Back In Town", "The Race Is On", e principalmente "Waiting For A Girl Like You" ficaram sensacionais. Ah, e JLT cantando Rainbow ("Lost In Hollywood") é sempre muito bem vindo. Não adianta, o cara tem voz para esse som mais leve, quase um AOR, eu curto (joguem as pedras). Disco regular, nada demais, bom de colocar como fundo para uma atividade de trabalho, ou para relaxar mesmo.

Ronaldo: Joe Lynn Turner é um cara do rock, ainda que sua passagem por bandas famosas sempre é associada com um incômodo acento pop pelos fãs mais radicais. O repertório da segunda parte de seu projeto Under Cover é cheio de grandes sons dos anos 60 e 70. Os arranjos não tem grandes invenções, o que por um lado é bom, já que projetos tributo são pródigos em produzir certas aberrações com músicas clássicas. A única pisada de bola é com "Rock Bottom" tocada mais lenta e cadenciada, perdendo mais do metade do impacto que a faixa original tem. A voz de Turner, apesar de conhecida pelos agudos avantajados, também vai bem nos médios (como visto em "Born to be Wild" e "Wishing Well" e "Rock and Roll Hoochie Koo"). É interessante notar a semelhança dos timbres de guitarra desse álbum em comparação com os originais de "Helter Skelter" e "Mississipi Queen"


Melissa Etheridge - Memphis Rock 'n' Roll Soul [2016]

Davi: Essa é uma cantora que sempre curti também. Passei a me ligar no trabalho dela depois que assisti ela cantando uma música no Woodstock 94. Os álbuns Yes I Am e Your Little Secret eu ouvi bastante na época. Aqui, contudo, ela foge um pouquinho de seu estilo habitual. Nesse CD, ela faz uma homenagem ao selo Stax e grande parte do repertório privilegia a soul music. Arriscado! Pessoal da soul music cantava pra caramba, mas ela não fez feio, não. Dona de uma voz potente, naturalmente rasgada, não ficou preocupada em tentar emular os cantores originais. Foi lá, cantou do seu jeito, e quebrou tudo. Músicas como “Hold On I´m Coming”, “Wait a Minute” e “Rock Me Baby” ficaram muito legais em sua voz. A maior surpresa, para mim, foi “I´ve Got Dreams to Remember” do Otis Redding que tinha medo do resultado final, mas acabou se tornando uma das que mais curti no disco. Quem curtir, aproveita para dar uma revirada na discografia dela que tem muita coisa bacana.

André: Não conhecia nada desta cantora e até achava que era algum nome novo na cena, porém, ao pesquisar descobri que é uma artista já bastante veterana. Não faço ideia, será que ela nunca teve muita divulgação no Brasil? Porque pela internet, ela até é bem conhecida nos Estados Unidos. O vocal dela me lembrou o da Doro Pesch, uma tonalidade meio anasalada diferente. Mas confesso que a sua voz não me cativou para estas canções, que são até bem executadas mas cuja voz que, para mim, é fundamental para apreciar este tipo de soul e blues, não orna meus sensíveis ouvidos. Mas é possível que seus discos originais sejam melhores. Pretendo dar uma checada.

Fernando: Claro que uma lista do Davi não poderia ficar sem algo totalmente fora da caixinha. Sei lá que é essa mulher! Claro que usei todo o poder do Google e descobri algumas (poucas) informações mais rápidas e acabei me interessando em ouvir o seu disco de estreia de 1988. esse aqui, no entanto, não me comoveu muito.

Mairon: A voz de Melissa, e o estilo de som, não é para mim. Dos aqui sugeridos, foi o único que não gostei. Revisões para clássicos do soul, country rock e do rhythm 'n' blues, certinha, ok, mas nada além disso. Não consigo apreciar esse tipo de som, acho pop-americanizado demais. Valeu a indicação Davi, mas essa não rolou sentimento.

Ronaldo: Disco muito agradável de se ouvir, contando com o talento de Melissa Etheridge como vocalista e front-woman de uma banda competente. É interessante que no repertório do disco, estejam músicas menos lembradas de nomes do blues e r&b sulista todos pertencentes ao selo Stax, mas também incluindo faixas clássicas de Sam and Dave, Rufus Thomas, B.B King e Otis Redding. Os momentos de maior destaque são "I'm a Lover" (de Lowell Fulson), um swing irresistível, e "Wait a Minute" (de Barbara Stephens), que soa como uma versão atualizada do Creedence Clearwater Revival.

 

terça-feira, 14 de abril de 2020

War Room: Graham Bond Organization - There's A Bond Between Us [1965]





Com André Kaminski, Mairon Machado e Ronaldo Rodrigues

Voltamos hoje com mais um War Room, dessa feita, explorando um lançamento que irá completar 55 aninhos em novembro. Trata-se de There's A Bond Between Us, o segundo álbum de um dos primeiros super grupos da história, a Graham Bond Organization, que contava nada mais nada menos com Graham Bond (hammond, mellotron, vocais), Jack Bruce (baixo, vocais), Ginger Baker (bateria) e Dick Heckstall Smith (saxofones, flautas, instrumentos de sopro). Coloque o álbum para rodar e acompanhe a opinião faixa a faixa dos participantes, e não esqueça de deixar seu comentário também.


1. Who's Afraid Of Virginia Woolf?

Ronaldo: Só essa entrada triunfal do Hammond já vale a faixa. Isso é que eu chamo de "Swinging London"!
Mairon: O disco já abre com Ginger Baker mostrando ao mundo quem é Ginger Baker. Esses metais somados com os instrumentos de sopro é um delírio. Graham Bond era um baita tecladista, e seu solo nessa faixa de abertura é matadora.
André: Longo instrumental. Aliás, não teve vocais, mas começou muito bem

2. Hear Me Calling Your Name
Mairon: Swingzão massa da porra. Jack Bruce e sua voz inconfundível. Diferente do que podemos esperar para o Cream, por exemplo, mas dá para imaginar como seria isso com a guitarra do Clapton
Ronaldo: Essa segunda faixa já tem aquele temperinho do pop dos anos 60, aquele pop orquestral repleto de boas harmonias.
Mairon: O Organization de Graham Bond, foi assim, como os Yardbirds, um berçário de grandes músicos - nesse caso, revelou Jack Bruce, Ginger Baker e Dick Heckstall Smith (futuro Colosseum). É uma banda ímpar.
Ronaldo: Eu fico imaginando ter o Graham Bond, o Ginger Baker e o Jack Bruce na mesma banda...a treta devia ser feia nos ensaios! rs
Mairon: Diz que várias vezes o Bruce e o Baker quebraram o pau, jogando cadeira uns nos outros, e até instrumentos
André: Adorei como o sax no fundo dá uma embelezada na canção. Por sinal, é uma letra simples mas ganchuda.

3. The Night Time Is The Right Time
Mairon: Blues para colocar a casa abaixo, com toda uma pimenta soul para fazer a coisa ferver mais ainda. Esse clima gospel desse blues para mim é o ponto alto dessa faixa. Dá vontade de cantar junto;
Ronaldo: Essa faixa é um standard de primeira. Não me lembrava da versão deles. O interessante é como o som tem pegada rock mesmo sem guitarras! vale ressaltar que nos primórdios do rock o saxofone tinha mais protagonismo.
André: Aqui ele se destaca no baixo. Por sinal, me pergunto porque diabos ninguém ou quase ninguém monta uma banda com uma sonoridade nesse estilo anos 50/início dos anos 60, Com mais sax, baixo protagonista e tudo mais
Ronaldo: o Dick Heckstall-Smith é uma fera no sax e a batida do Ginger Baker é inconfundível; ele e o Jon Hiseman tocavam blues na bateria como ninguém mais.

4. Walkin' In The Park
Mairon: Essa música me lembra muito uma faixa que o Colosseum gravou depois, agora não lembro o nome, mas tá no ao vivo.
Ronaldo: Essa foi aproveitada pelo Colosseum também, com vários bpms a mais! sabe de quem é a autoria, Mairon? Eles lançaram com o mesmo nome, acho que no primeiro álbum deles.
Mairon: pois é, o Colosseum gravou isso né?
Ronaldo: Sim, é a faixa de abertura do primeiro álbum deles...mas a versão deles é bem mais rápida do que essa. Ambas muito legais!
Mairon: Ah sim, não lembrava do disco de estreia. É que o que eles fazem no ao vivo, com as vocalizações, é de tirar o chapéu.
André: Eu sinto que preciso ouvir mais este estilo de rock. Leve, sem frescuras, alto astral
Ronaldo: Solo de Hammond sensacional!
André: Olha o solo de Hammond, brilhante.
Mairon: Solo lindo de Hammond.
Ronaldo: E essa condução do Ginger Baker é maravilhosa...sou muito fã dele!
André: Conheço pouco do Colosseum para saber, vocês dois que são as autoridades progs do site que me iluminem.
Ronaldo: André, pode pegar tudo do Colosseum... é uma banda de primeira, musicalidade riquíssima...desenvolveu do blues até o progressivo sinfônico.
Mairon: Concordo com o Ronaldo sobre o Colosseum.

Heckstall Smith, Bruce, Baker e Bond

5. Last Night
André: Achei que iria começar um "Pretty Woman" hahahahahaha.
Mairon: Voltamos para os rocks dançantes baseados em linhas de blues. Ouvir a Graham Bond sempre me faz pensar como que muita gente acha que nos anos 60 só havia Beatles e Stones. Olha isso cara, que sonzeira.
Ronaldo: Esse tipo de base, essa linha de baixo, é muito comum no rock sessentista...vem do blues! Sonzeira total, diversão pura!
André: Pensem nos bailinhos de rock 'n' roll dos anos 50 e 60. Aquele povo sim sabia se divertir
Mairon: Ahã. Não tinham que ficar no whats à toa ...
Ronaldo: Hammond fritando!
André: Olha, mesmo as mais simples das canções tem solos magníficos. Que solo de Hammond, meu Deus.

6. Baby Can It Be True?
André: Essa é para dançar coladinho junto a guria e dançando devagarinho
Ronaldo: Eu acho curioso que o Ginger Baker já tinha muita assinatura desde esses primórdios. Vejo que o Jack Bruce desenvolveu mais (se comparar o material dele de 1965 e o de 1975, por exemplo), mas o Ginger Baker manteve mais ou menos a mesma abordagem em todos os seus trabalhos.
Mairon: Cara, Jack Bruce tem uma voz tão rouca para a idade dele. Esse cara devia fumar uns 15 maços de cigarro por dia. Baladaça!!
André: O pigarro do amor
Ronaldo: Que delícia de baladinha...puxou a pegada das big bands. E o que é esse orgão? Acho que o Jack Bruce treinava bastante pra isso também. O orgão também é maravilhoso. Não sei se vocês notaram, mas tem uma passagenzinha de mellotron ali... foi uma das primeiras aparições do instrumento em gravações.
Mairon: Lindo
André: Aquele sonzinho de fita magnética é inconfundível.
Ronaldo: Antes dos Beatles em "Strawberry Fields Forever".
[caption id="attachment_32854" align="aligncenter" width="484"] Dick Heckstall Smith, Jack Bruce, Ginger Baker e Graham Bond[/caption]

7. What'd I Say
Mairon: Cara, Ginger Baker é um monstro de ritmos. O que é isso que ele cria aqui? Uma espécie de samba, que misturado com o saxofone e com o Hammond sacodem até as paredes da casa. Mais uma sonzeira para curtir nas festas e nos pubs ingleses.
Ronaldo: Agitada! na mesma pegada de "I Feel Fine" dos Beatles... sóque aí é Ginger Baker na parada...então o bicho pega!
André: De fato, o Baker se destaca muito nessa faixa
Ronaldo: Esse Hammond dá um caldo maravilhoso na faixa!
André: Leves toques nos pratos. Até um glorioso cowbell hahahahaahaha.
Mairon: Eita solo de saxofone bom de se ouvir.
Ronaldo: Essa tirada no cowbell é realmente surpreendente! rs
Mairon: Como o Baker dizia, a GBO é a banda de jazz mais blues da história do rock britânico
Ronaldo: Tem razão... é nítida a transição entre os dois estilos!
Mairon: De sacolejar o esqueleto!
André: Aquela hora que acelera a bateria e finaliza de maneira apoteótica
Ronaldo: Termina como um bom bluesão.

Em sentido horário: Baker, Heckstall Smith, Bruce e Bond (pernas cruzadas)

8. Dick's Instrumental
Mairon: Melhor faixa do disco. Saxofone mandando ver, blues arrepiante, e um arranjo descomunal. Como que uma banda tão foda veio virar algo tão diferente, e igualmente poderoso, trocando dois membros e adicionando uma guitarra? Inacreditável
André: Muito bem, estou gostando bastante, Mairon. Pelo menos me acordou com um grande disco
Ronaldo: O que eu acho mais interessante é como essas bandas do blues britânico viraram e reviraram o blues americano do avesso pra criar coisas inovadoras como essa faixa. As outras faixas são muito divertidas e boas de se ouvir, mas essa foi além e traz várias ideias muito interessantes.
André: Pelo que diz na descrição do vídeo, a pergunta é como o Graham Bond teve a coragem de demitir o Baker e o Bruce.
Mairon: O Bruce pediu o boné por que não aguentava mais o Baker, e foi trabalhar com o John Mayall.
Ronaldo: O Eric Clapton disse uma vez que o Ginger Baker era um canalha, mas era dos melhores da área, então...rs
Mairon: A história é bem interessante. Eu to lendo o Crossroads ((biografia do clapton), e o trecho que é sobre a GBO é sensacional. Quando foram montar o Cream, o Clapton disse pro Baker: ou o Bruce ou nada, e o Baker engoliu.
Ronaldo: Fico só imaginando a treta!

9. Don't Let Go
Mairon: Outro rockzão anos sessenta, para levantar as meninas e girar pelo ar. Mais uma sonzeira.
Ronaldo: Muito groove nessa! também acho que tem mellotron nessa faixa (tocada de uma forma bem pouco ortodoxa).
André: Uma faixa diferente, mas interessante, o Hammond é muito diferente aqui.
Mairon: O mellotron para mim está como um acorde de fundo.
André: É o mellotron que faz esse sonzinho específico, Mairon?
Ronaldo: Esses ataques entre a voz parece ser o mellotron também... tenho quase certeza que sim.
Mairon: Parece.

10. Keep A'Drivin'
André: Isso é muito Jovem Guarda hahahahahahahaha
Ronaldo: Mais um bluezinho soft...na linha do que o Cream viria a fazer em "Hey Lawdy Mama".
Mairon: Mais um blues para agitar a galera. Bruce com sua voz roucaça, e a nítida impressão que já ouvi isso em outros discos do Bruce em sua carreira. A adição dos vocais femininos deu um up ainda mais saboroso para a faixa
Ronaldo: E com os vocais a la Doo-Wop.

11. Have You Ever Loved A Woman?
Mairon: Bah, nessa aqui o Graham Bond faz misérias. Acho que é a faixa mais conhecida deles né? Que baita blues
Ronaldo: O vocal do Bond nessa faixa está incrível!
André: É um cover do Freddie King, logo, não tem erro.
Mairon: Cara a categoria do Baker é acima do normal. Isso é 1965. Olha a diversidade de estilos que ele já tocou em pouco mais de meia hora.
Ronaldo: Não saberia dizer se é a faixa mais conhecida deles...acho que a banda é mais conhecida por nome (pelo conjunto da obra) do que por alguma faixa específica. O Baker realmente já era acima da média desde tempos imemoriais!
Mairon: Que solo de hammond. Jesus amado! Lindo
Ronaldo: Lindo demais...puro feeling.

12. Camels And Elephants
Mairon: Composição de Ginger Baker, então já sabem o que vem.
Ronaldo: Aqui surgem as doideiras!
André: Isso são as maluquices de bateria dele.
Mairon: Repito galera, 1965!!! Quem fazia algo assim nessa época? Pré-"Toad", pré-"Do What Your Like" e por ai vai. Que baita solo, que baita arranjo.
André: Quase ninguém fez depois também
Ronaldo: Outra característica marcante do rock entre 65 - 67 é a tentativa de incorporar escalas da música oriental (de diferentes locais) no meio do rock ou fundi-las com o blues.
Mairon: Exato Ronaldo. Acho que é um dos primeiros solos de bateria gravado por uma banda tida como de rock.
Ronaldo: Prenúncio dessas duas faixas, com certeza...como disse antes, o Baker já tinha uma assinatura desde antes de ser bem famoso.
Mairon: Nessa forma assim, que o Bonham copiou na cara dura em "Moby Dick", marcando o cymbal o tempo inteiro, até a sequência acho parecida, o crescendo e tal.
André: Uma música em que o protagonista é a bateria, quantas tem nos últimos 30 anos em grandes álbuns?
Ronaldo: Interessante esse detalhe, Mairon...não sabia dessa e nem me lembro de nada antes disso com solo de bateria.
Mairon: Só no jazz. E dessa forma, no rock, não lembro mesmo.
André: Só no jazz mesmo. Talvez alguma perdida no blues também.coragem para 1965 gravar algo assim.
Ronaldo: Pois é, André...de 80 em diante instrumentos além da guitarra perderam totalmente o protagonismo no rock.
André: No rock? Não lembro de nenhuma.
Mairon: Por isso Baker é Baker. E para quem acha que o solo de "Toad" é a origem, ouve isso!!! Destruindo as paredes aqui.
Ronaldo: Um dos maiores, sem dúvida nenhuma. Vejo alguns bateristas dizendo que ele não fazia nada demais, mas eu ignoro. Pra mim isso é inconteste.
Mairon: MONSTRO!!!!
André: Eu por exemplo se eu fosse músico, queria fundar uma banda em que o baixo fosse o protagonista. E eu seria o baixista é claro. Mas fica para outra vida
Ronaldo: Hahahaha!




Considerações finais
André: Sem considerações longas de minha parte hoje: discaço e ponto final.
Mairon: A Graham Bond era uma banda a frente do seu tempo. Esse segundo álbum é disparado o mais interessante, até pela presença do Baker. Me admira é que muita gente defende que só Beatles e Stones estavam na Inglaterra naquela época, e que inspiraram todo mundo. Bom, ouvir esse disco só me faz constatar que Beatles e Stones influenciaram muita gente, mas não esses gênios que criaram uma obra tão singular e sensacional
André: Orra, concordo e muito
Ronaldo: Já conhecia o disco (apesar de que fazia um bom tempo que não ouvia)...capta bem aquela pegada de blues e r&b que os mods ingleses ouviam e dançavam até cansar. Instrumental caprichado, um time de primeira qualidade, muito groove e músicas cativantes. É que nessa época a concorrência na Inglaterra era brabíssima, então, grupos como o GBO ficaram em segundo ou terceiro plano. Felizmente a obra fica para a posteridade e cá estamos nós, curtindo e dando o devido valor. Excelente escolha de disco, Mairon!
Mairon: Valeu pessoal. Um abraço!
Ronaldo: Tamo junto! Eu que agradeço.
André: Tranquilo, agradeço ao Mairon pela audição e a ambos vocês pela companhia. Abraços!

sexta-feira, 10 de abril de 2020

Unboxing: Glenn Hughes - The Official Bootleg Box Set Volume 1 (1994 - 2010) [2018]



Nesse programa, faço o unboxing da caixa de 7 CDs lançada por Glenn Hughes em 2018, trazendo material raro e/ou inédito registrado ao vivo entre 1994 e 2010. Deixe o like, dislike, e comentários.


sábado, 4 de abril de 2020

Melhores De Todos Os Tempos: Anos 60


Beatles em 1967: Ringo, John, Paul e George


Por Mairon Machado

Com André Kaminski, Daniel Benedetti, Davi Pascale, Eudes Baima, Fernando Bueno, Líbia Brigido, Micael Machado e Ronaldo Rodrigues

As listas de Melhores de Todos os Tempos foram precursoras em termos de visualizações e comentários em nosso site. Desde 2013, mensalmente publicávamos as listas de 10 melhores discos de determinado ano, começando a partir do ano de 1963. Diversos participantes escolhiam seus 10 Melhores daquele ano, e após uma contagem baseada no sistema da Fórmula 1, fechavam-se os 10 mais, para assim cada um dos participantes traças seus comentários (pro bem ou pro mal) sobre os discos. Muita treta rolou nessas edições, umas mais sérias que outras, mas no geral, ficou uma camaradagem e conhecimento de diversos discos novos por quase todos os participantes.

Infelizmente, muito desse material foi perdido quando ocorreu o chamado Uol Incident (sem mais detalhes, por favor), e ficou uma saudade dos bons tempos. Felizmente, após quase 4 anos de buscas em e-mails, bem como de postagens em outros sites, conseguimos resgatar os discos (ao menos) que foram citados em cada ano. estamos trabalhando árdua e incansavelmente para tentar resgatar todos os comentários para esses anos, e dentro do possível, republicar essas matérias. porém, não sabemos quando e se isso irá ocorrer. Mas, de forma a animar nossos queridos leitores, e instigá-los a novamente participar com seus comentários, resolvemos criar uma nova brincadeira.

Desta feita, escolhemos os 10 Melhores discos dos anos 60, 70, 80, 90 e 2000. Recentemente escolhemos os dez mais brasileiros dos anos 2010, e através dessa ideia, partimos para esse novo projeto. Para não haver injustiça com o passado, cada um de nossos participantes escolheu dez discos dentre os que já havia sido escolhidos nas listas originais *. Como novidade, além da pontuação da Fórmula 1, adicionamos 1 ponto para cada citação de álbum, como se fosse o ponto da volta mais rápida, tentando evitar ao máximo alguma injustiça, de por exemplo um álbum citado apenas uma vez entrar no lugar de um álbum citado 4 vezes. Por fim, como tradicionalmente, foi divulgada apenas a primeira posição, e os demais 9 álbuns sendo somente agora revelados para os participantes.

E para encabeçar nossa primeira lista de Melhores De Todos Os Tempos - - Anos 60, aquele que por muitos é considerado o melhor álbum de todos os tempos. Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band venceu o duelo com Pet Sounds por apenas dois pontos, mostrando que ambos os álbuns são revolucionários e fundamentais para a consolidação do rock, e por que não, para a arte a partir de então. Complementam essa lista mais três álbuns de 1967 (seria esse o ANO DO ROCK) , quatro álbuns de 1969 (duelando com 1967), com destaque para o Led Zeppelin, único a encabeçar dois discos nessa lista, e um álbum de 1965. Gostou, não gostou? Concorda com a lista? Não concorda com alista? Deixe seus comentários abaixo, participe! E vamos aos comentários dos nossos participantes

* A lista com os Melhores Discos escolhidos dos anos 60 nas listas originais envolvem os álbuns de cada ano, álbuns das listas de Melhores Brasileiros e aqueles discos citados na série Aqueles Que Faltaram. Esses discos estão listados no fim da postagem, após as listas individuais.


1° The Beatles - Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band [1967] (77 pontos)
André: Fiquei surpreso com a colocação do Sargento Pimenta em primeiro. Até acharia que entrava mas como sei que a Consultoria, curiosamente, não tem lá muitos fãs do Beatles (ou eu achava que não tinha) esperava Led Zeppelin ou Floyd em primeiro. Mas sabia que ele iria entrar de algum jeito. Já aqui não existia mais Beatles ao vivo, talvez a única banda da história que se deu ao luxo de não fazer mais turnês e lançar apenas discos de estúdio. Segundo os próprios, é aqui que eles meio que deixam aquele jeito mais juvenil de lado e querem fazer o "Pet Sounds" deles. Eu gosto bastante de "Lucy in the Sky with Diamonds" e "Within You Without You". Ótimo disco, mas Revolver é o melhor deles. Por sinal, vai ter gente brava aqui se eu disser que "Fixing a Hole" é uma música tremendamente chata?
Daniel: Deixando bem claro que faço parte daqueles renegados do mundo que não são fãs de Beatles, então, votar em qualquer álbum deles seria uma atitude hipócrita. Entretanto, não sou louco o suficiente para denegri-los. Sgt. Pepper’s é tido como o melhor álbum de todos os tempos por muita gente boa. Fato é que se trata de um trabalho inovador, seja pela forma como foi gravado, com o estúdio funcionando como um instrumento adicional, novas técnicas de gravação, seja pelo fato de reforçar o formato LP como mais relevante que os singles. Musicalmente, há faixas impressionantes como “With a Little Help from My Friends”, “Lucy in the Sky with Diamonds”, “A Day in the Life” e a belíssima “Within You Without You”.
Davi: Um dos melhores álbuns já criados. LP simplesmente perfeito. Psicodelia na dose certa, sem pender para exageros, composições extremamente melódicas e arranjos extremamente criativos. Os Beatles tinham compositores de mão cheia e tinham total consciência de até onde poderiam ir em seus instrumentos. Muitos criticam a bateria de Ringo Starr, mas quem ouvir com atenção notará que, embora não fosse um virtuose, era um cara extremamente criativo. Paul McCartney era um músico completo. Multi-instrumentista, compositor de mão cheia, excelente cantor. John Lennon não ficava muito atrás, não. Cantava bem pra caramba, compunha bem pra caramba e tocava bem. George Harrison nunca foi muito seguro ao vivo, mas nos discos brilhava. Imagina um time desse trancado em um estúdio, sem pressão e com liberdade criativa. O resultado está aqui. Esse disco não tem filler, mas para não ficar em cima do muro, chamo uma atenção especial para faixas como “Getting Better”, “Lovely Rita”, “A Day In The Life” e a faixa-título. Primeiro lugar merecidíssimo!
Eudes: Problema com esta lista é que não há praticamente mais nada a dizer sobre os álbuns escolhidos. Embora não tenha incluído Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band em minha lista (o disco beatle que escolhi foi Abbey Road, que ficou em segundo na minha lista), dizer o que deste primeiro lugar? Justo! A força simbólica da obra, a influência que ainda não dá sinais de recuar, 52 anos depois, e mesmo os números das vendas e downloads mostram a imensa permanência de Peppe'sr no imaginário popular e a vigência de sua marca, até aqui, indelével na cultura contemporânea. Uma especulação que me ocorre é se o álbum perdurará para além da contemporaneidade, digamos, se em dois séculos ele seguirá sendo relevante como expressão da música de nossos dias. Quer dizer, sobre sua influência em todo este período histórico que vem dos anos 1960 até hoje não há mais nada a ser dito. A questão agora é: ele se tornará clássico no sentido de Bach, Chopin e Beethoven?
Fernando: Cada um pode ter sua percepção sobre o melhor álbum da história. Porém, é difícil não citar esse disco em uma discussão do tipo. Ele não foi só importante por conta da coleção de fantásticas músicas que ele possui, mas também por consolidar o conceito de long player que veio junto desse disco. Era a maior banda da história chegando em seu ponto máximo de criatividade. Merecido o primeiro lugar.
Líbia: Em um “Verão paz e amor”, dia 1º de junho, esse disco chegou aos ouvidos de toda uma geração que mesmo sedenta por coisas novas foi pega de surpresa com essa sonoridade tão mística, indecifrável, rica e fora do comum. O nosso “Capitão Pimenta” pode ser chamado de divisor de águas, pois foi um dos que mudaram a cara da música. É claro que tudo que aqui escrevo já foi comentado com vários tipos de abordagens. As faixas se relacionam, mas se eu fosse apresentar esse álbum a alguém, começaria por “A Day In The Life”, a que fecha o disco. Você começa a escutar e não quer o fim dela, a voz de John Lennon já começa impressionando, a meia orquestra, e os trechos de Ringo nessa música e em todos as outras faixas revolucionou a forma de tocar bateria. Foi um disco que preencheu vários vazios na música. É aquele álbum que você olha e ver o que quer, desde a capa até a sonoridade.
Mairon: Para muitos, este é o melhor disco de todos os tempos. Gosto muito do seu lado A, principalmente as faixas mais “obscuras”, no caso “Getting Better” e “She’s Leaving Home”, mas acho que a história perde-se no lado B, onde “When I’m Sixty-Four”, "Fixing A Hole" e “Good Morning, Good Morning” são uma das coisas mais toscas que já ouvi. Se isso é tosco, não há palavras para definir a chatice de “Being For The Benefit Of Mr. Kite!”, eita trem ruim da porra. Joe Cocker dá um banho na versão de “With A Little Help From My Friends”, certamente a definitiva, e as duas versões da faixa-título não chegam perto do que Hendrix fez. “Lovely Rita” certamente foi ouvida e reouvida pelo trio mutante para compor algumas de suas canções, mas isso não é só daqui. Gosto de “A Day in the Life”, mas não ao ponto de achar ela uma obra prima como muitos enaltecem por aí. E a Sitar de George Harrison em “Within You, Without You” para mim soa tão oportunista como toda a carreira dos Titãs. A versão que os Bee Gees (com convidados como Alice Cooper, Aerosmith e Peter Frampton) de 1978 roda muito mais faceira aos meus ouvidos do que a versão original. Com certeza, para 1967 o álbum deve ter sido revolucionário em termos de composição e gravação, mas não consigo, honestamente, perceber aqui nada mais grandioso do que foi feito em Pet Sounds um ano antes. Entre os discos dos garotos de Liverpool até então, com certeza é o melhor, mas muito longe de fazer por merecer entrar em uma lista de dez melhores da década de 60, ainda mais em primeiro. Mas ok, pelo jeito eu que sou o louco na história.
Micael: Mais uma lista de mais um site musical com o Sargento Pimenta no topo... precisamos mesmo disto? Bem, eu, como nunca fui um grande apreciador da obra dos besouros de Liverpool, digo que não. Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band pode ser o álbum mais importante, o mais influente e o mais inovador disco dos anos 60, mas está longe de ser o melhor, ou sequer de ser o melhor disco dos Beatles. Praticamente qualquer versão de músicas deste álbum que eu conheça (a faixa-título com Hendrix, a magistral versão de "With a Little Help from My Friends" com Joe Cocker, "A Day in the Life" com Jeff Beck - exceção talvez à "Lucy in the Sky with Diamonds", que sempre soa tão horrível quanto sua origem) supera de longe a original, o que é um indicativo da baixa estima que este disco tem junto a mim. Para não dizer que não gosto de nada, "Within You Without You" é maravilhosa, mas até aí é quase uma música solo de George Harrison, não dos Beatles, e isso conta...
Ronaldo: A explosão trazida por Sgt.Pepper's deve-se a uma confluência de novidades embaladas em um único disco. Os Beatles trouxeram a variedade de instrumentação do pop orquestral (que em última instância vem da música erudita), uma pitada de experimentação e um leve apelo conceitual amarrando o álbum, tudo isso temperado com as mãos de "hit-maker" do Fab-Four. Esses elementos, ainda que com um resultado musical bem diferente, estariam presentes em outra revolução sonora que surgiria nos anos seguintes - o rock progressivo, tendo como elemento adicional o virtuosismo trazido por grupos como Nice, King Crimson, Yes, ELP e Gentle Giant. Talvez nem seja o experimento mais bem sucedido ou ousado de fusão desses elementos mas, além de ter sido um dos primeiros, foi feito apenas pela banda mais famosa do mundo na ocasião, o que influenciou todos que vieram depois. Então, todos os louros sejam dados aos Beatles.

2° The Beach Boys - Pet Sounds [1966] (75 pontos)
André: Este também estava perto de entrar na minha lista. Não tenho a mesma louvação que vários de meus companheiros, porém, é incrível o que fizeram aqui. Curioso que eu que não conheço nenhuma banda que foi fazer o seu disco auge no décimo primeiro trabalho, embora naquela época era comum lançarem álbuns anuais (as vezes até dois no mesmo ano). É um disco muito bonito, recheado de camadas e camadas de som e instrumentos diferentes que, de maneira impressionante, se harmonizam muito bem. Que pena que Brian Wilson foi mais uma mente brilhante atormentada pelas drogas. Mas ele garantiu seu lugar ao sol com um dos discos mais louvados que eu tenha conhecimento nessa vida.
Daniel: Pet Sounds é onipresente em listas de melhores discos de todos os tempos. Mesmo não sendo fã do The Beach Boys, é possível compreender a adoração pelo trabalho. É extremamente sólida e palpável, durante a audição, a preocupação com cada detalhe de cada uma das composições, bem como a atenção para cada milésimo de segundo de sua produção. As características harmonias vocais da banda estão ainda mais caprichadas e tenho a percepção de uma certa triste melancolia na sonoridade. Destaco a clássica “Wouldn’t It Be Nice”, a tocante “Sloop John B”, a atmosférica “I’m Waiting for the Day” e a lindíssima “God Only Knows”.
Davi: Gosto muito dos Beach Boys, mesmo, mas nunca consegui entender o culto em torno desse disco. Claro, é um trabalho bacana e muito bem feito. Não dá para dizer que é um disco ruim, longe disso, mas nunca considerei como um dos melhores álbuns do rock. Na verdade, não o considero nem o melhor dos Beach Boys. Prefiro eles antes, com aquela pegada de verão californiano, digamos assim, mais surf rock. Brian Wilson decidiu dar um passo adiante, quis experimentar mais, sair do básico. Louvável, mas para mim, se perdeu um pouco da magia. Existem momentos onde me soa mais um álbum solo dele do que um trabalho dos Beach Boys. Gosto muito da harmonia vocal deles, como ocorre em algumas faixas como “Sloop John B”, característica pouco explorada no disco. A faixa de abertura “Wouldn´t It Be Nice” e o single “God Only Knows” estão entre meus momentos favoritos. Bom disco, sem dúvidas, mas não Brian, você não escreveu o melhor álbum de rock de todos os tempos. Sorry! De 0 a 10, leva um 7.
Eudes: Uma pergunta que faço aos universitários há anos: Pet Sounds saiu no Brasil na época, ou pouco depois de seu lançamento? Na verdade, parece que a discografia dos Beach Boys, como um todo, foi amplamente ignorada no nosso país. Fato estranho para uma banda com tantos hits de sabor popular. Só fui me dar conta do clássico principal da banda quando comecei a ter acesso às poucas publicações musicais do Brasil, ali no fim dos anos 70, sem conseguir ouvi-lo (sim meninos, não havia Internet). Para mim, então, os BBs eram só uma banda pop pouco relevante, muito mal vista nas publicações especializadas. Até hoje, a banda parece um segredo entre amigos no Brasil e nem na era do CD seus discos foram postos a venda no Brasil. Meus discos são todos de uma coleção 2 em 1 importada. Com exceção justamente de Pet Sounds, uma edição nacional de 1990 que comprei em meados dos anos 90 e até hoje está sempre em meu toca-discos. Dizem que Brian Wilson foi impulsionado a compor a coleção de canções que compõe o disco depois da audição de Rubber Soul. Parece que a versão tem fundamento (“Rubber Soul era uma coleção de canções que de alguma forma eram juntas como nenhum álbum já feito antes, e fiquei muito impressionado”, disse Brian Wilson), mas os irmãos Wilson conseguiram a proeza de superar o excelente disco dos Beatles. Não sei nem se a palavra “superar” se aplica, porque Pet Sounds opera em outro nível. Brian concebeu o disco inteiro previamente – ao lado do letrista Tony Asher. A banda compareceu aos estúdios para executar a partitura, por assim dizer. Escrevi num artigo, há tempos, acho que aqui mesmo na Consultoria, que o álbum é uma revolução conservadora. No sentido de que o abalo que Brian provocou com a obra não era produto da pesquisa de novos recursos, da inovação tecnológica, mas da incorporação criativa da grande tradição orquestral estadunidense. E não apenas no uso de instrumentos mais afeitos ao erudito e ao jazz, mas pela estrutura musical em si, que nos dá aquela sensação de absoluta novidade e absoluta familiaridade. E, meus amigos, tem as canções. Ah, as canções...
Fernando: Dizem que quando os Beatles lançaram o Revolver, Brian Wilson se fechou no estúdio para tentar superar outra obra prima da banda de Liverpool. Acredito que Pet Sounds até superou mesmo esse álbum dos Beatles, mas o problema foi quando lançaram o número um dessa nossa lista. Brian Wilson acabou ficando pirado. Pet Sounds é tão bom que a versão que eu tenho com as versões em stereo e mono na sequencia me faz sempre ouvir tudo duas vezes.
Líbia: Os meados dos anos 60 tiveram grandes lançamentos, cada disco que você escuta dessa época você diz coisas do tipo “Esse mudou toda a música!”. O pessoal andava engajado em lançar uma coisa mais grandiosa que a outra e quanto mais diferente e inovador mais satisfeitos estariam. E resumindo, criatividade é liberdade. Esse álbum é simplesmente perfeito do início ao fim, sem pular nenhuma faixa. Na primeira audição você reconhece que há algo significativo ali. Há uma sensibilidade tão ímpar que deve escuta-lo inteiro para senti-lo e entende-lo. “Wouldn't it be nice”, “That's not me”, “God Onlys knows” e “I know there's an answer” são minhas favoritas, mas deve escuta-lo inteiro para a experiencia ficar completa. Brian Wilson alcançou seu objetivo se colocar esse disco na história do rock, abrindo vários caminhos para a música no geral e até hoje segue no topo da lista mundial.
Mairon: Pet Sounds não estar na primeira posição dessa lista é vexatório. Tudo o que o disco representou em 1966, sendo inclusive responsável direto pela criação do primeiro lugar. Afinal, o próprio Paul afirmou que nenhuma formação musical é construída sem ter ouvido o álbum, ouvindo-o tanto que as vezes passava 10 horas seguidas sentado apreciando as letras e melodias do LP. Composições do calibre de “Don't Talk (Put Your Head On My Shoulder)”, “God Only Knows”, “Here Today”, “I Just Wasn't Made For These Times”, “I Know There's An Answer” e “Would it be Nice” são a nata da nata feita na música pop nos anos 60, e melhor do que todo o resto dessa lista. Adicione a isso o arranjo de “Sloop John B” e “That's Not Me”, as vocalizações primorosas de “I'm Waiting For The Day” e “You Still Believe In Me”, a provocante “Caroline, No” ... Fecham as instrumentais “Let's Go Away For Awhile” e “Pet Sounds”. Um dos melhores discos de todos os tempos. Brian Wilson criando melodias e harmonias impressionantes, jamais ouvidas até então e jamais igualadas posteriormente. Um trabalho árduo, longo e de extrema dedicação, feito com todo o amor que o álbum prega. Por isso, todos que o ouvem são unânimes em admirar aquilo que é transmitido pelo grupo norte-americano. Inclusive os críticos musicais, há mais de 50 anos, garantem a sobrevivência deste disco sempre tecendo elogios amplamente qualificados para a obra-prima da década de 60, e principal influência para diversos grupos. Falei mais sobre ele aqui e aqui
Micael: Assim como no caso de The Piper at the Gates of Dawn, pode-se dizer que este é um álbum de Brian Wilson, não dos Beach Boys. E, assim como acontece com Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, é mais um registro, a meu ver, superestimado, embora eu goste muito mais deste do que daquele. Nunca consegui entender direito este disco, o acho “meloso” demais, com Brian se queixando demais da vida boa que levava e praticamente rompendo com o estilo e os temas adotados pela banda até então. "Wouldn't It Be Nice", "God Only Knows" (“a melhor música já criada”, segundo Paul McCartney) e "Caroline, No" são fantásticas, sempre gostei do ar de ingenuidade que "Sloop John B" carrega em seu complicado arranjo, e " I Know There's An Answer" é sempre merecedora de elogios, mas é outro disco que, para mim, mereceria estar na lista de “mais importantes”, não na lista de “melhores”. Pelo menos, é extremamente agradável de ouvir!
Ronaldo: A sinfonia pop perfeita. O talento de Brian Wilson como compositor e arranjador é inquestionável e a companhia de seus colegas de banda nos vocais torna esse trabalho absolutamente peculiar, uma coisa única na história da música contemporânea. É música que está dentro das cercanias do rock, mas que busca traduzir, através de uma melancolia suave, algo que o próprio rock raramente consegue oferecer.

3° King Crimson – In the Court of the Crimson King [1969] (71 pontos)
André: Pessoal vai querer me apedrejar, mas dentre os muitos gigantes progs britânicos setentistas, o King Crimson é o que menos me atrai. Outras bandas até mesmo muito menores tem mais a minha atenção. O fato de Robert Fripp ser também radicalmente louco por causa de seus direitos autorais também não ajuda a ter uma simpatia por eles (não se surpreendam se de repente a capa do disco aqui do nosso site desaparecer após recebermos um e-mail dele ou de seus advogados com ameaças de processo por uso de imagem), mesmo que nós sejamos um site nanico do qual não ganhamos um centavo por ele. Falando da música, sim, tenho admiração principalmente pelas habilidades guitarrísticas de Fripp, mas mesmo seu maior clássico não me prende a atenção tanto quanto todos os outros progs que virão na lista da década de 70, já prevendo o que entrará. Admiro seus integrantes individualmente quando participaram de outras bandas e projetos, mas não aqui.
Daniel: In the Court of the Crimson King pode ser considerado como uma pedra fundamental para a incipiente vertente do rock progressivo que estava surgindo naquele momento. Boa parte dos elementos os quais se tornariam presença constante nas principais obras do estilo progressivo, durante os anos seguintes, apareceram presentes no álbum. Enfim, muito à frente de qualquer outro álbum desta lista – e de outras mais – o disco de estreia do King Crimson é forte candidato a melhor disco de todos os tempos. E a cada audição isto fica ainda mais óbvio, ao menos, para mim.
Davi: Banda cultuadíssima, com músicos de primeiríssimo time, mas que faz um som que não é dos mais fáceis. Se fosse para recomendar um álbum como porta de entrada, contudo, indicaria esse aqui mesmo. Sem dúvidas, o seu álbum definitivo. Há, ao menos, duas grandes músicas aqui: “21st Century Schizoid Man”, dona de um excelente riff, trabalho de bateria matador e uma jam alucinante, e “The Court of Crimson King”, faixa com uma construção simplesmente perfeita. Outra que gosto muito é “I Talk To The Wind”, uma balada lindíssima que carrega uma dose de psicodelia. Se tivessem deixado “Moonchild” de fora, o álbum seria perfeito.
Eudes: Uma das experiências mais memoráveis e bizarras que tive na vida foi a primeira vez em que ouvi "21st Century Schizoid Man", há uns 43 ou 44 anos atrás, no alto da ignorância dos meus 15 anos. O peso insuportável, a dinâmica jazzística, os breaks quebra pescoço, os vocais com filtro “telefônico”... my god, o que era aquilo? Mas a experiência só se completava com o abrupto contraste de "I Talk To The Wind", que emendava, sem tempo para respirar, na primeira faixa, com uma suavidade igualmente esmagadora. Aliás, até hoje, acho que não faz sentido ouvir as duas faixas separadamente. As maravilhas que o formato LP proporcionava, né? De passagem, alguém pode explicar porque Michael Giles não é considerado um dos maiores bateristas do rock (ou mesmo do jazz)? A partir daí, o ouvinte é levado por paisagens sonoras pouco usais, uma odisseia fortemente centrada no ambiente. A viagem pelas suítes "Epitaph", "Moonchild" e "The Court of the Crimson King" não tem volta. Embora eu seja fã de todas a inúmeras variações musicais que marcaram a trajetória da banda, ainda acho que este primeiro disco é uma síntese antecipada do conjunto da história futura. Uma pedra fundamental da música popular moderna.
Fernando: Esse é um dos meus discos preferidos de todos os tempos. Difícil até falar sobre o mesmo pois gosto de absolutamente tudo nele. Mesmo “Moonchild” que alguns como um ponto baixo. A banda mudou tanto durante sua história, mas é impressionante o quanto Greg Lake se tornou um símbolo do grupo e ele só gravou esse disco. Mas vejam, compreensível, já que ele fez um trabalho excepcional. Se é ou não o pontapé inicial do chamado rock progressivo é algo irrelevante. O importante é que se tornou um padrão para a crescente onda musical que estava surgindo.
Líbia: Sem dúvidas um disco de estreia e tanto! Já começando com a empolgante “21st Century Schizoid Man”, ela começa com um suspense e logo vem todo um monumento musical. Você se apaixona nesse exato momento pela banda. Não há economia de experimentação, os saxofones e o baixo tiveram um dos seus maiores destaques no rock.
O álbum apresenta uma combinação de momentos densos, relaxantes e lindos. Em “Epitaph” temos o maravilhoso vocal de Greg Lake, que faz você olhar para dentro de si de alguma forma, tornando uma música de beleza ímpar. A faixa “The Court of The Crimson King” finaliza lindamente esse álbum, com seus 10 minutos trabalhados magnificamente e tem um dos mais belos solos de flautas desse mundo. Quando se trata de rock progressivo tudo é possível, e King Crimson abriu muitos caminhos com esse obrigatório álbum.
Mairon: Fiquei muito surpreso quando esse disco foi o primeiro de 1969, e ainda mais surpreso de vê-lo aqui na lista de Melhores dos anos 60. A estreia de Fripp e cia. é uma inegável coleção de maravilhas prog, da qual a que mais reluz é “Epitaph”. Que música fantástica, andamento arrasadoramente depressivo, mas lindo, e a interpretação vocal de Lake é para matar a pau.Discordo de quem afirma que “21st Century Schizoid Man” é uma precursora do heavy metal. Ali estão as mais furiosas notas de um jazz rock promissor, que a primeira geração do Crimson sabia tocar como ninguém. Outra maravilha é “The Court of the Crimson King”, com o mellotron mandando ver. A delicadeza da flauta de "I Talk to the Wind" e as endiabradas maluquices de Robert Fripp em "Moonchild" (faixa bem aquém de toda a grandeza do disco) encerram um disco atemporal. Deve ter sido algo totalmente surpreendente ouvir isso em 1969, pois não há casos similares antes na música pop mundial. Não é o meu preferido do King Crimson, quiçá de 1969, mas que é um baita disco, e tem uma relevância gigante quanto a burrice de certo presidente da América do Sul, ah isso tem.
Micael: O recentemente cinquentão álbum de estreia do King Crimson é um dos pilares do rock progressivo, à época ainda praticamente nascente, mas que teve muito de sua “cartilha” escrita nos sulcos deste LP. Não é meu registro favorito do grupo (Red ocupa esta posição) por causa da segunda parte de "Moonchild", faixa que ainda hoje, depois de centenas de audições, ainda tenho dificuldades de entender, mas está no Top 3 da banda para mim. Mesmo que muitos se prendam à virulência e agressividade de "21st Century Schizoid Man", é nos momentos mais contemplativos e melodiosos do disco que a verdadeira beleza deste álbum se revela. A histórica apresentação do grupo no Rock In Rio de 2019 teve apenas oito músicas executadas, sendo que três eram deste disco. Deve querer dizer alguma coisa, certo?
Ronaldo: Nesse disco separam-se os homens das crianças. Foi o casamento definitivo da maturidade instrumental do rock com toda aquela atmosfera experimental e exploratória do rock do fim dos anos 60, tentando traduzir uma ampla verve cerebral para dentro de um estilo que até então era música pra chacoalhar o corpo ou os cabelos. O disco é dramático, intenso, sufocante, hipnótico e melancólico até a medula, com uma interpretação instrumental que permanece intactamente embasbacante ao longo desses 50 anos.

4° Led Zeppelin – Led Zeppelin II [1969] (66 pontos)
André: A diferença é bem pouca do meu gosto entre o primeiro e o segundo. Mas a segunda tem uma canção que não gosto muito que é a balada "Thank You". Considerando que eu também escolho apenas um disco de cada banda, aí optei por votar no primeiro. Mas tirando esta faixa, o restante segue em um nível altíssimo. "Whole Lotta Love", "The Lemon Song", "Ramble On", "Moby Dick" são grandes músicas desta banda com uma discografia tão brilhante.
Daniel: É difícil comentar sobre um álbum, que já foi dissecado incontáveis vezes, sem soar repetitivo. Prefiro ressaltar que este disco é a aula pioneira sobre o Hard Rock setentista, pois contém, em doses cavalares, tudo aquilo que seria repetido à exaustão na década seguinte. Brilhante, empolgante, extasiante… enfim, um álbum memorável em todos os sentidos.
Davi: Quando alguém surge com um álbum foda logo de cara, cria-se uma expectativa enorme para o trabalho seguinte e, infelizmente, muitas vezes dá uma frustrada. Não é o caso aqui. Os caras conseguiram dar um passo adiante e fizeram um LP perfeito novamente. John Bonham dá aula de bateria em faixas como “Whole Lotta Love” e “Moby Dick”. Jimmy Page deixava claro que era um dos maiores riffmakers de todos os tempos em canções como “The Lemon Song” e “Heartbreaker”. Robert Plant se destaca em “Ramble On” e “Bring It On Home”. Trabalho simplesmente impecável.
Eudes: Poucos meses após o lançamento do disco de estreia e fruto de um processo pouco ortodoxo de composição e gravação, em meio a intermináveis turnês, apresentações em rádio e TV e compromissos publicitários, sai Led Zeppelin II. A julgar pela excelência do primeiro álbum, havia pouco a esperar de um novo disco da banda. O que mais, em tão pouco tempo, poderia sair de novas gravações? E, inusitadamente, o novo disco representava uma improvável evolução em relação à estreia. De repente, o primeiro disco passou a soar como um fundamento sólido para a decolagem das faixas de II. O blues na sua dimensão mais formal aparece como background do som do Led, que se aventura em direções diversas, do namoro com a colagem sonora sobre base tradicional, de "Whole Lotta Love" (um dos riffs de guitarra mais simples e reconhecíveis da história) à aerodinâmica que quase antecipa o soul da Philadelphia em "What Is and What Should Never Be", da delicadeza de "Thank You" ao estrondo de "Heartbreaker", da vitalidade sexual adolescente de "Living Loving Maid (She's Just a Woman)" à fusão de bebedeira comatosa e ressurgência elétrica de "Bring It On Home", um velho blues de Willie Dixon. Em suma, meu disco predileto dos anos 1960 e que, no que pese as maravilhas que a banda produziria entre 1970 e 1973, só seria superado pelo melhor disco da história, Physical Graffiti (1975).
Fernando: O fato de ter dois disco do Led Zeppelin numa lista dessa pode parecer exagero. Eu mesmo, pensando na inclusão de outros nomes, poderia ter deixado esse segundo disco de fora, mas o repertório desse disco é tão forte quanto o primeiro e, até pelo pouco tempo de gravação entre um e outro, consegue manter a unidade do material muito coeso.
Líbia: Muito conhecido como “O álbum mais pesado” da banda, um disco ainda muito ligado ao blues rock, porém muito mais pesado com guitarras mais altas e distorcidas. Em “Whole Lotta Love” está um dos riffs mais marcantes do Jimmy Page. Em “The Lemon Song” temos um dos melhores trabalhos de contrabaixo de John Paul Jones, além de excelentes performances da guitarra e bateria com viradas fenomenais de Bonham. Led Zeppelin II é uma verdadeira aula de música e instrumentação com riffs de guitarra cheios de alma de Jimmy Page, canções bem construídas para os vocais apaixonantes de Robert Plant, em cima da coesão rítmica da bateria de John Bonham e o baixo perfeito de John Paul Jones nos envolvem.
Mairon: Se com o seu primeiro disco o Led mostrou que vinha forte, com Led Zeppelin II isso foi comprovado definitivamente. Plant, Page, Jones e Bonham desbancaram Stones e Beatles, e cravaram seus nomes no patamar mais alto da história da música. A partir daqui, o quarteto passou a voar solenemente acima de todos os demais. As experimentações de "Whole Lotta Love", o jogo de luz e sombra das lindas "Thank You" e "Ramble On", as recriações sensacionais para os blues animalescos de "Bring it On Home" e "The Lemon Song", os solos extravagantes e ousados de Page ("Heartbreaker") e Bonham ("Moby Dick)", as curtinhas mas grudentas "Living Loving Maid (She's Just a Woman)" e "What Is And What Should Never Be" fazem Led Zeppelin II passar tranquilo pelas suas caixas de som, como todo grande álbum deve ser. O Led ser a única banda a emplacar dois discos, ao menos nessa lista, mostra que os caras eram acima da média mais alta das bandas daquela década. E tenho certeza que em nos anos 70 no mínimo mais dois discos devem aparecer. Não há outra palavra a não ser PARABÉNS para o quarteto britânico, ou melhor, OBRIGADO por terem criado tanta música boa!
Micael: Em minha opinião, o Led conseguiu superar sua bela estreia poucos meses depois de seu primeiro registro completo chegar ao mercado. Mais pesado, mais impactante, mais sensível (ouçam "Thank You" sem se emocionar e confirmem sua incapacidade de ter sentimentos), mas ainda mantendo um pezinho firme no blues, II é um dos grandes discos de uma das grandes bandas da história. Simples assim!
Ronaldo: Pra mim é particularmente difícil escrever sobre esse disco, porque eu simplesmente o acho o melhor disco de rock de todos os tempos. Minha visão sobre esse disco é absolutamente turva e enviesada e não tenho como tentar convencer mais o leitor sobre isso, porque simplesmente é o melhor de todos.


5° The Who – Tommy [1969] (59 pontos)
André: Foi com dor que tive que cortar este disco radiante de minha lista. Mas fico muito feliz que tenha entrado. Não tem como não ficar espantado com o capricho que o The Who teve com essa obra e com estas canções. Pioneiro em complexidade e superprodução, a banda não decepciona e o lado A do primeiro disco é o que mais gosto. "1921" e "Amazing Journey" são as minhas favoritas do disco embora os outros lados eu também destaque "Underture" e "We're not Gonna Take it". Eles tem que mesmo se abraçar na bandeira do Reino Unido como sempre fizeram, porque só uma nação grandiosa como essa soltou tantas bandas incríveis e tantas músicas marcantes nessa década de ouro.
Daniel: Embora não seja o meu álbum preferido da banda, é fácil entender a presença de Tommy nesta lista. Um disco duplo, recheado de clássicos do calibre de “Pinball Wizard” e “We’re Not Gonna Take It”, por exemplo, não tem como não ser exaltado. Trata-se de uma ópera rock, de enredo interessante, recheado de arranjos memoráveis e composições que marcaram a história do rock. Presença justíssima.
Davi: Matador! Essa é a melhor palavra para definir esse disco. Assim como acontecia no Led, o The Who tinha um time perfeito. Um músico melhor do que o outro. Keith Moon é outro que considero como um dos melhores bateristas de todos os tempos. Mas, em se tratando de The Who, é preciso mencionar a figura de Pete Townshend. Além de ser um exímio guitarrista e um bom cantor, o cara é um baita de um compositor. E foi exatamente da mente dele que nasceu o Tommy. Provavelmente, a melhor ópera rock que já foi criada. O texto é inteligentíssimo, o repertório é impecável. Apesar de ser um álbum duplo, o trabalho não é cansativo. Pelo contrário, nem sentimos o tempo passar. Os grandes destaques ficam por conta de: “Overture”, “Amazing Journey”, “Christmas”, “The Acid Queen”, “Pinball Wizard”, “Go To The Mirror” e “We´re Not Gonna Take It”.
Eudes: Tommy é a invenção da ópera-rock, gênero que foi exercido com sucesso praticamente apenas pelo Who. A grande parte de outras tentativas soaram apenas pretensiosas e/ou constrangedoras. Claro que a ópera popular, essa tradução da velha arte lírica para a cultura pop não foi inventada por Pete Townsend, já era sobejamente conhecida na esfera da música norte-americana (Porgy and Bess, por exemplo), mas nunca havia sido testada em linguagem rock. O segredo da habilidade do Who para o gênero, que repetiria (para alguns, até com mais inspiração) a empreitada em Quadrophenia, está na verdade na destreza para compor e executar canções de extrema energia e excelência melódica, que a banda já praticava com um que de genialidade nos seus discos anteriores, mas agora costuradas por meio, não só de um único tema, mas por uma competente equação orquestral. Tá certo, que a história contada é meio besta, marcada por um certo tom messiânico da época, mas não é isso que na verdade dá o tom da obra, mas a compacta massa sonora armada sobretudo por Pete Townshend e executada com exímia habilidade pela banda. Uma obra essencial para entender o que se passava no lendário final dos anos 60.
Fernando: Depois desse disco mais um termo se popularizou na cena musical: a ópera rock. Com uma história até um pouco confusa – só fui entender mesmo depois de ler o conceito explicado – trouxe para o mainstream algo que já havia acontecido algumas vezes com outro conjuntos, os discos conceituais. Era o rock se aproximando da arte ou a arte chegando próximo do rock.
Líbia: Confesso que minha primeira audição dessa ópera-rock foi com lágrimas nos olhos já nos primeiros minutos instrumentais da faixa que abre o álbum, “Overture”. E não estou exagerando. Essa faixa é uma grande junção das melodias que vão servi de base das músicas do álbum. “Amazing Journey” é um dos grandes destaques do disco, e é onde já sabemos porque o Tommy é um garoto “cego, surdo e mudo”. A capacidade de Pete Townshend de construir uma longa narrativa conceitual trouxe novas possibilidades ao rock. E apesar da complexidade do projeto, The Who não perdeu de vista as sólidas melodias, harmonias e instrumentação vigorosa, resultando em um material com uma graça adequadamente poderosa.
Mairon: A segunda ópera rock de Pete Townshed até hoje permanece como uma das mais importantes, junto com The Wall (1979), do Pink Floyd. Musicalmente, acho o disco um pouco cansativo, com ótimos momentos (“Overture”, clássico dos clássicos, “Underture”, “Sparks”, “I’m Free”, “Go To The Mirror!” e “We’re Not Gonna Take It”) e outros que, apesar de importantes para a história, não me agradam muito (“1921”, “Pinball Wizard” . Meu preferido do The Who é outra ópera-rock Quadrophenia (1973), um disco mais sério e com uma história muito boa, apesar de, em termos de letras, Tommy ser praticamente perfeito, e ao vivo, podadinha, funcionar que é uma beleza. Não votei nele, mas assim como o 1° lugar, creio que eu que devo ser o maluco na história. Ao menos admito que as versões que foram feitas no filme homônimo não superam o original, diferente para o que ocorre com o disco dos caras de Liverpool.
Micael: “Ouça este disco com uma vela acesa e ele lhe mostrará o futuro”, escreveu a irmã do protagonista do filme Quase Famosos ao fugir de casa e lhe deixar sua coleção de LPs. A ópera rock por excelência me conquistou primeiro por suas versões ao vivo (nos registros ampliados gravados em Leeds e na Isle of Wight), e demorei anos para conhecer a versão de estúdio desta obra prima, a qual, é claro, não me decepcionou. Coloquei este disco no primeiro lugar da minha lista, pois o considero uma obra prima, algo a ser escutado na íntegra, com pouquíssimos ou nenhum “tapa-buracos” preenchendo os sulcos do vinil duplo. A hoje famosa história do garoto “cego, surdo e mudo” virou filme, musical da Broadway e foi adaptada e interpretada ao vivo diversas vezes, mas sua força nunca se perdeu nestes mais de cinquenta anos. Clássico.
Ronaldo: Nem sempre o pioneiro em algum assunto é quem realmente leva a fama. Assim como as experiências dos Beatles em Sgt. Peppers não foram exatamente inéditas quando lançadas, o mesmo se aplica ao Who em Tommy. Mas a diferença entre o como é feito e quem fez (se esse alguém, por mérito anterior, já for famoso) faz toda a diferença. É a ópera-rock definitiva e nem o próprio Who conseguiu lançar algo melhor nesse formato.


6° The Jimi Hendrix Experience – Are You Experienced? [1967] (56 pontos)
André: Já tive minhas épocas de não ligar muito para os trabalhos de Hendrix que, felizmente, ficaram no passado. Mais um sujeito de vida curta que influenciou uma porrada de bandas que gosto tanto e que deixou aqui um grande registro sonoro. Só talvez minha reclamação fique em relação ao foco excessivo da crítica em cima da louvação à Hendrix quando se tem um Mitch Mitchell e um Noel Redding fazendo chover na bateria e no baixo, respectivamente. Eles são um trio e este trio fez um disco excelente, tenho dito!
Daniel: Para mim, é outro dos melhores discos de todos os tempos. Penso que o Rock pode ser dividido em antes e depois de Hendrix. Já havia riffs e solos de guitarras antes, mas não com o feeling e o talento únicos de Jimi – o maior expoente e responsável por transformar a guitarra no símbolo do Rock e tirá-la de uma posição de instrumento de acompanhamento para ser a protagonista do estilo. “Manic Depression”, “Red House”, “Fire” e “Foxy Lady” são exemplos destas afirmações.
Davi: Excelente trabalho de estreia de um dos guitarristas que ajudaram a definir a estética do rock n roll. Os músicos que estavam por trás também eram espetaculares. Eu sou baterista e sempre admirei muito o estilo do Mitch Mitchell. Claro que Hendrix era a figura central aqui, mas os caras são tão feras que é impossível ignorá-los. Lançado na era da psicodelia, o disco traz alguns momentos experimentais como ocorre com a faixa título, mas claro que na obra do cara, as músicas onde as guitarras ficam na cara são o ponto alto. O repertório é tão bom que o LP parece uma coletânea. A trinca inicial com “Purple Haze”, “Manic Depression” e “Hey Joe” comprova isso. Outros momentos de destaque ficam com “Foxey Lady”, “Stone Free”, “Red House” e a linda balada “The Wind Cries Mary”.
Eudes: Estamos diante de um álbum que traz em seu repertório, entre vários outros, clássicos do tamanho de "Purple Haze", "Hey Joe" e "The Wind Cries Mary", faixas que estão incluídas entre as 500 melhores canções já gravadas da Rolling Stone. Só para a gente ter a proporção do que estamos falando. Não é à toa que Reuben Jackson, arquivista do Smithsonian Institution escreveu: "ainda é uma gravação histórica, porque é do rock, R&B, blues ... da tradição musical. Alterou a sintaxe da música ... de uma maneira que comparo a Ulisses de James Joyce”. Esta alteração da sintaxe, contudo não se expressa num disco de música progressiva ou estritamente experimental. The Jimi Hendrix Experience era uma banda de rock. Toda a experimentação é filtrada aqui em faixas feitas para o rádio, na forma, como alguém já disse sobre o rock dos anos 60, de pequenas sinfonias de 3 ou 4 minutos. O concentrado experimental e subversivo dos arranjos e da execução de Hendrix está entranhado em canções perturbadoras, mas perfeitamente audíveis pelo ouvinte comum de rádio. Enfim, em seu álbum de estreia, a banda de Jimi Hendrix cria o protótipo do clássico do rock e da música popular. Original, subversivo, fundador!
Fernando: É difícil analisar hoje sem a perspectiva da época o quanto isso impactou o mundo do rock, principalmente pela questão do uso das guitarras. Hoje apenas podemos repetir o que ouvimos durante décadas, mas eu queria ter vivido esse impacto. Após 50 anos a técnica utilizada nem impressiona muito e imagino que o Clapton já mostrava algo parecido há mais tempo. Eu tenho os três disco lançados por Hendrix, gosto deles, mas nunca tive vontade de me aprofundar nas milhares de gravações lançadas postumamente. Talvez com elas eu tivesse uma noção maior da importância de Hendrix.
Líbia: Você pode estar em um lugar aonde não conhece ninguém, mas se colocam para tocar as conhecidas “Purple Haze”, “Hey Joe”, “Foxey Lady” logo se sentirá em casa. Cito essas três porque sem fazer esforço foram das primeiras músicas desse ícone da guitarra que passaram pelos meus ouvidos. Hendrix conseguiu unir o Blues, Psicodelia, Soul e Funk com maestria, tornando o seu som um dos mais originais e inovadores. Assim ele se tornou um ídolo até mesmo de grandes guitarristas. Foi mais um grande disco de 1967, ano de lançamentos históricos, mas Are You Experienced? deixou muitos de joelhos. O destaque dele naquele ano foi constante e hoje podemos ver como um disco atemporal. "Manic Depression" com seus riffs insanos e bateria ainda mais. "Fire" é realmente incendiária, iniciando com um riff surpreendente. "The Wind Chies Mary" é uma exibição simples e bonita do lado mais suave de Hendrix. Após o lançamento, Jimi Hendrix fez muita gente querer aprender a tocar guitarra e entender como funcionava toda aquela complexa magia.
Mairon: Se Hendrix tivesse gravado só esse álbum, já seria o suficiente para ser o que ele se tornou. A inovação das guitaras elétricas com certeza pssa por Are You Experienced?, basta ouvir os solos dilacerantes de "Manic Depression", as experimentações de "May This Be Love" ou a delicadeza de "The Wind Cries Mary". Para apresentar Hendrix a um desconhecido de sua obra, é só largar "Hey Joe", "Purple Haze" ou "Foxey Lady" que certamente a pessoa irá ligar o nome a obra. Fora que a cozinha de Mitch Mitchell e Noel Redding é igualmente competente e fudidaça, vide "Fire" e seu ritmo avassalador, ou o vigor de "I Don't Live Today". Mesmo com canções menos inspiradas, no caso "Remember" (versão inglesa) "Love Or Confusion" e "May This Be Love", a estreia de Hendrix é um apanhado de canções que viraram referências para a guitarra a partir de então. Antes de Hendrix, a guitarra era apenas um instrumento de acompanhamento. Depois de Hendrix, a guitarra virou o símbolo do rock ‘n’ roll. A faixa-título deve ter dado uma trabalheira do caralho para gravar, mas o resultado é uma das mais majestosas canções de toda a obra do Deus Negro. “Third Stone from the Sun” (QUE QUE É ISSO?? - Maria Do Rosário Mode On), a sensacional revisão para “Red House” ou a paulada "Can You See Me" (essas três na versão britânica, assim como o nome corrigido de "Foxy Lady") são outros ápices de um ótimo disco, que deve ser apresentado para qualquer menino com vontade de ser músico. O melhor disco de Hendrix, cujas faixas ao vivo ganhavam ainda mais vigor, historicamente essencial, e justíssima sua entrada nesses dez mais, apesar de eu não tê-lo mencionado.
Micael: A estreia do The Jimi Hendrix Experience mostra o surgimento do maior, mais influente, mais inovador e mais importante guitarrista da história do rock. É impressionante ouvirmos gravações de Hendrix dois anos antes, como músico acompanhante de artistas como Curtis Knight ou Little Richard, e vermos o quanto ele evoluiu em tão pouco tempo se comparados aos registros feitos para este LP. Seja em sua versão original inglesa, quanto em sua versão alterada norte-americana (a qual colocou os singles de sucesso no track list em lugar de algumas faixas “menores” aos olhos da gravadora), Are You Experienced? é um álbum essencial, que serviu também para revelar ao mundo um dos maiores bateristas daquela década, o genial e quase sempre menosprezado Mitch Mitchell, o qual, por estar “atrás” de um ser alienígena que veio a este mundo mudar a história da guitarra elétrica, na maioria das vezes acaba não recebendo todos os louvores e elogios que merece. Mais um disco essencial desta lista, obrigatório a todo aquele que sonha, um dia, tocar alguma passagem que seja nas seis cordas da guitarra. Só não vale desistir da ideia depois da audição, coisa que chegou a passar pela cabeça do próprio Eric Clapton depois de assistir Hendrix pela primeira vez. Se nem “Deus” deu conta de competir com Jimi, que somos nós, pobres mortais, para tentar?
Ronaldo: Uma revolução em forma de disco, tanto pela forma quanto pelo conteúdo. Foi um disco que, ao amplificar a potência dos instrumentos e a postura dos instrumentistas, permitiu que o rock fizesse mais com menos. Ou seja, era mais força musical com menos gente no palco - o formato power-trio. Musicalmente trazia músicas sem refrão, com uma insanidade virtuosa na guitarra, levadas pouco convencionais de bateria como algumas das muitas inovações trazidas por este disco. Divisor de águas para o rock e para a guitarra elétrica.

7° The Doors – The Doors [1967] (50 pontos)
André: Não sou grande fã do The Doors mas é claro que preciso reconhecer suas qualidades. Certo que a figura de Jim Morrison se tornou muito mais messiânica do que eu creio que deveria, mas sim, os caras fizeram este primeiro disco a frente do seu tempo e com arranjos bem originais. Talvez seja a falta do baixo (que existe de maneira discreta, servindo apenas para reforçar o órgão de Manzarek), meu instrumento de rock favorito. Por questão de gosto meu mesmo, não tenho aquela admiração pela discografia deles, mas entendo que coloquem este primeiro disco em alta conta. Mas eu sou esperançoso e me conheço: este álbum vai, um dia, ser apreciado por mim daqui talvez uma década e eu vou ficar com aquela cara de "como foi que eu desprezei isso por tantos anos?".
Daniel: Uma obra-prima do Rock Psicodélico. A voz de Jim Morrison, a guitarra de Robby Krieger e o órgão de Ray Manzarek se entrelaçam em uma simbiose única, produzindo músicas memoráveis como “Break On Through (To the Other Side)”, “Soul Kitchen”, “Twentieth Century Fox” e as clássicas “Light My Fire” e “The End”. Um álbum único e espetacular, que marcou a carreira do conjunto para a eternidade.
Davi: Acho esse álbum absurdo. Lembro que até indiquei esse disco em um dos Consultoria Recomenda. O que disse naquela época, mantenho. A sonoridade deles já estava mais do que definida quando entraram no estúdio para fazer o registro. Tem artista que demora alguns anos até criar sua identidade. Não era o caso deles. O instrumental era fantástico. Jim Morrison além de ser um excelente letrista, era um ótimo cantor e um excelente frontman. As apresentações dos caras eram uma verdadeira catarse e, muitas vezes, suas atitudes chamavam mais a atenção do que as jams que os músicos realizavam quando estavam em ação. O repertório desse primeiro LP é impecável e traz grandes clássicos do rock como “Light My Fire”, “The End”, “Break On Through” (com uma levada de bateria inspirada na bossa nova), além de várias músicas que são consideradas clássicos entre os fãs do grupo como as belíssimas “The Crystal Ship” e “Take As It Comes”. Audição obrigatória.
Eudes: Não sou particularmente fã dos Doors, mas também não sou terraplanista para negar a importância e influência da banda que a credenciam a estar corretamente nesta lista. O primeiro disco da banda é outro que só ouvi na idade adulta. Não estava no meu menu da época de adolescência. Os Doors estavam bastante centrados numa tradução da poesia americana clássica, bem como da literatura da época beatnik, para a música pop, inclusive com a proximidade física de vários expoentes desta escola poética com a banda e, em especial, com Jim Morrison. Mas The Doors é um disco de rock, e nesse campo é um álbum muito bom. Sua fusão de som pesado com um fraseado de órgão e guitarra minucioso e delicado, na base de uma seção rítmica que passeava do blues à bossa nova produzia uma sensação de novidade a ouvidos roqueiros. No mais, o que dizer de um álbum que começa com "Break On Through (To the Other Side)" e termina, vejam só, com "The End", passando por "The Crystal Ship", "Light My Fire", pelas versões para "Alabama Song (Whisky Bar", de Brecht e Weil, e "Back Door Man", de Willie Dixon?
Fernando: Esse é talvez o disco que menos ouço dessa lista. Não por que não gosto da banda, mas por conta dessa ser uma das poucas que tenho costume de ouvir coletâneas e não álbuns específicos. Porém, analisando seu set list, é quase uma coletânea mesmo.
Líbia: The Doors é um álbum extremamente essencial e um dos mais influentes da banda. Lançado em 1967, ano de grandes lançamentos no mundo, a banda começava a impressionar as pessoas com essas 11 faixas, e certamente foi uma estreia de respeito. Vou comentar aqui minhas impressões de algumas músicas desse grande álbum. “Break on Through” é um dos maiores hits, muitos já nasceram familiarizada com ela. A calma “The Crystal Ship” é minha música favorita do disco, acho que devo ter uma atração por melancolia. Gosto da forma como ela é levada tanto nos instrumentais quanto nos vocais de Jim. Em “Alabama Song” temos um órgão sendo executado de forma extraordinária. “Light my fire” uma das melhores apresentadas em shows e essa música é um dos mais significativos feitos da história do rock. “The end”, a última faixa progressiva e marcante. Não precisa de nada para viajar nesse som.
Mairon: The Doors é um dos grandes álbuns de estreia em todos os tempos no rock mundial, servindo fácil como uma coletânea de clássicos para apresentar a banda a alguém que não a conheça. São ao menos três grandes clássicos: “Break on Through (To The Other Side)”, na qual somos apresentados a potência do órgão de Ray Manzarek; “Light My Fire”, a balada criada por Robbie Krieger e totalmente readaptada para uma interpretação inesquecível de Jim Morrison; e "The End”, trilha sonora de filmes e séries que narram a psicodelia sessentista, fundamental de ouvir ao menos uma vez na vida para qualquer um que aprecie rock. Unem-se a os clássicos as faixas “I Looked At You”, “Soul Kitchen” e “Twentieth Century Fox”, com levadas agradáveis, a voz adocicada de Morrison chapando o ouvinte e apropriadas para pular pela casa, e as pérolas escondidas “End of the Night” e “Take it As it Comes, as quais foram conquistando o espaço no coração do fã com o passar dos anos. Como não se comover com a baladaça “The Crystal Ship”, cantar totalmente embriagado com os amigos “Alabama Song / Whisky Bar”? Há de se aplaudir também a bela recriação dos garotos para “Back Door Man”, de Willie Dixon. O órgão de Manzarek fez história junto as letras de Morrison, e se seria muito injusto não estar um álbum do The Doors entre os dez mais. Apareceu sua estreia, mas ouça também Strange Days, e entenda por que eles se tornaram o que são hoje!
Micael: Se considerarmos a Experience como uma banda inglesa, então os Doors e os Beach Boys serão os únicos artistas americanos presentes nesta lista, o que mostra a superioridade da música inglesa sobre a americana da época (embora a cena de San Francisco e o próprio Velvet Underground, ignorado por meus colegas consultores, sejam fortíssimos argumentos contra esta afirmação). A esteia de Jim Morrison e companhia ficou marcada eternamente por "The End" e "Break On Through", mas é muito mais que isto. É uma amostra da psicodelia californiana em seu estado bruto, da beleza do texto do “poeta” Morrison, da criatividade do tecladista Ray Manzarek e da capacidade musical de um agrupamento que, assim como outros desta lista, alcançaria voos ainda mais altos e variados que os feitos aqui, mas que teria em seu primeiro registro uma obra magnífica firmemente plantada dentre as melhores estreias da história do rock and roll. Como muitos desta lista, essencial.
Ronaldo: No rock pós-66 começava a surgir um antagonismo entre a música pra dançar e a música cerebral. O The Doors conseguiu unir magicamente esses dois pólos repulsivos. O som é simultaneamente ensolarado, como a Califórnia natal do quarteto, e repleto da névoa densa das grandes metrópoles. Além disso, é marcante o fato do disco trazer muitas inovações do ponto de vista musical, como a proeminência dos teclados, a ausência do baixo, as batidas emprestadas de outros ritmos e um guitarrista de blues no meio dessa geleia sonora. Um disco totalmente original, e assim como em vários outros exemplos, imbatível até mesmo pela própria banda que o criou.


8° Led Zeppelin – Led Zeppelin [1969] (44 pontos)
André: Não tem jeito, essa banda fica ainda mais sensacional quanto mais o tempo passa. Já nesse primeiro disco a gente vê que não é qualquer coisa, moleques iniciantes e tal. Já é disco de banda gigante. Tantos clássicos, tanta coisa boa, o instrumental então espetacular e mesmo eu não sendo lá tão fã de Robert Plant, é mais do que óbvio que o cara é muito acima da média. Mas Page, Jones e Bonham são deuses em seus instrumentos. Aqui não tem faixa ruim, é uma melhor que a outra.
Daniel: A estreia do Led Zeppelin é um disco inovador, que traz a importância da beleza e da sutileza de melodias como complemento a uma abordagem agressiva, extrema e voraz do Hard/Heavy nascente. Desta forma, Led Zeppelin aponta para o estilo Hard/Heavy que conquistaria as massas na década seguinte ao mesmo tempo em que traz a diferença estilística marcante do conjunto. Quando é pesado e feroz, o Led Zeppelin é dominante, mas, ao mesmo tempo, também cativa com a leveza e a sensibilidade durante as melodias mais amenas.
Davi: Amo Led Zeppelin. É uma banda que cresci ouvindo. Especialmente, os 5 primeiros álbuns. São parte do que chamo de disco de cabeceira. Os caras tinham o time perfeito. Não havia um músico mediano em sua formação, somente mestres. John Bonham e Jimmy Page estão, para mim, entre os melhores de seus respectivos instrumentos em todos os tempos. Muita gente acusa o grupo de ter plagiado canções, mas não há como negar que as músicas aqui, com ou sem plágios (você decide), são perfeitas. Chega a ser uma irresponsabilidade citar um destaque, mas para não ficar em cima do muro vou citar 4 canções que me marcaram muito: “Good Times, Bad Times”, “Babe I´m Gonna Leave You”, “Dazed and Confused” e “Communication Breakdown”. Se você está entrando no mundo do rock agora e ainda não ouviu esse disco, dê uma escutada nessas faixas com atenção. Duvido você não colocar de volta na primeira música e deixar o play rolando.
Eudes: Uma marca diferencial de Led Zeppelin (ou Led Zeppelin I) é o fato da banda apresentar seu som e o estilo que forjou praticamente prontos, já na estreia. Bem diferente de seus contemporâneos, como Beatles, Rolling Stones e Who, cujas carreiras podem ser facilmente divididas entre uma fase mais primitiva e outra mais evoluída. O Zeppelin já estreou com um som amadurecido, com o conjunto do que futuramente distinguiria a banda já presente. Este fato faz com que eu me incline a achar que este álbum é o melhor debut fonográfico de um grupo em todos os tempos. Tomo como referência Truth, do Jeff Beck Group, que aliás entrou na minha lista. Este excepcional disco de um time, no papel, superior ao Led Zeppelin, na época (era o que se passou a chamar de supergrupo) não consegue se ombrear com a estreia do Led. Provavelmente, um diferencial seja o artesanato da produção, já estritamente controlada por Page, que juntou coisas aparentemente díspares: liberdade musical e amarração pop das faixas, peso mastodôntico e filigrana, virtuosismo individual e conjunto. Além, obviamente, de um repertório enlouquecedor!
Fernando: Esse foi o resultado de anos de preparação, estudo, experimentações que Jimmy Page fez nas bandas que participou, nas milhares de sessões que participou como músico de estúdio ou nos discos que ajudou de alguma outra forma. Todo esse trabalho ajudou a moldar uma das mais importantes bandas da história com um disco de estreia que é lembrado como exemplo invejável de cartão de visitas.
Líbia: Posso dizer que “Good Times Bad Times” abre o álbum com maestria, podemos ver toda a banda unida a bateria de John Bonham. Esse disco vai de aulas de blues, psicodelismo até o mais puro Rock and Roll. Sem dúvidas, pelo seu peso, pode ser considerado um dos primeiros registros do Heavy Metal. “Communication Breakdown” e “How Many More Times” são um dos maiores hits já gravados na história. Não posso dizer que é o melhor álbum do Led Zeppelin, mas é meu favorito. E certamente cada fã terá um favorito diferente.
Mairon: É difícil dizer qual dos dois álbuns iniciais do Led eu gosto mais. Na minha lista, coloquei a estreia, e acredito que fiz certo. A crueza dos novatos Plant e Bonham com a experiência de Jones e Page geraram a maior banda de rock de todos os tempos, provando que o Yardbirds tinha tudo para receber esse posto, se não fosse o fim precoce em meados de 1968. (In)felizmente, a morte de um gigante gerou outro gigante, maior e mais forte, e que conquistou o mundo durante a década de 70, e, ainda hoje, conquista fãs das novas gerações. Citação para esse álbum: ouça do início ao fim infinitas vezes! Depare-se com a brutalidade jovial de um Plant esganiçando sua garganta sem piedade (“Good Times, Bad Times”, “Communication Breakdown”), a locomotiva de quatro membros de John Bonham, fazendo “Dazed and Confused” ganhar a força que Jimmy Page queria, e conduzindo magistralmente o blues de “I Can’t Quit You Baby”, a exuberância soberana de John Paul Jones, seja nos teclados da linda “Your Time Is Gonna Come”, ou formando a melhor cozinha da história da música durante todo o disco, e principalmente, Jimmy Page. Afim de mostrar suas asas ao mundo, o cara faz misérias, seja com o jogo de luz e sombra na sensacional recriação de “Babe, I’m Gonna Leave You”, abusando do arco de violino em “How Many More Times”, mandando ver na viola em “Black Mountain Side”, e duelando com os vocais de Plant na arrepiante “You Shook Me”. Puta que pariu, escrevendo essas palavras, o disco me vem à mente, e me arrepio só de lembrar de cada música. Discaço! E mais, quatro discos de 1969 na lista. Esse foi o grande ano da história do rock? Bom, ficou parelho com 1967, mas de qualquer forma,  duvido que isso se repita nas próximas décadas.
Micael: A estreia do Led foi avassaladora, pois o mundo não estava preparado para escutar o blues da forma como o grupo fazia. Tampouco o folk, o hard rock, ou o pop espalhados pelos sulcos do LP. Ao longo da carreira, o Zeppelin de Chumbo iria voar ainda mais alto, mas sua estreia já demonstrava que o grupo não era apenas “mais um” na cena inglesa da época, muito menos os “novos Yardbirds” que seu nome original sugeria. Nascia uma entidade poderosíssima, um mito que perdura eternizado ainda hoje, e que demorará milênios até esvanecer.
Ronaldo: A soma de todos os sons de guitarra, de baixo, de bateria e de todas as gargantas de 1956 até ali. Buscai primeiro o peso e tudo o mais vos será acrescentado.

9° Pink Floyd – The Piper at the Gates of Dawn [1967] (30 pontos)
André: Olha, diferente da maioria, acho os dois discos solo de Barrett apenas medianos, mas claro, tenho consciência do fato de que ele já não tinha condições mentais de fazer algo melhor do que aquilo. Mesmo já no início de seu declínio mental, é incrível como The Piper at the Gates of Dawn soa intenso, vigoroso, criativo e com um psicodelismo de se fazer viajar sem precisar do uso de ácidos alucinógenos. "Astronomy Domine" e "Bike" são exemplos perfeitos disso. É uma tristeza mesmo saber que um sujeito tão criativo como Barrett não conseguiu mais compor nada ao nível deste primeiro disco do Floyd, que é um clássico.
Daniel: The Piper at the Gates of Dawn é o álbum de estreia do Pink Floyd, mas bem que poderia ser considerado um disco apenas de Syd Barrett. Sua sonoridade navega pelo Rock Psicodélico e é uma obra muito experimental, portanto, distante do Rock Progressivo que consagraria a banda anos depois. Muito longe de ser um álbum ruim, mas não consigo perceber nele toda a tal genialidade decantada em verso e prosa. O Pink Floyd que eu venero se estabeleceria na década seguinte.
Davi: Gosto muito do Pink Floyd, mas esse é um álbum que não consigo morrer de amores. Não sei se por eu já ser de uma geração posterior, e acabei ouvindo antes álbuns como Atom Heart Mother, The Wall, Dark Side Of The Moon e Meddle, mas sei lá... Muita gente me diz que esse é um dos melhores álbuns psicodélicos. Algo que, definitivamente, não concordo. Ok, uma banda do calibre do Pink Floyd ninguém é louco de questionar a qualidade dos músicos, mas nunca morri de amores pelo Syd Barrett (que papai do céu me perdoe) e não acho o repertório desse LP tão genial. A única música, desse disco, que acho realmente boa é “Astronomy Domine”. “The Gnome” acho simpática, mas só. O resto não me agrada. Prefiro o que fizeram depois.
Eudes: Engraçado, dos discos “de vera” do Pink Floyd, The Piper at the Gates of Dawn foi o último que ouvi. Nem sei qual o motivo. Não lembro se o LP teve pequena tiragem no Brasil, mas, por uma razão ou por outra, demorei bastante a conhecer o disco. De modo que, quando ouvi, já o fiz sob o impacto da audição dos discos mais consagrados, aqueles gravados ao longo dos anos 70. Então, a audição de The Piper soou meio como um anticlímax para mim. Isso teve, contudo, um lado bom. Pude ouvi-lo sem expectativa, sem hype, com a calma dos anos. Assim, pude sorver cada faixa como quem toma um vinho de boa safra, sem pressa e saboreando cada canção. De fato, o álbum é uma peça única. Muito influente, com fãs confessos do porte de Paul McCartney, poderia ter sido atribuído tranquilamente a outra banda, pré-Pink Floyd, com outra orientação e outra natureza criativa. Impossível muitas vertentes do rock e da música em geral, vindas depois, terem existido sem o peso do disco de estreia do Pink Floyd sob as rédeas (soltas) de Syd Barret. Nem a banda, que se foi por outros caminhos (também brilhantes), nem ninguém gravou mais nada como The Piper at the Gates of Dawn, gema solitária na música do século XX. Graças aos deuses, não fez escola. PS: Barret se deu ao luxo de não incluir no disco os singles arrasa-quarteirão "Arnold Layne" e "See Emily Play".
Fernando: Já gostava muito do Pink Floyd, mas não conhecia a fundo sua história. Gostava de muitas músicas, mas não sabia dizer em qual disco elas estavam. Porém nenhuma delas era desse disco e quando o conheci foi um choque. Não era o Pink Floyd que eu conhecia. Ouvi tanto que parece até que eu quis tirar todo atraso de te conhecido esse disco tão tardiamente. Adoro o disco todo.
Líbia: Em The Piper At The Gates Of Dawn temos Syd Barrett tentando levar os ouvintes as profundezas de sua mente. Mesmo sendo o único registro como compositor principal, até hoje é considerado um dos maiores gênios que definiram o rock psicodélico. E sim, por muitos considerado um dos melhores álbuns do Pink Floyd. Em “Astronomy Domine” há vocais bem distorcidos e mostra a forma excêntrica que Sid tocava a sua guitarra com riffs desarmônicos criando uma sensação inexplicável. “Lucifer Sam”, é uma ótima música de rock e também muito psicodélica. E “Interstellar Overdrive” é uma verdadeira obra-prima dividida em partes diferentes. A palavra “caótica” define essa música, o que a torna tão incrível. Esse disco é uma verdadeira explosão musical e uma viagem bem distante em um lugar estranho.
Mairon: Se a psicodelia californiana era regada a ervas, ácidos e canções de protesto contra a guerra do Vietnã, a psicodelia londrina era temperada com LSD e improvisações eternas. O Pink Floyd, entre as dezenas de grandes bandas que existiam na cidade na sua mesma época, foi a que se destacou mais por conta de seu líder, o gênio Syd Barrett. Ouvir “Interstellar Overdrive” e “Pow R. Toc H.” é prova de fogo para saber se você é louco ou não. Um disco sensacional, formado por canções curtas em sua maioria (algumas cômicas como “Bike”, “The Gnome” e “The Scarecrow”), ao mesmo tempo em que é um raro registro de um Syd Barrett ainda lúcido em relação ao que estava fazendo nos estúdios. Basta ouvir e viajar ao som de “Astronomy Dominé”, “Lucifer Sam” OU “Matilda Mother”, e tentar imergir na profundidade complexa de “Chapter 24” ou “Flaming”. E ainda temos o pequeno gênio Waters dando seu ar da graça na sensacional criação de “Take Up Thy Stethoscope And Walk”. Depois de The Piper at the Gates of Dawn, o grupo migrou para o rock progressivo naturalmente, com a entrada de David Gilmour, e perdeu toda sua essência psicodélica, mas jamais esqueceu de beber na fonte genial da experimentação de seu álbum de estreia. 4 Discos de 1967 nessa lista só comprova aquilo que Michael Schumacher, na biografia Crossroads de Eric Clapton, escreveu: "Se houve um ano com uma trilha sonora de rock 'n' roll, 1967 pode reivindicar a honra".
Micael: O próprio Roger Waters (que virou figura execrável para alguns idiotas do nosso país em 2018, por razões que nem mesmo eles entenderam) já disse que The Piper at the Gates of Dawn é muito mais um disco de Syd Barrett do que um registro do Pink Floyd, o que, de muitas formas, é correto. Piper é uma prova da genialidade de Syd, a qual seria destruída pouco depois pelo abuso de “aditivos químicos” e pelos próprios problemas mentais do artista, que, mesmo tendo deixado alguns registros posteriores bastante interessantes, nunca mais conseguiu atingir o nível de excelência que teve aqui. Psicodelia, lisergia, misticismos, pequenos traços do então incipiente rock progressivo, ingenuidade e muita viagem saltam dos sulcos do LP aos borbotões, deixando maravilhados a nós, simples ouvintes que só podemos agradecer ao cérebro de Syd, que, antes de ir para o “lado escuro da lua”, ainda teve tempo de mostrar como a música pode ser genial e maravilhosa. Obrigado, "Crazy Diamond"!
Ronaldo: Sem contar com a plenitude das paisagens ensolaradas dos EUA, a psicodelia gerida pelo Pink Floyd carrega no peito o ar pesado e nublado da sua terra de origem. Os delírios sonoros e vocais atingem outras cores e buscam consolo nos astros; cacofonias sonoras, embates entre acordes e ritmos e uma exploração até então unusual de efeitos sonoros deixam o ouvinte atordoado. Uma verdadeira ruptura com o pop/rock que se fazia até então.

10° The Yardbirds – For Your Love [1965] (29 pontos)
André: Uma das poucas que podemos com toda certeza chamar de supergrupo, tínhamos que ter um disco do Yardbirds entre os 10 primeiros. Um disco composto basicamente de seus singles, temos aqui um compilado de grandes canções de um supergrupo que serviu para dar origem a outro (Zeppelin) e relevância a mais um punhado de futuros instrumentistas de renome ao que temos um daqueles rocks blueseiros com uma pegada mais pop de grande qualidade. Leve, bacana e delicioso. Nem só de peso vive o rock e aqui temos um grande exemplo.
Daniel: A capacidade com que o Yardbirds pegava as canções de terceiros e traziam para roupagens únicas, para sua época, é algo louvável. O ritmo e a intensidade de suas execuções eram sem parâmetros para aqueles dias em que surgiram. Uma espécie de ‘coletânea’ de seus singles lançados nos Estados Unidos, For Your Love é um registro incrível do momento em que o Rock começava a ganhar ‘potência’.
Davi: O Yardbirds é uma banda de rock de garagem dos anos 60 que ficou muito cultuada entre os roqueiros por ter contado com três dos maiores guitarristas do rock em sua trajetória: Eric Clapton, Jeff Beck e Jimmy Page. Naquela época, eles ainda não eram superstars, eram apenas garotos que buscavam seu sonho. Garotos mega-talentosos, é claro. Nesse álbum, temos Jeff Beck aparecendo em 3 canções, mas a maior parte do material foi gravada com o lendário Eric Clapton. A banda era bem bacaninha, o disco é bem legalzinho, mas colocá-lo como um dos 10 melhores da década acho um pouquinho de exagero. Agora, é interessante notar que diversas canções daqui foram regravadas pela turma da Jovem Guarda. Ou, versionadas, se assim preferir. O clássico “For Your Love” ganhou uma versão de Renato e Seus Blue Caps aqui no Brasil. “My Girl Sloopy” tornou-se um grande hit com a dupla Leno e Lilian, levando o nome de “Pobre Menina”. Tenho quase certeza que “A Certain Girl” também ganhou uma versão por aqui. Não estou me recordando agora quem... Essas 3 canções somadas com “I Ain´t Got You” são os grandes momentos do disco.
Eudes: Quer entender como as coisas foram parar no blues-rock que determinou, em larga parte, todo o rumo do rock dos anos 70 em diante (Led Zeppelin, Jeff Beck Group, Deep Purple, Black Sabbath, e quase toda cena hard rock), precisa ouvir For Your Love, dos Yardbirds. Esta afirmação se torna mais crível quando lembramos que o disco foi lançado em julho de 1965. Como tal, For Your Love, se situa ainda na transição da hegemonia do Mersey Beat para o blues-rock, bem como no período em que o formato LP para a música pop ainda se afirmava. O disco, aliás, ainda combina faixas escritas especialmente para ele com uma coleção de singles lançados anteriormente. O álbum captura as primeiras façanhas de Jeff Beck e Eric Clapton à guitarra, mas se destaca mesmo é pela coesão da equipe que joga solidariamente em todas as faixas. Curiosamente, For Your Love é um disco americano dos Yardbirds e parte de suas principais faixas só saiu na Inglaterra meses depois, no EP Five Yardbirds. Para quem quer saber, em uma parte importante, como tudo começou para o rock inglês clássico.
Fernando: Negligenciei por muito tempo o Yardbirds. Quando finalmente fui ouvir eu gostei. Comprei uma coletânea dupla com 40 músicas com todos seus hits da época e com material que engloba todos os três guitarristas fantásticos que passaram por sua formação. Mas eu não achei a banda no nível de seus contemporâneos mais famosos como Beatles, Stone e The Who. Aliás, pensando bem, acho que esse disco está ocupando o lugar de algum da banda de Mick Jagger.
Líbia: O disco dessa importante banda começa com a música “For Your Love”, que foi o primeiro sucesso da banda, essa mesma música resultou na saída meio que voluntária de Eric Clapton da banda, abrindo passagem para entrada de outro grandioso guitarrista chamado Jeff Beck, indicado por Jimmy Page que havia recusado o convite anteriormente. Em “I’m Not Talking” (minha favorita do álbum) já podemos ver o peso do Beck. "I Ain't Got You" apresenta a gaita de Keith Relf (que mais tarde formaria o Armageddon e a também grandiosa banda Renaissance, diga-se de passagem). Em “Sweet Music” a banda já soa diferente, se torna interessante por conta da banda envolvida nessa gravação, o grande Manfred Mann, portanto a faixa está realmente fora do lugar nesse disco. Para mim esse álbum significa o nascimento de uma história mais rica da banda, Jeff Beck estava começando a encontrar o seu próprio estilo nessa fase, mas com For Your Love tiveram a oportunidade de fazer a sua primeira turnê. Esse disco abriu portas para a banda que mais tarde lançou álbuns mais firmes como “Roger the Engineer” e o experimental, psicodélico e também meu favorito, o último disco “Little Games”, já na fase Page.
Mairon: Uma palavra poderia definir For Your Love: COLETÂNEA. E pior que o disco não deixa se ser isso mesmo, já que temos aqui um apanhado de singles lançados pelos Yardbirds entre 1965 e 1966, unidos de canções inéditas, o que gera uma mistura de estilos de tocar tão diversos entre Eric Clapton e Jeff Beck. Quem conhece a diferença entre os dois, facilmente percebe quem toca em uma e quem toca em outra canção. Considerando o âmbito geral, dificilmente uma banda conseguirá unir tantos clássicos em um único álbum. Desde a abertura com faixa-título, até o encerramento com “My Girl Sloopy” (versão para “Hang on Sloopy”), todas as onze faixas de For Your Love são hinos para os aficionados (que nem eu) do grupo. Claro que há umas mais emblemáticas que outras, como a letra sacana de “A Certain Girl”, o mega sucesso “Good Morning Little School Girl”, se contagiar com a harmônica de “I Ain’t Got You”, o chiclete refrão de “I Wish You Would”, ou o embalo sensual de “Putty (In Your Hands)”. Mas ao mesmo tempo, é inevitável sair dançando ao som de “I Ain’t Done Wrong”, “I’m Your Talking”, chamar o (a) companheiro (a) para ficar agarradinho em “"Sweet Music", ou simplesmente pegar uma air guitar para tocar o blues de “Got To Hurry”. Enquanto os Beatles estavam tentando mudar o curso de seu leme, Stones e Animals iniciavam a flertar com drogas mais pesadas, os Yardbirds ainda guardavam a ingênua delinquência juvenil através de canções gostosas de ouvir, dançar, cantar e curtir. Uma aula do que é o rock ‘n’ roll, e que bom que ficou entre os dez mais.
Micael: Este era o único disco desta lista que eu não conhecia, por isto, fui até a wikipedia saber mais sobre ele (a banda, que revelou ao mundo nada menos que Eric Clapton, Jeff Beck e Jimmy Page, além dos também geniais Keith Relf, Chris Dreja e Paul Samwell-Smith, simplesmente dispensa apresentações). Descobri que se trata de uma coletânea lançada nos EUA com os compactos ingleses do Yardbirds, mais duas demos (todos com Clapton na guitarra), além de três faixas já com Beck nas seis cordas. Estas últimas são uma amostra do poder inventivo que os pássaros de jardim teriam ao longo de sua breve carreira, mas as composições com o ainda “pré-Deus” são muito fincadas ao tradicionalismo do blues, estilo que nunca foi dos meus favoritos. Quando a banda decidiu se afastar das “amarras” impostas pelo estilo, Clapton se recusou e partiu, abrindo espaço para o surgimento de álbuns melhores que este, os quais, se fosse realmente necessário ter um registro dos Yardbirds nesta lista (coisa da qual eles são mais do que merecedores, diga-se de passagem), estariam mais capacitados, a meu ver, do que este “catadão” compilado para apresentar o grupo às audiências americanas. Esta aqui, infelizmente, não é a minha praia musical...
Ronaldo: O maior berçário de guitarristas do mundo. Obviamente o disco é bom, mas visto em perspectiva, Beatles e Rolling Stones não dividiam o trono da invasão britânica à toa. Ambas tinham um carisma que o Yardbirds não tinha, ainda que musicalmente estivessem equiparados. Disco muito importante e de inquestionável qualidade, mas não capaz de roubar a posição dos Rolling Stones em uma lista de apenas 10 discos.

Listas Individuais
ANDRÉ
1. Led Zeppelin – Led Zeppelin
2. Crosby, Stills & Nash – Crosby, Stills & Nash
3. The Yardbirds – For Your Love
4. Sam Cooke – Ain’t That Good News
5. Jefferson Airplane – Volunteers
6. Buffalo Springfield – Buffalo Springfield Again
7. Duke Ellington & John Coltrane – Duke Ellington & John Coltrane
8. The Jimi Hendrix Experience – Are You Experienced?
9. The Rolling Stones – Their Satanic Majesties Request
10. Roy Orbison – In Dreams

DANIEL
1. King Crimson – In the Court of the Crimson King
2. The Jimi Hendrix Experience – Are You Experienced?
3. Bob Dylan – Blonde on Blonde
4. Led Zeppelin – Led Zeppelin II
5. The Who – Tommy
6. The Doors – The Doors
7. The Rolling Stones – Let It Bleed
8. The Band – The Band
9. Blind Faith – Blind Faith
10. The Moody Blues – Days of Future Passed

DAVI
1. Beatles – Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band
2. The Doors – The Doors
3. Jimi Hendrix – Are You Experienced?
4. The Who – Tommy
5. Big Brother And The Holding Co. – Cheap Thrills
6. The Rolling Stones – Let It Bleed
7. Beatles – A Hard Day´s Night
8. Vários - Tropicália ou Panis Et Circensis
9. The Rolling Stones – The Beggar's Banquet
10. Santana – Santana

EUDES
1. Led Zeppelin - Led Zeppelin II
2. The Beatles - Abbey Road
3. Jimi Hendrix Experience - Axis Bold as Love
4. Jeff Beck - Truth
5. John Coltrane - A Love Supreme
6. The Who - Tommy
7. The Beach Boys - Pet Sounds
8. Santana - Santana
9. The Band - Music From Big Pink
10. The Rolling Stones - Let It Bleed

FERNANDO
1. King Crimson – In the Court of the Crimson King
2. The Beatles – Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band
3. The Beach Boys – Pet Sounds
4. Blind Faith - Blind Faith
5. Pink Floyd – The Piper at the Gates of Dawn
6. Led Zeppelin – Led Zeppelin
7. Crosby, Stills & Nash – Crosby, Stills & Nash
8. The Small Faces – Ogden’s Nut Gone Flake
9. The Band – Music From Big Pink
10. Chicago Transit Authority – Chicago Transit Authority

LIBIA
1. John Mayall – Blues Breakers With Eric Clapton
2. Cream - Disraeli Gears
3. Santana - Santana
4. The Beatles – Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band
5. The Jimi Hendrix Experience – Electric Ladyland
6. The Rolling Stones – Beggar's Banquet
7. The Doors – The Doors
8. The Who – My Generation
9. King Crimson – In the Court of the Crimson King
10. Led Zeppelin – Led Zeppelin

MAIRON
1. The Beach Boys - Pet Sounds
2. The Rolling Stones - Their Satanic Majesties Request
3. Jefferson Airplane - Volunteers
4. The Yardbirds – For Your Love
5. Janis Joplin - I Got dem Ol' Kosmic Blues, Again Mama
6. Big Brother & The Holding Company - Cheap Thrils
7. Led Zeppelin - Led Zeppelin
8. Duke Ellington & John Coltrane - Duke Ellington & John Coltrane
9. Blind Faith – Blind Faith
10. David Bowie – David Bowie

MICAEL
1. The Who – Tommy
2. Pink Floyd – The Piper at the Gates of Dawn
3. The Jimi Hendrix Experience – Are You Experienced?
4. The Doors - The Doors
5. Led Zeppelin – Led Zeppelin II
6. King Crimson – In the Court of the Crimson King
7. The Velvet Underground – The Velvet Underground & Nico
8. Cream – Disraeli Gears
9. Blind Faith – Blind Faith
10. The Jimi Hendrix Experience – Electric Ladyland

RONALDO
1.The Beach Boys – Pet Sounds
2. The Beatles – Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band
3. Led Zeppelin – Led Zeppelin II
4. The Pretty Things – S.F. Sorrow
5. Colosseum – Valentyne Suite
6. John Coltrane – A Love Supreme
7. King Crimson – In the Court of the Crimson King
8. The Jimi Hendrix Experience – Electric Ladyland
9. Cream – Wheels of Fire
10. The Doors – The Doors


DISCOS ELEITOS ENTRE 1963 E 1969 
Baden Powell E Vinícius de Moraes – Os Afro-Sambas
Big Brother and the Holding Company – Cheap Thrills
Blind Faith – Blind Faith
Bob Dylan – Another Side of Bob Dylan
Bob Dylan – Blonde on Blonde
Bob Dylan – Highway 61 Revisted
Bob Dylan – The Freewheelin’ Bob Dylan
Bob Dylan – The Times, They Are A-Changin’
Buffalo Springfield – Buffalo Springfield Again
Caetano Veloso – Caetano Veloso
Charles Mingus – The Black Saint and the Sinner Lady
Chicago – Chicago Transit Authority
Colosseum – Valentyne Suite
Cream – Disraeli Gears
Cream – Fresh Cream
Cream – Wheels of Fire
Crosby, Stills & Nash – Crosby, Stills & Nash
David Bowie – David Bowie
Donovan – Sunshine Superman
Duke Ellington & John Coltrane – Duke Ellington & John Coltrane
Eduardo Rovira – Tango Vanguardia
Gal Costa – Gal
Gilberto Gil – Gilberto Gil
Janis Joplin – I Got Dem Ol’ Kozmic Blues Again Mama
Jeff Beck – Truth
Jefferson Airplane – Volunteers
John Mayall – Blues Breakers With Eric Clapton
Julian Bream – Popular Classics For Spanish Guitar
John Coltrane – A Love Supreme
King Crimson – In the Court of the Crimson King
Led Zeppelin – Led Zeppelin
Led Zeppelin – Led Zeppelin II
Leonard Cohen – Songs of Leonard Cohen
Leslie West – Mountain
Love – Forever Changes
Miles Davis – Seven Steps to Heaven
Neil Young with Crazy Horse – Everybody Knows This Is Nowhere
Os Mutantes – Os Mutantes
Os Mutantes – Mutantes
Pink Floyd – The Piper at the Gates of Dawn
Ronnie Von – Ronnie Von
Roy Orbison – In Dreams
Sam Cooke – Ain’t That Good News
Sam Cooke – Night Beat
Santana – Santana
Simon & Garfunkel – Sounds of Silence
The Animals – The Animals
The Band – The Band
The Band – Music From Big Pink
The Beach Boys – Pet Sounds
The Beach Boys – Surfer Girl
The Beach Boys – The Beach Boys Today!
The Beatles – A Hard Day’s Night
The Beatles – Abbey Road
The Beatles – Help!
The Beatles – Please Please Me
The Beatles – Revolver
The Beatles – Rubber Soul
The Beatles – Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band
The Byrds – Fifth Dimension
The Byrds – Mr. Tambourine Man
The Doors – The Doors
The Hollies – In the Hollies Style
The Jimi Hendrix Experience – Are You Experienced
The Jimi Hendrix Experience – Axis: Bold as Love
The Jimi Hendrix Experience – Electric Ladyland
The Kinks – Face to Face
The Kinks – Kinks
The Moody Blues – Days of Future Passed
The Moody Blues – In Search of the Lost Chord
The Pretty Things – S.F. Sorrow
The Rolling Stones – Aftermath
The Rolling Stones – Beggar's Banquet
The Rolling Stones – Let It Bleed
The Rolling Stones – Out of Our Heads
The Rolling Stones – The Rolling Stones
The Rolling Stones – Their Satanic Majesties Request
The Small Faces – Ogden’s Nut Gone Flake
The Velvet Underground – The Velvet Underground & Nico
The Velvet Underground – White Light/ White Heat
The Ventures – Ventures in Space
The Yardbirds – Five Live Yardbirds
The Yardbirds – For Your Love
The Who – My Generation
The Who – Tommy
The Zombies – Begin Here
The Zombies – Odessey and Oracle
Traffic – Traffic
Vários Artistas – Tropicália ou Panis Et Circensis
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