Colecionar discos é um hobbie bastante comum no mundo todo. Vários blogs, sites e páginas de redes sociais são dedicadas para tal, algumas com mais destaque, como por exemplo, o excelente canal Discogs, o qual conta atualmente com mais de 500 mil usuários de todo o mundo, e é um dos mais confiáveis e completos sites de catalogação, compra e venda de discos. E claro, a audição de uma determinada obra, aquele momento para você relaxar, cavucar informações ou apenas curtir o momento em que a música sai das caixas de som, são alguns motivos que fazem com que esse número seja tão expressivo. Fora que mostrar para um amigo AQUELE disco, sempre faz bem para o ego.
Os brasileiros, obviamente, estão presentes nesses usuários e nesses blogs, sites e páginas citados acima. Nós mesmos, na Consultoria do Rock, representamos uma pequena fatia do mercado nacional que coleciona e compartilha a paixão pela música, sendo que, conforme apresentado na coluna Na Caverna da Consultoria, todos os colaboradores do site possuem uma coleção de discos, uns mais, outros menos.
Porém, nos últimos anos, a coisa tem ficado complicada para os colecionadores de discos aqui no Brasil. Em especial, na década atual, várias são as reclamações e desilusões de brasileiros colecionadores de discos. No último ano, os problemas agravaram-se tanto que diversos amigos próximos e/ou virtuais, que colecionavam com paixão e avidez, acabaram "cansando" e entregando-se para a ociosidade de apenas manter em dia, e com "saúde", sua coleção no ponto que está, desistindo de buscar aquele disco em um garimpo ou em um site.
Um dos melhores momentos quando se tem uma coleção de discos |
Esse texto vem fazer um desabafo pessoal, pois sinto-me cada vez mais incluído no grupo de colecionadores brasileiros que, apesar de ainda estar caçando e comprando discos com regularidade, vêm encontrando obstáculos cada vez maiores para manter a sua coleção, e quiçá ampliá-la como queria.
Irei basear a minha justificativa de obstáculos em quatro pilares fundamentais, os quais são: não existem mais lojas físicas especializadas, em boa quantidade, como antes; a desorganização das lojas, unida a muitos vendedores desonestos; preços mirabolantes; o serviço dos Correios.
Tentarei fazer um comparativo com o mercado internacional, e claro, deixo os comentários em aberto para aqueles que quiserem contribuir com mais justificativas para a coleção estar "conturbada", desabafar contra algum desses obstáculos, ou discordar de tudo o que vou escrever. E quero ressaltar que o que virá abaixo será baseado em experiências pessoais, de um colecionador que compra em média de 200 a 400 discos por ano - ainda - mas que vem se desiludindo bastante em manter a coleção por conta dos motivos citados acima, e que vou comentar um pouco mais sobre eles a partir de agora.
Ausências de lojas físicas
Nos anos 90, com a decadência do vinil e o boom do CD, o Brasil viu surgir inúmeras lojas físicas especializadas em vendas de CDs, e também em repasse de vinis. Lançamentos em LPs eram colocados em saldos e engradados de cerveja, a preços de banana. Lembro que comprei álbuns como o Live at Donington (vinil triplo do Iron Maiden), Counterparts (Rush), assim como alguns Santanas do final dos anos 70, o The Division Bell (Pink Floyd), Cross Purposes (Black Sabbath) entre outros, por 50 centavos, no máximo 1 real. CDs importados eram raridades por aqui, e o próprio CD não era algo tão fácil de se comprar (legal era alugar o CD em uma loja de alugueis e gravar em K7).
No início dos anos 2000, as lojas começaram repentinamente a valorizar novamente o vinil. Demorou um tempo (praticamente toda a primeira metade da década passada) até que o vinil conseguisse um lugar nas prateleiras de vendas com certa apreciação, mas o CD ainda era algo presente nas maiores das lojas especializadas. O problema é que essas lojas começaram a minguar rapidamente. Alguns exemplos claros que aconteceram comigo. Nasci e cresci em uma cidade (Pedro Osório) de pouco mais de 8 mil habitantes. Lá, na década de 90, havia uma loja especializada em vendas de discos. A cidade grande mais próxima, Pelotas, tinha no mínimo cinco grandes lojas de discos no final dos anos 90 (Trekos, Beiro, Zé Carioca, Studio CDs e Multisom), fora outras que vendiam LPs e CDs, apesar de não serem especializadas em tal. E tudo isso em menos de cinco quadras.
Lojas físicas estão cada vez mais vazias, e escassas |
Pois já na década seguinte, a tal loja de Pedro Osório fechou. Trekos e Beiro mudaram as atenções para outros produtos (a Beiro fechou em seguida), e Zé Carioca, Studio CDs e Multisom, apesar de ainda existirem, já não conseguem sobreviver somente com venda de discos, tendo que apelar para outros produtos, como eletrônicos, celulares ou revistas. Para piorar, recentemente a Multisom, talvez a maior loja com venda de discos no Rio Grande do Sul, anunciou que a partir de 2019 não irá mais vender CDs, devido a baixa procura e ao novo modo de consumir música, através dos streamings. Um choque para quem ainda conseguia vasculhar as promoções da loja.
Ao mesmo tempo, na segunda metade da década passada, tive a oportunidade de ir diversas vezes ao Rio de Janeiro e São Paulo, e posso afirmar tranquilamente (e com pesar) que em menos de três anos (entre 2006 e 2009), muitas lojas de discos fecharam. Destaque especial para as tradicionais Modern Music (Rio) e Nuvem Nove (sampa), lojas gigantescas em termos de material, e que deixaram órfãos muitos colecionadores. A Galeria do Rock migrou de inúmeras lojas de discos para várias lojas de skatistas ... O mesmo posso dizer de Porto Alegre, tradicional cidade de lojas de discos, que viu fecharem (ou readaptarem-se) lojas tradicionais como a Zeppelin e a já citada Multisom, e minguarem os CDs em locais como Americanas, Saraiva e Cultura.
A Galeria do Rock já foi símbolo de grandes lojas em nosso país |
Ainda há alguns sebos nessas cidades e em tantas outras citadas, que se tornaram locais de encontro dos colecionadores, mas são cada vez mais raros os frequentadores, que se tornaram muito restritos nas compras musicais, e também o giro de mercadoria nesses sebos. Ao mesmo tempo, as lojas de vendas de LPs importados nasceram do nada, mas com expectativa de vida baixa. Afinal, o alto preço dos produtos, e a pouca busca, faz com que os donos não consigam sustentar se quer o aluguel do prédio onde tem a loja, apenas com a venda dos discos.
Em uma matéria do site de entretenimento da Uol (buuuuuuuuuuuuuuuuuh), há cinco motivos para ainda se frequentar lojas: "Descobertas são mais democráticas", "Você pode conhecer pessoas", "A sabedoria dos gurus","Rola música boa" e "Mergulho no passado". Concordo que esses motivos até são válidos, mas hoje em dia, achar lojas de discos que tenham essas características com qualidade não é fácil, e para piorar, a maioria dos sebos sofre de uma desorganização absurda, e que vai de encontro ao segundo fator que vejo prejudicar as coleções.
Lojas desorganizadas e vendedores desonestos
Claro que ainda há os velhos lojistas conhecidos, que conversam com o freguês, apresenta novidades e dão um desconto legal. Assim como lojas organizadas, com discos separados por estilos, em ordem alfabética, algumas por artista, etc. Mas vejo, em minhas experiências de garimpo, que isso não é mais tão comum.
Colecionador "sujando as mãos" em busca
do garimpo perfeito
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Recentemente, em um sebo de Florianópolis, encontrei um vendedor que não tinha os preços dos discos indicados em local algum. Era necessário mostrar o disco (CD ou LP) para o lojista e ele indicava o preço. Até aí, nada tão anormal. Mas geralmente, o que esperamos é que o lojista avalie pelas condições do disco. Pois esse foi no Mercado Livre, olhou os preços que estavam cobrando no site e estabeleceu um valor médio como o valor do disco que eu escolhi (um Ultraje A Rigor, que ele cobrou R$ 40,00). Fiquei indignado, e mais ainda quando ao reclamar em um grupo de colecionadores do Facebook, vários foram os participantes do grupo que trouxeram reclamações similares de outros vendedores pelo país.
Fala sério, não tem cabimento! Para piorar, esses mesmos vendedores, em lojas físicas, também são muito desorganizados. São raros os locais onde você entra e consegue ver uma organização dos discos, seja por ordem alfabética ou por estilos. Os discos na maioria das vezes podem até ser associados com estilos (rock, cantores/as nacional, música clássica ...), mas são amontoados em engradados ou caixas, sem uma ordem ou critério. Muitas vezes, o estado dos plásticos dos LPs é de uma sujeira tamanha que uma simples "folhada" nos vinis deixa a ponta dos dedos preta. Isso considerando que o lojista coloca plástico nos vinis. Os CDs ficam alojados apenas com o nome do artista e do álbum, um sobre os outros. Para poder conferir o encarte e a mídia, é necessário retirar os que estão sobre o que você quer pegar. Isso quando não tem aquele cheirão de mofo ou até mesmo urina de rato.
Discos organizados por artista, sonho de todo colecionador em um sebo |
Sim, há vários sebos que são ótimos de se garimpar, com uma bela organização, ambiente adequado, plásticos novos (não vou fazer merchandising de nenhuma loja aqui, mas posso indicar nos comentários, e aceito indicações também), mas o que vejo nas buscas por discos país a fora é cada vez mais amontoados de LPs e CDs, e "te vira" para catar algo no meio de Xuxas, discos de novela e música clássica, e mais outros lançamentos que na maioria dos casos não são atrativos.
Lamentáveis exemplos da desorganização de alguns sebos |
Bom, mas superada essas desavenças, você decide encarar o monstro, e começa o "garimpo". Daí encontra, no meio de muitos discos detonados, um belo exemplar de, por exemplo, o disco Thriller (Michael Jackson). Eis que surge o terceiro motivo para afastar os colecionadores de continuar sua coleção.
Preços mirabolantes
Eis que você leva o Thriller, um dos discos mais vendidos da história, e que se encontra praticamente em tudo o que é sebo, em direção ao lojista, e pergunta o preço. Resposta: R$ 40,00; R$ 50,00; talvez até R$ 100,00 reais. Como disse no início desse texto, há menos de 20 anos, o vinil era "moeda de troca" nas lojas. Hoje, com essa fase "bonita" do retorno do vinil, os lojistas mudaram os olhos para os LPs, e os preços estão subindo exorbitantemente. E para piorar, os preços dos CDs estão seguindo o mesmo caminho.
Discos raros, e realmente caros |
Álbuns como os do Black Sabbath pós-Dio, em lançamentos de vinil, tornaram-se "raridades" com valores acima de R$ 100,00, sem encarte e em estado duvidoso. Cross Purposes e Forbidden, os dois últimos lançamentos em vinil, não baixam de R$ 300,00, quando se acha. Algo que era mais fácil de se encontrar em loja do que bala de leite em mercadinho de esquina. Muito disso se deve ao fato de que algum esperto percebeu que lá fora, os colecionadores estavam comprando os vinis lançados no Brasil a partir da década de 90, já que nosso país foi um dos poucos a seguir lançando discos em LP com regularidade, até 1996, e isso fez com que os preços subissem.
Mas daí, vamos olhar os vendedores de discos no site Discogs, e ver principalmente os preços de qualquer LP brasileiro vendido por um brasileiro. São raros aqueles que custem menos de 10 euros. Para piorar, a classificação da capa e da mídia (os famosos VG+, NM, entre outros) não condizem com a realidade. Tive a oportunidade de vender para o exterior algumas vezes, e os compradores de lá sempre reclamam de que o que o brasileiro coloca como classificação não condiz com a realidade. O vendedor internacional, ao dizer que a capa é VG+ (Very Good +) leva em consideração que a capa está praticamente intacta, sem riscos, sem desgaste. Aqui no Brasil, um VG+ é uma capa assinada por 5 donos diferentes, um belo rasgo na lateral e ainda faltando um pedaço da contra-capa ... E o disco irá custar 30 euros.
Esse lote de discos, em estado duvidoso, vai ser oferecido, no ML, por quase R$ 500 reais |
Não vamos longe, e nosso tradicional Mercado Livre também está passando por isso. Lojistas colocam preços altos em CDs e LPs que se tornam referência para outros lojistas, e assim, aquele Legião Urbana que você achava todo dia por 3 pila, agora sai 30. Outro fato que ajudou a alavancar os preços foi o retorno do lançamento de vinis. As novas edições não saem por menos de 80 reais, em média. Então, do ponto de vista do lojista, se o cara paga 80 em um relançamento, certamente vai pagar 200 no original.
Ok, posso estar exagerando, mas é decepcionante ver que discos comuns estão custando uma fortuna, e que aquela raridade que você juntou moedas para comprar, quando vai novamente comprar está o triplo. Mas tudo bem, de alguma forma, você superou as adversidades. Cavucou no garimpo virtual do Mercado Livre (ou outro site nacional de vendas) ou foi em busca de um e-bay ou Discogs (até amazon) da vida e achou o seu disco por um preço justo e com uma qualidade aceitável. Eis que surge nosso quarto motivo para abandonar a coleção.
Os Correios
Esse tem sido o mais dramático dos motivos para se abandonar a coleção. O mercado virtual cresceu enormemente na década atual. Pessoas do mundo inteiro estão usufruindo de sites de compras para adquirir produtos, os mais diversos possíveis. No Brasil, em apenas cinco anos, segundo pesquisa da Rede Globo, o número de compras brasileiras em sites triplicou. Desde móveis e eletrodomésticos até bazar e armarinho, tudo é comercializado em grandes números por sites e redes sociais, e, quem entrega esses produtos comprados online, aqui em nosso país, são Os Correios.
Só que a empresa que já foi símbolo de qualidade aqui no Brasil, presente em todos os municípios brasileiros, e com mais de 350 anos de tradição, tem causado uma decepção atrás da outra para os clientes, e principalmente, colecionadores. No mesmo grupo de colecionadores do Facebook que citei antes, o qual consta com mais de 18 mil membros, somente esse ano contei mais de 100 reclamações de demora na entrega de discos comprados, e não só do exterior, mas também de compras atrasadas feitas DENTRO DO Brasil, o que é inexplicável. Junta-se isso, uma enorme quantidade de extravios, ou melhor, "extravios" (veja essa reportagem para entender o que estou falando).
Demora na entrega e "extravios" tem causado indignação de colecionadores |
Pegando os produtos importados, todos, ao chegarem no Brasil, passam por uma vistoria da Receita Federal, para sofrer taxação ou não. Se sofrer taxação, o valor do produto pode superar mais de 100% o valor pago. Mas ainda não são tantas as taxações em discos. Inclusive, o deputado João Daniel, do PT de Sergipe, está entrando com um projeto pedindo isenção de impostos federais e contribuições sociais para importação de discos, aparelhos toca-disco e acessórios.
O problema principal então é o tempo de entrega, e os extravios. Aqueles discos que são rastreados, quando liberados da tributação para entrega, tem um prazo de 40 dias úteis para serem recebidos pelo destinatário. Só que esses 40 dias úteis tem transformado-se em quase seis meses. E os não rastreados, bom, esses têm desaparecido e não sido recebidos pelo destinatário. O colecionador, frustado por ter gastado seus poupados dólares (ou libras, ou euros), vai se desiludindo, até que não compra mais.
Memes sobre os constantes atrasos dos Correios em entrega de produtos |
Os Correios colocam a culpa na grande quantidade de compras. Uma média de 200 mil pacotes por dia atingiu 400 mil pacotes por dia em novembro de 2017, sendo que atualmente, a média é de 300 mil pacotes por dia, recebidos no Centro de Distribuição dos Correios em Curitiba. Desses, 100 mil são destinados quase que diariamente para a população do estado de São Paulo. Por isso, o atraso acaba ocorrendo. Os Correios estão tentando buscar soluções, como um aluguel de um imóvel dentro do Aeroporto Internacional de Guarulhos, que agilize o procedimento de recebimento e vistoria pela receita federal, mas não há prazo para que isso se concretize.
Para piorar, como o vendedor do exterior em sua maioria é honesto, com a grande quantidade de reclamações brasileiras de não recebimento de seus pacotes, devolve o dinheiro, mas não envia mais nada para o Brasil, ou irá enviar somente nas modalidades mais caras de frete (com rastreamento e seguro), tornando o valor de frete para um simples CD próximo a 30 reais. Sem contar que o próprio frete no nosso país, é um absurdo. Um frete de um PAC que vai de Porto Alegre a Boa Vista (3792 km) custa R$ 100,00 reais e leva um mês para ser entregue. Se for por Sedex, o valor vai a R$133,80, e o prazo diminui para 2 dias. Pegando os Estados Unidos como exemplo, uma encomenda tipo Sedex por lá, que vá de Nova Iorque até San Francisco (4133 km) demora os mesmos 2 dias, mas custa apenas 20 reais, no máximo!!!
Postagens no Facebook, falando sobre entrega de discos com atrasos inacreditáveis |
Seguindo nessa comparação Brasil / Exterior, volto para o número de lojas especializadas. Parece que por lá também está diminuindo, mas não com tamanha intensidade como aqui no Brasil. E, ao contrário de nosso país, os sebos ainda permanecem na ativa. Tive a oportunidade de conhecer belos sebos na Europa (Bélgica, Espanha, França, Grécia, Holanda e Itália), todos com produtos em boas condições e com preços honestos para a qualidade do que estava sendo exposto. Dá vontade de levar as lojas inteiras. A organização dos discos, a limpeza, a conversa com o dono, são atributos que em quase tudo o que fui de loja pude verificar em uma qualidade muito acima de nosso país. Mas, se comprarmos muitos discos, corremos o (grande) risco de sermos taxados quando voltarmos ao Brasil, o que também vem acontecendo com relativa frequência.
Ao mesmo tempo, conversando com vendedores do exterior, é notável a diferença na forma de venda dos discos. Detalhes como a edição que está sendo vendida, se é relançamento ou não, se é um disco que está arranhado ou com capa rasgada, encarte faltando, enfim, há uma honestidade muito grande, para garantir que o comprador está levando exatamente o que ele quer para sua coleção, e não fazer com que o mesmo saia frustrado ao levar um disco que ele procurava com capa tripla e encarte, na versão capa simples e sem encarte.
Enfim, teria outras questões para abordar, mas deixo o espaço dos comentários para podermos ampliar essa discussão, e claro, aqueles que discordarem de mim, fiquem à vontade para jogar as pedras. Repito que ainda há locais interessantes para comprar discos no Brasil, que um bom garimpo ainda dá para ser feito em locais específicos, só que isso vem diminuindo quase que exponencialmente. Por favor, não deixem de opinar. Afinal, sou só eu que sinto-me um colecionador frustrado em nosso país?
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