domingo, 30 de agosto de 2020

The Who - Live at the Isle of Wight Festival 1970 [2013]


As duas da manhã do dia 30 de agosto de 1970, um domingo como hoje, há exatos 50 anos, uma das maiores bandas britânicas da história da música realizou aquele que é considerado o maior show de sua carreira. Trata-se do The Who, e sua inesquecível apresentação no Festival da Ilha de Wight. Para os perdidos, o Isle of Wight Festival de 1970 foi realizado entre os dias 26 e 31 de agosto de 1970, sendo considerado por muitos como o Woodstock britânico. O festival apresentou nomes como Jimi Hendrix, The Doors (já em despedida), Jethro Tull, Taste, Chicago, Procol Harum, Miles Davis, os novatos Supertramp e Emerson Lake & Palmer, muitos outros e claro, o The Who. Esta incrível apresentação de Roger Daltrey (vocais, harmônica), John Entwistle (baixo, vocais), Pete Townshend (guitarra, vocais) e Keith Moon (bateria, vocais) chegou ao mercado pela primeira vez no mesmo pacote, com o show na íntegra  em CD, e as filmagens quase completas da apresentação em um DVD que acompanha o fantástico Live at the Isle of Wight Festival 1970, lançado pelo selo Salvo em 2013.


O selo tem sido notável em lançamentos desse tipo, tais como as apresentações de Van der Graaf Generator, Zombies e Caravan no Metropolis Studios de Londres, ou o Jethro Tull no mesmo Festival da Ilha de Wight de 1970, com as apresentações em vídeo e áudio sendo um deleite para os fãs e colecionadores de música em geral, e fez um serviço inquestionável para quem curte rock ao lançar esse pacote. A versão aqui apresentada foi lançada em um formato Digipack, com 4 painéis que armazenam os dois CDs, o DVD e um belo encarte de 12 páginas, com texto de Patrick Humphries lembrando sobre o show do The Who e muitas fotos daquela noite. 

Mas é musicalmente que os caras do The Who estraçalham. Seguindo o lançamento do aclamado Tommy, essa apresentação no Isle of Wight é poderosa do início ao fim, e marca o encerramento das grandiosas apresentações que os britânicos fizeram entre 1967, quando surgiram ao mundo no Monterey Pop Festival, e passa pela inesquecível apresentação no Woodstock de 1969. É um show incendiário, cuja abertura com "Heaven and Hell" já traz toda a energia que a banda exalava, seguida de uma impecável "I Can't Explain", clássico absoluto da banda, uma ótima revisitada para "Young Man Blues" e as audaciosas apresentações para as então inéditas "I don't Know Myself" e "Water", as duas últimas partes da ópera-rock abortada pós-Tommy, Lifehouse. O CD não segue a ordem original do show, mas traz também "Naked Eye", outra de Lifehouse, e que foi apresentada antes do grupo chegar na apresentação quase que na íntegra de Tommy.


A ópera-rock mais famosa do mundo já estava sendo apresentada ao vivo há mais de um ano, então, o grupo estava afiadinho, mesmo diante de 600 mil pessoas que aguardavam ansiosos para ver uma noite que ficou para a história. Ouvi-la quase que na totalidade, ainda com as inspirações de Townshend aflorando pelos poros, e um endiabrado Moon fazendo misérias em seu kit, além de Daltrey mostrando por que é uma das vozes mais potentes do rock, e toda a elegância de John Entwistle, empunhando seu baixo como se fosse uma guitarra, é um deleite.

"Overture", "Sparks", "Eyesight to the Blind (The Hawker)" são os grandes momentos na primeira parte de Tommy, a qual está presente no CD 1. O CD 2 começa com "Acid Queen", e perpassa por mais onze partes de Tommy, com as clássicas "Pinbal Wizard", "Smash The Mirror", "I'm Free" e destaque especial para o mágico encerramento com "We're Not Gonna Take It". Uma performance magistral, que por si só já vale a aquisição do CD, mas ainda há mais. O grupo resgata aqui "Summertime Blues", o Medley de clássicos do blues ("Shakin' All Over, Spoonful e Twist & Shout", e fecha com uma sequência de tirar o fôlego para qualquer fã do The Who, com "Substitute", "My Generation", essa com muitos improvisos, e "Magic Bus", além da já citada "Naked Eye". Ou seja, é uma coletânea perfeita, mas caught in the act, das melhores canções que os britânicos gravaram.


O DVD é uma atração a parte. A filmagem eterniza as roupas que praticamente fizeram a imagem do The Who, com a fantasia de esqueleto de John Entwistle, o macacão branco de Pete Townshend, as longas franjas e o cabelo comprido e encaracolado de Roger Daltrey, com seu peito aberto, encarnando Tommy, e as viradas inconfundíveis e únicas de um Keith Moon vestindo apenas uma camisa branca e jeans, mas sempre com um sorriso afável e debochado no rosto. O DVD está na ordem correta do show, e ainda traz como bônus as versões de "Substitute" e "Naked "Eye".

Para quem conhece e gosta de Live at Leeds, aquele repertório talvez seja melhor. Porém, ver o The Who ao vivo é o principal diferencial nesse lançamento de Isle of Wight. Difícil imaginar que 50 anos depois, um show ainda estaria sendo tão visto, aplaudido, curtido e celebrado quanto esse de um dos quartetos mais impressionantes e potentes que os palcos do mundo já ouviram e viram.


Track list CD

CD 1
1. Heaven and Hell
2. I Can't Explain
3. Young Man Blues
4. I Don't Even Know Myself
5. Water
6. Overture
7. It's A Boy
8. 1921
9. Amazing Journey
10. Sparks
11. Eyesight to the Blind (The Hawker)
12. Christmas

CD 2
1. The Acid Queen
2. Pinball Wizard
3. Do You Thing It's Alright?
4. Fiddle About
5. Tommy Can You Hear Me?
6. There's A Doctor
7. Go to the Mirror!
8. Smash the Mirror
9. Miracle Cure
10. I'm Free
11. Tommy's Holiday Camp
12. We're Not Gonna Take It
13. Summertime Blues
14. Shakin' All Over / Spoonful / Twist & Shout
15. Substitute
16. My Generation
17. Naked Eye
18. Magic Bus

DVD

1. Heaven and Hell
2. I Can't Explain
3. Young Man Blues
4. I Don't Even Know Myself
5. Water
6. Shakin' All Over / Spoonful / Twist & Shout
7. Summertime Blues
8. My Generation
9. Magic Bus
10. Overture
11. It's A Boy
12. Eyesight to the Blind (The Hawker)
13. Christmas
14. The Acid Queen
15. Pinball Wizard
16. Do You Thing It's Alright?
17. Fiddle About
18. Go to the Mirror!
19. Miracle Cure
20. I'm Free
21. We're Not Gonna Take It
22. See Me Feel Me / Listening To You
23. Tommy Can You Hear Me?

Bonus Tracks
24. Substitute
25. Naked Eye



terça-feira, 18 de agosto de 2020

Capas Legais: Yes - Yessongs [1973]

 


O Yes foi um dos grandes nomes do rock progressivo, não só por suas músicas que marcaram época e revolucionaram a forma de compor e criar em estúdio, mas também por suas lindas capas, a cargo de Roger Dean. Hoje, apresento a fantástica capa de Yessongs, primeiro álbum ao vivo dos britânicos, lançado em 1973, e que possui em seu formato original uma capa Four Panel Gatefold, complementada por alguns mimos adicionais. Veja!


sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Ouve Isso Aqui: Discos Diamantes do Rock Raro

 

Por André Kaminski

Tema escolhido por Fernando Bueno
Com Daniel Benedetti, Davi Pascale, Mairon Machado e Ronaldo Rodrigues

Fui pego de surpresa para dar o tema e cinco discos para essa edição do Ouve Isso Aí. Nesse dia tinha acabado de receber os dois volumes do ótimo livro Rock Raro escritos por Wagner Xavier e seu parceiro João Carlos Roberto. Para situar o leitor da Consultoria do Rock, eles escreveram duas edições de um livro em que apresentam mais de 700 discos do rock da segunda metade dos anos 60 até os anos 70. Alguma coisa aqui, outra acolá dos anos 80 também. Somente discos considerados raros pelos critérios da dupla entraram no livro - portanto não esperem ler sobre medalhões aqui - e classificaram com 3, 4 e 5 estrelas, além de elegerem alguns outros poucos como diamantes que nas palavras, e opiniões, deles seriam os “clássicos do rock raro”. Pincei aleatoriamente 5 desses álbuns, do primeiro volume, considerados diamante e propus essa edição.



Fairport Convention - Fairport Convention [1968]

Fernando: A grande maioria das pessoas que citam o Fairport Convention costumam lembrar dos discos Unhalfbricking (1969), Liege & Lief (1969) e o Full House (1970). Por isso nunca tive a curiosidade de ouvir esse primeiro lançamento dos britânicos e vi que perdi tempo. Aqui a psicodelia estava mais presente do que os álbuns seguintes, nos quais o folk aparece mais. A grande diferença é que aqui ainda não era Sandy Denny nos vocais, o posto era comandado por Judy Dybie, que tem uma bela voz, mas longe do que Denny conseguia fazer.

André: Conheci este disco graças ao Ronaldo Rodrigues no Recomenda de duetos vocais masculino e feminino. Pior que desde aquela vez, acabei não ouvindo mais este disco e ao invés de comentar os detalhes dele novamente, vejo o quanto a diferença de alguns anos dá em termos de apreciação. Se naquela época achei o disco muito bom, um belo nota 9, hoje digo que é um nota 10 muito fácil. Faixas de um rock empolgante misturadas com a sutileza de lindas baladas folk que me impressionam mais hoje do que há alguns anos atrás quando a matéria original saiu. Que incrível jogo de vozes. Que instrumental impecável. Um discaço.

Daniel: Este é um álbum que já tentei ouvir várias vezes. Esta foi mais uma tentativa, infelizmente com o mesmo resultado, mas, ao menos, serviu para saber que não devo mais insistir. Aos meus brutalizados ouvidos, as canções não conseguem me cativar, fica sempre faltando alguma coisa, seja ‘punch’, seja arrojo, seja lá o que for.

Davi: Esse eu já tinha escutado por conta de uma matéria nesse próprio site, mas foi bacana reescutá-lo. Álbum de estreia de responsa desse ótimo grupo de folk rock com trabalho vocal caprichado e um trabalho de guitarra extremamente criativo. O repertório é bem variado - não sei se intencional ou se ainda estavam em busca de seu som – mas as composições são muito boas, onde vale destacar a faixa de abertura “Time Will Show The Wiser”, “It´s AlRight ´Ma, It´s Only Witchcraft” (faixa bem bacaninha, mas que faltou a esperteza de subir um pouquinho o som da guitarra na mixagem), além da boa releitura de “Jack O´ Diamonds”, extraída do (ótimo) repertório de Bob Dylan.

Mairon: Esse álbum apareceu em um Consultoria Recomenda de Rock com Duetos Vocais. A Fairport Convention é muito conhecida por conta de Sandy Denny, a vocalista que fez a bela “The Battle of Evermore” do Led Zeppelin, ao lado de Robert Plant. Porém, antes de Denny entrar na banda, havia Judy Dyble, que faz a Fairport Convention soar como se fosse o Jefferson Airplane inglês. O ar flower power de gigantes como Jefferson Airplane está presente com destaque em faixas como "t's Alright Ma, It's Only Witchcraft", "Time Will Show the Wiser", "Sun Shade" e na pegada country de “If (Stomp)” (se me dissessem que era o Moby Grape que a gravou, eu caia como um patinho). Curto os duetos vocais de Dyble e Ian McDonald em “Chelsea Morning” e “Decameron”, o dedilhado e o solo psicodélico de “I Don’t Know Where I Stand. E falando em psicodelia, o instrumental de “Portfolio” e “The Lobster” é a referências para lembrarmos que é uma banda britânica que está nas caixas de som. Um discaço de uma banda que é muito mais do que uma excelente participação em um disco de um gigante.

Ronaldo: Um grupo inglês soando como norte-americano. Psicodelia tipicamente californiana, com vocais divididos entre vozes masculinas e feminina (da elegante e recém-falecida Judy Dyble). Essa emulação sonora durou apenas um disco, no qual o Fairport Convention trocou a neblina britânica pelo litoral semi-árido da Califórnia. O mais bacana dessa história toda é que o grupo soa bastante autêntico, e em nenhum quesito fica devendo aos psicodélicos californianos. Guitarras tão bem colocadas quanto os melhores exemplares americanos (Quicksilver Messenger Service, Jefferson Airplane, Byrds) e harmonias vocais de primeira linha, embalando ótimas composições. Baladas como “I Don’t Know Where I Stand” e “Decameron” valem o disco. Depois desse trabalho, Judy Dyble se manda e Sandy Denny assume as rédeas, transformando o Fairport Convention em um ícone do folk-rock britânico.



Hairy Chapter - Eyes [1970]

Fernando: Um pouco confusa a discografia dessa banda alemã, apesar de poucos discos. Eyes mesmo foi lançado, regravado e relançado de novo e depois que o segundo saiu os dois foram lançados juntos de novo. Mas vamos nos ater somente ao primeiro álbum, que é o citado Eyes. Todo o peso e distorção de “Bad Dreams” desaparece na faixa seguinte, “Pretty Talking Girl”  para retornar com a blueseira “Pauline”. Destaque total para a guitarra de Harry Titlbach, que, inclusive, parece estar gravada mais alta que os outros instrumentos. Voltarei certamente pra esse disco.

André: Não conhecia esta banda e gostei muito do que ouvi. Um hard/blues pesado na guitarra e na cozinha de baixo e bateria, com a gaita de boca (nem sempre tocada com maestria) e tudo mais que o velho blues dá direito, e toda aquela energia se apresenta em ótimas composições. Minha favorita aqui é "Illusions" com uma guitarra e um baixo estupendos e um contraste muito interessante entre o vocal calmo de Harry Unte e o instrumental mais rápido e pesado. Tirando algumas passagens desafinadas de gaita, todo o restante aqui é de ótima qualidade.

Daniel: Não conhecia este disco, mas curti bastante. Aquela sonoridade Hard, com um pezinho no Blues, e que eu curto muito. Destaco a potente abertura do álbum, “There’s a Kind of Nothing” e a ótima “You’ve Got to Follow this Masquerade”. Certeza que o ouvirei muitas outras vezes. Em tempo: em diversas passagens a voz do vocalista me lembrou a do grande Phil Mogg, do UFO... será que viajei?

Davi: Essa indicação do Rock Raro, na verdade, é em cima da edição em CD onde a gravadora reuniu 2 álbuns do conjunto no mesmo pacote. Parei para ouvir os dois discos. Comecei pelo Eyes, o mais antigo, e a impressão que tive foi de um conjunto com um som calcado no blues rock, com um peso até que interessante, mas que carecia de um produtor. Havia bons momentos como “Pauline”, que tem um riff de guitarra bem Hendrix ou “Life 69” que é simplória, porém redondinha. Já em outras como “Illusions” e “Looking For a Decent Freedom”, a banda parecia embolada e sem direção. Em Can´t Get Through, a banda continuava tirando um som pesado, já mais focado, mais bem elaborado. Agora, eu percebi o plágio de Led Zeppelin no final da faixa-título. Coisa feia, hein senhores... Disco mediano.

Mairon: Essa banda chegou até a mim justamente com uma compilação que une os dois únicos discos do grupo, de 1970 e 1971. Hardzão raiz, sem frescuras, com bons licks de guitarra, boas vocalizações, boa cozinha, tudo do bom e do melhor, esse primeiro disco é bem diferente do segundo, que já mergulha um pouco no krautrock, e por que não, no progressivo. Faixas como "Bad Dreams", "Big Fat Woman Blues", "Illusion" e "Life 69" trazem aquele velho mas sempre bem vindo cheiro de blues que as bandas dos anos 70 carregavam com forte exalação, algumas inclusive com gaitinha e tudo mais. Outras vem carregadas de lisergia, sejam no wah-wah de "Cry For Relief", no peso e solos sobrepostos de "Looking For A Decent Freedom" ou nas ácidas notas de "Pauline". E até as vinhetinhas "Pretty Talking Girl" e "Thought After" casam bem no conjunto total da obra. Hardeira, quem curte o estilo vai curtir muito esse disco.

Ronaldo: Aqui é testerona e distorção! Contando com aquele groovezinho malandro do começo dos anos 70, riffs de orientação blueseira são jogados de um lado para o outro e cantados com uma voz rouca-rasgada que acompanha muito bem as guitarras. Ainda que alguns lampejos psicodélicos (e folk) também se façam presentes, o disco é um belo espécime do hard rock dos anos 70, com aquela atmosfera selvagem e descompromissada. O disco seguinte do grupo traz a mesma fórmula, com uma maturidade instrumental um pouco maior e um som ainda mais potente. Mas o conteúdo todo da música do Hairy Chapter já estava presente desde esse disco de estréia.



Boulder Damn - Mourning [1971]

Fernando: Os americanos do Bolder Dawn atacavam em seu único álbum lançado com um hard rock bastante festeiro e divertido. Algumas passagens lembram bastante o Grand Funk Railroad, outras o Mountain. Destaque para a faixa que fecha o disco, Dead Meat”, com seus 16 minutos e funcionando como uma amálgama do que acontece em todo o resto do álbum. Uma pena a banda não ter tido sequência. O mais incrível é saber que o álbum foi gravado em apenas quatro (QUATRO!!!) horas.

André: Um bom disco da época dos primórdios do heavy metal, mas com alguns pequenos defeitos. O vocalista John Anderson não tem lá vocais marcantes, apesar de segurar a onda e o som da caixa de bateria me incomoda um pouco nas duas primeiras músicas (me lembrou levemente a bateria do disco mal fadado do Metallica, mas a do St. Anger é muito pior obviamente). Todavia, o estilo das composições me agrada. As guitarras de "Got that Feeling" me agradam muito, assim como o grooveado de baixo de "Portfolio" também é de alto nível. Não sei o que houve com a banda que só possui este disco, mas se tivessem um vocalista melhor e dessem uma arrumada nessa caixa de bateria (curiosamente, em algumas canções ela está OK) de algumas faixas, é bem possível que a banda alçasse vôos maiores.

Daniel: Um daqueles casos de bandas com duração efêmera e apenas um disco lançado. Mourning é uma fúria inconteste, com aquela sonoridade Hard/Heavy do começo dos anos 70, em faixas calcadas no peso e na agressividade das guitarras. Baita disco, ótima indicação.

Davi: Não conhecia essa banda, mas gostei do álbum. A primeira faixa não me empolgou tanto, mas a partir de “Got That Feeling” o disco toma um rumo bem interessante. Um hard rock bem sacana construído com riffs que não são complexos, mas são bem elaborados, trabalho vocal eficiente e bom trabalho de bateria. O meu momento favorito, contudo, fica com “Find a Way”, canção onde peguei uma boa referência de Grand Funk Railroad. Boa indicação. Esse, provavelmente, irei correr atrás para minha coleção.

Mairon: Quarteto americano que faz um hard típico da época, com a guitarra recheada de wah-wah, uma cozinha foderosa e um vocal poderoso. Uma banda que musicalmente está em um nível muito alto, assim como todas as outras citadas aqui, mas talvez essa seja a mais rara apresentação que o Fernando nos indicou. O vinil de Mourning é praticamente impossível de se encontrar na versão original. Todas as faixas são ótimas, algumas lembrando um Grand Funk na fase inicial ("B.R.T.C.D.", "Breakthrough" e "Rock On"), outras com as vocalizações beatle ("Find A Way" e "Monday Mourning"), e outra com aquele clima blues que conhecemos bastante das bandas da época ("Got That Feeling"). Claro, como toda banda do estilo, é necessário um épico longo para explorações de solos, e isso é entregue em "Dead Meat", mais de dezesseis minutos que talvez mostrem o por que da banda não ter vingado, já que eu acho um tanto prepotente e sem rumo. Mas o resto do disco é muito bom. Vale conferir!

Ronaldo: Uma pena que este grupo da Flórida não conseguiu um contrato para gravar seu álbum. Mourning chegou ao mundo por uma pequena prensagem particular e contando com uma estrutura modesta de gravação. O disco mostra uma banda com ótimas ideias e muito gás, trazendo riffs pesados e músicas cativantes tal como o Grand Funk Railroad, privilegiando bastante destaque para o baixo e boas linhas vocais. O maior destaque do disco vai para a sinistra e longa faixa “Dead Meat”, que apesar dos excessos, poderia tranquilamente estar no repertório do Black Sabbath.



Analogy - Analogy [1972]

Fernando: O disco já começa surpreendente pela capa, que apesar de ser um disco de 72, tem um clima totalmente anos 60. E já nas primeiras participações da vocalista Jutta Taylor sabemos que vem coisa boa pela frente, apesar de algumas resenhas que eu li dizerem que ela talvez estivesse um pouco deslocada ali. Com uma formação ítalo-germânica a banda empresta elementos do krautrock (um pouquinho), do prog italiano (em mais quantidade) e da psicodelia americana (muito). Em “Weeping My Endure” a voz bastante aguda de Jutta se contrapõe ao peso dos instrumentos baixo. No geral só “Tin’s Song” que não caiu muito bem aos meus ouvidos, mas por ser curtinha não incomodou. O lado B inicia com a faixa título em um clima totalmente progressivo. Já “The Year’s At the Spring” me lembrou passagens de músicas do Doors.

André: Fui ver a localização e dizia que era da Itália. Mas daí percebi uns sobrenomes estranhos para o italiano e daí soube que os integrantes eram alemães que se mudaram para lá. Pois olha, esse disco é um caso curioso. Percebe-se claramente que o ácido e outras "dorgas" rolava solto porque impossível alguém sóbrio gravar estes instrumentais e letras. Não que isso fosse incomum naqueles tempos, mas acho que o negócio aqui era mais hardcore. A capa hiponga também passa esta impressão. Agora não tem como não comentar o esquisitíssimos vocais de Jutta Nienhaus. Apesar de não estar nem na faixa dos 20 anos na época, seus vocais limpos quando tentam dar um ar "jazzístico" parecem mais os de alguma velha que consumiu diariamente duas carteiras de cigarro por uns 30 anos. Curiosamente ela também faz o uso de vocais líricos que até que são razoáveis, embora cansem após um tempo. Em relação ao instrumental, gosto do fato da banda usar muito hammond, dando aquela tradicional aura setentista que tanto gosto. Um álbum para mim razoável, outros podem se incomodar com as coisas que falei mas não me marcará em me empolgar para futuras audições.

Daniel: Este eu não conhecia. Um álbum bem interessante, com uma veia artística aguçada e um ótimo trabalho vocal. A sonoridade oscila entre o progressivo e o psicodélico, com o trabalho dos teclados me chamando a atenção pelo protagonismo, especialmente na ótima “Weeping My Endure”. Outra canção que merece destaque é “Analogy”. Enfim, ótima indicação.

Davi: Analogy é uma banda de rock progressivo, porém aqui, nesse álbum, os arranjos ainda contavam com uma grande influência da cena psicodélica do final dos anos 60. Embora eu goste tanto de rock progressivo quanto de psicodelia, o disco não me encantou. O vocal de Jutta Nienhaus costuma ser bastante elogiado pelos admiradores do grupo, mas não é um estilo que eu curta, acho a voz dela bem cansativa. Também achei o trabalho de guitarra de Martin Thurn bem mediano e as composições fracas. Para não dizer que não gostei de nada, achei o baterista H.J. Nienhaus bem competente e a capa do álbum muito bonita. Em termos de composição, a melhorzinha foi  “Pan-Am Flight 249”, mas ainda assim longe de ser uma grande canção.

Mairon: A Analogy quando chegou até a mim foi por uma indicação de um amigo que curte muito Curved Air. Essa banda alemã tem nos vocais hipnotizantes de Jutta Nienhaus um ponto muito forte, mas é o instrumental com guitarras, órgão e uma bela cozinha que nos faz pensar como os anos 70 paria música boa em tudo que é canto do mundo. "Indian Meditation", "The Year's At The Spring" e "Weeping May Endure" são pequenas delícias do hard setenta em 5 minutos. Mas a banda investia forte no progressivo viajandão, bem próximo ao que o Curved Air fazia, mas claro, com grandes temperos chucrutes. A faixa título, com seus nove minutos, é o auge de um disco impecável. Outros bons momentos progressivos vão para "Dark Reflections" e "Pan-Am Flight 249", a última com uma introdução flower power rasgante no solo da guitarra, lembrando a Big Brother dos tempos de Janis Joplin. Curto muito The Suite, lançado bem depois, com outra vibe, muito mais viajante, mas essa estreia aqui é para desbundar muito gigante.

Ronaldo: Ainda que o disco seja bem intencionado, a pouca perícia dos músicos e uma qualidade de gravação pouco esmerada joga o resultado para baixo. Os vocais de Jutta Taylor-Nienhauss tem alguns maneirismos irritantes, mesmo quando sua voz busca soar “sexy”. As mesmas composições em um disco do Frumpy, por exemplo, tornariam o disco bem mais apreciável, já que os mesmos elementos estão presentes – boa divisão entre guitarra e órgão, um certo ar psicodélico que se cruza com tons sinfônicos e os vocais agudos. A faixa título tem uma seção instrumental bastante viajante. É um trabalho que tem status de “cult” e agrada os iniciados, mas se analisado com mais critério mostra claras deficiências.



Armageddon - Armageddon [1975]

Fernando: Timaço que se juntou para gravar esse único álbum autointitulado (gente de Renaissance, Yardbirds, Captain Beyong, Steamhammer e Iron Butterfly. Quem conhecia o Keith Relf só do Renaissance pode estranhar a pancada que os caras fizeram. A faixa que abre o disco, “Buzzard”, por exemplo, é quase metal. Alias, o que o Armageddon gravou aqui talvez não seria adequado, ou não se assemelharia a nada que qualquer uma dessas bandas citadas acima faria. O peso quase que some em “Silver Tightrope” para voltar com tudo de novo em “Paths and Planes And Future Gains”. Destaque para o baixo em “Last Stand Before”. No ano seguinte a trágica morte de Keith Relf abreviou a carreira da banda e nos primou de uma grande banda.    

André: Conheço este disco há muitos anos. Daqueles supergrupos formado por membros de grandes bandas que lançaram este belo disco, um daqueles hards setentistas excelentes com algumas pitadas de prog e psicodelia. "Buzzard" inicia de forma frenética e tirando "Last Stand Before" (a mais fraquinha), as outras faixas são todas de um belíssimo bom gosto. É um disco que meio que resume tudo de bom que havia no hard setentista condensado em um trabalho só. Então, fica fácil amar uma pérola dessas.

Daniel: Este álbum é excelente e uma espécie de ‘clássico cult’. Uma fusão bem estruturada entre Hard & Heavy, mas com inegável viés Progressivo.  A contagiante “Paths and Planes and Future Gains” é uma verdadeira ‘porrada’ e é uma amostra do trabalho incrível do guitarrista Martin Pugh.  Outra faixa que precisa ser destacada é “Last Stand Before”, mas todas são inegavelmente muito acima da média.

Davi: Bah, esse eu já conheço. Tenho o LP em casa, bandaça com Keith Relf (Yardbirds) e Bobby Caldwell (Captain Beyond). Para quem nunca ouviu os caras, a sonoridade da banda é basicamente um hard rock com pitadas de prog. Já na empolgante faixa de abertura, “Buzzard”, é possível perceber com clareza essa mistura. A soturna “Silver Tighrope” quebra um pouco o clima trazendo um pouco de leveza numa canção super bonita e super bem construída, uma de minhas favoritas. Em “Paths and Planes and Future Gains” a guitarra volta a falar alto e segue assim até o término do disco com a longa suíte “Basking In The White of Midnight Sun” que, inclusive, traz um solo inspiradíssimo do guitarrista Martin Pugh. Ótima lembrança!

Mairon: Sou um grande fã dos Yardbirds, e um grande fã da Captain Beyond. Quando o vocalista do primeiro se uniu ao batera da segunda, e ainda mais dois virtuoses na guitarra e baixo, o resultado só poderia ser uma paulada absurda como essa. Armageddon é o último projeto do vocalista Keith Relf, ao lado de Bobby Caldwell, Martin Pugh e Louis Cennamo. Armageddon, o disco, é um dos meus preferidos de todos os tempos, seja pela violência de "Buzzard", pela rifferama de "Paths and Planes and Future Gains",  pela elegância de "Silver Tightrope", pelo clima safado de "Last Stand Before” ou pelos delírios progressivos de "Basking in the White of the Midnight Sun". As fusões de guitarra pesada, bateria incandescente, baixo galopante e a harmônica é exclusiva, e perfeita para se chapar sem drogas. Um disco fantástico! Creio que Armageddon foi o encerramento de uma tríade de bandas que tinha, tudo para ser a Santíssima Trindade do Hard Setentista, ao nível de Black Sabbath, Led Zeppelin e Deep Purple, mas que ficaram relegadas a bandas de poucos discos (as outras são Warhorse e a já citada Captain Beyond). Comentei mais sobre a banda e o álbum nesse link e obrigado Bueno por trazer a dica de uma preciosidade!!

Ronaldo: Uma super banda que poderia ter sido, mas não foi! Talvez o timing para o lançamento desse repertório não foi o ideal (soaria mais apropriado em 1972-1973 do que em 1975) e as circunstâncias não favoreceram o estouro do grupo, mas o fato é que o disco é icônico a começar por sua capa e pelos segundos iniciais da introdução de sua faixa de abertura “Buzzard”, que reciclou um riff do Steamhammer (antiga banda do guitarrista Martin Pough). A levada de bateria de Bobby Caldwell é simplesmente soberba e essa faixa como um todo é um épico. Ainda que nenhuma das outras faixas tenham tamanha envergadura, o disco todo é bem legal e os músicos envolvidos eram capazes de produzir muita música de qualidade juntos, como se fosse uma retomada do som chocante que o Captain Beyond produzira alguns anos antes - um hard rock pra lá de sofisticado e explosivo.

sábado, 8 de agosto de 2020

Livro: ABBA - O Que Há Por Trás De Cada Canção [2012]



Que o ABBA é uma das maiores bandas da história do pop mundial isso ninguém discute. Lançamentos como Abba, Arrival, Album, Voulez-Vous e Super Trouper estouraram nas paradas do mundo inteiro, e fizeram de Aghneta, Anne-Frid, Björn e Benny a dupla de casal mais bem sucedida no mercado fonográfico em todos os tempos. Os suecos conquistaram os anos 70 com sucessos do porte de "Waterloo", "Dancing Queen", "S. O. S.", "Mamma Mia", "The Winner Takes It All", "Chiquitita", "Fernando" e por aí vai.


Essas e todas as outras canções que o quarteto gravou são narradas por Robert Scott em ABBA - O Que Há Por Trás De Cada Canção, lançado no Brasil em 2012 pela editora Lafonte. Com textos no The Guardian, Elle, e apresentação de programas na BBC e Sky News, Scott é um pseudônimo de Chris Roberts, especialista em música que já fez biografias para Lou Reed e Michael Jackson, mas que se destacou mesmo com Idol Worship, livro que foi aclamado pelo New York Times. O autor manja bastante de música, e isso transparece ao longo das 240 páginas de livro.

Afinal, ele entra de sola quando não aprecia uma composição ou melodia da banda, mas por outro lado, exalta todas as virtudes daquilo que lhe agrada. E isso acaba incomodando bastante na leitura de O Que Há Por Trás De Cada Canção. Ele se torna bastante pessoal, com Roberts implicando o tempo todo com as vozes masculinas, enaltecendo todas as virtudes sensuais de Agnetha e trazendo uma Anne-Frid que parece ser apenas um adorno do marido Benny do que realmente um membro fundamental na banda.


Bom, mas vamos ao livro. São 16 capítulos divididos em 240 páginas, incluindo Prefácio, Introdução, Cronologia, Discografia Básica, Bibliografia, Índice Analítico e Créditos de Fotografia, que aliás, são várias. O autor não se prende somente em analisar as canções, mas também vai fazendo um resgate da história da banda, além de um breve resumo da vida pessoal de cada membro do ABBA antes da banda. Assim, passamos pelos relacionamentos, glórias, fracassos, shows, gravações e muito mais de forma bastante tranquila, em uma leitura fácil, onde Roberts sempre dá seu pitaco, para o bem ou para o mal.

Assim ficamos sabendo que fora dos palcos, Agnetha e Anne-Frid quase nem conversavam. Que a primeira, uma musa sexual para todo o mundo, detestava as turnês, e preferia muito mais o lado materno, o que acabou levando a sua separação de Björn. Que os homens do quarteto eram fascinados por gravar um musical, o que só foi realizado de fato após o fim do ABBA. Que todos tinham uma carreira considerável antes do ABBA, fazendo sucesso principalmente no norte europeu. Que as participações no Eurovision ajudaram e muito a moldar a banda, entre outros diversos detalhes bastante curiosos para um fã não-iniciado na história dos suecos.


Essa parte do livro é boa, mas as análises das músicas, bom, aí é outra história. Roberts deixa transparecer que para ele, o que o ABBA fazia de bom era só a música disco. Elogia muito os sucessos "Dancing Queen", "Mamma Mia" e "Money Money Money", além de todas as faixas dançantes que o grupo fez. Mas por outro lado, critica veementemente os rocks da banda ("Watch Out", "Rock Me" ou "Rock 'n' Roll Band", por exemplo), a tentativa (em minha opinião bem sucedida) de fazer uma mini-ópera rock com The Girl With the Golden Hair, e claro, essa com bastante razão, detona as criações reggae de "Tropical Loveland" e "Sitting in the Palmtree", facilmente as piores músicas dos suecos. Roberts também não poupa letras tolas e infantis como "Bang-a-Boomeran", "Dum Dum Diddle", "Two For The Price of One" ou "Suzy-Hang Around", mas sabe reconhecer a grandiosidade de composições como "The Winner Takes It All" e "One of Us", duas das melhores letras que foram gravadas pela banda.

Enfim, para quem quer conhecer um pouco da história e das letras de uma das bandas mais importantes do mundo da música, ABBA - O Que Há Por De Trás De Cada Canção é um achado, ainda mais que ele está barato em diversas lojas do ramo. Mas, se você quer realmente se aprofundar na história dos suecos, então busque obras mais refinadas como A Biografia, de Carl Palm, que outro dia trarei por aqui

domingo, 2 de agosto de 2020

Melhores de Todos os Tempos: Anos 80



Steve Harris, Dave Murray, Clive Burr, Adrian Smith e Bruce Dickinson. Iron Maiden em 1982


Com André Kaminski, Daniel Benedetti, Davi Pascale, Eudes Baima, Fernando Bueno, Libia Brigido, Mairon Machado e Micael Machado

Seguimos elegendo os Melhores de Todos os Tempos. Chegamos nos anos 80. O desenvolvimento de novas tecnologias fez com que o Pop surgisse com força a partir de 1980. Porém, entre teclados, danças e refrões grudentos, o Heavy Metal também assolava o mundo musical, através da chamada New Wave Of British Heavy Metal. E da batizada NWOBHM surge o maior expoente do estilo, encabeçando nossa lista de Melhores dessa vez. É claro que Iron Maiden possui grandes fãs aqui no site, mas é inegável que a banda propulsionou o Heavy Metal nos anos 80, não só por grandes músicas, mas por shows incríveis, que marcaram (e ainda marcam), toda uma geração. A importância da banda é tão grande que todos os discos lançados entre 1980 e 1989 apareceram nas nossas listas originais, e dois deles emplacaram aqui, com The Number of the Beast no topo. O pódio fica com o imponente Guns N' Roses, outro grande baluarte surgido nos anos 80, e a nova versão do Black Sabbath, com Dio nos vocais.

Como o Metal tem suas derivações, ele predomina a lista. Metallica, Slayer e AC/DC, grandes representantes das vertentes Thrash e Hard, também estão na lista, mas nem só de Metal vive a Consultoria. O Rei do Pop está aqui, assim como o grande nome progressivo brasileiro de todos os tempos fecha a lista junto com o maior representante do rock irlandês. É uma lista representativa do que foi os anos 80? O que poderia ter entrado? O que poderia ter ficado de fora? Não deixe de comentar, e acompanhe as opiniões de nossos participantes.

Lembrando que a pontuação é baseada no sistema da Fórmula 1, com a adição de 1 ponto para cada citação de álbum, como se fosse o ponto da volta mais rápida, tentando evitar ao máximo alguma injustiça de um álbum com mais citações não entrar em detrimento de outro com menos citações.

* A lista com os Melhores Discos escolhidos dos anos 80 nas listas originais envolvem os álbuns de cada ano, álbuns das listas de Melhores Brasileiros e aqueles discos citados na série Aqueles Que Faltaram. Esses discos estão listados no fim da postagem, após as listas individuais.


Iron Maiden - The Number Of The Beast [1982] (76 pontos)

André: Gosto mais de Piece of Mind, mas já tive fases de que este aqui era o meu favorito deles. The Number of the Beast já foi dissecado e desossado várias vezes sobre suas qualidades e defeitos, logo, apenas comento que no meu gosto pessoal "22 Acacia Avenue" é a minha canção favorita do Maiden e que "Hallowed Be Thy Name" é muito overrated. Independente disso, merecido estar aqui, é um disco de grandes qualidades e que marcou muita gente.

Daniel: Em uma lista que é dominada pelo Heavy Metal, não é surpresa que este álbum tenha ficado na primeira posição. Talvez seja o disco que mais ouvi na vida (e o outro postulante a este posto também está na lista) e o maior responsável pela minha adoração ao Iron Maiden. Sua história e suas músicas já são amplamente conhecidas e continuo pensando que este, sim, é o melhor álbum do Iron Maiden. Contando com canções muito fortes, este disco inicia a minha fase preferida do grupo e penso ser muito justa sua presença nesta lista.
Davi: Primeiro lugar merecidíssimo. A entrada de Bruce Dickinson levou o grupo para outro patamar. Não me entenda mal. Gosto muito do Paul Di´Anno e adoro os 2 primeiros álbuns, mas Bruce era muito mais versátil e possuía um alcance muito maior. É certamente um dos cantores mais influentes do heavy metal até os dias atuais. O repertório é arrasador e traz pérolas como "The Number Of The Beast", "Run To The Hills", "Children Of The Damned" e "The Prisoner". Não há muito o que dizer de novidade sobre esse disco, mas se algum dia, algum garotinho te perguntar "o que é heavy metal", coloque esse disco para tocar.
Eudes: O Iron Maiden realmente representou um sopro, não digo de inovação, mas de vitalidade no rock dos anos de 1980. Seu primeiro disco transpira uma adolescência cheia de tesão e energia. Retomando os cânones do hard e heavy rock da década de 1970 e cruzando tudo com passagens progressivas, o LP de estreia anima a gente. The Number of The Beast sintetiza as influências e chega num resultado enxuto e pesado. Ótima estreia de Bruce Dickson que, se não cantava melhor do que Paul Di'Anno, tinha, como os anos mostraram, mais carisma. No rol de uma nota só que os consultores montaram esta lista, o disco não fica mal no podium.
Fernando: Disco fantástico que moldou o que seria o heavy metal oitentista. Pode não ser considerado o preferido por muita gente, mas foi a referências de boa parte das bandas quando se queria fazer heavy metal. Seu set list só não é antológico porque eles preferiram colocar "Total Eclipse" como lado B de um dos single e não como parte do disco no lugar de "Gangland". Uma música esquecida desse disco, a faixa título "Invaders", seria certamente um dos clássicos de qualquer outra banda contemporânea do Iron Maiden. Disco do coração. Um dos primeiros que adquiri e que moldou caráter de muito headbangers por aí.
Libia: Um álbum que resistiu ao teste do tempo, sendo um registro inovador e, portanto, um marco no legado do Iron Maiden. Ele oferece solos de guitarras mais melódicos do que antes, faixas mais rápidas do que a banda tocava e com os vocais épicos de Bruce Dickinson liberando e transmitindo um desejo apaixonado pela vida. Uma das favoritas é a “Hallowed Be My Name” que tem uma magia atemporal e tem um dos melhores solos da banda. Outro ponto alto está na “The Prisoner” que tem um início avassalador, com uma aula de bateria. “The Number of the Beast” foi um divisor de águas do Iron Maiden, e é muito bom vê-lo na primeira posição.
Mairon: Mais previsível que final de novela das 9 era a eleição de The Number of the Beast como primeiro colocado dessa lista, apesar de eu discordar bastante disso. Já falei sobre esse álbum em um War Room e de lá repito, que o disco é bom, com um Lado A quase perfeito e um lado B bastante irregular. “22 Acacia Avenue”, "Children of the Damned" e “Halloweed be Thy Name” são as melhores canções do disco de estreia de Bruce Dickinson na Donzela, mas não consigo suportar a voz de Bruce em "Run to the Hills" e "Gangland". E cara, certeza que "Invaders" e "The Prisoner" ficariam muito melhor com o DiAnno nos vocais do que com o Dickinson. Essa pegada mezzo punk mezzo metal que eles tinham dos dois primeiros discos, e que estão nessas faixas, cai muito melhor com o DiAnno. Não tenho tanto fetiche pela faixa título, mas é um clássico, não posso negar. O Iron já tinha feito material melhor antes, e ainda faria depois a partir de 1984.
Micael: Para começar, eu gostaria de deixar claro que pelo menos 60% da minha lista “ideal” de melhores da década de 80 não estava elegível para votação (coisas como The Cure, Dead Kennedys, Sisters of Mercy e outras menos cotadas tipo Agent Orange ou Toy Dolls). A lista final que acabou sendo escolhida (da qual menos da metade dos álbuns foram votados na minha escolha pessoal) conseguiu deixar totalmente de fora gêneros importantes para a época como o gothic rock, a new wave, o new romantic, o crossover, o hardcore, o punk, o BRock, além de coisas mais fora do universo deste site como o rap/hip-hop ou a música eletrônica, portanto, esta não deve, de forma alguma, ser considerada uma lista “definitiva” de melhores discos da década citada, sendo apenas aquela circunstancialmente escolhida dentre os critérios que adotamos para fazê-la. Dito isto, mais uma vez o critério “importância” me parece prevalecer sobre o critério “qualidade” nas escolhas, como aconteceu nas listas anteriores. Porque The Number of the Beast é um disco que mudou os rumos do Iron Maiden, e possibilitou ao grupo uma ascensão e popularidade que, convenhamos, seriam difíceis de alcançar caso Paul Dianno tivesse continuado nos vocais da banda, e é, obviamente, um disco muito acima da média, mas a ascensão da Donzela de Ferro, tanto em termos de popularidade quanto em termos musicais, seria cada vez mais escalar nos lançamentos seguintes. Um disco totalmente recomendável, mas não o suficiente para estar no topo desta lista.


Guns N’ Roses – Appetite for Destruction [1987] (49 pontos)

André: Não tem jeito este disco sempre será um clássico e obviamente merece estar numa lista como esta por toda sua importância e qualidade contida nele. Grandes hinos do rock estão aqui. A qualidade de todos os músicos é enorme e destaco principalmente os meus dois integrantes favoritos que são Duff McKagan e seu baixo cheio de energia e de Izzy Stradlin, o melhor compositor da banda.
Daniel: Não há muitas dúvidas quanto a este álbum ser um dos símbolos do Rock oitentista. O Guns N’ Roses era uma banda gigantesca entre o final daquela década e o início da seguinte, muito por conta deste álbum e canções como “Welcome To The Jungle”, “Paradise City” e, claro, “Sweet Child O’ Mine”. Não o ouvia há um bom tempo, continua legal, mas já gostei muito mais dele.
Davi: Esse disco é tão bom que quem odeia a banda fala "só o Appetite presta". Ou seja, não tem como contestar. O impacto desse disco na época foi absurdo. Não apenas em mim, mas em toda uma geração. Os caras fizeram um álbum perfeito. Riffs certeiros, solos criados na dose certa, vocal cantado a plenos pulmões. Pesado, empolgante e memorável. Os hits da rádio foram "Welcome To The Jungle", "Sweet Child O´Mine" e "Paradise City", mas não tem como ficar indiferente à faixas como "Mr. Brownstone", "Outta Get me", "My Michelle", "It´s So Easy" entre tantas mais, que já atingiram a alcunha de clássico há um bom tempo. Tiro certeiro.
Eudes: A abertura com "Welcome to the Jungle", soando meio como o Aerosmith de Rocks, deu ao ouvinte da época aquela sensação de, “porra, o rock’n’roll voltou!”. Talvez esta ainda seja, pros meus ouvidos precários, a melhor faixa gravada pela banda. O hard rock setentista tocado com um padrão sonoro de heavy metal oitentista que marca o disco segura bem a onda, com canções simples mas eficazes, como "It’s So Easy", e algumas mesmo merecedoras do adjetivo “marcantes”, como as opressivas "Mr. Browstone" e "Paradise City". Não deixa de ser interessante que talvez o supergrupo mais popular da década reciclasse (muito bem, diga-se) a música da geração anterior, de tal modo que boa parte dos fãs fossem, já então, uns senhores bebedores de cerveja de barriga avantajada. Pena que a banda não tenha segurado a peteca e, nos anos 1990, passasse a ser mais lembrada pelas covers que gravou do que por material próprio.
Fernando: O Guns and Roses teve e tem muitos "haters", mas eu acredito que foi por ter sido uma banda que quebrou estilos e arrebatou fãs de todos os perfirs. Desde o headbanger, até a patricinha que só ouvia Bon Jovi. Só que o povo mais extremista torceu o nariz. "Como assim esse povinho comercial tá gostando do mesmo estilo que eu". Só que Appetitte for Destruction contém uma coleção de faixas que faria qualquer banda iniciante dar seu braço direito para ter composto as mesmas. Eu entendo que "Sweet Child O´Mine" tenha tocado demais, mas ninguém pode dizer que ela não é uma música perfeita. E o que dizer do épico "Paradise City"?. Uma das melhores estréias da hístória.
Libia: Odiado por uns, amado por muitos! É um álbum único com muita originalidade - como todos os outros trabalhos aqui discutidos - com riffs sujos, vocal tosco, capa censurada em inúmeros países e letras que vão desde cotidiano, passando por drogas e sexo, enfim, mais Rock ‘n’ Roll que isso é difícil - exageradas? Talvez. Eu o acho um álbum com estilo único, facilmente na minha lista pessoal dos 50 melhores álbuns. “Welcome to the Jungle” e “Sweet Child O’ Mine” me trazem muita nostalgia, pois foram as primeiras músicas de Rock que ouvi assistindo aos clipes. Appetite For Destruction é um disco que já nasceu clássico.
Mairon: Um álbum que dá as boas-vindas para a selva em um dos riffs mais conhecidos da música mundial não podia ficar de fora dessa lista. Appetite for Destruction é uma "coletânea" de clássicos que mudaram uma geração inteira de ouvintes de rock. Antes do Guns N' Roses, ou você ouvia o Thrash Metal de Metallica e Slayer (e derivados), ou o Metal mais trabalhado do Iron Maiden e Judas Priest (e afins), mas não havia um som popular, que cativasse os jovens simplesmente por ser rock. Quando Axl Rose e companhia lançaram esse disco, se tornaram os Stones dos anos 80, fazendo um som simples, mas que contagia os ouvidos, com uma imagem marcante dentro e fora dos palcos. A sequência do álbum é invejável: "Welcome to the Jungle", "It's so Easy", "Nightrain", "Out ta Get Me", "Mr. Browstone", "Paradise City", "My Michelle", "You're Crazy" e as duas pérolas Roseanas, candidatas para a posição de melhores canções do início da carreira do grupo, "Sweet Child O' Mine" e "Rocket Queen". Até mesmo "Anything Goes" e "Think About You", que não fizeram tanto sucesso assim, possuem qualidades suficientes para agradar qualquer um que curta rock. Para muitos, essa é a maior estreia de uma banda em todos os tempos, um certo exagero, mas que seria um vexame Appetite não aparecer aqui, isso seria, mesmo eu não votando nele.
Micael: Este ficou no topo da minha lista pessoal, e está há tempos no meu pódio de “Melhores de Todos os Tempos”, muitas vezes colocado lá no alto. Não gosto muito de "Anything Goes", para mim o único ponto baixo deste lançamento, e mesmo que os anos tenham tornado as maravilhosas "Welcome To The Jungle", "Nightrain", "Mr. Brownstone", "Paradise City" e, principalmente, "Sweet Child O' Mine" em faixas tão cansativas de escutar quanto “Stairway To Heaven” ou “Smoke On The Water”, o álbum ainda tem "It's So Easy", "Out Ta Get Me", "Think About You", a versão rápida de "You're Crazy", e as minhas favoritas "My Michelle" e "Rocket Queen" para agradar aos ouvidos de quem o ouve. Não há nesta lista (ou nesta década) um disco com tamanha quantidade de músicas empolgantes e de qualidade como Appetite for Destruction, o que, para mim, justifica o topo em que o coloquei. Resta saber qual sua posição na lista final, mas torço para que tenha sido alta.


Black Sabbath – Heaven and Hell [1980] (47 pontos)

André: Por uma questão de fase mesmo estou preferindo o Mob Rules, mas Heaven and Hell fica praticamente empatado em minha opinião. Grande estreia de Dio nesta fase excelente e uma grande virada de mesa para quem achava que o Sabbath estaria morto sem Ozzy. Conseguiu inclusive a incrível façanha de ter gente a preferir esta fase do que a anterior. Desta vez, diferente dos clássicos, gostaria de falar um pouco mais sobre duas faixas que costumam ser mais ignoradas deste disco que são "Wishing Well" tem um instrumental mais alto astral o que pode ser estranho para o Sabbath acostumado ao terror, mas que demonstra bem as boas qualidades que Dio trouxe a eles. Outra é "Die Young" com uma intro de sintetizadores e guitarra divina para cair depois em um heavy metal daqueles mais clássicos com o baixinho novamente arregaçando e Iommi colocando ótimos solos em meio a pancadaria. Mais um petardo entre os muitos da longa carreira do Sabbath.
Daniel: A estreia de Ronnie James Dio no Sabbath é um ótimo caso de ‘volta por cima’ bem sucedida, após, não apenas a saída de Ozzy Osbourne, mas também os dois discos anteriores, ambos muito abaixo do potencial do grupo. Um vocalista formidável como Dio aumentou exponencialmente as possibilidades de um compositor como Tony Iommi e o resultado é uma coleção de músicas memoráveis. “Lonely Is the World” é simplesmente espetacular.
Davi: Há quem diga que Sabbath sem Ozzy não é Sabbath. Realmente, a sonoridade do grupo mudou, mas não dá para dizer que só fizeram porcaria e nem que os discos sejam esquecíveis. Na minha opinião, eles fizeram 3 grandes álbuns sem o Ozzy e esse é um deles. Trabalho que considero um clássico do metal. O trabalho vocal de Ronnie James Dio é absurdo, Tony Iommi continuava o mestre dos riffs e o tracklist é excelente. "Neon Knights", Children Of The Sea", "Heaven and Hell" e "Die Young" são simplesmente perfeitas. Depois de 2 álbuns abaixo da média, os caras voltaram a brilhar.
Eudes: Quando, há muito, muito tempo atrás, fui avidamente ouvir o novo disco do Black Sabbath, Heaven and Hell, depois do presumível fim da banda, quase paro na chatinha faixa de abertura, "Neon Knights", que, além de tudo, descaracterizava o som que consagrou a banda. "Children of the Sea", soando muito como o clima dos melhores momentos de Technical Ecstasy, me animou. Iommi numa de suas melhores performance e Dio imprimindo novos tons à banda fizeram uma das melhores faixas creditadas ao Sabbath. O resto do disco mantém o bom nível, e inclusive com algumas inovações, como em "Die Young", mas tem um incômodo: comecei a ter dificuldade de reconhecer a banda no cipoal heavy metal da época.
Fernando: "O novo Black Sabbath". A banda renasceu depos da saída de Ozzy Osbourne. É difícil falar que o Balck Sabbath é só com o Ozzy nos vocais. Eu mesmo gosto de muitas músicas com todos os outros vocalistas,mas é inegável que com o Ozzy que eles se tornaram uma das pontas da santíssima trindade do rock. Só que com o Dio a coisa evoluiu para um patamar que talvez nem Tommy Iommi esperava já que tecnicamente Dio era MUITO mais vocalista que o Ozzy. Por isso que fica difícil de argumentar sobre qual fase é melhor. A do Ozzy que praticamente criou um estilo,ou a do Dio que pegou o que foi feito e evoluiu e criou outro padrão para música pesada. No mais, Heaven and Hell é fanstástico.
Libia: Quando escutei esse álbum, eu fui pega de surpresa, porque estava conhecendo o Black Sabbath. Ouvi aquela voz que não era do Ozzy Osbourne, mas que era uma coisa de outro mundo. A voz de Ronnie James Dio tinha entrado na minha vida no momento que escutei “Neon Knights”. E quando ouvi solo de Tony Iommi fazendo aquele passeio emocionante em "Die Young", tive certeza que ele era o elemento principal da banda. A faixa-título para mim é o ponto alto do álbum, cada parte dessa música é incrível, quando a ouvi tive a certeza que escolher apenas uma fase da banda seria bobagem. Foi um dos primeiros CD’s da minha coleção, eu o tenho ainda hoje, ele já sobreviveu até a um acidente de carro de tão Metal que é.
Mairon: O Black Sabbath certamente foi a ausência mais sentida na lista dos anos 70, principalmente por que o favorito da era Ozzy é super discutido entre os fãs. Agora, o disco com o baixinho favorito da gurizada é certamente Heaven and Hell, e ele estar aqui era mais que obrigação. Heaven and Hell evolui por canções marcantes, das quais destacam-se o andamento sinistro da faixa-título, que perdurou por diversas outras faixas do Sabbath anos 80, a velocidade de "Neon Knights", ou os riffs marcantes de "Lonely is the World" e "Children of the Sea". O que esse quarteto fez com "Die Young", pancadaria desgraçada de boa, com o melhor solo de guitarra da carreira de Iommi, é para ser levado às aulas de arte. Mesmo faixas mais aquém, como "Lady Evil" e "Wishing Well", são aquém para as outras, por que são ótimas faixas. Para mim, Heaven and Hell é o melhor disco da carreira do Black Sabbath, não somente pela entrada de Ronnie James Dio, mas por que o novo estilo adotado por Iommi, Ward e Butler é perfeito. Um pouco mais sobre ele comentei aqui.
Micael: O Black Sabbath renasceu das cinzas após a partida de Ozzy, adotando um estilo um pouco diferente e ganhando a voz de um gigante do metal mundial (já amplamente reconhecido por seus tempos ao lado de Richie Blackmore no Rainbow) para acompanhar os riffs maravilhosos do mestre Tony Iommi. Tudo bem que "Lady Evil" ou a própria faixa título não estariam totalmente deslocadas em um disco da banda anterior de Ronnie James Dio, mas clássicos do porte de "Neon Knights", "Children of the Sea", "Die Young" e (novamente) a faixa título tornam este o melhor lançamento do grupo na década de 1980, e merecedor de estar nesta lista aqui, embora não faça parte da minha própria...


Michael Jackson – Thriller [1982] (47 pontos)

André: Esse foi gênio. Compositor, dançarino, ator, coreógrafo, cantor e ainda lançou um disco que tem todas as grandes qualidades daquilo que um grande pop deve conter. Não foi recordista de vendas a toa. E é incrível como tenho alunos adolescentes que sempre citam Michael Jackson quando trabalho com música mesmo após mais de uma década falecido e quase três décadas de seus últimos sucessos. Gostaria muito que os artistas mainstream atuais se influenciassem mais na grande discografia de Michael Jackson ao gravarem seus discos mas, aparentemente, isso dificilmente ocorrerá.
Daniel: Nesta série eu optei por votar apenas em álbuns que fossem diretamente associados ao Rock. Apesar disto, é necessário dizer que este é um dos maiores álbuns da música em todos os tempos, seja pela dimensão de seu sucesso comercial, seja por ter lançado de maneira definitiva Michael Jackson a um inegável posto de figura icônica do universo midiático do fim do século XX. Musicalmente, não é minha praia.
Davi: Considero Michael Jackson um gênio. O cara era um artista completo. Extremamente carismático, bom cantor, exímio dançarino, bom letrista, artista extremamente visionário. Um cara a frente de seu tempo. Depois do ótimo Off The Wall, o cara lançou sua obra prima. Foram vários marcos aqui. Você escolhe. Os passos de "Billie Jean", o clipe de "Thriller", as guitarras de Eddie Van Halen em "Beat It", o dueto de Paul McCartney em "The Girl Is Mine", a batida de "Wanna Be Start Somethin´" e, para mim, ainda teve um bônus. A intro de "Human Nature". É só ela tocar que eu me lembro do show que assisti dele no Morumbi me levando de volta à minha infância. Disco simplesmente mágico.
Eudes: Thriller é sem muita dúvida o melhor disco pop da década (e sim, pop inclui o rock, inclusive suas formas mais extremadas de heavy metal!). Tino comercial, melodias inspiradas, arranjos de entortar o espinhaço, tecnologia e swing (40 anos de música digital depois, a turma ainda tem que se medir por este disco), execuções em formato sinfonia pop, com uma cornucópia de instrumentos soando, mas tudo tão encaixadinho que só gente chata como eu fica reparando. Sim, o pacote soul-funk perfeito! Ah, sim, e tem as canções! Dizer o que de um álbum em que todas as faixas são clássicas? Que este álbum não esteja na cabeça desta lista, não é só incompreensível, mas um pecado que cada consultor vai pagar no cantinho quente do mármore do inferno em que Alah vai meter vocês!
Fernando: Como "metaleiro" cabeçudo foi difícil admitir que eu gostava de Michael Jackson. Mas eu sempre curtia ver seus clipes quando passava no Fantástico. Hoje, longe de qualquer radicalismos, admito que gosto muito do que ele fez nos ali no começo da carreira e o considero como um gênio musical. Fora que o clipe da sua faixa título acabou sendo um clássico e sua coreografia é lembrada até hoje.
Libia: Bom, o álbum encontra-se aqui e vou comentá-lo. Todavia, não me levem a mal, mas eu não gosto e não consigo gostar plenamente de Michael Jackson. Inegavelmente Thriller é um excelente e criativo álbum, se não fosse, provavelmente não seria o álbum mais vendido da história, superando o maravilhoso e fundamental Back in Black. Entretanto, talvez seja uma em milhares que não gosta. Para mim, é até difícil dizer que não gosto de algo, porque geralmente, anos depois de alguma forma, principalmente por amadurecimento musical, acabo mudando de opinião. Lado outro, sempre curiosa em consumir música, escutei o álbum Thriller por vezes ainda no ensino fundamental, outras vezes no decorrer da minha vida e recentemente pra fazer esse comentário, e, não consigo gostá-lo. Claro, há músicas inegável boas, como a clássica “Beat It” , “Billie Jean” e “Human Nature”. Mas para mim, é só.
Mairon: Tchê, um disco que é o que mais vendeu em toda a história, ganhou oito Grammys e marcou uma geração de jovens, por mais que eu não goste dele, merece estar nessa lista. Claro que não gosto do disco, acho demasiadamente comercial e chatinho. A trinca inicial é constrangedora (Paul McCartney participa de uma das faixas mais chatas de sua carreira, "The Girl is Mine"). Só o que me agrada nele é o riff de Eddie Van Halen (e o solo) durante "Beat It", e o ritmo dos outros dois clássicos: "Billie Jean" e a faixa-título. Pop abatumado demais para meus ouvidos, pior que tudo o que Michael Jackson fez antes (depois ainda pioraria com Bad e Dangerous), mas enfim, aqui está ele entre os dez Melhores. Foi brabo ouvir isso novamente, e enquanto passavam as músicas, só pensava naquela frasezinha sobre "milhões de moscas não podem estar erradas". Preferia ver Madonna como representante do Pop, mas ...
Micael: Não é o meu tipo de música, mas confesso que tinha um compacto promocional da Pepsi Cola (ou da Coca Cola, não lembro) com os três clássicos que este álbum legou para a música oitentista (“Beat It”, “Billie Jean” e a faixa título) além da bela “Human Nature”. Para mim, é outro caso de disco que deveria estar na lista de “mais importantes”, não de “melhores”, mas, obviamente, a presença do disco mais vendido de todos os tempos nesta lista não pode, de forma alguma, ser acusada de absurda...


AC/DC - Back In Black [1980] (46 pontos)

André: Não tenho como falar mal de um disco do AC/DC mas também não tenho como elaborar muito já que a banda assumidamente nunca fez questão de tentar coisas novas. Nunca fui grande fã dos australianos mas eles sempre animam seja qualquer festa ou show que fazem. Back in Black é o AC/DC de sempre, mas o primeiro com o Brian Johnson que sempre fez um trabalho legal. Ótimo álbum vendeu pra caralho e tal, mas eu iria gostar mais de um Van Halen ou um Living Colour ocupando este slot.
Daniel: Como comentei no primeiro colocado, este é o outro álbum que mais ouvi na vida. É uma das melhores “voltas por cima” da história da música, pois a forma com que a banda conseguiu superar a morte do carismático Bon Scott e lançar um dos pilares do Rock ‘n’ Roll é mesmo notável. Uma rifferama infernal liderada pelos irmãos Young, clássicos em quantidades absurdas e uma atuação impecável do estreante Brian Johnson fazem deste um dos grandes discos de todos os tempos.
Davi: Outro álbum simplesmente perfeito. Quando o lendário Bon Scott faleceu, ninguém acreditava que o AC/DC pudesse sobreviver. Back In Black foi um choque e tanto. Não só havia vida, como os caras escreveram um dos melhores albuns de sua carreira. O riff de "Back In Black" é um dos melhores já escritos, o refrão de "You Shook Me All Night Long" até hoje ecoa em nossa mente. Como se não bastasse ainda tinha petardos do nível de "Hells Bells" e "Shoot to Thrill". Sem contar a produção matadora de Mutt Lange. O som de bateria desse disco é simplesmente perfeito. Essencial!
Eudes: Há muito poucas bandas que meu toca-discos admite tocar sempre os mesmos temas. Porque fazer isso com talento é altíssima arte. Para mim, reconhecer quando uma faixa termina e outra começa sempre foi um critério para julgar um disco. Isto não tem nenhuma importância em Back in Black! Uma coleção coerente e homogênea de ótimas canções, com potencial para te tirar do fundo da rede e, mesmo na idade provecta em que me encontro, sair dançando e tocando guitarra imaginária. Entre meus discos favoritos de sempre.
Fernando: É incrível o que Back in Black conseguiu. O menos informado pode achar que esse seja um apenas mais um grande disco da história do rock. Mas ele não é só isso, como tambémé o disco do estilo que mais vendeu na história. Incrível não? Mais incrível quando se sabe que ele foi feito em pouco tempo depois da morte de seu antigo vocalista. O tal do Brian Johnson é um dos caras mais sortudos da história do rock.
Libia: Antes desse clássico, estava o AC/DC, órfã de seu carismático vocalista, com diversos álbuns lançados, inclusive com disco de ouro em suas prateleiras, e de outro lado um vocalista com mais de 30 anos, já quase aposentado da música, mas que caiu como uma luva para a banda. Dessa forma, o universo conspirou a favor, e Back in Black veio o mundo. “Hell’s Bells” é um bom início para mostrar o fim da estrada anterior, e agora Brian Johnson aberto para negócios. Esse álbum incorpora tudo o que é AC/DC e deu ao mundo, um som inimitável para apreciar.
Mairon: Back in Black é um caso raro de que no meio da desgraça, surge a bonanza. Quem imaginaria que o AC/DC conseguiria se reinventar após a perda de Bon Scott? E é uma baita reinvenção. Apesar de gostar muito mais da voz e da interpretação sacana de Bon Scott em relação ao baixinho Brian Johnson, foi o segundo quem deu a cara que conquistou uma nova geração de fãs para o AC/DC, mais pesado e hard, concentrando-se em riffs e refrões grudentíssimos, vide "What Do You Do For Money Honey" ou a soturna e magistral "Let Me Put My Love Into You". Jamais ouvi algo tão poderoso assim na fase Scott. Os irmãos Young nesse álbum em especial fizeram canções muito inspiradas, destacando a faixa-título e o agito de "Given the Dog a Bone", "Shoot to Thrill" e "You Shook Me All Night Long". Gosto dos blues de "Rock and Roll and Noise Pollution" e "Have A Drink On Me", Há única que não curto muito é "Shake a Leg", compensada pela melhor de todas, "Hell's Bells", forte candidata a melhor canção do AC/DC era Brian Jonhson. O disco mais vendido do ano de 1980 certamente é justo estar aqui, apesar de não ter votado nele, e mostra que sim, os gigantes do rock pesado dos anos 70 tiveram muito espaço nos anos 80, apesar de diversos baixos em suas discografias.
Micael: Uma recuperação impressionante após a tragédia pela qual a banda passou. Certamente o melhor disco da banda com Brian Johnson à frente, e que possui hinos do porte da faixa título, "Hells Bells", "Rock and Roll Ain't Noise Pollution" e "You Shook Me All Night Long", além de ser um dos álbuns mais vendidos da história, o que o coloca como um dos discos mais importantes de todos os tempos. Mas, como já disse várias vezes, “importância”, para mim, nem sempre é sinônimo de “qualidade”, então, não ficou dentre as minhas escolhas. Mas fica longe de fazer feio na lista final.


Metallica – Master of Puppets [1986] (45 pontos)

André: Gosto mais de Ride the Lightning, mas este disco também é merecedor de entrar na lista. Metallica afiadíssimo, Cliff Burton com linhas de baixo incríveis e uma criatividade que sinto falta na banda em seus dois discos mais recentes, por mais que eu os considere como bons. "Damage, Inc" e aquele início calmo seguido daqueles riffs pesadíssimos e "Welcome Home (Sanitarium)" (poderíamos chamar de balada metálica, ao menos em seus primeiros minutos?) são exemplos de como a banda tinha um bom gosto nos seus arranjos instrumentais e esmero em suas composições. Podem questionar o que for das habilidades de Ulrich como baterista, mas como compositor ele sempre foi um dos melhores dentro do metal.
Daniel: A simbiose perfeita entre agressividade e sensibilidade melódica construída de maneira singular. Ainda tenho este como o melhor álbum de Heavy Metal de todos os tempos, pois considero que as ideias já muito bem desenvolvidas em Ride the Lightning foram elevadas a um patamar muito superior em Master of Puppets. “Orion” é o símbolo disso, uma união entre a força bruta do Heavy Metal e melodias tocantes do Rock. Pena que depois disso a banda jamais conseguiu atingir este nível outra vez.
Davi: Minha porta de entrada no universo do Metallica foi com esse álbum. Muitos colegas meus preferem o Ride The Lightning. Embora também goste muito, sempre tive o Master of Puppets como meu álbum favorito da fase Cliff Burton. Não sei se pelo fato dele ter me tornado fã do conjunto, ou se pela inegável evolução da musicalidade dos caras, sei lá. Só sei que até hoje faixas como "Master of Puppets", "Damage Inc", "(Welcome Home) Sanitarium" e "Battery" me soam mágicas. Para mim, esse continua sendo um dos grandes álbuns do thrash metal.
Eudes: Nunca entendi direito o nome do gênero, thrash metal que, mesmo com grafia alterada pela introdução do h, faz referência a lixo. Desde o primeiro disco, os mestres do estilo fizeram questão de caprichar na produção, fazer arranjos cheios de idas e voltas, marchas e contramarchas, mudanças de andamento e outras mumunhas mais, em faixas longas e compenetradas. Sempre me pareceu mais um progressivo com excesso de peso. Ainda ouço, em certos dias, Master of Puppets, mas minha paciência de velho diminui a cada ouvida. Vá lá, marcou época, não estranho que esteja aqui.
Fernando: Eu entendo o motivo de Master of Puppets ser considerado o principal disco do Metallica. o nível técnico que ele alcançaram aqui seria apenas trasnpassado no disco seguinte, mas as composições mais marcantes ficaram aqui. Eu tenho como preferido seu anterior, o Ride the Lighnning, mas é difícil argumetar as razões disso sem cair na famosa ligação nostálgica que eu tenho com ele. o Master vai ser daqueles discos que se perpetuará e vai ser responsável por trazer mais fãs para o heavy metal ao longo do tempo.
Libia: Último álbum com o saudoso Cliff Burton, Master Of Puppets ficou conhecido como “A obra-prima do Thrash Metal”, que comparado aos anteriores é o menos “Cru”. “Battery” é uma das melhores músicas de abertura de um álbum, tem um lindo e suave início depois vem a fúria. A faixa “Master of Puppets” é uma das mais conhecidas no mundo todo, mas as outras músicas transmitem a mesma quantidade de poder e emoção. Realmente foi uma época de ouro, embora eu tenha um carinho especial por Ride the Lightning, o Master of Puppets elevou o nível da banda.
Mairon: Acho esse álbum um tanto quanto superestimado. Claro que quando falo isso, é por conta de que prefiro muito mais Ride the Lightning e Kill 'em All, mas é inegável o trabalho de Master of Puppets, e seria o mais lógico dos álbuns do Metallica a aparecer aqui. A faixa-título é o melhor momento do disco, com um riff matador, ao lado de "Welcome Home (Sanitarium)", faixa que mescla as duas principais características de Master of Puppets, momentos rápidos com outros cadenciados. assim como a velocidade de "Disposable Heroes", "Battery" e "Damage. Inc". O que me dá um certo "brochamento" é a puxada de freio de "The Thing That Should Not Be" e "Leper Messiah", duas músicas aquém da qualidade geral de Master of Puppets. Já "Orion" mostra que, assim como em "Call of Ktulu", o Metallica fazendo música instrumental tinha muitas qualidades. Representativo, essencial, impactante, vários são os adjetivos para Master of Puppets, cujo valor aumenta ainda mais por ter sido o último registro de Cliff Burton para os mortais.
Micael: Da forma que entendo, os verdadeiros fãs de thrash metal sempre tiveram a dúvida de qual é o melhor álbum do estilo: Reign In Blood do Slayer ou este terceiro registro do Metallica (talvez para confirmar isto, ambos fazem parte desta lista). Gosto muito dos dois, mas Master agrada mais aos meus ouvidos, talvez por possuir mais melodias que seu “colega” citado, e, certamente, por causa dos excelentes clássicos que compõem seu track list – e pode escolher qualquer faixa, mesmo as menos “consideradas” "Damage, Inc.", "Leper Messiah", "Disposable Heroes" ou "The Thing That Should Not Be", estas duas, minhas favoritas ao lado de "Welcome Home (Sanitarium)", outra que não costuma ganhar muito destaque fora dos círculos mais “fanáticos” pela banda. Um disco que possui algo fenomenal como a faixa título e cujos violões do início e a fantástica instrumental "Orion” fizeram meu queixo cair de espanto e surpresa a primeira vez que o ouvi, lá no finalzinho da década de 1980, não podia de forma alguma estar de fora de uma lista de “melhores” da década onde foi lançado. Inclusão plenamente justificada.


Iron Maiden – Seventh Son of a Seventh Son [1988]  (33 pontos)

André: Eu nunca fui lá muito fã dessa fase do sintetizador do Maiden. Óbvio, há ótimas composições aqui como é o caso da energia de "The Evil that Men Do" e "The Prophecy" uma canção bastante ignorada pela banda e pelos fãs mas que tenho gostado com o passar do tempo principalmente seu encerramento acústico, mas o disco ultimamente tem me passado uma certa "leveza" instrumental que não combina muito com o Iron Maiden. Não que eu ache que deve-se ficar baixando ou pesando a afinação das guitarras e tal, mas acredito que seja mais uma questão de produção que mixou um disco "limpinho" demais. Ainda é no geral um bom disco, mas a banda já emplacou o primeiro lugar e gostaria que tivesse entrado um Rush (qualquer um) no lugar.
Daniel: Eu sou muito fã de Iron Maiden e é óbvio que gosto bastante de Seventh Son of a Seventh Son. “Moonchild” e – principalmente – “Infinite Dreams” são das minhas faixas preferidas da Donzela. Entretanto, em uma lista como esta, penso ser um exagero dois álbuns do Iron Maiden e, na hipótese de se aceitar um segundo disco da banda aqui, este deveria ser indiscutivelmente Powerslave.
Davi: Sempre adorei esse álbum. Aqui, os rapazes do Iron Maiden mesclaram seu heavy metal com o rock progressivo e trouxeram um pouco de teclados. Lógico que isso gerou um chororô insuportável por conta dos mais radicais, mas também gerou canções absolutamente brilhantes como "Moonchild", "Infinite Dreams", "The Evil That Men Do", "The Clarvoyant" e "Can I Play With Madness". Músicos fantásticos, cantor fantástico, album fantástico, mas não precisava de 2 Maidens nessa lista, por mais que os discos lançados por eles nesse período sejam um marco no metal.
Eudes: Bem tocado, com produção lustrosa e muito mais melódico do que os discos anteriores, Seventh Son of a Seventh Son parece ter sido feito para consolidar as conquistas anteriores e abordar as massas ainda não convertidas. Para isso, reciclou inumeráveis clichês do heavy metal, com competência. Foi muito bem-sucedido neste intento, mas meter outro Iron Mainden nesta lista é um exagero injustificável.
Fernando: Eu tenho uma disputa no meu coração sobre qual é o disco preferido da minha banda preferida. E a disputa é justamente sobre os dois discos que estão nessa lista. Porém, falando sem paixões, admito que The Number of the Beast esteja lá no topo. Entretanto, para mim o auge da criatividade e técnica do Iron Maiden está aqui. "Infinite Dreams" é, talvez, minha faixa preferida da banda e é a responável por um dos meu momento mais marcantes com expectador de um show, a não inclusão da faixa na turnê que revisitaram a clássica turnê do Maiden England. Como assim? Mas eu não gosto muito de criticar a banda que mais me deu alegria ao longo dos longos anos do que eu gosto de metal.
Libia: Durante a década de 1980, a Donzela havia lançado álbuns clássicos marcantes um após o outro, e este álbum não é exceção, Seventh Son of a Seventh Son está repleto de riffs e solos de guitarra incríveis, além de um excelente trabalho vocal de Dickinson. O estilo das músicas é bastante diferente dos discos anteriores. Para começar, há um teclado, isso é óbvio da “Moonchild” em diante. O álbum é um daqueles casos em que todos os envolvidos se superam, criando algo que é musicalmente interessante e altamente audível, fazendo deste, um dos melhores álbuns do Maiden.
Mairon: Quando comecei a ouvir Iron Maiden, pela forte influência do Micael, eu detestava a voz do Bruce Dickinson. Somewhere in Time, Fear of the Dark e Powerslave mudaram meu conceito sobre a banda, mas nunca sobre a voz de Dickinson. Porém, Seventh Son of a Seventh Son é um disco a parte na coleção do Iron. As canções soam conforme a história se desenvolve, e há diversas canções nas quais a voz me agrada, com destaque para a suavidade de "Infinite Dreams" e a brilhante "The Clarvoyant", com uma performance irreparável de Steve Harris. O Iron escolheu muito bem as faixas para abrir ("Moonchild") e encerrar o LP ("Only the Good Die Young"), pois ambas conseguem trazer ao ouvinte, mesmo aquele que não manja do inglês, a sensação de que uma história foi narrada através dos mais de 40 minutos de duração do disco. Outra pérola vai para a faixa-título, muito bela em toda sua construção. Não curto a dupla mais famosa, "Can I Play With Madness" e "The Evil That Men Do", que não encaixam no clima do álbum, assim como "The Prophecy", mostrando indícios da falta de criatividade que o Iron passou a viver a partir de No Prayer for the Dying. O último grande disco do Iron com Bruce, mesmo gostando do Fear of the Dark, é um exagero aqui, mas esse ao menos é bem melhor que o primeiro lugar.
Micael: Poucos irão concordar comigo, mas este é o meu disco favorito na longa carreira da Donzela de Ferro. A aproximação com o rock progressivo e a chegada dos teclados (execrados por parte do público da banda ainda hoje) ao som do Iron geraram oito canções que não conseguiram chegar ao nível de “clássicos” na longa carreira do grupo (talvez "The Evil That Men Do" ou "The Clairvoyant" sejam as que chegaram mais perto), mas casaram perfeitamente com o meu gosto musical desde a primeira vez que as escutei lá no final da década sobre a qual estamos tratando. Um disco sem pontos baixos, faixas que ainda não tinham esgotado a fórmula “Steve Harris” de compor, uma banda afiadíssima e, não posso me furtar de mencionar, uma história conceitual se desenrolando ao longo das faixas, ainda que meio difícil de acompanhar baseando-se apenas no encarte, mas que já rendeu até uma revista em quadrinhos feita no Brasil baseada em seu roteiro. Um excelente disco, merecidamente escolhido para fazer parte desta lista.


U2 - The Joshua Tree [1987] (29 pontos)

André: As vezes, por mais boa vontade que se tenha, é necessário reconhecer que certas bandas não são para você. Esse é o caso do U2 comigo. Toda vez que aparece uma obrigação de ouvi-los (caso do nosso site aqui), eu vou com boa vontade e coração aberto em relação a casos como o deles. Mas nunca deu certo. E creio que nunca dará. Única coisa que posso dizer é que, pelo menos, nesta década eles eram mais criativos em suas composições do que nas seguintes.
Daniel: Embora seja um disco incrível – na minha concepção – fiquei na dúvida se ele entraria nesta lista. Com uma sonoridade mais direta, The Joshua Tree é meu álbum preferido do grupo irlandês. Faixas incríveis como “Where the Streets Have No Name”, “I Still Haven’t Found What I’m Looking For” e “Bullet the Blue Sky” são exemplos formidáveis de sua qualidade. Este foi o trabalho responsável por colocar o U2 no panteão dos gigantes do Rock e sua presença nesta lista era necessária.
Davi: Esse foi um dos álbuns que selecionei no meu "aqueles que faltaram". O fato dele aparecer aqui só comprova o quanto foi importante aquela continuação que fizemos. Esse álbum é um verdadeiro marco dos anos 80 e representa o que considero o auge do U2. Tanto no lado de composição, quanto de execução. O trabalho vocal de Bono é absurdo. O LP traz diversos clássicos do grupo como "Still Haven´t Found What I´m Looking For", "With Or Without You", "Bullet The Blue Sky", "Where The Streets Have No Name". Todas as características do grupo estão aqui: a bateria segura de Larry Mullen Jr, a guitarra criativa de The Edge, sem contar nas letras lindíssimas que só o U2 consegue escrever.
Eudes: O impacto do aparecimento de U2 sobre mim foi próximo a zero. Sempre aloquei seus discos na gavetinha dos discos “agradáveis”. Mas reconheço que este The Joshua Tree quebrou em muitos aspectos o padrão da banda, encaminhando-a para algo mais rock’n’roll. Em The Joshua Tree, o U2 fez a clássica jornada de tantas bandas europeias às fontes originais do rhythm and blues e do rock. E o resultado, se não espanta, é ótimo. E o repertório rendeu um rol de suas canções mais conhecidas e, sejamos sinceros, melhores. Para mim, o ponto mais alto a que a banda chegou. Ainda ouço "Where the Streets Have No Name", "I Still Haven't Found What I'm Looking For", "Bullet the Blue Sky" e mesmo a arroz de festa "With or Without You" com prazer.
Fernando: Eu acho que esse disco não tem a força dos seus anteriores apesar de ter a faixa que eu mais gosto da banda, "I Stll Haven´t Found What I´m Looking For". É claro que "Bullet the Blue Sky" (a versão do Sepultura ficaram ou não melhor que a original?) e o super hit "With With or Withou You" também são grandes músicas. Talvez esse tenha sido o limite onde o Bono ainda era lembrado com o um rock star e não como um agente político, e isso era muito melhor.
Libia: Eu não me considero grande conhecedora de U2, demorei a pegar esse álbum e quando escutei, pasmem, não curti muito, mas com o passar do tempo e das audições, posso dizer que é um álbum sem falhas. Entre os que ouvi, é o mais consistente e sofisticado. Cada música é apaixonadamente escrita com uma ótima variedade de temas. Minha favorita é “Running To Stand Still”, que mesmo sem entender totalmente o idioma, acabamos identificando o sentido dessa profunda música. The Joshua Tree envelheceu bem e vai encantar muitos ouvidos pelo mundo ainda.
Mairon: Não é o meu disco preferido do U2, mas é um disco que marca os anos 80 com faixas que ainda hoje soam espetaculares. O lado A é perfeito, desde "Where The Streets Have No Name", passando por "I Still Haven't Found What I'm Looking For", e chegando "With or Without You" , temos uma coleção do melhor que foi ouvido nas rádios de 1987 em diante, faixas que hoje qualquer marmota bêbada reconhece e canta com alegria. Mas segue com a pancada "Bullet the Blue Sky", que até o Sepultura regravou, e se encerra com a linda "Running To Stand Still". Se The Joshua Tree fechasse aqui, já seria forte candidato a ser um dos melhores discos de todos os tempos, mas há o lado B, e nele, mais faixas bonitas e marcantes, com destaque especial para "Exit" e "Trip Through Your Wires", que mesmo ofuscadas pelo brilho das gigantes do Lado A, se sobressaem nas audições que faço. Foi o estopim para que o U2 não parasse de crescer, se tornando, na minha opinião, a maior banda do Pop Rock Mundial daquela década. Nos anos 90, o grupo fez álbuns ainda melhores musicalmente, mas odiado por muitos, acabou tendo que mudar os mares dantes navegados nas experimentações de Achtung Baby, Zooropa e Pop para se tornar uma ótima banda de palco, revivendo sucessos e trazendo poucas novidades. Mesmo assim, ouvir The Joshua Tree ao vivo na íntegra foi uma experiência inesquecível!
Micael: De um agrupamento de pirralhos que mal sabia tocar suas próprias canções no final dos anos 70, o U2 evoluiu para se tornar um dos maiores nomes da música mundial já na década de 1980, status que ainda mantém até hoje, mesmo com alguns altos e baixos pelo caminho. Para mim, o ponto mais alto desta trajetória está neste disco, e escutá-lo ao vivo na íntegra no estádio do Morumbi em 2017 foi quase como um sonho realizado. Todo mundo que gosta deste álbum idolatra a clássica trinca de abertura ("Where the Streets Have No Name", "I Still Haven't Found What I'm Looking For" e "With or Without You"), mas eu sempre gostei do álbum inteiro, sendo minhas favoritas as mais “obscuras” "In God's Country", "Bullet the Blue Sky" (que recebeu uma bela versão do Sepultura já neste século) e, principalmente, "Exit". Um dos poucos álbuns que, a meu ver, mereciam estar tanto na citada lista de “mais importantes” quanto nesta de “melhores” da década de 1980. A meu ver, obrigatório.


Slayer – Reign in Blood [1986] (28 pontos)

André: Sempre gostei de thrash metal mas nunca fui fã do Slayer. Heresia isso não é mesmo? Eu gosto do Dave Lombardo que empata com o Igor Cavalera como o melhor baterista do estilo em minha opinião. Eu respeito os caras, mas meu coração mesmo bate mais forte por Sepultura, Metallica e Megadeth (dessa época que tocavam thrash), Anthrax, Exodus e pelo famoso trio alemão (Kreator, Destruction e Sodom) considerando primariamente esta época.
Daniel: Quase 30 minutos de uma brutalidade insana. Reign in Blood e seus clássicos incontestes como “Angel of Death” e “Rainning Blood” são gigantescas influências para todas as vertentes mais extremas do Heavy Metal. No entanto, com o passar dos anos, o Slayer passou a ser a banda que menos tenho ouvido do chamado “Big 4”. Mas nada disso me impede de reconhecer que este é um dos discos fundamentais do Heavy Metal.
Davi: Meu álbum favorito do Slayer sempre foi o Seasons In The Abyss, mas acredito que esse seja um dos melhores álbuns para representar o Slayer. Aqui, a porradaria come solta do início ao fim. Meia hora de paulada sem tempo para respirar. Dave Lombardo esmurra a bateria sem dó. A dupla Hanneman/King estraçalha as cordas da guitarra. "Angel of Death", "Jesus Saves", "Postmortem" e "Raining Blood" são verdadeiros hinos. Merecida sua aparição por aqui.
Eudes: Bom, numa lista metálica como esta, faz muito sentido este disco aqui. Para os padrões do estilo, é muito bem feito, tocado com fúria e marcou época. Mas, como gosto pessoal, conta muito aqui, não me pegou e acabou fora do que me agarrou pelas bitacas, musicalmente falando. Deixo os comentários aos especialistas.
Fernando: Ouço bandas fazendo disco de 60-70 minutos hoje em dia e eu só lembro de Reing in Blood. Pra que tentar aproveitar o máximo que o CD suporta hoje se você não precisa nem da metade para transmitir o que é necessário. Com seus 29 minutos de música Reing in Blood consegue transmitir toda sorte de blásfêmias, toda raiva, toda potência do metal que inspirou milhares de outras banda a serem ainda mais extremas que os californianos conseguiram nesse disco. Cada um tem seu preferido do Slayer, mas ninguém consegue dizer que não é o mais importante da banda.
Libia: Facilmente um dos melhores, e, para muitos, o melhor álbum de Thrash Metal já executado. Não obstante, não é preciso falar muito quão talentosos são os integrantes da formação original da banda. Todavia, sempre que ouço este álbum fico imaginando como o Dave Lombardo conseguiu tamanha perfeição em bateria. Quando se fala na estrondosa habilidade de Dave, em Reign in Blood ela foi elevada ao cubo. Ao ouvir “Angel of Death” pela primeira vez você pensa imediatamente "nossa! Como esses caras conseguem fazer isso? Jesus!! Ou diabo ...?", é uma música que evolui do início ao fim, após aulas de baixo alto e rápido de Tom Araya, solos e riffs destruidores de uma das melhores duplas de guitarras do estilo, e Dave dá uma demonstração de como as bandas após este álbum deveria usar bumbos duplos. Indiscutivelmente, esse álbum é nota dez em todos os seus momentos, poderíamos honrar linhas e mais linhas só para falar de cada grandiosa música. Quem nunca se pegou bangueando e fingindo tocar o riff introdutório de “Raining Blood”? Aliás, quem nunca se imaginou praticamente se mantendo numa das rodas de quando a banda toca “Raining Blood”? Uma verdadeira obra de arte from hell, divisor de águas para o estilo, influência fundamental para as demais bandas de extremo e outras que visaria velocidade. O que dizer mais deste álbum? Apenas, perfeito.
Mairon: Poucos discos tem qualidade suficiente para serem chamados de PERFEITOS, e marcarem uma década de forma unânime. Pet Sounds (Beach Boys) é o grande disco dos anos 60, Physical Graffitti (Led Zeppelin) mandou os anos 70 para espaços inimagináveis, Grace (Jeff Buckley) é uma romântica flor de lótus entre tanta baboseira lançada nos anos 90, 4 (Los Hermanos) é a mais alegre tristeza que já foi registrada nos anos 2000, e Reign in Blood é simplesmente a maior destruição sonora que um disco faz em menos de meia hora. A pancadaria come solta em pouco menos de meia hora, o suficiente para que seu pescoço saia totalmente quebrado. O que Jeff Hanneman e Kerry King fazem nas guitarras desse disco é assombroso, e Tom Araya simplesmente mostra por que é o melhor vocalista do Thrash Metal, cantando como nunca. A performance soberana de Dave Lombardo atrás dos bumbos influenciou toda uma geração a partir de então.O disco parece uma única suíte, estraçalhando miolos com solos rápidos, escalas e passagens intrincadas, gritaria e muita velocidade. Violência, religião, morte, entre outros, são temas cuspidos e escarrados por Araya sem piedade, e numa fúria impressionante. A maturidade de jovens com no máximo 24 anos em fazer essa obra prima é algo que eu não consigo conceber. Citar uma única canção do disco é cometer injustiça, mas posso afirmar que desde o início com "Angel of Death" até o encerramento com "Raining Blood" você terá um dos momentos mais marcantes de sua vida audiófila. Escrevi um pouco mais sobre esse incrível álbum aqui, e para não me espichar mais, digo que daqui há 200 anos, Reign in Blood será tratado pelos futuros terráqueos como hoje tratamos As Quatro Estações de Vivaldi ou a Quinta Sinfonia de Beethoven: UMA OBRA-PRIMA. Ver perder para o Iron é uma das maiores vergonhas desse site, mas, já houveram piores.
Micael: Da forma que entendo, os verdadeiros fãs de thrash metal sempre tiveram a dúvida de qual é o melhor álbum do estilo: Master of Puppets do Metallica ou este terceiro registro do Slayer (talvez para confirmar isto, ambos fazem parte desta lista). Pura violência sonora em menos de trinta minutos, Reign in Blood é essencial para quem quer conhecer o heavy metal em geral, não só o thrash. Dos primeiros acordes da porradaria de “Angel of Death” à chuva de sangue ao final de “Raining Blood”, este é um álbum que tem (ou deveria ter) um lugar especial na coleção de qualquer headbanger de verdade. Na disputa aquela citada lá no início, ainda fico com Master, mas Reign não fica longe...


Bacamarte – Depois do Fim [1983] (26 pontos)

André: Continuo me impressionando cada vez mais que escuto este incrível disco do Bacamarte, que infelizmente eu não conhecia na época que votei na lista de 1983. Um disco impecável do início ao fim, as partes instrumentais só demonstram o quão bons são os instrumentistas que impressionam em todos os momentos e os vocais feitos pela incrível Jane Duboc encantam em um trabalho que transpira arte e poesia. Quem não conhece deveria agora mesmo ir atrás desta obra prima.
Daniel: Confesso que não conhecia este Depois do Fim. Uma sonoridade progressiva muito agradável em que percebi reminiscências de Renaissance, mas com inegável identidade própria. Gostei bastante de “Miragem”. Não penso que necessariamente represente a década de 1980, mas com certeza o ouvirei mais vezes.
Davi: Ainda que o álbum só tenha sido lançado em 83, O Bacamarte teve seu início ainda nos anos 70. As bandas brasileiras dessa época costumavam usar referências do rock progressivo. Com eles não foi diferente. É inegável a influência de grupos como Genesis e Renaissance nesse trabalho. O CD é bacaninha, muito bem feito, ainda tem como um plus o belo trabalho vocal da respetadíssima Jane Duboc, mas considero sua aparição aqui um tanto quanto exagerada. Mesmo no universo brasileiro haviam discos muito mais representativos...
Eudes: Em privado, disse ao Mairon, para horror de nosso comandante-em-chefe, que gosto muito de Depois do Fim, mas não consigo ouvir esta coisa extraordinária que todo mundo ouve. As faixas são muito boas, mas convencionais, valorizadas pela execução soberba e uma produção, para os padrões brasileiros de 40 anos atrás, state of the art. Uma bela inclusão de um álbum brasileiro, quebrando um pouco, a unilateralidade desta lista.
Fernando: É impressionante o quanto esse disco é respeitado no mundo e é praticamente ignorado aqui no Brasil. Lembro-me quando estava engatinahndo no mundo do progressivo e nas conversas que tinha com pessoas de fora (saudades Soulseek) em grupos de progressivo as pessoas falavam de Bacamarte e eu não sabia o que eles estavam falando. Quando ouvi, percebi o motivo de tanta reverência. Disco que deveria ser apresentado nas escolas.
Libia: Eu não conhecia a banda, e me aprofundar nesse disco foi uma experiencia surpreendente. Depois do Fim tem o instrumental como o maior destaque da banda, mas a voz de Jane Duboc se torna o céu em algumas partes dessa grande viagem a outro planeta. O álbum começa com “UFO” que é como um convite bem detalhado do que estar por vir, já começando com um violão intenso e impressionante de Mário Neto. “Smog Alado” e “Miragem” vem em seguida tão intensas quanto a faixa introdutória. Temos também “Pássaro de Luz”, uma balada acústica, que mostra mais do lindo vocal da Jane, e depois de muitas audições, a faixa “Último Entardecer” se tornou a minha favorita, ela é a mais longa e com muitas mudanças. As faixas do álbum flutuam, e o álbum melhora a cada escuta.
Mairon: Lembro quando o Micael conseguiu esse disco em uma fita de um CD sei lá de onde, e a ansiedade para ouvir, já que era uma das coisas mais raras que conhecíamos na época. As faixas instrumentais foram um deleite, seja pela guitarra endiabrada de Mario Neto, pela flauta de Marcus Moura ou os teclados de Sergio Villarim. Era uma novidade incrível aqueles sons saindo do cassete, mas não consegui, na época, gostar dos vocais de Jane Duboc. Os anos passaram, e comprei Depois do Fim em vinil. A cada audição, Mario Neto se tornava um dos meus ídolos, mesclando técnicas clássicas com um jeito único de tocar, dedilhando a guitarra e o violão com sabedoria e exclusivamente. Porém, as canções com Jane Duboc foram conquistando meu coração amiudamente, com a essência lírica de Jane exaltada com perfeição. Hoje, quando ouço "Smog Alado", "Depois do Fim", mas principalmente, a Maravilha prog "Último Entardecer", meu corpo chega a se contorcer de prazer. Claro que "UFO" talvez seja a mais bela das faixas de Depois do Fim, que "Caño" tem uma energia absurda, que o clima oriental de "Miragem" nos coloca no meio do Deserto do Saara, mas ao invés de delirar com Oásis inexistentes, somos levados para dentro de uma casa de mil e uma noites repletas de paixão, e que a intrincação de "Controvérsia" deve ter dado muito nó na cabeça da imprensa gringa, mas só quem não tem coração pode passar despercebido emocionalmente por "Pássaro de Luz". Ouvir e ver esse álbum na íntegra, com metade da formação que o gravou no mesmo palco, foi um dos melhores shows que já assisti, e que só me fez ver a importância de Depois do Fim para a Música Brasileira. Esses caras merecem uma estátua, e só não é o melhor disco dos anos 80 por que o que o Slayer fez em Reign in Blood é de outro mundo. Mas certamente, Depois do Fim é forte candidato a Melhor Disco Brasileiro de Todos os Tempos!
Micael: Representante solitário tanto do progressivo quanto do rock nacional nesta lista, este excelente disco me impressionou desde a primeira vez que o escutei, ainda lá no começo da década de 1990. A habilidade instrumental dos músicos e a qualidade da voz de Jane Duboc (que depois faria carreira de sucesso na MPB) tornam este um dos melhores álbuns do estilo já registrados no país. Se você for fã do progressivo clássico da década de 70, e ainda não conhece esta verdadeira “maravilha prog”, está perdendo seu tempo e fazendo um desfavor a seus ouvidos. Corrija este erro imediatamente.

Listas individuais

André
1. Sepultura – Beneath the Remains
2. Rush – Signals
3. Iron Maiden – Piece of Mind
4. Van Halen – 1984
5. Living Colour – Vivid
6. Black Sabbath – Mob Rules
7. Bacamarte – Depois do Fim
8. Michael Jackson – Thriller
9. Guns N’ Roses – Appetite for Destruction
10. Whitesnake – Whitesnake (1987)


Daniel
1. Metallica – Master of Puppets
2. AC/DC – Back in Black
3. Iron Maiden – The Number of the Beast
4. U2 – The Joshua Tree
5. Bruce Springsteen – Nebraska
6. The Cult – Sonic Temple
7. Rush – Moving Pictures
8. Black Sabbath – Heaven and Hell
9. Judas Priest – British Steel
10. Mercyful Fate – Melissa


Davi
1. Iron Maiden - The Number Of The Beast
2. Kiss - Creatures Of The Night
3. Michael Jackson - Thriller
4. Guns n Roses - Appetite For Destruction
5. AC/DC - Back In Black
6. Def Leppard - Hysteria
7. U2 - The Joshua Tree
8. Madonna - Like a Prayer
9. Dio - Holy Diver
10. Faith No More - The Real Thing


Eudes
1. Michael Jackson – Thriller
2. King Crimson – Discipline
3. The Waterboys – This Is the Sea
4. AC/DC – Back in Black
5. Os Paralamas do Sucesso – Selvagem?
6. Prince and the Revolution – Purple Rain
7. Bruce Springsteen – Nebraska
8. Titãs – Cabeça Dinossauro
9. Faith No More – The Real Thing
10. Iron Maiden – The Number of the Beast


Fernando
1. Iron Maiden - Seventh Son of a Seventh Son
2. Iron Maiden - The Number of the Beast
3. Metallica - Ride the Lightning
4. Marillion - Misplaced Childhood
5. Helloween - Keeper Of The Seven Keys Part II
6. Viper - Theatre of Fate
7. Guns N' Roses - Appetite For Destruction
8. Rush - Moving Pictures
9. AC/DC - Back in Black
10. Slayer - Reign in Blood


Libia
1. Black Sabbath – Heaven and Hell
2. Judas Priest - Defenders of the Faith
3. Deep Purple – Perfect Strangers
4. Iron Maiden – The Number of the Beast
5. Dio - Holy Diver
6. Ozzy Osbourne – Blizzard of Ozz
7. Manowar – Into the Glory Ride
8. Accept - Balls to the Wall
9. Scorpions – Blackout
10. Rush – Moving Pictures


Mairon
1. Slayer – Reign in Blood
2. Bacamarte – Depois do Fim
3. Black Sabbath – Heaven and Hell
4. Madonna – Like a Prayer
5. Rush – Permanent Waves
6. Whitesnake - Whitesnake (1987)
7. Kiss – Music from “The Elder”
8. Possessed – Seven Churches
9. Iron Maiden – Somewhere in Time
10. Helloween – Keeper of the Seven Keys Part II


Micael
1. Guns N’ Roses – Appetite for Destruction
2. Metallica – Master of Puppets
3. Faith No More – The Real Thing
4. Rush – Permanent Waves
5. Legião Urbana – Dois
6. U2 – The Joshua Tree
7. Iron Maiden – Seventh Son of a Seventh Son
8. Rush – Moving Pictures
9. Pixies – Doolittle
10. Ozzy Osbourne – Blizzard of Ozz

DISCOS ELEITOS ENTRE 1980 E 1989
AC/DC – Back in Black
Accept – Restless and Wild
Accept – Balls to the Wall
Aerosmith – Pump
Anihilated – The Ultimate Desecration
Anthrax – Spreading the Disease
Anthrax – Among the Living
Bacamarte – Depois do Fim
Black Flag – Damaged
Black Sabbath – Heaven and Hell
Black Sabbath – Mob Rules
Black Sabbath – Born Again
Bon Jovi – New Jersey
Bon Jovi – Slippery When Wet
Bruce Springsteen – The River
Bruce Springsteen – Nebraska
Bruce Springsteen – Born in the USA
Candlemass – Epicus Doomicus Metallicus
Candlemass – Nightfall
Celtic Frost – To Mega Therion
Celtic Frost – Into the Pandemonium
Cock Sparrer – Shock Troops
Dark Star – Dark Star
David Lee Roth – Eat ‘em and Smile
David Bowie – Scary Monsters (and Super Creeps)
David Bowie – Let’s Dance
Death – Scream Bloody Gore
Deep Purple – Perfect Strangers
Def Leppard – Hysteria
Descendents – Milo Goes to College
Dinosaur Jr. – You’re Living All Over Me
Dio – Holy Diver
Dio – The Last in Line
Dire Straits – Brothers in Arms
Dokken – Under Lock and Key
Exodus – Bonded By Blood
Faith No More – The Real Thing
Guns N’ Roses – Appetite for Destruction
Helloween – Keeper of the Seven Keys, Part I
Helloween – Keeper of the Seven Keys Part II
Ira! – Vivendo e Não Aprendendo
Iron Maiden – Iron Maiden
Iron Maiden – Killers
Iron Maiden – The Number of the Beast
Iron Maiden – Piece of Mind
Iron Maiden – Powerslave
Iron Maiden – Somewhere in Time
Iron Maiden – Seventh Son of a Seventh Son
Journey – Escape
Joy Division – Closer
Judas Priest – British Steel
Judas Priest – Screaming for Vengeance
Judas Priest – Defenders of the Faith
King Crimson – Discipline
King Diamond – Abigail
Kiss – Music from “The Elder”
Kiss – Creatures of the Night
Kiss – Lick It Up
Legião Urbana – Dois
Living Colour – Vivid
Madonna – Like a Prayer
Manowar – Battle Hymns
Manowar – Into the Glory Ride
Marillion – Fugazi
Marillion – Misplaced Childhood
Marillion – Clutching at Straws
Megadeth – Peace Sells… But Who’s Buying?
Megadeth – So Far, So Good… So What!
Mercyful Fate – Melissa
Mercyful Fate – Don’t Break the Oath
Metallica – Kill ‘em All
Metallica – Ride the Lightning
Metallica – Master of Puppets
Metallica - … And Justice for All
Michael Jackson – Thriller
Minutemen – Double Nickels on the Dime
Morbid Angel – Altars of Madness
Mötley Crüe – Too Fast for Love
Mötley Crüe – Dr. Feelgood
Os Paralamas do Sucesso – Selvagem?
Overkill – Taking Over
Ozzy Osbourne – Blizzard of Ozz
Ozzy Osbourne – Diary of a Madman
Ozzy Osbourne – Bark at the Moon
Ozzy Osbourne – The Ultimate Sin
Pink Floyd – The Final Cut
Pixies – Surfer Rosa
Pixies – Doolittle
Possessed – Seven Churches
Pretty Maids – Future World
Prince and the Revolution – Purple Rain
Queensrÿche – The Warning
Queensrÿche – Rage for Order
Queensrÿche – Operation: Mindcrime
Ratos de Porão – Brasil
RPM – Revoluções por Minuto
Riot – Thundersteel
Rush – Permanent Waves
Rush – Moving Pictures
Rush – Signals
Sepultura – Beneath the Remains
Scorpions – Blackout
Scorpions – Love at First Sting
Skid Row – Skid Row
Slayer – Show No Mercy
Slayer – Hell Awaits
Slayer – Reign in Blood
Slayer – South of Heaven
Sonic Youth – Daydream Nation
Talking Heads – Remain in Light
Testament – The New Order
The Cult – Love
The Cult – Sonic Temple
The Jesus and Mary Chain – Psychocandy
The Replacements – Let It Be
The Smiths – The Queen Is Dead
The Waterboys – This Is the Sea
Titãs – Cabeça Dinossauro
Triumph – Allied Forces
Tom Waits – Rain Dogs
Tygers of Pan Tang – Spellbound
U2 – War
U2 – The Joshua Tree
Ultraje a Rigor – Nós Vamos Invadir a Sua Praia
Van Halen – 1984
Van Halen – 5150
Venom – At War With Satan
Viper – Soldiers of Sunrise
Viper – Theatre of Fate
W.A.S.P. – The Headless Children
Whitesnake – Ready an’ Willing
Whitesnake – Whitesnake (1987)
Yes – Drama
Yngwie J. Malmsteen’s Rising Force – Rising Force
Yngwie J. Malmsteen’s Rising Force – Marching Out
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