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| Dio em 1983: Ronnie James Dio, Vinny Appice, Jimmy Bain e Vivian Campbell | 
Por Diogo Bizotto
Com
 André Kaminski, Bernardo Brum, Bruno Marise, Davi Pascale, Eudes Baima,
 Fernando Bueno, José Leonardo Aronna, Leonardo Castro, Mairon Machado e
 Ulisses Macedo
Participação especial de Rodrigo Gonçalves, editor do portal Metal Revolution
Foi por pouco que Holy Diver não quebrou o recorde de pontuação absoluta mantido desde a edição da série dedicada a 1975 por Physical Grafitti,
 do Led Zeppelin, que acumulou 173 pontos. Mesmo sem atingir essa marca,
 é notável a aceitação do primeiro disco do vocalista norte-americano 
Ronnie James Dio liderando sua própria banda, livre de possíveis limites
 impostos por Ritchie Blackmore, no Rainbow, e Tony Iommi, no Black 
Sabbath. Até pessoas não tão afeitas ao heavy metal têm demonstrado, 
desde bem antes de sua morte, ocorrida em maio de 2010, grande apreço 
pela obra do baixinho, enfatizando especialmente q qualidade de Holy Diver,
 tido por muitos como tão bom quanto ou até melhor que seus momentos 
mais inspirados ao lado de Rainbow e Black Sabbath. De resto, nossa 
edição dedicada a 1983 é um deleite para os aficionados por heavy metal.
 Aos descontentes, bem, não deixem de fazer suas críticas lá embaixo, 
nos comentários, além, é claro, de publicar as listas com seus discos 
favoritos lançados nesse ano. Como nunca deixo de fazer, lembro que o 
critério para elaborar todas as partes desta série obedece a pontuação do Campeonato Mundial de Fórmula 1. Boa leitura!
Dio – Holy Diver (162 pontos)
André: O
 bom é que já começarei esta lista com uma rasgação de elogios sem fim 
deste que é o meu vocalista preferido e que gravou um dos melhores 
álbuns da história do heavy metal. Um disco em que não há um único ponto
 fraco e com um clássico atrás do outro, Holy Diver é
 o cume do Everest do metal oitentista. Poderia citar e destacar todas 
as músicas deste disco, mas para seguir um padrão de três a quatro 
faixas, vou comentar sobre como “Stand Up and Shout” me dá vontade de 
levantar e gritar, “Holy Diver” já me fez fazer muito “air guitar” na 
adolescência, “Don’t Talk to Strangers” me fez embasbacar com a 
qualidade e versatilidade vocal do baixinho e a clássica “Rainbow in the
 Dark”, com seus teclados estonteantes, me faz acreditar que o metal 
pode sim voltar às rádios. Primeiro lugar merecidíssimo.
Bernardo: O
 melhor álbum de Dio, com três baita musicões: “Stand Up and Shout”, 
“Don’t Talk to Strangers” e “Rainbow in the Dark”. Dio mesclou tudo que 
funcionou em suas bandas antigas em um som pesado, dinâmico e acessível.
 Grudou que nem chiclete, e este é o seu registro mais bem acabado.
Bruno: Dio
 saiu brigado do Black Sabbath e montou sua própria banda, lançando sua 
estreia em carreira solo. É disparado seu melhor trabalho, um disco 
redondinho com tudo que o heavy metal tem para ofercer de bom: Peso, 
melodia, solos de guitarra e uma performance vocal incrível. Mesmo 
assim, ele nem entrou na minha lista, a concorrência era muito grande. 
Figurar na primeira posição então, nem pensar.
Davi: Clássico
 absoluto. Disco indispensável na coleção de qualquer pessoa que seja fã
 de heavy metal. Ronnie James Dio juntou-se ao também ex-Sabbath Vinny 
Appice, ao ex-Rainbow  Jimmy Bain e ao guitarrista Vivan Campbell e veio
 com este disco. O resultado não poderia ser outro. Um álbum poderoso, 
empolgante, cheio de clássicos. Sem dúvidas, uma das grandes vozes do 
heavy metal em um de seus melhores momentos.  Destaques? “Stand Up and 
Shout”, “Holy Diver”, “Gypsy”, “Don’t Talk to Strangers”, “Straight 
Through the Heart” e a clássica “Rainbow in the Dark”.
Diogo: Reunindo
 uma formação sólida, que incluía um ex-companheiro de Rainbow e um 
colega do Black Sabbath, Ronnie James Dio aliou-se ao jovem guitarrista 
norte-irlandês Vivian Campbell e criou um dos álbuns mais marcantes e 
queridos do heavy metal em geral. Querido? Isso mesmo, pois até pessoas 
cuja simpatia pelo trabalho do baixinho ou mesmo pelo gênero não é 
grande admitem admiração por músicas como “Stand Up and Shout”, “Don’t 
Talk to Strangers”, “Rainbow in the Dark” e a marcante faixa-título, 
provável melhor canção da carreira do grupo. Isso certamente explica o 
porquê de Holy Diver estar
 ocupando a primeira posição em um ano em que o próprio estilo teve 
outros lançamentos que julgo tão bons quanto ou até melhores, como Balls to the Wall (Accept), Melissa (Mercyful Fate) e Kill ‘em All (Metallica).
 Citei essas quatro músicas, normalmente as mais adoradas, mas a verdade
 é que o restante do track list é minado de melodias, riffs, solos e 
vocalizações marcantes, cujo conjunto atende por nomes como “Gypsy”, 
“Caught in the Middle” (baita!), “Straight Through the Heart”, 
“Invisible” e “Shame on the Night” (mais pesada que bunda de elefante, 
alguém disse certa vez). Hoje, anos após sua morte, às vezes tenho a 
impressão de que não valorizamos o suficiente a gigante voz de Ronnie, 
por isso enfatizo mais ainda seu talento, que teve especial amostra em Holy Diver. Verti lágrimas no dia de sua morte, e não tenho vergonha alguma disso.
Eudes: Não
 sou exatamente fã de Dio, mas o disco é bom. Uma espécie de renascença,
 em termos mais rápidos e secos, dos modos do heavy metal setentista. 
Nesse caso, contudo, em que buscamos os melhores de todos os tempos, a 
láurea para Holy Diversó pode ser entendida como sinal da crise que assolou o rock mainstream nessa época.
Fernando: Dio
 foi um fenômeno. Deixou-nos logo porque também começou sua carreira bem
 antes dos seus contemporâneos musicais. Quando formou o Elf, já era um 
veterano na música. O que ele fez em Holy Diver foi
 uma mistura do que Rainbow e Black Sabbath fizeram quando ele esteve na
 banda. A diferença é que dessa vez quem puxava as rédeas era ele. Teve a
 sorte também de descobrir um garoto prodígio para a guitarra, Vivian 
Campbell, que se tornaria um desafeto no futuro. Contando com boa parte 
dos clássicos de sua banda solo, Holy Diver foi um marco no heavy metal.
José Leonardo: Em
 1982, Ronnie James Dio deixou o Black Sabbath depois de dois grandes 
álbuns e formou uma banda com o nome de Dio juntamente com o baterista 
Vinny Appice, que tocou  junto com ele no Black Sabbath. O grupo foi 
completado pelo jovem e talentoso guitarrista Vivian Campbell e pelo 
baixista Jimmy Bain, que havia tocado com Ronnie no Rainbow de Ritchie 
Blackmore. Em 1983, a banda começou a gravar o seu álbum de estreia, Holy Diver, que foi lançado no mesmo ano.Holy Diver tornou-se outro  clássico do metal e é o terceiro  álbum clássico com os vocais de Ronnie James Dio, depois de Rising (1976), do Rainbow, e Heaven and Hell (1980),
 do Black Sabbath.  O disco contém muitos clássicos do heavy metal, como
 a ótima faixa-título, a melódica “Rainbow in the Dark”, a poderosa 
faixa de abertura, “Stand Up and Shout”, a épica “Don’t Talk to 
Strangers”, que tem uma das melhores performances vocais de Ronnie.  As 
demais, “Gypsy”, “Caught in the Middle”, “Invisible” e “Shame on the 
Night”, também são muito boas e mantêm a qualidade.  O desempenho de 
Ronnie é mais uma vez surpreendente, e também o jovem guitarrista Vivian
 Campbell mostra seu talento com ótimos riffs e solos melódicos. Ronnie 
provou que foi capaz de criar um grande álbum próprio, sem a ajuda de um
 lendário guitarrista (Ritchie Blackmore ou Tony Iommi). A propósito, 
ele escreveu todas as letras e produziu o disco. Essencial!
Leonardo: Misturando
 o peso de sua passagem pelo Black Sabbath, a classe do Rainbow e uma 
pitada do hard rock que efervescia nos Estados Unidos, Ronnie James Dio e
 a sua talentosíssima banda lançaram um dos mais emblemáticos discos do 
heavy metal oitentista. A faixa-título, “Stand Up and Shout”, “Don’t 
Talk to Strangers”… São tantos clássicos que fica até difícil citar 
alguma isoladamente. Mas é impossível não destacar o groove de “Caught 
in the Middle”, com sua melodia marcante e solo inspiradíssimo do 
guitarrista revelação Vivian Campbell. Tudo isso sem falar na 
performance de Dio, sempre impressionante.
Mairon: Surpresa
 total este álbum na primeira posição. Não que ele não mereça tal lugar,
 mas dificilmente pensaria que a estreia solo do baixinho mais gigante 
do heavy metal seria tão apreciada pelos consultores. Um disco que abre 
com a velocidade de “Stand Up and Shout”, bebe das veias sabbáthicas de Heaven and Hell na
 faixa-título, “Shame On the Night” e “Straight Through the Heart”, 
revela um dos mais brilhantes guitarristas de sua geração, Vivian 
Campbell, nas imortais “Don’t Talk to Strangers”, “Invisible” e “Gypsy”,
 mostra um lado pop desconhecido na carreira de Dio em “Rainbow in the 
Dark” (o grande sucesso do álbum) e “Caught in the Middle”, merece estar
 sempre nas listas de melhores, e a primeira posição com certeza não é 
mera fantasia. Pode até ser uma sequência do que Dio fez com o Black 
Sabbath, mas é uma sequência soberana, com o baixinho cantando muito. 
Parabéns pela escolha desse ano. Mais sobre a história deste álbum 
excelente já comentei aqui.
Rodrigo: Se
 tem algo que sempre achei impressionante na carreira de Ronnie James 
Dio, era a capacidade que o vocalista tinha de se reinventar. Afinal de 
contas, não existem muitos músicos por aí que podem dizer que fizeram 
parte de três bandas históricas. Quando saiu do Black Sabbath, em 1982, 
Dio resolveu embarcar em uma carreira solo. Para o primeiro álbum, 
figuras com quem já havia trabalhado antes, como Vinny Appice, do Black 
Sabbath, e o baixista Jimmy Bain, parceiro dos tempos de Rainbow. Mas 
foram os riffs do jovem guitarrista Vivian Campbell que contribuíram 
bastante para o sucesso do álbum. Este é o tipo de trabalho que ouço do 
começo ao fim sem pular uma faixa sequer, não importa quantas vezes já 
tenha feito isso. No lado A do LP, músicas como a faixa-título, “Caught 
in the Middle”, “Stand Up and Shout” e “Don’t Talk To Strangers” eram 
das favoritas dos fãs. Quem pensa que no Lado B a qualidade cai, está 
redondamente enganado. “Straight Trought the Heart”, “Invisible” e a 
espetacular “Rainbow in the Dark” são lembradas até hoje.
Ulisses: Após a briguinha infantil de Dio e Vinny Appice com Tony Iommi e Geezer Butler devido a supostas confusões na mixagem de Live Evil (1982),
 o baixinho mais arretado do metal decidiu finalmente estrear sua 
carreira solo, juntando um time de primeira: Vinny Appice na bateria, 
Jimmy Bain no baixo e – talvez o grande trunfo, tendo contribuído 
bastante nas composições – Vivian Campbell na guitarra. E, assim como 
nos seus tempos de Elf, Rainbow e Sabbath, Dio entregou não só mais um 
álbum essencial, mas também aquele que melhor o define. A junção entre 
peso e melodia é perfeita, criando porradas como a abertura “Stand Up 
and Shout” e “Straight Through the Heart”, e épicos como a faixa-título e
 a sublime “Don’t Talk to Strangers”, a melhor do disco. Além da 
clássica “Rainbow in the Dark” (que Dio quase jogou fora, por 
considerá-la muito farofeira), destaco a subestimada “Shame on the 
Night”, que encerra o disco com uma atmosfera doom e mística, e poderia 
figurar, sem dificuldades, em um disco como Heaven and Hell ou Mob Rules (1981). A perfeita síntese do heavy metal tradicional, Holy Diver é
 perfeito e essencial em qualquer coleção de quem se considere um 
apreciador da boa música. Simplesmente não existem adjetivos suficientes
 para descrevê-lo.
Metallica – Kill ‘em All (101 pontos)
André: Considero apenas um bom disco de estreia, pois, para mim, o Metallica se tornou o Metallica com Ride the Lightning (1984).
 Gosto de “Hit the Lights”, “Whiplash” e “Seek & Destroy”, enquanto 
as outras variam entre o bom e o mediano. Os vocais ainda esganiçados de
 Hetfield me incomodam se comparado com o desenvolvimento de sua voz nos
 discos posteriores. A banda tinha uma baita pegada e um potencial que 
viria a crescer muito com o passar dos anos, mas aqui ainda eram garotos
 tirando um som raivoso e sem muito cuidado com as composições.
Bernardo: O
 marco inicial do thrash metal para muita gente. Cru, rústico e tosco, 
ainda cheio da marra “Metal Up Your Ass” e com várias músicas 
espetacularmente rápidas, sujas e furiosas, como “Hit the Lights”, 
“Whiplash” e o hino “Seek & Destroy”.
Bruno: Apesar
 de ser considerado como um dos marcos zero do thrash metal, na época de
 lançamento deste disco e outros expoentes do gênero, como Show no Mercy, do Slayer, e Fistful of Metal,
 do Anthrax, o termo ainda nem existia. O som que o Metallica fazia em 
seu disco de estreia era conhecido como power metal, e tinha como 
características as guitarras gêmeas, riffs cortantes, velocidade, solos 
em profusão e letras que exaltavam o heavy metal (“Metal Militia”, “Seek
 & Destroy”, “Whiplash”). Se prestarmos atenção na produção e nos 
timbres, eles também são bastante diferentes do que ficaria comum no 
gênero, são mais agudos, emulando uma mistura de Judas Priest e 
Motörhead. O posto de disco pioneiro do thrash metal pode até ser 
disputado entre outros nomes, mas em termos de qualidade Kill ‘em All sai
 na frente. As composições são acima da média e o track list é recheado 
de clássicos: “Motorbreath”, “Hit the Lights” e “The Four Horsemen”, só 
pra citar alguns. Os riffs abafados e palhetadas de James Hetfield 
tornaram-se uma marca registrada do estilo. Um disco que pode soar 
bastante datado, mas sua influência e qualidade permanecem intactas.
Davi: Há quem odeie o Metallica a partir do Black Album (1991), há quem odeie a patir de Load (1996),
 mas ninguém odeia os quatro primeiros álbuns. Aula de heavy metal. 
Simples assim. Excelentes riffs, canções empolgantes. Os fãs de música 
pesada já haviam provado um pouquinho do grupo com sua participação na 
coletânea Metal Massacre (1982)
 com a ótima “Hit the Lights”. Dave Mustaine já estava fora, mas parte 
de suas criações foram mantidas, fato que causou as primeiras das 
eternas brigas.  Kill ‘em All mostra
 uma banda afiada, com um repertório matador. O único senão é o vocal de
 James Hetfield. Não que fosse ruim, mas prefiro os trabalhos vocais 
mais atuais, com mais graves. De todo modo, eles não derrubam o álbum. 
Destaque para “Jump in the Fire”, “No Remorse”, “Seek &Destroy”, 
“Whiplash” e “The Four Horsemen”.
Diogo: Apesar de meu favoritismo por Ride the Lightning, reconheço que o impacto de ouvir Kill ‘em All pela
 primeira vez, em 1983, deve ter sido dos mais fulminantes. Nem mesmo a 
ala mais extrema da NWOBHM, liderada pelo Venom, havia adiantado uma 
sonoridade tão pesada e cortante, mas ao mesmo tempo cativante, como 
aquela que o Metallica apresentou em seu primeiro registro oficial. Se o
 punk incitava o “faça você mesmo”, os thrashers da Califórnia fizeram 
eles mesmos, mas muito melhor, sem desculpas para incompetência técnica e
 mostrando garra felina. O charme punk habita canções como “Motorbreath”
 e “Hit the Lights”, mas o desejo de criar um trabalho com mais 
complexidade também mostra-se com galhardia, vide minha favorita, “The 
Four Horsemen”. Muita banda hoje em dia venderia a mãe para conseguir 
criar apenas um dos riffs que são ouvidos em músicas nas quais eles 
jorram como cascatas, como “Whiplash”, “Phantom Lord”, “Seek and 
Destroy”, “Metal Militia” e “No Remorse”, outra que merece ênfase 
especial. De ruim, apenas a produção um tanto amadora, mas condizente 
com a situação da época. Felizmente, isso e todo o resto melhoraria 
ainda mais no ano seguinte, quando a banda lançaria aquele que julgo ser
 o melhor disco de heavy metal de todos os tempos.
Eudes: Sempre
 achei o Metallica a banda grande mais bacana desse período. Rock 
tradicional tocado com vontade e inspiração. O grupo mostra que ser 
familiar com escalas, melodia e ritmo ainda era condição para seguir a 
carreira de músico. Isso sem perder, muito pelo contrário, o apelo rock 
‘n’ roll. Não votei nele, mas tenho ouvido sempre desde que comecei a 
pensar nestas linhas que agora escrevo. Bacana.
Fernando: Respondi
 a um amigo certa vez que o Metallica criou seu som da seguinte maneira:
 “O Metallica pegou alguns discos da NWOBHM e tocou em sua vitrola em 45
 RPM”. Naquela época muitos queriam ser os mais blasfemos, outros 
queriam ser mais pesados. O Metallica, e algumas bandas da mesma região,
 queriam ser os mais rápidos. “Whiplash” e “Motorbreath” são prova 
disso.
José Leonardo: Curto alguma coisa isolada do Metallica, mas a fase inicial, mais thrash, não é minha praia.
Leonardo: Unindo
 os riffs da NWOBHM com o andamento e a energia do punk/hardcore, o 
Metallica simplesmente criou um novo estilo, batizado de thrash metal. 
Não bastasse isso, a qualidade das composições de seu disco de estreia 
beira o absurdo. E ainda que o som da banda se desenvolvesse muito em 
seus álbuns seguintes, a energia e a vontade apresentadas neste disco 
jamais seriam igualadas. Poucos álbuns mudaram ou moldaram os caminhos 
da música, e este foi um deles. O melhor de 1983, para mim.
Mairon: A
 estreia do Metallica é um dos grandes álbuns do thrash metal mundial. 
Gosto muito dos vocais de Hetfield em todo o álbum, sem ser gutural e 
possibilitando entender as letras; e das levadas de Lars, que, falem 
mal, mas no Metallica só ele é capaz de tocar; mas principalmente da 
combinação de riffs entre guitarras e baixo em “Jump in the Fire” e 
“Whiplash”, o solo enérgico de Kirk Hammet na introdução de “No 
Remorse”, a ampliação técnica do punk em “Motorbreath”, as mudanças de 
andamento de “The Four Horsemen” e “Phantom Lord”, a velocidade de “Hit 
the Lights” e “Metal Militia”. Ou seja, um álbum excelente, que para 
completar tem a clássica “Seek & Destroy”, obrigatória para encerrar
 os shows da banda, e uma aula de como tocar baixo em “(Anesthesia) – 
Pulling Teeth”, registro histórico de um dos maiores baixistas da 
história, Cliff Burton, conforme a Consultoria do Rock elegeu recentemente, destruindo
 com escalas, wah-wah e uma distorção esmagadora. De chorar! No ano 
seguinte, com um álbum muito melhor trabalhado, o Metallica certamente 
figurará entre os melhores novamente (se não o melhor), mas ainda hoje a
 simpatia por esta estreia a(ni)madora me arranca arrepios.
Rodrigo: Em
 1983, o heavy metal já era amplamente popular e as bandas estavam 
começando a diversificar seus trabalhos. No rasto de bandas como 
Motörhead, Judas Priest e outros surgiam grupos que não se contentaram 
apenas em tocar o mesmo estilo que seus ídolos. Eles elevaram o heavy 
metal a um novo patamar. Uma das bandas mais bem sucedidas nesse quesito
 foi o Metallica, que em 1983 lançou seu álbum de estreia, Kill ‘em All. Considerado até hoje como um dos melhores discos de thrash metal de todos os tempos, Kill ‘em All foi
 extremamente inovador e continua atual até os dias de hoje. A banda 
norte-americana surpreendeu os fãs de música e a imprensa especializada 
aberta ao apresentar músicas rápidas e pesadas, mas sem deixar de lado a
 qualidade das composições, evidenciada pelo bom trabalho dos músicos.
Ulisses: O
 marco zero do thrash metal. A mistura certeira de elementos da NWOBHM 
com a crueza do punk empolga desde o início, com a clássica “Hit the 
Lights”, até o final com “Metal Militia”. Hetfield e Hammett comandam 
muito bem as guitarras, com riffs e solos vorazes (aquele, com aquela 
voz gritada e inexperiente, que já viria a melhorar um pouco na 
sequência, e este, seguia mais ou menos a direção deixada por Mustaine, 
que não pararia de encher o saco de Hammett por causa disso). Lars está 
na média, mas pelo menos não toca com a preguiça de hoje dia, e Cliff, 
como todo mundo já sabe, mostra por que é tão cultuado em seu momento 
solo, “(Anesthesia) – Pulling Teeth”, apesar de, no restante do disco, a
 produção não ajudar muito com a aparição de seu instrumento. Canções 
como “The Four Horsemen” e “No Remorse” possuem viradas interessantes, e
 coexistem com as pedradas do naipe de “Motorbreath” e “Whiplash”, 
mantendo o interesse do ouvinte até o fim. Para encerrar, destaco o hino
 “Seek & Destroy”, cujo riff e refrão todo mundo já entoou milhares 
de vezes na vida.
Iron Maiden – Piece of Mind (85 pontos)
André: Seguindo a sequência de clássicos do Maiden, Piece of Mind prossegue
 na construção do sucesso que a banda obteve nos anos 1980 com louvor. 
Deste disco, também recheado de clássicos com temática de guerra, gosto 
principalmente de “Where Eagles Dare” e seu belo trabalho de guitarras 
de Dave Murray e Adrian Smith, “Flight of Icarus”, que é a minha música 
preferida deste disco, com um dos refrãos mais legais que Dickinson já 
compôs em sua carreira, e “The Trooper”, música que para muitos é a 
principal cara do Iron Maiden. Talvez o único lado negativo é que Nicko 
McBrain ainda parece muito preso e quadrado no disco, fazendo-me sentir 
falta da força de Clive Burr. Mas isso não compromete o excelente 
resultado geral que o Maiden conseguiu.
Bernardo: Ouvi muito quando era moleque.  Não é tão icônico e cheio de hinos quantoThe Number of the Beast (1982),
 mas as composições já são mais maduras e ambiciosas, porém sem perder a
 gana. Destaque para “The Trooper”, com seu ritmo de cavalgada, riff  
marcante e a letra de cunho histórico, mostrando que o Maiden pretendia 
ir além com as capacidades vocais de Dickinson e a adição de Nicko na 
bateria.
Bruno: É
 o meu preferido do Iron Maiden com Bruce Dickinson. Apesar de gostar 
mais de Clive Burr nas baquetas do que de Nicko McBrain, o cara não fez 
feio em sua estreia, que traz mais um punhado de clássicos da banda. Não
 é tão celebrado quanto The Number of the Beast, mas o considero uma evolução do anterior.
Davi: Álbum marcado pela estréia de Nicko McBrain, que serviu para consolidar o grupo de vez. The Number of the Beast levou
 o grupo a outro patamar (tanto em termos de som quanto de 
popularidade). Esta era a prova de fogo, e não deixaram por menos. 
Vieram com outro álbum matador. A primeira fase do Iron não tem disco 
ruim. Os destaques, como não poderiam deixar de ser, são o vocal 
impressionante de Bruce Dickinson e o baixo mais do que destacado de 
Steve Harris. “The Trooper” certamente é o grande hino deste trabalho, 
mas existem outras faixas que são super manjadas entre os fãs da 
donzela. Entre elas, “Where Eagles Dare”, “Flight of Icarus” e “Die With
 Your Boots On”. Grande álbum. Que saudade dessa fase do Maiden…
Diogo: Mesmo “amansando” sua sonoridade original, o Iron Maiden registrou outro petardo na forma de Piece of Mind,
 abusando mais de melodias de fácil assimilação, como pode ser ouvido em
 “Flight of Icarus”, que já foi uma das minhas favoritas do grupo, mas 
hoje em dia não goza do mesmo status. Outras, porém, cresceram com o 
tempo, como é o caso de “Where Eagles Dare”, monstruoso cartão de 
visitas de Nicko McBrain e mais evidente conexão com a agressividade de 
discos anteriores, e “Revelations”. “The Trooper”, essa sim, desde 
sempre figura entre as melhores obras do grupo inglês e jamais 
abandonará esse posto, pois mostra o melhor do estilo de composição de 
Steve Harris, fazendo de seu baixo o fio condutor da canção, seguido por
 guitarras entrecortantes e um Bruce Dickinson fazendo jus ao posto de 
um dos grandes vocalistas de heavy metal. Apesar de algumas excelentes 
músicas, o Iron Maiden dá em Piece of Mind os
 primeiros sinais de cansaço, caso de “Quest for Fire” e “Sun and 
Steel”. “To Tame a Land” é tida por muitos como uma das preferidas da 
banda, mas a considero um tanto superestimada. Sim, a instrumentação é 
boa, em especial a performance de Steve Harris, mas as linhas vocais não
 são muito do meu agrado, e a letra menos ainda. De qualquer maneira, o 
saldo ainda é muito positivo.
Eudes: Ouço
 sem sofrimento. Os meninos da banda tocam bem. As características 
guitarras cruzadas seguem funcionando bem para empolgar ouvintes 
adolescentes, embora sejam previsíveis. Colocação do disco comprava o 
reinado do Iron ao longo dos anos 1980.
Fernando: Vejo Piece of Mind como um The Number of the Beast com mais melodia. A
 banda manteve o foco e sua musicalidade com mais classe ainda. Nicko 
McBrain tem na introdução de “Where Eagles Dare” um dos melhores cartões
 de visita para um músico recém chegado em um grupo. Pegue qualquer 
música deste álbum (exceto talvez “Quest for Fire” e “Sun and Steel”) e 
coloque em um set list de show. Além dos clássicos que já são tocados 
normalmente e nunca podem faltar, as outras seriam recebidas com alegria
 pelo público. Isso já quer dizer muito sobre a importância de um álbum.
José Leonardo: Torno
 a repetir: O Iron é a unica banda de heavy metal tradicional que curto 
bastante. E este segundo disco com o vocalista Bruce Dickinson é tão bom
 ou até melhor que o anterior. Para variar, mais uma mudança de time, 
dessa vez com Nicko McBrain substituindo o baterista Clive Burr, 
estabilizando a formação clássica por uns cinco anos, mais ou menos. 
Neste disco nota-se um amadurecimento em relação às letras na comparação
 com os álbum anteriores e melodias muito mais rebuscadas, sem contar a 
participação mais efetiva de Bruce Dickinson nas composições. Na minha 
opinião, nenhuma faixa é superflua e os destaques vão para “Where Eagles
 Dare”, “Revelations”, “The Trooper”, “Flight of Icarus”, “To Tame 
a Land” e “Still Life”.  Um disco “masterpiece”.
Leonardo: Na
 minha modesta opinião, o melhor disco da carreira do Iron Maiden. 
Refinado e complexo, mas ainda pesado, enérgico e empolgante, o grupo 
foi capaz de reunir uma coleção impressionante de canções neste álbum. A
 abertura com a épica “Where Eagles Dare” mostrou todo o talento do novo
 baterista Nicko McBrain, e a sequência “Revelations”, “Flight of 
Icarus” e “Die With Your Boots On” é de cair o queixo. O segundo lado 
abre com o clássico “The Trooper” e segue com uma das melhores músicas 
da banda, “Still Life”, infelizmente ignorada nos shows. Mais uma vez, 
não há como não citar o esplendoroso trabalho de guitarras da dupla 
Adrian Smith e Dave Murray e a voz de Bruce Dickinson. Mas, como em todo
 grande álbum, o que brilha em Piece of Mind são as composições, quase todas de autoria do baixista e chefe Steve Harris.
Mairon: Considero
 este álbum bem superior ao seu antecessor, apesar de não entrar em um 
top 5 dos meus preferidos do Iron Maiden. O grupo resgata um pouco o 
ímpeto punk da fase Di’Anno na excelente “Where Eagles Dare”, com um 
show das guitarras de Dave Murray e Adrian Smith; criam um dos melhores 
riffs da NWOBHM em “The Trooper”; e arrebentam as cordas vocais com 
“Flight of Icarus”, que considero superiores à clássica “Revelations”. 
Acho que o álbum peca nas comuns “Quest for Fire” e “Still Life”, e 
passa regular em “Die With Your Boots On” e “Sun and Steel”. Todavia, a 
melhor faixa do LP, a épica “To Tame a Land”, prepara o Iron Maiden para
 sua principal sequência de álbuns.
Rodrigo: Muitos me chamam de maluco quando comento isso, mas considero Piece of Mind,
 de longe, o trabalho menos inspirado lançado pelo Iron Maiden na década
 de 1980. Embora tenha músicas como “The Trooper”, “Flight of Icarus” e 
“Where Eagles Dare”, nunca achei que o resto do disco seja do mesmo 
nível. Felizmente a banda logo retomou a forma em Powerslave (1984).
Ulisses: Não
 gosto tanto deste álbum quanto dos outros clássicos que a banda fez na 
mesma época, mas ainda é um disco consistente e que não decepciona. 
Nicko McBrain, substituindo o saudoso Clive Burr, já mostra serviço logo
 no começo de “Where Eagles Dare”, e o grupo segue mantendo o pique nas 
ótimas “Flight of Icarus”, na manjada, mas muito boa “The Trooper”, e em
 “Sun and Steel”.
Mercyful Fate – Melissa (61 pontos)
André: Curiosamente, sempre gostei muito mais dos discos de King Diamond do que do Mercyful Fate. Sempre falaram que Melissaé o melhor disco que o Rei Diamante já fez, mas não o tenho em tão alta conta quanto Abigail (1987) ou mesmo Voodoo(1998), do King Diamond. Um bom disco de estreia apenas.
Bernardo: Sou
 da turma que, apesar de curtir bastante o instrumental, não consigo 
passar pela voz de King Diamond. Mas admiro bastante a teatralidade e 
dramaticidade que ele gosta de imprimir nas músicas.
Bruno: Tem
 algumas composições boas e o instrumental é bem competente, mas o 
falsete do King Diamond não me desce de jeito nenhum. Passo 
tranquilamente.
Davi: Mercyful
 Fate é uma banda polêmica. Embora tocassem um som mais tradicional, 
suas letras muitas vezes abordavam temas satânicos, o que fez com que 
muitos os associassem ao black metal. Há quem os considere parte dessa 
cena, há quem diga que não tem nada a ver. Fora as letras polêmicas, 
outro grande marco, sem dúvida, é a voz de King Diamond, com seus 
falsetes inconfundíveis. Melissa é
 um marco não apenas na carreira da banda, mas no metal oitentista de 
maneira geral. Destaque para os clássicos “Curse of the Pharaohs”, “Into
 the Coven”, “Black Funeral” e “Melissa”. Típico disco que todo fã de 
musica pesada tem a obrigação de ouvir.
Diogo: Da
 improvável Dinamarca emergiu aquela que se tornaria uma das mais 
influentes bandas de heavy metal da década de 1980, inspirando 
artistas do underground ao mainstream e transformando-se em objeto de 
culto graças a seus dois primeiros álbuns, Melissa e Don’t Break the Oath (1984). Dificílimo definir qual é o melhor deles, mas por ora me basta afirmar quão merecido é o fato de Melissa figurar
 nesta lista. Tomando aquilo de melhor que a NWOBHM havia instituído 
e somando com as estruturas mais complexas do rock setentista adorado 
por seus integrantes, o Mercyful Fate  mostrou criatividade ímpar 
através de canções cheias das mais impressionantes dinâmicas, agregando 
em sete faixas ideias que serviriam para no mínimo mais dois discos, 
tamanha é a quantidade de boas sacadas, incluindo dezenas de riffs que 
fazem de Hank Shermann e Michael Denner uma das mais impactantes duplas 
de guitarristas da história do heavy metal. Além de tudo, o personagem 
King Diamond e o cantor Kim Bendix Petersen, capaz de interpretações 
fenomenais, fazem com que tudo ganhe uma aura ainda mais única, 
afastando totalmente possíveis comparações. Todas as músicas são 
excelentes, mas o dinamismo de “Satan’s Fall”, que faz com que uma 
faixa de 11 minutos soe como se tivesse quatro, é o elemento mais 
embasbacante da sonoridade do grupo. Mérito também para o baixista Timi 
Hansen e o baterista Kim Ruzz, que asseguram a solidez das canções. 
Classicaço!
Eudes: Disco
 bacana em que a  banda funde música pesada com tons mais discretos e 
sensíveis típicos de certas correntes do rock oitentista. O álbum é 
talvez o único desta lista que traz algo de novo e notável, quebrando o 
lugar-comum metálico que predomina desde a lista dedicada a 1980. Não o 
incluí na minha seleção pessoal, mas foi bom voltar, depois de muitos 
anos, a ouvi-lo de novo.
Fernando: Esqueçam
 um pouco a temática da banda, a maquiagem do vocalista ou a chamativa 
capa. Preste atenção na música desses caras e percebam que eles podem 
sim ter tido destaque por tudo aquilo que citei, mas eram compositores 
de mão cheia.Melissa não possui sequer uma faixa que nos dê vontade de pular, mesmo assim tenho a minha preferida, “Into the Coven”.
José Leonardo: Temos
 aqui um clássico do metal oitentista. O álbum de estreia da banda 
dinamarquesa é considerado seu melhor trabalho. Noto uma influência do 
Judas Priest. Não muito diferente de outras bandas de heavy metal do 
período, mas neste caso a marca registrada é a temática ocultista e 
satanista e o vocal peculiar de King Diamond, ou seja, sua extensão 
vocal, em particular o uso do falsete, além de sua forte presença de 
palco. Maquiado de forma sombria, King Diamond utiliza um microfone 
formado por uma tíbia e um fêmur, em cruz. Riffs poderosos e velocidade,
 mudanças de tempo e solos incendiários. Destaques para “Into the 
Coven”, “Black Funeral”, a épica “Satan’s Fall” e “Melissa”. Aliás, 
parece que “Melissa” era o apelido do crânio humano que o vocalista 
usava como parte do cenário de suas apresentações ao vivo.
Leonardo: Com
 um dos vocalistas mais carismáticos da cena heavy metal e uma dupla de 
guitarristas extremamente entrosada, o Mercyful Fate surgiu tomando a 
cena europeia de assalto, com um disco que influenciaria toda uma 
geração, tanto música quanto liricamente. O Venom já falava abertamente 
sobre ocultismo e satanismo em suas letras, mas ninguém levava a banda a
 sério. Já King Diamond se apresentava como um real praticante das artes
 negras, fato que dava ao Mercyful Fate uma aura muito mais sombria e 
sinistra. Musicalmente o disco é soberbo, uma coleção de riffs que se 
tornariam clássicos e composições inesquecíveis. A voz de King Diamond 
pode ser estranha ou exagerada na primeira audição, mas uma vez que se 
acostuma a ela, torna-se parte fundamental do som da banda.
Mairon: Heavy
 metal na cabeça, com influências da NWOBHM, mas tendo como diferencial o
 vocal enigmático e único de King Diamond, a estreia do Mercyful Fate é 
um álbum bastante coeso. As guitarras de Hank Shermann e Michael Denner 
são os principais atrativos, em um disco cujo maior destaque sem dúvida 
vai para a épica “Satan’s Fall”, com seus mais de 11 minutos de diversas
 variações. Não ficaria em um top 30 de 1983: é mais um exagero metálico
 que se revela pelos consultores.
Rodrigo: Do
 outro lado do Atlântico, o Mercyful Fate também estava pronto para 
assombrar o mundo com um heavy metal rápido, vigoroso, baseado em riffs 
de heavy metal clássico e trabalho exemplar de todos os músicos. Mas o 
grande destaque eram as letras e a performance completamente não 
ortodoxas do vocalista Kim Bendix Petersen, popularmente conhecido como 
King Diamond. As letras escritas por ele escritas causaram grande choque
 por tratarem de temas pouco usuais para bandas de heavy metal (pelo 
menos naquela época e de forma tão aberta), como satanismo e histórias 
de terror. Mais um caso clássico de álbum que deve ser escutado do 
começo ao fim, sem que seja pulada uma música sequer.
Ulisses: Eu
 lembro que, quando conheci o Mercyful Fate, foi devido a um apaixonado 
comentário que dizia, entre outras coisas, que “falar desse maravilhoso 
álbum é como falar da minha própria mãe”. Curioso, mergulhei no mundo 
satânico criado por esses dinamarqueses e, olha só, também me apaixonei.
 Também, pudera, o Mercyful Fate funde uma obsessão doentia pelo lado 
sombrio e oculto da existência com o peso de bandas como o Judas Priest e
 Angel Witch, fundamentado sob as guitarras de Hank Shermann e Michael 
Denner e, principalmente, as incríveis proezas vocais de Kim Petersen, o
 famoso King Diamond. O grande trunfo do grupo, a performance de Kim no 
Mercyful Fate (e em sua posterior carreira solo) é um caso sério de ame 
ou odeie entre os bangers. Eu fico do lado dos que amam. Como não se 
impressionar com seu fantástico alcance vocal, capaz de ir, com 
facilidade, dos mais maléficos gritos e rosnados ao mais atordoante 
falsete? Nada mais justo que esse pessoal cultue o coisa-ruim (ainda que
 em letras bem toscas), pois o que King e sua trupe fazem em Melissasó
 pode ser obra do cão. Não preciso destacar aqui nenhuma canção em 
particular, pois todo o álbum é fluído e digno de nota, sendo a épica 
“Satan’s Fall” a minha preferida. No ano seguinte, os dinamarqueses 
lançariam o também seminal Don’t Break the Oath, geralmente preferido por aqueles que apreciam seu som, mas eu fico mesmo com a caveira diabólica de Melissa.
 Aliás, eu já disse algumas vezes em outras ocasiões: se um dia eu 
chegar a ter uma filha, seu nome será Melissa. E a culpa é deste disco.
Accept – Balls to the Wall (49 pontos)
André: Apesar de gostar mais de Restless and Wild (1982), foi este disco que fez do Accept um dos grandes destaques do rock alemão. Balls to the Wall seguiu
 no mesmo estilo do anterior, com guitarras tão cortantes quanto antes, 
os vocais esganiçados típicos de Udo e aquela pegada rítmica de bateria 
sempre ganchuda, cortesia do excelente Stefan Kaufmann. “Balls to the 
Wall” é a típica faixa grooveada de baixo e bateria com um refrão digno 
dos melhores grupos oitentistas de hard rock. “London Leatherboys” é 
mais heavy metal clássico, parecida com as bandas da NWOBHM. Para 
finalizar os destaques, “Losers and Winners” aposta na velocidade e em 
uma temática curiosa sobre o amor, no qual sempre há perdedores e 
vencedores. É um ótimo disco que eu aprecio bastante e não entrou na 
minha lista por pouco.
Bernardo: A
 faixa-título empolga bastante, com uma bela construção de atmosfera e 
uma criativa levada de ritmo. Mas é só. Não sei se é porque se encaixa 
no caso dos caras criarem uma cartilha que depois foi saturada,  mas 
depois da audição só me lembro da principal  música de trabalho mesmo.
Bruno: Um
 disco mais polido e bem mais acessível que o anterior, com a  presença 
da classicíssima faixa-título. Um álbum divertido no geral, mas aquém do
 anterior. Não merece ficar entre os dez mais.
Davi: O
 ano de 1983 foi ótimo para o heavy metal e também para o Accept. Os 
caras tinham a difícil missão de manter o nível atingido no clássico Restless and Wild e
 conseguiram. Não só mantiveram o nível, com criaram novos clássicos. 
Canções como “Balls to The Wall”, “London Leatherboys” e “Head Over 
Heels” até hoje destacam-se em suas apresentações. Essencial!
Diogo: Metallica, Dio, Mercyful Fate, Slayer e outros que me desculpem, mas o grande disco de 1983, pra mim, é Balls to the Wall. Redondíssimo, mais bem produzido e tocado que seu antecessor, o já ótimo Restless and Wild,
 o álbum tem como maior trunfo a homogeneidade de suas composições e a 
capacidade de cada uma delas cativar o ouvinte com poucas audições, pois
 atrás da parede de guitarras, dos coros e da voz esganiçada de Udo, 
estão melodias de fácil assimilação sobre as quais as letras (cortesia 
da empresária da banda, Gaby Hauke) encaixam-se sem trauma. Wolf 
Hoffmann, apesar de não ser um guitarrista extraordinário, é talentoso 
ao fundir suas influências eruditas ao rock ‘n’ roll de maneira muito 
mais fluída que muitos artistas mais presunçosos que surgiram 
anteriormente. Observo a recorrente citação da faixa-título como a de 
maior destaque (e sim, ela foi muito feliz em sintetizar a sonoridade do
 disco), mas ressalto que todo o track list é equilibrado, destacando-se
 um pouco mais na minha opinião “Fight It Back”, “Losing More Than 
You’ve Ever Had” e “Losers and Winners”, além da minha canção favorita 
do Accept, a balada “Head Over Heels”, perfeita amostra da simplicidade 
melódica bem engendrada do quinteto alemão. Ouço-a sempre como se fosse a
 primeira vez, com grande empolgação.
Eudes: Não conhecia o disco. Ouvi agora para elaborar o comentário. Diagnóstico: pensava que era o disco de 1982.
Fernando: O heavy metal é um ambiente quase que exclusivamente masculino. Ainda mais em 1983. Balls to the Wall transborda
 testosterona, mesmo que a capa com a perna cabeluda tente desmentir 
isso. Este disco fez a banda ser conhecida nos Estados Unidos, e quase 
todas as faixas têm vários ganchos que grudam rapidamente na cabeça.
José Leonardo: Como
 afirmei em comentários anteriores, este é o único disco deles do qual 
conheço alguma coisa, ou seja, a faixa-título, “London Leatherboys”  e 
talvez alguma outra. Repito: boa banda, competente e com bons músicos. 
Mas acho que é só isso
Leonardo: Mais um desfile de clássicos dos alemães. Mais refinado que seu antecessor,Balls to the Wall apresenta
 uma coleção de canções mais cadenciadas, com riffs e andamentos muito 
marcantes, como a fenomenal faixa-título. O vocal esganiçado de Udo pode
 soar estranho a princípio, mas se encaixa perfeitamente à sonoridade do
 grupo. Outro destaque incontestável é o guitarrista Wolf Hoffmann, 
sempre preciso e dono de uma classe rara. Para quem não o conhece, “Head
 Over Heels”, “Love Child” e “Losers and Winners” são uma ótima 
apresentação ao som do grupo.
Mairon: Uma
 das piores capas do heavy metal tradicional apresenta um disco mais do 
mesmo do grupo alemão. Em comparação ao seu antecessor, nenhuma 
novidade. Riffs comuns, a voz característica e gritante de Udo e mais um
 álbum sem fundamento nessas listas de melhores. Para não citar nenhuma 
canção, ficam a faixa-título e “Losers and Winners” como audíveis, mas 
não é um álbum que eu vá adquirir para ouvir com frequência. E por favor
 né, uns baita barbados fazendo algo tão meloso como “Winter Dreams” não
 dá.
Rodrigo: Ao
 contrário da maioria das pessoas, prefiro a fase atual do Accept àquela
 considerada clássica, com o vocalista Udo Dirkschneider. Mesmo tendo 
isso em mente, é impossível renegar a importância que este álbum tem 
para a história do heavy metal. Impossível não lembrar do clássico 
“Balls to the Wall” e seu videoclipe que era exibido à exaustão na MTV.
Ulisses: Engana-se quem pensa que o Accept atingira seu ponto máximo em Restless and Wild. Foram os refrãos grudentos e a atmosfera ora romântica, ora sensual deBalls to the Wall que
 levaram os germânicos ao topo. As melodias aqui chegaram a um nível 
absurdamente alto, mas sem deixar o peso de lado, como evidenciado nas 
pérolas “Love Child”, “London Leatherboys” e “Guardian of the Night”. A 
faixa-título é um clássico absoluto e marcou toda uma geração, mas a 
menina dos meus olhos é “Losing More Than You’ve Ever Had”.
Slayer – Show No Mercy (47 pontos)
André: Outra
 banda entre as “clássicas” do Metal pela qual não tenho tanta estima. 
Mais um debut (são quatro só nesta lista), o Slayer faz um thrash metal 
focado no peso e em muitas blasfêmias, mas confesso que prefiro mais o 
Exodus e o Anthrax nos Estados Unidos e a trinca alemã formada por 
Kreator, Destruction e Sodom. Sem contar o nosso Sepultura. Este Show No Mercy é
 veloz e tem boa variedade de riffs, mas o que é digno de elogios em 
relação a este disco são os solos de guitarra de Hanneman e King, de um 
bom gosto e de uma técnica impressionante. Os de “Die By the Sword” e 
“Crionics” são meus preferidos. É um bom disco, que me despertou 
interesse em ouvir mais coisas da banda.
Bernardo: Malvado
 até o osso, com uma produção ruim até o osso, fazendo uma barulhada 
infernal com influências da NWOBHM que nessa época ainda pouco fazia 
para se destacar do resto.
Bruno: Dos primeiros trabalhos do Slayer, este é o que menos gosto. Não consegue me empolgar como o impecável Reign in Blood (1986) ou o excelente South of Heaven (1988), apesar de reconhecer sua importância para os primórdios da música extrema.
Davi: Belo trabalho de estreia do Slayer.  Considerado um dos marcos iniciais do thrash metal, ao lado de Kill ‘em All,
 mostrava os músicos começando a buscar seu caminho. Algumas 
características neste álbum foram abandonadas nos trabalhos posteriores.
 A imagem satânica com cruzes e pintura no rosto, os agudos de Tom 
Araya… Mesmo assim, a qualidade das composições é alta e sua audição é 
empolgante. “Evil Has No Boundaries”, “The Antichrist”, “Die By The 
Sword” e “Black Magic” levantam até defunto.
Diogo: Caro
 leitor, quero ter uma conversa séria com você agora. Você tem filhos? 
Se tem algum amor a eles, imagino que não queira vê-los mergulhados em 
um oceano de más vibrações, agressividade, vícios e a mais evidente 
adoração ao tinhoso, não? Pois então não deve, de maneira alguma, 
permitir que sua prole tome contato com esta obra amaldiçoada intitulada Show No Mercy,
 pois é justamente isso que ela representa. Ou você esperava algo 
diferente de canções (se é que posso assim chamá-las) cujos títulos 
traduzem-se em “O Mal Não Tem Limites”, “O Anticristo”, “Morra pela 
Espada” e “Magia Negra”? Mesmo que seus filhos não entendam sequer uma 
palavra de inglês, pode ter certeza que a atmosfera demoníaca criada por
 aqueles “senhores” chamados Jeff Hanneman, Kerry King, Tom Araya e Dave
 Lombardo é mais que suficiente para causar danos irreversíveis ao 
cérebro em formação de jovens propensos a dar ouvidos a qualquer falso 
profeta escondido sob uma aura de livre expressão. Tomem uma atitude 
enquanto há tempo, pois muitos já se perderam pelo caminho. Eu sou um 
deles, e nunca mais o reencontrei.
Eudes: Não conhecia. Parei na metade. Nesse tempo eu já era velho demais para isso. Passei.
Fernando: Comecei
 a gostar de Slayer por conta de duas músicas: “Evil Has no Boundaries” e
 “The Antichrist”. Isso foi por volta de 1993. No ano seguinte, vi a 
banda executando as duas faixas na saudosa primeira edição do festival 
Monsters of Rock. Depois disso, virei fã incondicional. As duas 
músicas presentes em Show No Mercyme fizeram ter este álbum como o favorito por muito tempo. Só depois reconheci a importância de Reign in Blood e South of Heaven para
 o heavy metal em geral e ele caiu um pouco no meu ranking pessoal. Pena
 que a gravação não tenha a mesma qualidade que o disco seguinte, pois 
tenho certeza que isso ajudaria a fortalecer as faixas deste ótimo disco
 de estreia. Engraçado notar que a rebeldia/blasfêmia juvenil se 
refletiu até na identificação dos lados do disco, no qual os lados A e B
 tornaram-se os lados 6 e 66.
José Leonardo: Passo. Não é minha praia. Nem consigo ouvir um disco inteiro…
Leonardo: Assim
 como o Metallica no mesmo ano, o Slayer surgiu unindo os riffs e a 
classe da NWOBHM com a energia e a velocidade do punk e do hardcore. Mas
 além disso, o Slayer seguia uma temática muito mais negra e satânica em
 suas letras, estilo incomum nos Estados Unidos na época. Mas, como o 
que importa é a música, o que a banda apresentou em Show No Mercy não
 era nada menos que espetacular. Riffs altamente influenciados pelo Iron
 Maiden, como em “Crionics”, mas tocados a uma velocidade alucinante, 
solos rápidos e caóticos e os vocais ainda agudos de Tom Araya formavam 
uma mistura improvável mas altamente eficiente. O grupo ainda 
encontraria um estilo mais próprio no futuro, mas as composições deste 
disco de estreia passariam com mérito no teste do tempo, sendo 
requisitadas até hoje nos shows da banda.
Mairon: 1983
 foi o grande ano da música na década de 1980. O renascimento do Yes 
como um expoente pop, a despedida do Pink Floyd e o Genesis mergulhado 
nos sintetizadores marcaram definitivamente o fim do rock progressivo no
 Reino Unido. No Brasil, porém, Bacamarte, Marco Antonio Araújo e 
Quintal de Clorofila remavam contra a maré, lançando aqueles que 
considero os melhores álbuns prog já feitos em nossas terras. Ainda no 
Reino Unido, David Bowie saía das cinzas do sucesso de “Ashes to Ashes” 
para virar o maior artista da música mundial com Let’s Dance (injustamente
 fora desta lista). E ainda, nos Estados Unidos, nasciam duas das 
maiores bandas do thrash metal mundial, Metallica e Slayer. Antes das 
duas, o metal era pesado e com alguma virtuose, mas depois delas, ganhou
 uma velocidade descomunal e riffs não mais cantaroláveis, mas para 
quebrar pescoços mundo afora. A diferença do Slayer para o Metallica é 
que a veia punk pulsa muito mais forte, tornando o som mais cru. Ao 
mesmo tempo, os solos de Jeff Hannemann e Kerry King são mais agressivos
 e barulhentos que a técnica de Kirk Hammett. Por outro lado, Dave 
Lombardo está anos-luz à frente de Lars Ulrich, mesmo fazendo o que para
 ele é muito básico. A velocidade que o homem aplica nas marcações é 
única no thrash metal. E Tom Araya? Preciso dizer algo sobre o mais 
carismático baixista/vocalista do thrash? Quanto a Show no Mercy,
 resumo dizendo que é magnífico do início ao fim, e só não é a perfeição
 thrash porque, em 1986, os californianos se superaram. Para saber mais 
sobre o disco, leia minha Discografia Comentada do
 grupo. Para não ficar sem citar uma canção, ouçam as obras-primas 
“Crionics” e “Metalstorm/Face the Slayer” e permitam-se introduzir no 
mundo satânico da maior banda thrash de todos os tempos.
Rodrigo: Em
 1983, outra banda californiana deixou o mundo da música boquiaberto ao 
lançar seu trabalho de estreia repleto de composições rápidas, com 
letras que abordavam temas como satanismo. Poucos são os grupos que 
podem se orgulhar de terem lançado um álbum de estreia tão impactante e 
consistente quanto Show No Mercy.
 O trabalho é repleto de músicas definitivas do thrash metal, como “The 
Antichrist”, “Dye By the Sword”, “Fight Till Death” e “Black Magic”. Foi
 um começo de carreira fulminante para a banda que mais contribuiu para 
botar o filho dos outros no caminho da vida torta.
Ulisses: Enquanto
 o Metallica distanciava-se de letras profanas, o Slayer as recebia de 
braços abertos. Iniciando a carreira com covers de Judas Priest e Iron 
Maiden, foi a influência de bandas como Venom e até do próprio Metallica
 que os levou a compor petardos como “Black Magic” e “Die By the Sword”.
 Araya supreende ao mandar até notas agudas no meio das canções, 
enquanto Dave Lombardo, então com apenas 18 anos, já impressionava no 
comando das baquetas – basta dar uma rápida checada na faixa-título.
Pink Floyd – The Final Cut (43 pontos)
André: Basicamente,
 um monte de lamúrias políticas por parte de Roger Waters com um pouco 
de música ao fundo. Depois de ver este álbum entre os dez melhores, já 
estou me preparando psicologicamente para comentar discos como o Lulu (Metallica e Lou Reed, 2011) e similares.
Bernardo: Ouvi,
 quase dormi e esqueci. O rock progressivo nos anos 1980 era um zumbi, e
 a trupe britânica estava basicamente chutando cachorro morto.
Bruno: Não tenho paciência pra nada do Pink Floyd pós-The Wall (1979).
Davi: Em
 um ano marcado pela explosão do heavy metal, o Pink Floyd conseguiu se 
destacar com esse belo trabalho mantendo a sua essência. Com arranjos 
densos e belos, os caras dão uma aula de composição nesse disco cuja 
audição é intrigante do início ao fim. Vale a pena ouvir.
Diogo: Quando penso em The Final Cut,
 penso em cansaço. Cansaço em ouvir um disco que sequer tem lampejos dos
 magníficos discos anteriores da banda, a não ser o fato de que algumas 
músicas, no máximo, comparam-se às menos memoráveis do antecessor, The Wall.
 Cansaço do grupo, fato que fica evidente ao ouvir um outrora genial 
Roger Waters mergulhado excessivamente no abismo de sua mente e dela 
extraindo canções que não chegam aos pés de clássicos registrados poucos
 anos antes. David Gilmour e Nick Mason então, são totalmente relegados 
a um segundo plano. Ao menos o disco tem personalidade, coisa que o 
insosso posterior A Momentary Lapse of Reason (1987), já sem Waters, não tem. Não chego a considerar The Final Cutruim;
 na verdade julgo-o melhor que alguns álbuns que já deram as caras nesta
 série, mas sua inclusão aqui certamente é das mais injustificáveis. Mil
 vezes um disco de heavy metal cuja relevância é questionável, mas que 
empolga de ponta a ponta, do que este brochado The Final Cut.
Eudes: The Final Cut marca
 um fato que já se sabia: o Pink Floyd não existia mais. Fruto do seu 
total domínio sobre a trade mark Pink Floyd, Waters mais uma vez pensa 
que é Gershwin ou Townshend e comete um disco conceitual em que a 
pretensão e o chororô só não são piores do que as fraquíssimas melodias 
registradas. Para completar, os arranjadores foram acometidos de uma 
onda de mau gosto que transforma tudo em paisagens de filmes 
lacrimogêneos de Hollywood. Chato é que depois de vencer na Justiça 
batalha contra Waters pelo nome da banda, Gilmour continuou arrastando a
 gloriosa bandeira na lama. Os anos 1980 foram mesmo um inferno!
Fernando: Sei
 que choverão críticas pelo fato deste disco ter entrado. Acho até que 
essas críticas são válidas por reconhecer que o grande público não gosta
 de The Final Cut. Porém, fico pessoalmente satisfeito. Gosto demais do álbum e já expressei meu respeito por ele nessa matéria.
José Leonardo: Disco polêmico, idolatrado por uns e odiado por outros, The Final Cut é
 o primeiro trabalho do Pink Floyd sob o total comando do baixista Roger
 Waters. A banda, reduzida a um trio, com o guitarrista David Gilmour e o
 baterista Nick Mason aparentemente como coadjuvantes e a saída de 
Richard Wright, até hoje não muito esclarecida, é acrescida por diversos
 músicos convidados. Na minha opinião, nao é tão ruim quanto alguns 
podem dizer. Na verdade, acho que este álbum é muito subestimado. 
Grandes letras e algumas ótimas canções. Pegando carona na veia 
autobiográfica e antibélica de The Wall, The Final Cut,
 cujo subtítulo é “A Requiem for the Post-War Dream” e é dedicado ao pai
 de Roger, morto durante a Segunda Guerra Mundial, leva a narrativa para
 um dos mais despropositados conflitos ocidentais de que se tem notícia,
 a Gerra das Malvinas, entre Inglaterra e Argentina. Temos belos 
arranjos de cordas na faixa de abertura, “The Post War Dream”; ótimas 
performances de Gilmour, como o solo em “Your Possible Pasts”; a 
melancolia de “One of the Few”; em “The Hero’s Retur”n parece tentar 
mudar o clima arrastado das canções anteriores, com um toque meio 
oriental (a versão em single tem um verso a mais); a extraordinária 
mixagem da voz de Waters e o saxofone na triste e lenta “The Gunner’s 
Dream”; o lirismo de “Paranoid Eyes”, que tem um belo piano; “Get Your 
Filthy Hands Off My Desert”, com seus efeitos sonoros; o ápice da 
melancolia em “The Fletcher Memorial Home”, o folk de “Southampton 
Dock”;  a faixa-título “The Final Cut”, que mostra David Gilmour em um 
de seus melhores solos; a pesada “Not Now John”, com vocais de Gilmour, 
interrompida em alguns momentos por Waters e ótimos vocais de apoio 
femininos; e a derradeira e apocalíptica “Two Suns in the Sunset”, com 
destaque para o saxofone tenor. Obviamente está a anos-luz da 
genialidade de The Dark Side of the Moon (1973) e Wish You Were Here (1975), mas mesmo assim é um belo disco.
Leonardo: Cansativo ao extremo. Se no auge já era difícil ouvir um disco da banda por completo, em 1983 era tarefa quase impossível…
Mairon: Esse
 álbum é o clássico AME ou ODEIE. Foi o primeiro disco do Pink Floyd que
 tive (ganhei de aniversário, quando completei 6 anos) e todo ele foi 
marcante para mim. A voz dolorida de Waters, lamentando a morte do pai e
 ampliando a história deThe Wall de
 maneira comovente, assusta-me até os dias de hoje. Quem critica o álbum
 por não existir nele o Pink Floyd de outrora, na verdade é uma viúva 
marota de David Gilmour. As letras fortes, os arranjos fabulosos, uma 
interpretação tocante, tudo construído pela genial mente de Waters, em 
um dos melhores discos da banda. Claro, se tivesse sido lançado como 
obra da carreira solo de Waters, com certeza os detratores não torceriam
 tanto o nariz para The Final Cut.
 Difícil destacar uma canção em especial, já que o álbum inteiro se 
complementa, mas se fosse para escolher três, apresentaria “Your 
Possible Pasts”, “The Fletcher Memorial Home” e a faixa-título. O único 
deslize é aquela que destoa totalmente da proposta do disco, “Not Now 
John”, curiosamente a única que os xiitas relevam por conta de o 
personagem principal ser Gilmour. Perdoem-nos, Mr. Waters, eles não 
sabem de nada.
Rodrigo: O
 último álbum gravado por Roger Waters com o Pink Floyd está longe de 
ser um dos meus favoritos. Com as tensões internas cada vez maiores e a 
briga pelo controle criativo do grupo, o conceito do álbum e suas 
composições foram todos criados por Roger Waters, tendo os outros 
músicos participado apenas de sua execução. Ao meu ver, esse é o maior 
problema do álbum. Apostando em conceitos que já haviam dado certo em 
outros trabalhos, a fórmula deu sinais de desgaste, fato que acabou 
fazendo com que o álbum se tornasse cansativo, difícil de escutar.
Ulisses: Demasiadamente
 atmosférico (tirando “Not Now John”, que foge um pouco da direção do 
disco), é também o mais emocional na discografia do grupo, assim como 
denso, crítico e pessimista. Há muito enfoque na temática e não muito na
 musicalidade, fato que gerou tensão entre Waters e Gilmour. Mesmo sob 
pressão, o guitarrista entrega bons momentos, como no solo da ótima 
“Your Possible Pasts”. Todas as canções são assinadas por Waters, e as 
contribuições de Gilmour e Mason são mínimas – pra não falar de Wright, 
que àquela altura já não fazia mais parte do quarteto. Não é um 
clássico, mas também não é ruim. A dificuldade está em mergulhar no 
clima do disco, mas depois que você o faz, a audição até que se torna 
agradável.
Kiss – Lick It Up (33 pontos)
André: Com
 a banda entrando de vez na moda farofa que inundava as rádios na época,
 o Kiss se reinventou com mais um disco excelente e pegajoso, cheio de 
malícia e de veneno. É o meu álbum preferido da fase desmascarada. Falem
 o que for, mas “Lick It Up” já nasceu clássica e com a cara linguaruda 
do Kiss e a voz de Stanley se encaixa muito melhor nessa linha glam 
metal do que na fase pop/disco. O videoclipe dessa canção é simplesmente
 hilário. “Young and Wasted” demonstra que as canções mais pesadas ficam
 bem melhores na voz rouca de Simmons. “Fits Like a Glove” traz um belo 
trabalho de guitarras de Vinnie Vincent a um rock direto e sem firulas 
de Gene Simmons. Por sinal, Vincent é considerado por muitos a salvação 
do Kiss oitentista. Se pensarmos que os dois álbuns em que ele 
participou foram os melhores do Kiss na década, essa afirmação não soa 
errada. Lamentavelmente, essa união não foi para frente e o Kiss 
mergulhou em um período negro de álbuns que variam do ruim ao mediano.
Bernardo: Entendo
 gente que ouve esses discos do Kiss tanto quanto gente que continua 
vendo filme do Woody Allen todo ano. De onde vocês arranjam paciência, 
sério? Na metade do disco já tava querendo ver uns vídeos no YouTube.
Bruno: Depois de voltar às origens com o pesado Creatures of the Night (1982),
 o Kiss tentou mais uma vez se reinventar e se alinhar com o som da 
época, e lançou um álbum mais pop, com a sonoridade bem próxima ao hair 
metal que estava em voga. Está longe de ser ruim, mas também não chega 
nem perto de ser um dos grandes álbuns do Kiss. Depois deste eles foram 
ladeira abaixo nos anos 1980, com uma porcaria atrás da outra, e só 
foram voltar a produzir alguma coisa relevante comRevenge (1992).
Davi: Se Creatures of the Night foi o grupo se reencontrando musicalmente, Lick It Up foi
 a banda se vendo de volta ao mercado. Depois de atravessar um período 
negro, com três álbuns não tão bem sucedidos comercialmente, o Kiss 
voltou com tudo invadindo as rádios e as televisões com a canção “Lick 
It Up”. Depois de muito mistério, seus rostos finalmente 
foram revelados. A sonoridade mantinha muito da pegada heavy rock do Creatures,
 além de trazer um Paul Stanley cada vez mais solto nas cordas vocais. 
Trabalho inspiradíssimo. Um dos pontos altos da bela discografia do 
grupo. Destaques: “Not for the Innocent”, “Young and Wasted”, “Fits Like
 a Glove”, “And on the 8th Day” e “Gimme More”. Infelizmente, esse 
line-up registrou apenas este disco graças ao ego do talentoso Vinnie 
Vincent.
Diogo: Tecnicamente,
 minha formação favorita do Kiss conta, além de Paul Stanley e Gene 
Simmons, com Eric Carr e Vinnie Vincent, justamente a deste Lick It Up. O
 principal motivo para isso, além da sempre ótima performance de Eric, 
são as linhas de guitarra encontradas no álbum, cujo conjunto 
provavelmente é meu favorito entre todos os registros do grupo. Podem 
até faltar mais composições de alto nível para justificar a inclusão 
deste disco nesta lista, que julgo exagerada, mas o trabalho de Vincent é
 sensacional, equilibrando peso, melodia, timbre, técnica e o que mais 
for, caindo como uma luva naquilo que o Kiss buscava alcançar com sua 
curva de direcionamento iniciada em Creatures of the Night.
 É uma pena mesmo que esse quarteto tenha ficado unido formalmente por 
apenas um álbum, mas foi o suficiente para entregar algumas ótimas 
músicas, como é o caso “Not for the Innocent” e a faixa-título, além 
das fenomenais “Exciter” (minha favorita) e “A Million to One”, duas 
mostras de que a união entre Paul e Vinnie ainda poderia render muita 
coisa boa. Mas insisto: prestem atenção nas guitarras, pois mesmo em 
músicas não tão boas assim, como “Young and Wasted”, “Gimme More” e “All
 Hell’s Breakin’ Loose”, não é brincadeira o que Vinnie está tocando. 
Entre os discos do Kiss sem máscaras, o único comparável a Lick It Up é Revenge.
Eudes: Eis
 o mistério da fé! Kiss emplaca discos seguidos na série em sua fase 
marcada por sua galopante decadência. Isso merece um estudo.
Fernando: Faço
 parte daqueles fãs do Kiss que gostam de todas suas fases e fecham um 
poucos os olhos para as coisas menos nobres que a “banda” fez. Escrevo 
“banda” entre aspas já que é de conhecimento geral que os integrantes 
oficiais do grupo raramente eram vistos juntos em estúdio e muitas vezes
 nem gravavam algumas das músicas. Estranho este disco ter entrado, já 
que sua única composição mais forte é a faixa-título. E falo isso mesmo 
gostando de várias outras, como “Not for the Innocent” e “All Hell’s 
Breakin’ Loose”.
José Leonardo: Repito
 o que escrevi antes: todos sabem que nunca curti o Kiss, nem quando era
 adolescente. A banda nunca me cativou com seu rock festeiro. E para 
piorar este nem tem Ace Frehley!
Leonardo: Com o fracasso comercial de Creatures of the Night,
 o Kiss decidiu tomar uma atitude extremamente ousada, retirar as 
máscaras que os fizeram famosos e revelar seus rostos e identidades. Mas
 quem achava que o som também teria alguma mudança drástica em relação 
ao disco anterior se enganou. Musicalmente, Lick It Upseguia exatamente de onde Creatures of the Night parou,
 investindo em um hard rock pesado, beirando o heavy metal, com muita 
ênfase nas guitarras de Vinnie Vincent e na bateria de Eric Carr. 
A aposta no novo visual foi um sucesso, com o videoclipe da faixa-título
 explodindo na recém-nascida MTV e dando uma nova vida ao grupo, que 
renasceria para os anos 1980 a partir deste álbum. Contudo, Lick It Up é
 muito mais que a faixa-título. Riffs pesados como os de “Fits Like 
a Glove”, o lado maléfico de Gene Simmons em “Not for the Innocent”, o 
peso de “Exciter”… Tudo o que um fã do Kiss espera está presente no 
disco. E há ainda uma das melhores baladas compostas por Paul Stanley, a
 fenomenal “A Million to One”.
Mairon: O Kiss tirou as máscaras depois da turnê de Creatures of the Night e acabou. Daí veio o mesmo quarteto, sem máscaras, e criou uma nova banda, farofenta e sem graça, chamada Kiss. Lick It Up,
 álbum de estreia dessa banda, é bem representativo do que foi o hard 
rock nos anos 1980, com canções melosas sobre amor e sexo, solos de 
guitarra virtuosos e refrãos grudentos, mas não é dos melhores trabalhos
 que já ouvi. Claro que é legal de ouvir o rockzão “Fits Like a Glove” 
(uma das letras mais sacanas que Gene Simmons já cantou), a pancada 
“Young and Wasted” ou “Exciter”, que abre o disco com a sensação de que 
teremos uma boa continuação paraCreatures of the Night,
 mas quando as melhores músicas de um disco do Kiss são as cantadas por 
Gene, sendo que a única realmente boa cantada por Paul é “Gimme More”, 
significa que algo está errado. Dificilmente coloco Lick It Up na
 vitrola (havia um bom tempo que não tocava nele) simplesmente porque 
não tem nada de mais. Em 1983 houve muito material melhor, 
principalmente no Brasil.
Rodrigo: Nunca gostei de Kiss.
Ulisses: Tirar a maquiagem não ajudou em nada a melhorar o som…
Manowar – Into the Glory Ride (32 pontos)
André: Gosto muito mais deste álbum do que de Battle Hymns (1982).
 O Manowar é aquela típica banda clichê e cheia de lambanças em cima do 
heavy metal, mas os caras tocam bem e sabem compor músicas divertidas. E
 o mais interessante desses primeiros discos é que eles ainda tinham 
muita pegada do bom e velho hard rock, o que dá uma melhorada e tanto em
 suas composições. “Gloves of Metal” é o ápice deste disco, com direito a
 couro, spikes e cabeças bangueando em simetria no videoclipe, como todo
 metal tradicional deve ter.
Bernardo: Hahahahaha, tá ok, essa foi engraçada, galera. Cadê o disco que entrou de verdade?
Bruno: Só pode ser piada né?
Davi: Gosto
 muito do Manowar, mas este disco nunca figurou entre meus preferidos do
 grupo. Pelo contrário, o considero o mais fraco da primeira fase. Não o
 colocaria entre os dez mais de 1983. Sorry.
Diogo: Comentei na edição passada desta série que considero o primeiro álbum da banda, Battle Hymns (1982),
 o menos interessante entre seus quatro primeiros. Não à toa, a música 
que melhor se conecta com ele é a única da qual não gosto tanto emInto Glory Ride,
 “Warlord”, faixa de abertura. Mesmo assim, não posso deixar de admitir:
 que discaço! De “Secret of Steel” a “March for Revenge (By the Soldiers
 of Death)”, é pedrada atrás de pedrada, com Joey DeMaio, Ross the Boss e
 Scott Columbus descendo a mão em seus instrumentos como se o estoque de
 cordas, peles e baquetas fosse infinito, além da performance de Eric 
Adams ser marcante como sempre, por mais que alguns ignorem até sua 
capacidade técnica invejável. Podem continuar com as piadinhas 
relacionadas à banda, pois se pura diversão for motivo para riso, eu 
quero mais é motivar ataques dos mais compulsivos, continuando a ouvir 
canções como as ótimas “Gloves of Metal”, “Gates of Valhalla” e 
“Revelation (Death’s Angel)” até me tornar um velho senil. Talvez senil 
eu já seja.
Eudes: Outro que não conhecia antes de ser instado a ouvi-lo pela publicação da lista de melhores. Mas poderia morrer sem esta! Passo.
Fernando: Não
 esperava que este disco entrasse na lista final, já que não possui 
faixas tão marcantes quanto o álbum de estreia e o seguinte, Hail to England (1984).
 Mas esse pode ser um daqueles casos em que um álbum menor acaba tendo 
sua importância elevada quando lançado entre dois bons discos.
José Leonardo: Outra banda que nunca me chamou atenção. O visual também não ajuda e deixa a coisa meio ridícula. Definitivamente, tô fora!
Leonardo: Mais
 uma vez, independente da capa cafona ou do que o futuro reservaria para
 o quarteto norte-americano, é impossível negar a qualidade dos 
primeiros trabalhos do Manowar. Em seu segundo disco, Into Glory Ride,
 o grupo definiu o estilo o que o faria famoso, o heavy metal épico. 
Após uma faixa de abertura mais despojada e rock ‘n’ roll, que lembra o 
que a banda havia feito em seu disco anterior,Into Glory Ride passa
 a ser um desfile de riffs e interpretações fortes e cadenciadas, que 
somados às letras com inspiração na mitologia nórdica, se tornaram a 
trilha sonora perfeita para os quadrinhos de Conan ou para os livros de 
JRR Tolkien. Exceto pela cansativa “Hatred”, todas as demais faixas têm 
esse clima épico e medieval, e têm a capacidade de remeter o ouvinte à 
Ciméria, a um campo de batalha viking ou ao próprio inferno, onde o 
diabo em pessoa nos espera. Parece um exagero? Sim, e definitivamente o 
é. Mas há algo mais exagerado do que Conan ou as histórias da Terra 
Média? Portanto, não encare o disco ou a banda como algo sério, e sim 
como diversão, como o bom rock ‘n’ roll costuma ser. Ou existe algo mais
 chato do que uma banda de rock “séria”? Na dúvida, escute “Gates of 
Valhalla”, “Secret of Steel” ou “Revelation (Death’s Angel)” e tire suas
 próprias conclusões. Elas continuam me divertindo mesmo depois de 20 
anos que as ouvi pela primeira vez…
Mairon: Se Battle Hymns não havia conquistado meus ouvidos, também não foi comInto Glory Ride que
 me aticei a conferir a discografia do Manowar. Tirando a épica “Gates 
of Valhalla” e “Revelation (Deaths Angel)”, o que ouvi foi muita 
testosterona para pouca inspiração. Para piorar, a voz de Eric Adams é 
terrível. Não é o tipo de música que ouviria todos os dias, e tampouco é
 digno de entrar em uma lista de melhores deixando de lado obras 
singulares como Depois do Fim (Bacamarte) ouEntre um Silêncio e Outro (Marco Antonio Araújo). Nem cito Let’s Dance (David Bowie) porque essa ausência nunca se justificará. Muita testosterona e gritaria para pouca música.
Rodrigo: Após estrear de maneira triunfal com o excelente Battle Hyms no
 ano anterior, os norte-americanos do Manowar tinham um grande desafio 
pela frente: conseguir manter a boa impressão causada com o disco de 
estreia. E a banda alcançou o objetivo com louvor. Into Glory Ride é
 um dos melhores trabalhos da carreira do Manowar. O disco que marcou a 
estreia do baterista Scott Columbus mantém a pegada demonstrada no 
primeiro lançamento e conta com grandes canções, como “Warlord”, “Gloves
 of Metal” e a espetacular “Gates of Valhalla”, que conta com uma 
performance vocal que beira o absurdo por parte de Eric Adams.
Ulisses: Gravado em apenas quatro dias, Into Glory Ride conta
 com sete faixas, das quais apenas uma não fala sobre fantasia, reinos 
medievais, desgraça generalizada e espadas – é a abertura “Warlord”, com
 sonoridade que remete, ainda, ao primeiro álbum. O resto constitui um 
belo e épico trabalho que desenvolve as características que tornariam o 
Manowar conhecido ao redor do mundo. Também representa a estreia de 
Scott Columbus, cujas baquetadas retumbantes refinam a atmosfera 
encantadora de canções como “Secret of Steel”, “Revelation (Death’s 
Angel)” e “March for Revenge (By the Soldiers of Death)”.
U2 – War (30 pontos)
André: Nunca gostei do U2. Nem na sua fase “menos pop”. Fui ouvir War despido
 de qualquer preconceito e, apesar de achar as músicas bem feitas 
(convenhamos que Bono canta muito bem), digo novamente que a banda não 
foi feita para me agradar.
Bernardo: Muitos
 acham que o U2 sempre foi mala e outros amam de paixão. Concordo que, 
com o tempo, a exposição progressiva e os constantes redirecionamentos e
 tentativas de atualização, a banda tenha perdido bastante do seu 
interesse musical e só restou a pregação messiânica. Mas pelo menos em 
sua primeira fase, o U2 fazia um pós punk melódico e dramático, com uma 
capacidade e tanto para cravar hinos politizados de se cantar em 
uníssono. Caso da primeira faixa, “Sunday Bloody Sunday”, com a 
referência à tragédia construída em  torno de uma batida militar e 
ríspida, a repetição estilística do dramático riff de guitarra e as 
harmonias cantadas em alto e bom tom por Bono. Ainda resta espaço para 
outras belas músicas, como “New Year’s Day”, com uma grande linha de 
baixo e com a adição de  teclado de The Edge, e o pulsante rock de “Two 
Hearts Beat as One”. Talvez o grande problema da banda seja ter se 
tornado icônica demais, fato que cedo ou tarde acabou complicando para o
 lado deles.
Bruno: Sou
 uma pessoa bastante cabeça aberta em relação a música. Tenho ouvidos 
para uma infinidade de bandas e geralmente não crio ódio ou aversão aos 
artistas que não fazem muito o meu estilo, mas claro, existem algumas 
exceções. O U2 é uma delas. Abomino o som que Bono Vox, The Edge e cia 
fazem. Rockzinho xoxo, comportado e inofensivo. Não consigo detectar um 
pingo de honestidade no trabalho dos caras. Pode até ter sido 
representativo para a época, mas não faz minha cabeça de jeito nenhum. 
Tá ali no mesmo patamar do Coldplay de rock “bonzinho”, tipo de música 
que me incomoda absurdamente. E Bono é um dos caras mais insuportáveis 
do ramo.
Davi: Tive
 uma criação atípica. Cresci ouvindo o metal pesado do Anthrax, o hard 
poser do Poison, o pop de Prince, o progressivo do Yes, o blues de 
Stevie Ray Vaughan, o reggae de Bob Marley, o deboche do Ultraje a 
Rigor. Sendo assim, uma pessoa que nunca se prendeu a tribos e tendo 
começado a curtir musica nos anos 1980, claro que U2 fez parte de minha 
criação musical. As guitarras de The Edge, as letras politizadas 
(especialmente a de “Sunday Bloody Sunday”, que conta com a batida 
contagiante de Larry Mullen Jr.) e os trabalhos vocais de Bono foram um 
marco para a geração. Só quem viveu a época para saber o forte impacto 
que esses caras causaram e o que este trabalho representou. 
Inclusão mais do que merecida. Um marco na carreira do U2 e um marco dos
 anos 1980. Quer apostar que vai ter gente dizendo que é uma vergonha 
este álbum estar entre tantos registros de heavy metal? Puta disco!
Diogo: O U2 já havia apresentando bons momentos nos dois primeiros discos, mas emWar virou
 gente grande de vez. Os dois maiores clássicos presentes no álbum, 
“Sunday Bloody Sunday”, e “New Year’s Day”, realmente são excelentes, 
especialmente este último, que conta com uma linha de baixo simples e 
pulsante, bem enfatizada na mixagem, algo que sempre me 
agrada. Felizmente, o disco não fica só nisso, sendo “Seconds”, “Like a 
Song…”, “Surrender” e, especialmente, “Two Hearts Beat As One” as mais 
interessantes. Ao meu ver, porém, acho que a banda faria melhor no 
lançamento seguinte, The Unforgettable Fire (1984),
 dotado de composições ainda mais memoráveis e uma atmosfera das mais 
distintas. Hoje em dia o U2 parece arregimentar mais detratores do que 
Coldplay e Nickelback juntos, mas isso deve-se mais à aura messiânica 
que o grupo assumiu, querendo ou não, do que ao talento de seus músicos,
 entre os quais o mais capacitado é o guitarrista The Edge, que ainda 
evoluiria muito e se tornaria um artesão de timbres.
Eudes: Nunca
 entendi direito a babação de proporções épicas e globais em torno da 
banda. Não que seja ruim. Este disco em particular é legal demais. Mas 
U2 é de fato um grupo musicalmente pouco ousado. O problema é que são 
mestres em temperar bem o feijão com arroz: boas melodias, execuções 
enérgicas, vocalista de bons dotes e um guitarrista que compensa a 
técnica limitada com um bom gosto excepcional para timbres e harmonias. 
Um dos discos mais notáveis do período e provavelmente o mais legal da 
banda, que, entretanto, até hoje, sem espantar o ouvinte, faz gravações 
agradáveis.
Fernando: O
 primeiro disco maior da carreira do U2. Já com alguns anos de bagagem a
 banda mostrou que essa experiência se refletiu também na maturidade das
 letras. Apesar de tudo isso se ser exemplificado em “Sunday Bloody 
Sunday” (um dos grandes clássicos do rock), é “New Year’s Day” que me 
faz ter respeito por essa banda que habita um limiar entre o rock e o 
pop que faz muitos radicais ignorá-los.
José Leonardo: Tive
 este disco em LP, faz muito tempo. Tem algumas coisas legais, como 
“Sunday Bloody Sunday”, “New Year’s Day”, “Seconds” e “Like a Song”, por
 exemplo. Mas não achei o bicho e fiquei pouco tempo com ele. Pena que, à
 medida que a banda foi  ficando mais popular, o som foi ficando mais 
pop. A propósito, o primeiro álbum deles foi lançado aqui na época e 
passou totalmente despercebido!
Leonardo: Quando
 o U2 era uma banda legal. Pena que não seja mais, pois o estilo que o 
grupo adotava no início de carreira era muito mais interessante do que 
os dos últimos 20 anos…
Mairon: O U2 vinha havia três anos crescendo com sua música, e conseguiu alçar voos maiores com War. Apesar de muitos considerarem seu sucessor, The Unforgettable Fire, como o verdadeiro disco da virada, creio que foi em War que
 o U2 descobriu como mostrar suas canções-manifesto de forma a 
conquistar o mercado. Afinal, quem nunca vibrou com “Sunday Bloody 
Sunday” (que ganhou uma ridícula versão toda alegre pelo grupo 
brasileiro Sambô) que atire a primeira pedra. Mas War possui
 muito mais do que esse grande clássico dos irlandeses. O U2 ajudou a 
formatar o som dos anos 1980 com joias escondidas sob a sombra de 
“Sunday Bloody Sunday”, seja na simpática “Two Heart Beat As One”, na 
agitada “Like a Song…”, na dançante “The Refugee” ou na viajante 
“Surrender”. O que diferencia o U2 das outras bandas da época é a 
capacidade exploratória de faixas como “Seconds”, “Drowning Man” e “Red 
Light”, com a introdução de instrumentos diferentes ou passagens 
instrumentais/vocais que você não irá encontrar em nenhuma outra banda. 
Além disso, em War está
 contida a melhor música lançada nos anos 1980 pelo U2, “New Year’s 
Day”, com The Edge criando um riff hipnotizante nos teclados, e a 
obrigatória “”40″”, que a partir de então virou marcante nos 
encerramentos das apresentações da banda. Que bom que este disco está 
aqui, para amenizar a METALERA que virou esta lista de melhores de 1983.
Rodrigo: Se
 tem uma banda neste mundo que eu realmente não suporto, essa banda é o 
U2. Por esse motivo, irei me abster de comentar que é para não ofender 
os fãs do grupo.
Ulisses: U2
 não é a minha praia. Até cheguei a ouvir o disco, mas só confirmou 
minha opinião sobre a banda: “ééé, mais ou menos, mais ou menos…”.
Listas individuais
- Dio – Holy Diver
- Peter Hammill – Patience
- Kiss – Lick It Up
- IQ – Tales from the Lush Attic
- Quintal de Clorofila – O Mistério dos Quintais
- Eloy – Performance
- Iron Maiden – Piece of Mind
- Dokken – Breaking the Chains
- Alice Cooper – DaDa
- Savage – Loose N’ Lethal
- Tom Waits – Swordfishtrombones
- Violent Femmes – Violent Femmes
- Talking Heads – Speaking in Tongues
- U2 – War
- Wipers – Over the Edge
- R.E.M. – Murmur
- Minutemen – What Makes a Man Starts Fires?
- Sonic Youth – Confusion Is Sex
- Bad Brains – Rock for Light
- Misfits – Earth A.D./Wolfs Blood
- Bad Brains – Rock for Light
- Suicidal Tendencies – Suicidal Tendencies
- Billy Bragg – Life’s a Riot With Spy vs. Spy
- Metallica – Kill ‘em All
- David Bowie – Let’s Dance
- Minutemen – What Makes a Man Starts Fires?
- Misfits – Earth A.D./Wolfs Blood
- Wipers – Over the Edge
- Stevie Ray Vaughan – Texas Flood
- Twisted Sister – You Can’t Stop Rock ‘n’ Roll
- Dio – Holy Diver
- Kiss – Lick It Up
- Iron Maiden – Piece of Mind
- U2 – War
- Metallica – Kill ‘em All
- Stevie Ray Vaughan – Texas Flood
- Mötley Crüe – Shout at the Devil
- Ozzy Osbourne – Bark at the Moon
- Def Leppard – Pyromania
- Mercyful Fate – Melissa
- Accept – Balls to the Wall
- Mercyful Fate – Melissa
- Metallica – Kill ‘em All
- Slayer – Show No Mercy
- Dio – Holy Diver
- Manowar – Into Glory Ride
- Iron Maiden – Piece of Mind
- Def Leppard – Pyromania
- Mötley Crüe – Shout at the Devil
- Journey – Frontiers
- The Police – Synchronicity
- Elvis Costello and the Attractions – Punch the Clock
- The Waterboys – The Waterboys
- Durutti Column – Another Setting
- Chico Buarque e Edu Lobo – O Grande Circo Místico
- HüskerDü – Everything Falls Apart
- Lulu Santos – O Ritmo do Momento
- U2 – War
- Barão Vermelho – Barão Vermelho 2
- Quintal de Clorofila – O Mistério dos Quintais
- Iron Maiden – Piece of Mind
- Dio – Holy Diver
- Metallica – Kill ‘em All
- Mercyful Fate – Melissa
- Pink Floyd – The Final Cut
- Accept – Balls to the Wall
- Quiet Riot – Metal Health
- Slayer – Show No Mercy
- Raven – All for One
- Satan – Court in the Act
- Marillion – Scrip for a Jester’s Tear
- Dio – Holy Diver
- Pink Floyd – The Final Cut
- Iron Maiden – Piece of Mind
- Black Sabbath – Born Again
- Lou Reed – Legendary Hearts
- Mike Oldfield – Crises
- Steve Hackett – Bay of Things
- David Bowie – Let’s Dance
- Yes – 90125
- Metallica – Kill ‘em All
- Manowar – Into Glory Ride
- Iron Maiden – Piece of Mind
- Warlord – Deliver Us
- Slayer – Show No Mercy
- Dio – Holy Diver
- Mötley Crüe – Shout at the Devil
- Accept – Balls to the Wall
- Def Leppard – Pyromania
- Satan – Court in the Act
- Bacamarte – Depois do Fim
- Pink Floyd – The Final Cut
- Marco Antonio Araújo – Entre um Silêncio e Outro
- David Bowie – Let’s Dance
- Quintal de Clorofila – O Mistério dos Quintais
- Dio – Holy Diver
- Slayer – Show No Mercy
- Metallica – Kill ‘em All
- U2 – War
- Ramones – Subterranean Jungle
- Dio – Holy Diver
- Metallica – Kill ‘em All
- Slayer – Show No Mercy
- Mercyful Fate – Melissa
- Journey – Frontiers
- Ozzy Osbourne – Bark at the Moon
- Iron Maiden – Piece of Mind
- Black Sabbath – Born Again
- Thin Lizzy – Thunder and Lightning
- Saxon – Power and the Glory
- Dio – Holy Diver
- Mercyful Fate – Melissa
- Manilla Road – Crystal Logic
- Accept – Balls to the Wall
- Stevie Ray Vaughan – Texas Flood
- Quiet Riot – Metal Health
- Manowar – Into Glory Ride
- Blue Öyster Cult – The Revölution By Night
- Metallica –Kill ‘em All
- Europe – Europe
 






















 
 

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