"Rita Lee" - Mutantes [1969] (Mutantes)
A primeira banda que homenageou Rita foi o seu próprio grupo, logo no segundo álbum da banda. A faixa, intitulada simplesmente "Rita Lee", é mais uma das grandes amostras do deboche escrachado que o trio Rita, Sergio Dias e Arnaldo Baptista fazia no início de sua carreira. Rita surge como uma menina inocente de 20 anos, infeliz, que sonha em ser feliz e encontrar seu amor, uma letra infantil para uma música infantil, um rock comandado pelo piano de Arnaldo e os vocais de Serginho, mas engraçada e que faz (fez) toda a aura mutante ser enaltecida através dos anos. O deboche vocal e musical vai crescendo junto com a história "comovente" de Rita, que ao final, acaba encontrando o seu par, entre muitos beijos, risadas de felicidade e chamegos, onde outro destaque é o solo de Arnaldo no órgão. Grande faixa dessa fase inicial do trio, que também saiu como lado B num raro compacto promocional da Polydor, tendo "Banho de Lua" no lado A.
"Rita Jeep" - Negro É Lindo [1971] (Jorge Ben)
Esta homenagem de Jorge Ben (que havia sido revisitado pelos Mutantes com "A Minha Menina", no primeiro álbum da banda) trata Rita como uma mulher forte, terrivelmente feminina, a qual faz Jorge sentir-se fraco e pedir-lhe para fazer um trato de comunhão de bens. Aprofundando-se mais na letra simples de Jorge (como a maioria de suas músicas), é um atestado de defesa da força da mulher, em plenos anos 70, e que tem no nome de Rita a personagem principal, com ela representando todas as mulheres fortes de nosso país, e a referência do Jeep é uma homenagem a Charles, o Jeep Willys que era de Rita Lee, a qual se definia como uma jeepeira. Em suas próprias palavras para um podcast da Rádio 89 FM, em 2021, "Eu tinha uma afinidade tão grande com o Jeep, que eu via os outros carros eu achava os outros carros horríveis, sem estilo". Musicalmente, é mais um samba-rock de Jorge, com apenas duas mudanças de acordes (C e F na primeira parte, A e D na segunda), destacando uma gatinha manhosa que acompanha o embalo do violão e a voz manhosa de Jorge, mas que embala a casa facilmente, como toda boa faixa do carioca. Saiu como lado A de um compacto (com "Negro É Lindo" no lado B) e abre o álbum Negro É Lindo de 1971.
"Quando" - Doces Bárbaros [1976] (Doces Bárbaros)
Um dos maiores projetos da música popular brasileira, os Doces Bárbaros uniu nada mais nada menos que Gilberto Gil, Gal Costa, Caetano Veloso e Maria Bethânia, em uma turnê repleta de complicações, mas que acabou resultando em um álbum duplo ao vivo sensacional, assim como um compacto de quatro canções. No show, uma das faixas traz seu apoio para Rita, "Quando", interpretada por Gil e os backing vocals de Gal. Explicitamente, a música começa citando o nome da artista, seguido pelos "tiu, tiu, ru, ru, ru" e riffs que Rita apresentou diversas vezes em sua carreira, passando por apenas mais uma breve frase, citando que "quando a governanta der o bode pode quer que eu quero estar com você, super estar com você", em alusões para as canções "Superstafa" e "Sucesso Aqui Vou Eu", da própria Rita, e a citação para Mônica Lisboa, a empresária que acabou, supostamente, sendo a responsável pelo fim da Tutti Frutti. A segunda parte da canção exalta uma profecia onde uma mulher lê, na bola de cristal, "uma menina loira que virá de uma cidade industrial, de bicicleta, de bermuda, mutante, bonita, solta, decidida, cheia de vida etc e tal, cantando o yê, yê, yê", ou seja, a própria Rita cuspida e escarrada. Uma faixa rock 'n' roll direta, na linha Tutti Frutti, e que segundo Gil, "Rita era a nossa musa do desvio, do transvio". No ano seguinte, Gil e Rita saíram na turnê Refestança, e "Quando" acabou nunca mais sendo interpretada.
Este grupo conheci por aqueles acasos da vida. Vasculhando um acervo de uma rádio, na qual fui levado justamente para pegar os discos que quisesse, encontrei este compacto e achei curioso que nunca tinha ouvido falar no tal grupo. Ao ler as informações na contra-capa, me deparo com um certo T. Maia na percussão, e uma faixa intitulada "Rita Lee". Peguei a bolachinha e para minha surpresa, é justamente Tim Maia quem está na percussão do mesmo, o qual tem justamente em "Rita Lee" sua melhor faixa. A faixa é um belo rock no estilo da Tutti Frutti, trazendo várias referências inclusive as canções de Rita ("A Minha Menina", "Arrombou A Festa", "Ovelha Negra" entre outros), e citando como o cantor ficou influenciado pelas performances de Rita, destacando os bons solos de guitarra de Riba. A dupla Ponto E Vírgula (Tukley e Marcelo Fasolo) lançou alguns compactos nos anos 70, tendo sido os responsáveis por criarem a frase "money que é good nóis não have", na faixa "Laika nóis Laika", frase que ficou eternizada posteriormente pelos Mamonas Assassinas, e deixou também eternizada esta justa homenagem para a Rainha do Rock.
"A Tal" - Ivan Lins [1986] (Ivan Lins)
Esta faixa, escrita por Ivan em parceria com Vitor Martins, está no álbum de 1986 do cantor, e tem em seus versos a declaração de amor dos artistas por sua musa, em frases como “Sempre provocante / quente, picante, tem sal / Sempre irreverente, sim / descaradamente sensual”. Um rock pesado, com a quadrada bateria dos anos 80, e o comando da guitarra de Heitor T. P. e importante participação dos instrumentos de sopro de Guilherme Dias Gomes. Apesar de não ser citada diretamente, a descrição acaba que é de Rita que Ivan fala na terceira estrofe, "Negra, sempre uma ovelha negra como desejara que ia ser ...". O próprio Ivan, quando soube do falecimento de Rita, prestou homenagem à Rita em seu Facebook/Twitter, dizendo que "Esse roquezinho foi feito em homenagem a ela em 1986, por mim e pelo Vitor. Sempre tivemos forte admiração por ela, grande mulher. Polêmica, inteligente e libertária, sempre foi uma voz essencial na defesa das mulheres".
Nenhum comentário:
Postar um comentário