sábado, 19 de outubro de 2019

Ouve Isso Aqui: O rock ao vivo de 1979

 




Por André Kaminski

Tema escolhido por Ronaldo Rodrigues

Com Davi Pascale e Mairon Machado

1979 é marcante por ser um momento de agigantamento do rock, ainda que os nomes que dominaram o fim dos anos 60 e a década corrente toda estavam saindo de cena ou experimentando uma incômoda sinuca conceitual. Novos nomes do chamado rock de arena estavam a mil por hora e as bandas produziam sons sob medida para o público já maduro do rock ouvir em seus rádios e carros. O rock estava cada vez mais distorcido, acelerado e intenso, pavimentando o heavy metal oitentista, abandonando gradativamente uma instrumentação muito elaborada e indo mais direto ao ponto. Essa lista tenta capturar, em discos ao vivo, um pouco da riqueza musical do período.



UK – Night After Night

Ronaldo: O UK iniciou-se como um quarteto estelar, mas pouco meses depois da estreia foi convertido a um poderoso trio com a presença do baterista Terry Bozzio. Uma repaginação também foi trazida pelo baterista, dando um gás extra na parte musical da banda. Esse álbum captura passagens da banda pelo Japão e é, na opinião de muitos apreciadores, o melhor momento da banda, já que praticamente tudo neste disco ao vivo é melhor do que nas respectivas versões de estúdio. A pegada da banda é mais poderosa, Eddie Jobson mostra que fazia miséria com seus vários teclados e não precisava de overdubs e que John Wetton era absolutamente soberano em sua posição de baixista/vocalista. Essa energia adicional na performance fez com que a blenda pop-progressivo de arena da banda funcionasse perfeitamente. O disco é recheado de maravilhosos momentos instrumentais e um entrosamento apenas possível para músicos de altíssimo calibre. As versões de “Nothing to Loose” e “Time to Kill” (em explosiva interpretação progressiva à la ELP) figuram fácil entre as melhores coisas gravadas em 1979.

André: Não tem muito o que falar dessa bandaça ao vivo. Que desempenho sensacional do tecladista Eddie Jobson. John Wetton no baixo e vocais e Terry Bozzio na bateria não deixam por menos. Um petardo atrás do outro. Rocks incríveis e detalhe para a ausência de guitarras. Que por sinal, não fizeram nenhuma falta.

Davi: Eis uma banda que nunca tinha parado para ouvir. Claro que conheço os músicos envolvidos. Especialmente o John Wetton (quem sempre admirei pelo trabalho no Asia, especialmente) e o Terry Bozzio. Esse já gravou com meio mundo e tem uma técnica e uma precisão impressionante.O tecladista e violinista Eddie Jobson completava o lineup. Aqui, não tinha guitarrista, mas dei uma pesquisada sobre os caras e vi que o Allan Holdsworth toca no primeiro álbum. Com certeza, pegarei para ouvir em breve. Voltando ao álbum, gostei bastante da sonoridade da banda. Como de se esperar, o som dos caras é bem progressivo. O lado B é onde estão as músicas com mais improviso, onde se fazem valer como destaque “Alaska” e “Time to Kill”. Essa última com grande influência de Yes nos arranjos. No lado A, as interpretações são um pouco mais contidas. Claro que existem algumas quebradas de tempo aqui e ali, mas nada muito viajado. Inclusive, algumas canções como “Night After Night” e “Nothin´ to Lose” trazem um acento pop no trabalho vocal. Disco muito bom que, muito provavelmente, entrará para minha coleção em breve.

Mairon: No final dos anos 70, muitos dos anfitriões do rock progressivo começaram a reformular seu som, levando ao que hoje conhecemos como AOR. O UK é um dos precursores desse estilo. Uma super banda formada inicialmente por John Wetton, Eddie Jobson, Bill Bruford e Allan Holdsworth (que time), que lançou o impecável U. K. em 1977, mas acabou separando-se após a estreia. Com Terry Bozzio substituindo Bruford, e sem as guitarras de Holdsworth, lançaram Danger Money (1978) e esse ao vivo, o qual registra as apresentações no Sun Plaza e no Seinen Kan de Tóquio. Com duas inéditas (“Night After Night” e “As Long As You Want Me Here”), e faixas dos dois primeiros álbuns, o U. K. apresenta-se como um embrião de Asia, conforme atestam “Caesar’s Palace Blues”, “Nothing To Lose” ou “Rendezvous 6:02”, tendo o diferencial o uso de sintetizadores e do violino elétrico de Jobson, o dono de tudo por aqui. Na verdade, essas são as principais atrações de Night After Night, sendo impossível não apreciar Jobson em faixas trabalhadas como “Alaska” (quebradeira fenomenal), “Time to Kill”, e principalmente, as influências clássicas do loiro na dupla “Presto Vivace” / “In The Dead Of Night”, essa última forte candidata a melhor faixa da banda. Curiosamente, essas duas faixas são do disco de Bruford, talvez por isso mesmo eu as curta mais. Confesso que já gostei mais desse disco, mas ouvi-lo novamente, depois de um bom tempo sem passar na vitrola, trouxe uma nostalgia que até me arrancou uma lágrima aqui.


Queen – Live Killers

Ronaldo: O Queen já estava no topo (ou muito perto dele) do rock naquele fim dos anos 70, sendo um dos principais representantes do rock de arena na Inglaterra. Esse disco ao vivo representa com toda a propriedade o poder de fogo da banda ao vivo. Os 4 músicos estavam em um nível de entrosamento que apenas bandas em seu ápice conseguem transparecer com tanta voracidade. E é possível perceber o quanto um disco ao vivo é bom quando as versões ao vivo superam as equivalentes em estúdio. No palco, todas as plumas e excentricidades dos discos de estúdio ficam pra trás e uma descarga de distorção golpeia o ouvinte nas poderosas versões de “Let Me Entertain You”, “Bicycle Race”, “Now I’m Here”, “Don’t Stop Me Now” e “Brighton Rock”. Um desfile de clássicos do Queen setentista captado magnificamente. Até mesmo as baladas e piano-rocks ganham uma dose extra de agressividade e vigor. Indispensável!

André: Interessante a diferença entre o Queen de estúdio e ao vivo. No primeiro, temos uma banda cheia de traquejos instrumentais, sonoridades inovadoras, ritmos inesperados e uma pomposidade que deixa tudo mais épico. Mas ao vivo a banda era visceral. Rock das entranhas mesmo, com Brian May socando riffs de guitarra e Roger Taylor judiando da bateria. É inexplicável as razões do disco na época ter sido tão criticado. Amei a versão de “39” desse disco.

Davi: O Queen sempre foi uma banda enigmática. Nos álbuns de estúdio, nunca se sabia o que iriam aprontar. A criatividade dos caras não tinha fim. Ao vivo eram um caso à parte. A banda era conhecida por seu profissionalismo acima de tudo. Sendo assim, um álbum ao vivo do Queen é uma audição quase obrigatória. O Live Killers marca o fim da fase mais visceral, antes de começarem a experimentar mais a fundo a sonoridade mais pop. O show é marcado pela voz marcante de Freddie Mercury e o som inconfundível da guitarra de Brian May. O repertório mistura clássicos como “Keep Yourself Alive” e “Tie Your Mother Down” com lados B como “Get Down, Make Love” e “I´m In Love With My Car”, todas interpretadas com uma garra fora do comum. O set acústico se destaca pelas belas versões de “39” e “Love of My Life”. Não há como deixar de citar ainda o número “Brighton Rock”, com o belo solo de Brian May, além da ótima versão do clássico “Now I´m Here”. Obrigatório!

Mairon: Cara, lembro até hoje da primeira vez que ouvi Live Killers. Havia juntado uns trocos e fui comprar o disco por 15 reais (caríssimo na época), e escolhi este por causa de “Bohemian Rhapsody”. Lembro que sai da loja correndo, e acabei tropeçando, me espatifando no chão, mas o disco, graças a Freddie Mercury, não quebrou. Quando eu coloquei o lado A na vitrola, e saiu a explosão da versão pesada de “We Will Rock You”, seguida pela pancada de “Let Me Entertain You”, eu me assustei: “Cara, isso era o Queen?”, pensei … “Death on Two Legs” dá ainda mais peso para Live Killers, e assim, resistir a algo tão espetacular foi inútil para quem tinha uns 10 anos de idade. Então, começa uma espécie de medley, com “Killer Queen”, “Bycicle Race”, dois grandes clássicos, Roger Taylor soltando a voz em “I’m In Love With My Car”, as viagens de “Get Down, Make Love”, cara, eu tava no paraíso. Nem sentia a delicadeza “You’re My Best Friend”. O lado B vinha com uma pegada acústica (“Dreamers Ball”, “Love of My Life” e “’39”), entremeadas por duas pancadas (“Now I’m Here” e “Keep Yourself Alive”). Nessas alturas do campeonato, depois de ter ouvido o público cantando “Love of My Life”, Mercury brincando com a voz em “Now I’m Here”, e minha air guitar ter derrubado muita coisa no quarto, eu não estava mais no paraíso, eu estava realmente lá no dia da gravação do disco. Quando o Lado C foi para a agulha, e “Don’t Stop Me Now” estourou as caixas de som, seguida pela magnífica interpretação de “Spread Your Wings”, e deixando o gol aberto para que Brian May metesse para a rede em “Brighton Rock”, ali eu vi que o Queen era a maior banda de todos os tempos, e desde então, isso nunca mais modificou-se em minha cabeça. Há, ainda o lado D, o mais “fraquinho” do disco, já que tem só “We Will Rock You” na sua versão original, “We Are The Champions”, “Bohemian Rhapsody”, “Tie Your Mother Down” e “Sheer Heart Atack”, causando um verdadeiro ataque de coração com tamanha vitalidade, energia, tudo o que o rock ‘n’ roll pode entregar de bom. Se fudê Ronaldo, que baita indicação!!!


UFO – Strangers in the Night

Ronaldo: O álbum parece uma coletânea e consta de inúmeras listas de melhores álbuns ao vivo de toda a história do rock. Não a toa! o UFO neste álbum é puro veneno e colocou no palco dessa apresentação em Chicago o seu melhor repertório e sua melhor performance possível. As guitarras são nítidas e tem uma relação siamesa; o vocal de Phil Mogg é irrepreensível, assim como o baixo de Pete Way. Rock n’ roll pesado na veia, com músicas empolgantes, instrumental de primeira grandeza, solos de guitarra memoráveis e uma pegada que transborda em cada sulco desse álbum. Não sei se aquilo realmente aconteceu ou se foi montagem, mas é emocionante ouvir a plateia vibrar no início da levada de “Doctor Doctor”.

André: Caras, eu me pergunto porque caralhos não nasci uns 30 anos antes nos Estados Unidos ou no Reino Unido. Isso aqui é de fazer o cérebro simplesmente escorrer pelo nariz de tão derretido que ficou. Olha o que Schenker fez nessa versão de “Lights Out”? Puta merda, eu acho que estou há muito tempo sem ir atrás de discos ao vivo, isso aqui me fez parecer que estou perdendo um tempo precioso ignorando apresentações marcantes para ficar ouvindo só produções de estúdio.

Davi: Considerado por muitos como um dos grandes álbuns ao vivo de todos os tempos, Strangers In The Night apresenta o Ufo em seu auge. Durante muito tempo acreditou-se que esse disco não havia retoques, mas como já era de se esperar, houve algumas gambiarrinhas, sim. Paul Elliot chegou a declarar em 2008 que as canções “Mother Mary” e “This Kid´s” haviam sido gravadas em estúdio e o publico havia sido acrescido na mixagem. Contudo, isso não faz com que esse disco deixe de soar mágico. Os caras estavam em seu melhor momento, com sua melhor formação. O repertório traz clássicos imortais do porte de “Only You Can Rock Me”, “Love You To Love”, “Lights Out”, “Doctor Doctor”, “Too Hot To Handle”, mas o grande momento é mesmo a versão mortal de “Rock Bottom” com um solo inspiradíssimo de Michael Schenker. Aula de rock n roll!

Mairon: Este é facilmente um dos melhores discos ao vivo da história. Perde talvez somente para o Fillmore do Allman Brothers. Uma banda afiadíssima, que mesmo sabendo ser a despedida de seu principal guitarrista, fez uma turnê para arrancar os cabelos dos fãs de tanto balançar a cabeça. O álbum começa lentamente, com “Natural Thing”, “Out in the Streets” e “Only You Can Rock Me”, rocks simples que preparam o terreno para as grandes audições que virão. Afinal, é impossível não pular pela casa gritando ao som da clássica “Doctor Doctor”, principal faixa da banda. Igualmente, como se segurar em “Lights Out” e “Too Hot To Handle”? Mas o centro de tudo é Michael Schenker. O diabinho está verdadeiramente endemoniado. Ele mostra seus dotes de peso em “Mother Mary” e “This Kids”, sacode com riffs certeiros em “I’m a Loser” e “Shoot Shoot”, estraçalha no solo final da linda “Love To Love” ou na ponte de “Let It Roll”, mas principalmente, o que ele faz em “Rock Bottom” não dá para descrever com palavras. Um solo fantástico, eterno, que por muitos anos será falado nas rodas de música mundo a fora, e que mostra que mesmo com todos os problemas “extra-campo”, e por trás de toda a marra, Schenker tem muita razão de se sentir O fodão. DISCAÇO com letras garrafais!


Neil Young – Live Rust

Ronaldo: Neil Young ainda tinha plateia cativa naquele fim de anos 70, mesmo tentando se equilibrar entre suas raízes folk e os rocks mais diretos que faziam a cabeça da moçada da época. Mas o fato é que o som que projetou Young estava em franca obsolescência naquela ocasião, ainda que para os ouvidos de hoje tudo que ele apresentou em Live Rust soe atemporal, já que sua capacidade como compositor é incontestável. A primeira sessão do disco é toda acústica, na qual pontos fundamentais de sua faceta folk são apresentados, com destaque para uma linda versão de “My My, Hey, Hey (Out of the Blue)”. A parte elétrica começa com a clássica “When You Dance I Can Really Love” e passeia por outros momentos igualmente clássicos como “Cortez the Killer”, “Cinnamon Girl” e “Like a Hurricane”, na qual Young não economiza em solos poucos ortodoxos e muita intensidade.

André: Não posso dizer que Young é um de meus artistas de cabeceira, mas eu não tenho como criticar este cara encarando a plateia. Escutar execuções singelas e perfeitamente afinadas como a de “I am a Child” é de muito bom gosto. Neil Young é um pouco diferente dos outros artistas aqui apresentados; é daqueles que fazem um show milimetricamente perfeito, com execuções de solos límpidos e caprichados, diferentemente de outras execuções mais “orgânicas” ao vivo. Devem ter sido apresentações incríveis para quem estava na plateia.

Davi: Neil Young sempre foi conhecido por suas guitarras estridentes repletas de microfonias, mas também pela sutileza de seu violão, sua gaita bem colocada, seu piano sutil. E, claro, sua habilidade como compositor é indiscutível. Esse é um trabalho bem marcante em sua trajetória. Acredito que para quem não esteja muito familiarizado com sua enorme discografia, seja uma interessante porta de entrada. Aqui, temos um pouco de cada um desses universos. O disco começa com o Neil Young mais acústico, explorando sua faceta mais folk, onde vale um destaque para a interpretação de “Comes a Time” e a belíssima canção “After The Gold Rush” com Neil nos pianos. A partir do lado B, temos uma apresentação elétrica ao lado do emblemático Crazy Horse, onde o músico canadense coloca toda sua emoção em versões avassaladoras para clássicos do porte de “Cinnamon Girl”, “Like a Hurricane”, “Hey, Hey, My, My”, “The Loner”, além de trazer mais uma interpretação acústica, a lindíssima “The Needle and The Damage Done”. O melhor trabalho ao vivo de Neil Young, na minha opinião.

Mairon: Havia ouvido esse álbum há muitos anos atrás, não lembro quando. Mas lembro que me decepcionei bastante com o disco. Ouvindo agora, modifiquei um pouco minha opinião. São quatro lados bem definidos. Temos música folk dylanesca de melhor qualidade no lado A (“I Am A Child”, “Comes Time” e a clássica “My, My, Hey Hey (Out of The Blue)”, misturadas com uma dolorida e bela canção com voz e piano (“After Gold Rush”), com Young soltando seu vozeirão. O lado B é constituído de pedradas elétricas certeiras para pular pela casa como na magnífica apresentação do velhote no Rock in Rio de 2001 (“When You Dance”, “The Loner”, “Sedan Delivery”), intercaladas pela deliciosa dupla amolecedora de corações “The Needle and the Damage Done ” e “Lotta Love”. O lado C traz a suavidade, com o country-rock de “Powderfinger”, a baladaça mega-clássica “Like a Hurricane”, “Hey Hey, My My (Into the Black)” e “Tonight’s the Night”, para arrancar as lágrimas do ouvinte. Ouvindo agora, já achei um bom disco, mas ainda não me animo a naufragar nos oceanos discográficos colecionísticos do bardo canadense.


Cheap Trick – At Budokan

Ronaldo: O material foi gravado em 1978, mas veio ao mundo e aos charts em 1979. Indiscutivelmente, uma banda melhor no palco do que no estúdio, onde sua música pode realmente se mostrar devidamente empolgante e bacanuda. Tão despretensiosa quanto animada, a fórmula do Cheap Trick é tão eficiente que espanta o fato de como outras tantas bandas não conseguem fazer o mesmo. É um pop rock ardido, daqueles que se parece com o chiclete pisado que fica dias nos nossos sapatos. Os vocais são certinhos e tudo é no lugar, bem equilibrado em termos instrumentais; mas de forma alguma isso pode ser interpretado como uma fraqueza da banda, como se ela não tivesse nada a oferecer. É uma equação sonora difícil de descrever de tão simples que é, mas muito fácil de ser curtida.

André: Os gritos agudos da plateia já dão ideia de que o Cheap Trick na época atraia principalmente o público feminino. E a mulherada deve ter ficado de queixo caído com a performance dos cabeludos americanos neste disco cheio de versões ainda mais pesadas de rocks como “Lookout” e “Big Eyes”. Aqui há de se destacar o brilhante desempenho do baterista Bun E. Carlos, que simplesmente arregaçou. Como o bom gosto do Ronaldo em sugerir discos é praxe, esta seleção para esta matéria foi simplesmente incrível e prazerosa.

Davi: Excelente recomendação. Esse LP é clássico. Acredito que tenha sido a porta de entrada de muita gente para o universo do Cheap Trick. A minha foi por esse e pelo LP Dream Police. Essa banda sempre foi muito boa de palco. Robin Zander sempre teve uma boa voz e a banda sempre teve uma energia fora do comum. A gravação não esconde a euforia do publico, o que sempre joga a favor em álbuns do tipo. Nunca curti muito discos ao vivo onde o som do publico fica muuuito pra trás. Some tudo isso à um repertório de primeira grandeza com músicas divertidíssimas como “Come On, Come On”, “Big Eyes” e os megaclássicos “I Want You to Want Me”, “Surrender” e “Goodnight”, e o que temos é um trabalho empolgante e que se faz essencial na coleção de um rocker que se preze.

Mairon: Esse disco é impressionante. A força de um grupo novato levando ao delírio as ninfetas nipônicas é visceral ao longo de sus 42 minutos. É gritaria das guriazinhas de olho puxado o tempo inteiro. Me lembra bastante a potência do Slade Alive!, mas só que ainda mais forte. O som do Cheap trick é um rock visceral, perfeito para animar noitadas de ceva e festa. Tanto é que a versão para “Ain’t That a Shame” (Fats Domino) é alegria pura através do slide de Rick Nielsen! “Clock Strikes Ten”, “Goodnight Now” e “Hello There” são de uma pancadaria adimensional, assim como “Big Eyes”, onde o vocal Robin Zander gasta a garganta de tanto gritar. “Come On, Come On” tem uma batida de rock dos anos 50 que me agrada muito, ainda mais com as altas doses de distorção. “I Want You to Want Me” e “Lookout” possuem uma ingenuidade punk que os caras do punk nunca tiveram em suas canções de amor. Até um quase épico o Cheap Trick entrega aos fãs, a ótima “Need Your Love”, talvez melhor canção da carreira dos americanos, principalmente pela sensacional sequência de solos que abrange boa parte de seus quase 10 minutos. A única faixa que acho mais abaixo das demais é justamente o mega-clássico “Surrender”, que possui uma pegada mais oitentista a qual foge da visceralidade apresentada nas demais canções. É um disco clássico, obrigatório de ser ouvido ao menos uma vez, e depois, cada um decide o que fazer com o mesmo.

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