domingo, 26 de novembro de 2017

Aerosmith - Parte III




Continuamos com a Discografia Comentada do Aerosmith, agora abrangendo de Done With Mirrors (1985) até Music from Another Dimension! (2012). É o período onde o Aerosmith retorna com sua formação clássica, tendo Steven Tyler (vocais, piano, harmônica), Joe Perry (guitarra, vocais), Brad Whitford (guitarra, vocais), Tom Hamilton (baixo) e Joey Kramer (bateria). 

Pôster da turne Back in the Saddle

O mais marcante, é que aqui o grupo retorna ao auge, conquistando toda uma nova geração de fãs, e principalmente, consegue livrar-se das drogas e bate recorde de vendas em todo o mundo, além de fazer parte da trilha sonora do filme Armageddon (1995), o que ajudou ainda mais a colocar o Aerosmith no status de um dos maiores nomes do rock da história.

O início desse retorno se dá com a Back in the Saddle Tour, a qual foi registrada no álbum Classics Live! II (1987). O primeiro disco dos americanos pela Geffen Records é o que considero o mais fraco. 

Capa original, lançamentos internacionais

Done With Mirrors começa muito bem, com a ótima "Let the Music Do the Talking", uma regravação de uma canção do primeiro álbum solo de Perry, com nova letra e melodia, onde o slide guitar de Perry lembra "In My Time of Dying' (Led Zeppelin), e tem em "Gypsy Boots" a sua melhor faixa, pegada, lembrando os bons tempos dos anos 70. 

Mas depois, desliza entre canções apáticas e de pouca inspiração ("Shame on You" e "Shela"), e faixas animadas que relembram bem os anos 70 ("She's on Fire", com um ótimo trabalho de slide ao violão, e "The Hop", trazendo a harmônica de Tyler). No meio disso, "The Reason a Dog" está na lista de piores canções que o grupo fez, e se quer chega a ser percebida pelo ouvinte. Ainda escapa-se, com poucas sobras, o duelo vocal de Perry e Tyler em "My Fist Your Face". 

Capa na versão brasileira
A capa original do LP lançado lá fora é diferente da brasileira, que foi lançada invertida, com o nome aparecendo de forma "correta". Além disso, o LP brasileiro incluiu "Darkness", ótima faixa com um grande trabalho de piano por Tyler, e que lá fora, só saiu no CD e k7. Perry, Kramer e Whitford já traçaram alguns comentários ácidos para Done With Mirrors, muito em virtude do som cru que foi registrado por Ted Templeman, em uma tentativa de capturar a banda "sem frescuras de estúdio". Mas, há um grande grupo de fãs que o veneram, dos quais não faço parte, e que conquistou apenas ouro nos Estados Unidos.

Porém, voltam aos palcos, e recebem um inusitado convite para gravar "Walk this Way" junto ao grupo de rap Run-DMC. O single com a nova versão, lançado em 1986, alcançou a 4 posição em vendas na América, e foi o  prenúncio de uma nova era para a banda. Ainda em 86, é lançado Classic Live!, com canções registradas ao vivo entre 1978 e 1984, algumas delas tendo a presença de Jim Crespo e Rick Dufay, além da inédita "Major Barbra", a qual ficou de fora de Get Your Wings. Uma raridade para os fãs hoje em dia.

Tyler e Perry com a galera do Run-DMC
Com o sucesso de vendas de "Walk this Way", e finalmente livre das drogas, Tyler e cia. conseguem juntar forças para adquirir inspiração, e criar um álbum emblemático. É com Permanent Vacation (1987) que o grupo começa novamente sua caminhada para o topo das maiores bandas de todos os tempos. 

Permanent Vacation - retornando ao sucesso

Foram cinco milhões de cópias vendidas nos Estados Unidos (platina quíntupla), e um marco para o retorno definitivo dos americanos. Além do inédito auxílio de compositores externos (Desmond Child, Jim Vallance e Holly Knight), aqui também marca o início da parceria com a produção do aclamado Bruce Fairbairn (Bon Jovi, INXS, Poison, Van Halen, ...), que durou três álbuns. Até por isso, é possível perceber uma modernizada no som do grupo, vide "Magic Touch" e "Girl Keeps Coming Apart" (apresentando um naipe de metais citado na sequência), que afastou os fãs mais antigos, mas conquistou toda uma nova geração de fãs.

"St. John" é uma espécie de jazz, com clima de filme dos anos 40, e é a única canção composta exclusivamente por Tyler nesse disco. Por falar em filme, a instrumental "The Movie" é uma viagem de filme sci-fi bem diferente do que estamos acostumados a ouvir nos discos do quinteto. "Girl Keeps Coming Apart" foi a única composta apenas por Tyler e Perry, que aliás, está em ótima forma, como demonstram os solos de "Heart's Done Time" e da faixa-título, cuja letra é engraçada pacas, e contando com a percussão de aço de Morgan Rael. 

Encarte de Permanent Vacation

Os grandes clássicos do álbum foram três. O principal é "Rag Doll", um boogie sacolejante embalado pelo slide de Perry e o naipe de metais formado por Tom Keenlyside (clarinete e saxofone tenor), Ian Putz (saxofone barítono) e Bob Rogers (trombone), além da presença do órgão de Jim Vallance. O naipe também participa de outro grande clássico, "Dude (Looks Like a Lady)", com seu refrão hiper-grudento.  O terceiro clássico é a baladaça "Angel", com Tyler ao piano e a presença essencial do mellotron de Drew Arnott emulando cordas, e um refrão para acender os celulares (antigamente, os isqueiros) nas arenas.

Ambas aproveitaram a modernidade da MTV, e ganharam clipes que rodaram direto na telinha.Curto bastante faixas que ficaram esquecidas devido a esses grandes clássicos, as quais são a veloz "Simoriah", novamente com o órgão de Vallance, e o blues de "Hangman Jury", com uma ótima apresentação da harmônica de Tyler. Ainda há o cover para "I'm Down" (The Beatles), na mesma linha do original. Fácil fácil Top 3 dessa segunda parte da discografia do Aerosmith. Em 1988 chega ao mercado a coletânea Gems, e o grupo saiu em uma gigantesca turnê abrindo para o Guns N' Roses, preparando material para o seu maior sucesso nos anos 80.

Álbum marcante nos anos 80

Com sete milhões de cópias vendidas só nos Estados Unidos, e um dos grandes discos dos anos 80, assim resume-se Pump. Quem viveu o início dos anos 90 pegou a febre que esse álbum causou nas rádios e na TV. O clipe de "Janie's Got a Gun", contando a polêmica história da garota que sofreu abusos sexuais do pai, foi um sucesso na MTV. Foi ranqueado entre os 100 melhores clipes de todos os tempos pela Rolling Stone, ganhou o prêmio de melhor vídeo do ano e ajudou muitas meninas e mulheres a terem mais uma arma para se defender nesse assunto que tristemente ainda existe. A música é mais um clássico da carreira da banda, e honestamente, é foda pra caralho, seja pelas orquestrações de Fairbairn, pelos solos de Perry ou pela interpretação sensacional de Tyler. 

Single de "Janie's Got a Gun"
Mas não é o único sucesso, pois "Love in an Elevator", a letra que Gene Simmons afirmou que gostaria de ter escrito, também ganhou um ótimo clipe, repleto de mulheres lindas, e arregaçou gargantas com os "oohh-ohh yeah" e o naipe de metais dos The Margarita Horns, formado por Bruce Fairbairn, Henry Christian, Ian Putz e Tom Keenlyside. Outro sonzaço, que ainda tem como novidade Hamilton nos backing vocals, junto de Bob Dowd. 

Mais um grande sucesso foi a baladaça "What It Takes", Esses clipes foram lançados em um VHS chamado Things That Go Pump in the Night, que tornou-se platina nos EUA, com mais de 100 mil cópias vendidas. Os caras estavam inspiradíssimos, e trouxeram para os fãs petardos fulminantes em "Young Lust", "Monkey On My Back" - mais um show particular de Perry ao slide -, "Voodoo Medicine Man" e "My Girl". Ainda há aquelas faixas que são típicas do Aerosmith nessa nova fase, investindo em riffs fortes e refrões grudentos, no caso "F. I. N. E.",  "Don't Get Mad, Get Even" e a sensacional "The Other Side", outra com a participação do naipe de metais, e com uma maluca introdução apenas com violões, percussão e voz, chamada "Dulcimer Stomp", que traz inspirações indígenas e não há nada igual nos discos do grupo. 

Aliás, foi ideia de Fairbairn as vinhetas de introdução de algumas faixas ("Goin Down" em "Love In An Elevator", "Water Song" em "Janie's Got a Gun" e "Hoodoo" em "Voodoo Medicine Man"), para trazer uma ideia de continuidade ao disco. O sucesso foi tão grande que um documentário chamado Making of Pump foi lançado em VHS no ano seguinte.

Em 1992, no auge do sucesso, com os atores de Wayne's World

O grupo estava no auge. Uma turnê de 12 meses percorreu o mundo a partir de então. Viram atração no programa Wayne's World em 21 de fevereiro de 1990, levando o programa ao cume dos programas mais assistidos na América naquela noite, e gravam o Unplugged para a MTV em agosto de 90, praticamente estreando o formato no canal, e destacando a ótima versão para "Love Me Two Times" (The Doors). 

No ano seguinte, estão no seriado The Simpsons (1991) e no filme de Wayne's World (Quanto Mais Idiota Melhor) em 1992. Nesse meio tempo, sai o box Pandora's Box, que cobre a discografia da banda desde suas origens como The Strangeurs e Chain Reaction, até Rock in a Hard Place. O Box tem diversas raridades dentre faixas inéditas, versões ao vivo, entre outros, lançado em 1991. 

Aerosmith no programa The Simpsons

Ainda houve uma remixagem e um clipe para "Sweet Emotion", bem como uma regravação e clipe para "Dream On", essa feita especialmente para os dez anos da MTV, contando com uma linda orquestração de Michael Kamen. Como diz o famoso narrador: "Que fase!", mas aqui, no melhor dos sentidos.

O último disco com a mão de Fairbairn é Get a Grip, de 1993, que também conquistou marcas consideráveis em vendas, além de ter sido o álbum que trouxe o grupo pela primeira vez ao Brasil, em uma apresentação inesquecível no Hollywood Rock de 1994. 

20 milhões de cópias vendidas. Sucesso!

Em uma época onde tudo era liberado, o traseiro da lindona Liv Tyler, e da super lindona Alicia Silverstone (a e "the Aerosmith chick"), apareciam com força nas telinhas da MTV, através do clipe de "Crazy", que alucinou muito marmanjo na época, e conquistou a 24a posição na lista de melhores vídeos de todos os tempos pela VH1. 

Já no clipe de "Cryin''", é o umbiguinho maravilhoso de Alicia quem chama a atenção. Desnecessário citar muito sobre elas (falo das músicas), além de que ambas as faixas são clássicos absolutos na carreira dos americanos. Outras duas canções que brilharam no álbum foram a ótima "Livin' on the Edge", creio que a música que me fez tornar fã da banda, e a última balada do disco a contar com Alicia no clipe, "Amazing", a qual confesso não sou tão fã, e é uma parceria com o ex-guitarrista Richard Supa. "Crazy" e "Amazing" ganharam bastante com a adição orquestral de David Campbell, e os teclados de Desmond Child e Richard Supa, respectivamente. A última ainda tem a participação de Don Henley nos backing vocals. 

Alguns momentos de Alicia Silverstone nos clipes do Aerosmith

Perry volta a cantar uma canção em um disco do Aerosmith, a boa "Walk On Down". Aquelas canções puramente Aerosmith, cheias de groove e com Perry debulhando na guitarra, obviamente estão presentes através de "Flesh", "Get a Grip", "Gotta Love It" e "Line Up", essa com os backing vocals de Lenny Kravitz. Gosto da agressividade de "Can't Stop Messin'" e "Eat the Rich", a última trazendo  os tambores de fenda de Melvin Liufau, Wesey Mamea, Liainaiala Tagaloa, Mapuhi T. Tekurio e Aladd Alationa Teofilo, do ritmo pegado de "Fever", com um belo solo de harmônica por Tyler, e de "Shut Up And Dance", ótima faixa para sair pulando pela casa enquanto gritamos o seu nome, e com um baixo poderoso de Hamilton. 

Ainda temos a vinheta de introdução "Intro" e a pequena instrumental "Boogie Man". A participação dos metais ficaram a cargo de Paul Baron e Bruce Fairbairn (trompetes), Tom Keenlyside (saxofone), Ian Putz (saxofone barítono) e Bob Rogers  (trombone) e John Webster fez os teclados. Foram 7 milhões vendidos nos EUA, e mais de 20 milhões ao redor do mundo, um marco até hoje não superado pelo grupo.

O grupo no MTV Muic Awards de 1994

Mantendo a saga de auto-promoção, gravam "Deuces Are Wild" para o álbum The Beavis and Butt-head Experience, aparecem nos jogos Revolution X e Quest for Fame, tocam na versão de 1994 do Woodstock, e abrem seu próprio clube, o The Mama Kin Music Hall, em Boston. O sucesso com os álbuns da Geffen é compilado em Big Ones (1994), que traz como novidade duas canções inéditas, "Blind Man" e "Walk on Water". 94 também foi o ano de lançamento do incrível Box of Fire. Aos completistas, em 95 saiu a coletânea Pandora's Toys, trazendo o melhor da Pandora's Box. A versão limitada foi feita em uma caixa de madeira que traz como extra o documentário "Story of Aerosmith", narrado por Chris Barrie e lançada em somente 10 mil cópias. Em dois dias, o resto da discografia da banda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...