domingo, 28 de fevereiro de 2010

Pink Floyd: The Wall Tour


1980. O mundo da música havia mudado muito desde que os primeiro moogs e mellotrons foram implementados em meados da década de sessenta. A briga entre o progressivo e o punk perdia espaço entre a geração saúde que começava a surgir, e novas fontes de acordes e melodias ganhavam seus lugares, como a New Wave of British Heavy Metal e a pop music.


A nuvem de poeira gerada pelo gigantesco meteoro punk, que caiu na Terra para destruir cos dinossauros do progressivo, estava se dissipando, mas causou seus estragos, exterminando bandas como Yes, King Crimson, Van Der Graaf Generator, Gentle Giant e Emerson Lake & Palmer, enquanto que outros dinossauros acabaram sofrendo mutações para se adaptarem ao novo mundo, caso de Renaissance, Moody Blues, PFM, Genesis e Jethro Tull, que acabaram lançados álbuns pífios (para não dizer péssimos), mas arrecadaram alguns níqueis por mais uns anos.

Pequenas promessas de gigantes futuros sentiram o golpe da explosão muito rápido, e logo viraram animais comuns na selva que tinha ficado, como foi o caso de Styx, Kansas, Supertramp, Esperanto e Electric Light Orchestra.

Porém, o apatossauro Pink Floyd ainda resistia em sobreviver, e em 1980 acabaria ele mesmo colocando a última pá de cal sobre o túmulo do rock progressivo, enterrando diversas bandas e a si mesmo com o lançamento e a turnê de
The Wall.

Se os Beatles são considerados a banda mais importante da história do pop, não tem como negar a importância do Pink Floyd para a consolidação do rock progressivo. Em termos de turnês, a banda sempre esteve anos-luz a frente do que se fazia na época, se não vejamos:

1967 - Turnê de
The Piper at the Gates of Dawn - O Floyd era a primeira banda a experimentar e usar nos shows aquelas famosas sequências de imagens psicodélicas de bolhas se mexendo, entre outros artefatos, nos famosos shows realizados na casa UFO em Londres, e também em outros locais;

1970 - Turnê de
Atom Heart Mother - O Pink Floyd é a primeira banda a fazer uma excursão com orquestra, na verdade uma pequena série de shows com a London Symphony Orchestra para executar a faixa-título na íntegra. Ainda nesta turnê, o Floyd seria a primeira banda a apresentar um boneco gigantesco em um show. No dia 15 de maio de 1971, durante a execução de "Echoes" em uma apresentação no Crystal Palace Garden de Londres, um enorme polvo inflável emergia do lago localizado no parque. Posteriormente, na turnê de Animals, outro enorme animal voltaria a aparecer nos shows da banda, o famoso porquinho inflável que sobrevoou as chaminés da cidade de Birmingham, e dessa vez o bicho ficaria por um bom presente tempo nas turnês do conjunto;

1972 - Turnê de
Meddle - O Floyd era a primeira banda a fazer um show para ninguém (!) e de propósito (!!!!), na cidade de Pompéia, em meio as ruínas e cinzas da cidade italiana;

1973 - Turnê de
Dark Side of the Moon - O Pink Floyd era a primeira banda a utilizar-se dos efeitos de laser e do uso de canhões de luz para criar figuras e ambientes totalmente viajantes;

Todas essas tours merecem uma sessão dedicada apenas para cada uma delas, mas vou me dedicar aquela que foi a maior (e ao mesmo tempo a menor) das turnês do grupo, a
The Wall Tour.



A ideia de The Wall surgiu durante a turnê de Animals. Durante um show no Olympic Stadium de Montreal, no dia 06 de julho de 1977, o baixista e vocalista Roger Waters começou a se irritar com fogos de artíficio que explodiam sobre o palco. Estes fogos eram jogados da plateia, e Waters, incomodado com a situação, acabou gritando algumas palavras ofensivas para o público. Um fã que estava na frente do palco acabou se ofendendo com as palavras de Waters, e então arremessou uma garrafa de vidro em direção ao vocalista que, em troca, cuspiu na cara desse fã.

Nesse mesmo show, um outro fã, que estava completamente embriagado, lançou no meio do público um pequeno foguete chamado "screamer", o qual faz muito barulho e também solta muita fumaça. Isto ocorreu durante o blues que o Pink Floyd tocava para encerrar o show, e então um tumulto generalizado ocorreu naquele ponto do estádio, com pessoas sendo pisoteadas e outras tentando escapar do foguete.

Todos estes fatos ocorreram principalmente pela falta de segurança canadense no local. Estima-se que mais de 80 mil pessoas estavam presentes no estádio, mas como aquele show seria o primeiro grande espetáculo a ser feito ali desde a Olímpiada de 1976, a polícia não estava preparada para tamanha quantidade de gente. Assim, as revistas foram poucas, e podia-se entrar com qualquer aparato dentro do estádio.

Após todos os incidentes, Waters acabou revoltando-se contra a sua atitude de cuspir em um fã, e decidiu procurar ajuda de um psicólogo, com quem acabou descobrindo o quanto o incomodava tocar em estádios ou locais abertos.

Ainda na mesma turnê, o guitarrista e vocalista David Gilmour acabou tendo um sério stress com outro fã, que pedia insistentemente para a banda tocar uma determinada canção durante o bis, fato esse que Gilmour se recusou a fazer e gerou uma grande confusão. Gilmour e Waters estavam cansados de grandes apresentações, com Waters dizendo que gostaria de construir um muro em sua volta, para isolar-se da plateia. Assim nascia a obra
The Wall.



O disco foi gravado durante muitas confusões e brigas internas, que culminaram com a saída do tecladista Rick Wright e também com o afastamento entre Waters, Gilmour e o baterista Nick Mason. Todo composto por Waters (a menos de três canções, "Young Lust", "Confortably Numb" e "Run Like Hell", as quais tem co-autoria de Gilmour), o álbum é praticamente uma autobiografia do baixista, retratando os seus problemas como a perda do pai, o grande amor afetivo da mãe, dificuldades escolares, relacionamentos amorosos fracassados, soberba e arrogância. Tudo isto retratado sobre o personagem central da obra, Pink. Durante o desenrolar da bolacha, Pink acaba criando um muro dentro de sua consciência entre si e o resto das pessoas, vivendo então em um mundo de fantasias, abusando do uso de drogas e virando um ditador facista. Sua consciência acaba o levando a julgamento, e então, Pink acaba sendo julgado por ele mesmo, destruindo assim o muro que o cerca.

O LP acabou se tornando um extremo sucesso, tendo como alicerces "Another Brick in the Wall Part 2", "Confortably Numb", "Mother" e "Run Like Hell". Desde seu lançamento, recebeu 23 vezes o álbum de platina, e se tornou o terceiro álbum mais vendido em todos os tempos nos Estados Unidos, além de ter alcançado a primeira posição nas tabelas da
Billboard em 1980. Leitores da Rolling Stone elegeram The Wall como o 87º melhor álbum de todos os tempos, enquanto os da Q Magazine colocaram o mesmo na posição 65. Sem dúvida alguma, The Wall se tornou um dos principais álbuns da discografia do Pink Floyd, ao lado de Dark Side of the Moon, e mesmo com todo esse alvoroço de vendas a banda entrou em ruínas após o começo das gravações e também da turnê de divulgação do álbum.

Todo o palco da turnê de
The Wall já estava na cabeça de Waters desde que ele apresentara o projeto a banda (assim como a gravação de um filme, que ocorreria posteriormente). Como estava revoltado com a situação de tocar para grandes plateias, Waters queria ver a reação do público ao assistir a um show sem ver a banda, e assim, decidiu por criar um muro que separava o palco da platéia, não deixando nenhum espaço para ver os membros da banda.

A ideia foi rejeitada pelos produtores, principalmente pelos altos custos de se construir um muro e como fazer isso durante a apresentação de um show. Porém, com o passar dos dias, Waters cercou-se de especialistas em produção de cenários e finalmente colocou em prática o seu plano, sendo estabelecido que o muro seria mesmo construído durante a apresentação do disco 1 (lados A e B).

Então, no dia 07 de fevereiro de 1980, começava a
The Wall Tour na cidade de Los Angeles. E, diga-se de passagem, o show em si era um verdadeiro espetáculo. Com as luzes apagadas, uma canção da trilha sonora do filme Gigi (que aparece na capa de Ummagumma) é executada, enquanto pode-se ver parte de um gigantesco muro já construído, com um grande espaço no meio do palco ainda ser ter sido preenchido, para assim aparecer o mestre de cerimônias (interpretado por Gary Yudman nos shows de Nova Iorque e Londres, Cynthia Fox, Jim Ladd e Ace Young nos shows em Los Angeles e Willi Thomczyk nos shows em Dortmund), enunciando as seguintes palavras:

"
Boa noite, aqui estamos senhoras e senhores. Sejam bem-vindos ao (local do show). Meu nome é Gary (Jim, Cynthia, Ace, Willi) e vamos presenciar um grande show esta noite. A banda está no backstage e virá ao palco em poucos minutos. Antes de o show começar eu preciso lhes falar sobre alguns avisos: primeiro - por favor, sem fogos de artifício, também, por favor, sem câmeras fotográficas e qualquer outro tipo de máquinas de video ou gravação. Bem, eu acho que a banda já está pronta para começar agora ... (o mestre da uma olhada para o palco) não, não, ainda não ..." e continua falando, com os primeiros acordes de "In the Flesh?" sendo executados por uma banda "alternativa", já que não eram os membros do Pink Floyd que tocavam a mesma, mas outras quatro pessoas usando máscaras de cada integrante da banda e vestindo roupas negras com um distintivo onde dois martelos vermelhos estão cruzados em formato de X. Na parte central do palco, em um nível superior, a projeção destes martelos é feita, e enquanto se ouve o som de um avião, o falso "Waters" aponta em direção ao público e grita "comin' over", surgindo então um pequeno avião que vai em direção ao palco e explode atrás da parte do muro que já está construída.

Essa banda alternativa era formada por Snowy White (guitarra - fazendo o papel de Gilmour nos shows de 1980, enquanto Andy Roberts executou este papel nos shows de 1981), Willie Wilson (bateria - fazendo o papel de Mason), Peter Wood (teclados - fazendo o papel de Wright) e Andy Bown (baixo - fazendo o papel de Waters).

O choro do bebê de "The Thin Ice" é o tempo suficiente para a bateria do falso Mason ser escondida sob o palco, enquanto que os outros falsos integrantes retiram suas máscaras e a vestimenta negra, e a verdadeira banda entra no palco, trajando roupas brancas (a menos de Mason, que usa roupas negras), com os falsos permanecendo como espelhos, lado a lado aos originais.

Durante "Another Brick in the Wall Part I", surgem alguns efeitos do gigantesco círculo de canhões de luz, que iria marcar a carreira da banda pós-saída de Waters. O som do trem de "The Happiest Days of Our Lives" é recheado com dois grandes círculos de luz em ambos os cantos do palco, enquanto no canto esquerdo surge uma gigantesca marionete inflável do professor, com luzes nos olhos, bengala e caminhando em direção ao centro do palco. Com a marionete já próxima ao centro, a banda executa "Another Brick in the Wall Part II", onde pela primeira vez é possível ver construtores colocando tijolos na parte do muro que ainda não foi construída, e também os suportes para os outros tijolos, bem como projeções criadas por Gerald Scarfe e que viriam a aparecer posteriormente no filme de
The Wall. Neste momento do show, temos um longo improviso de Gilmour, White/Roberts e Wright, que na verdade fazia parte da versão original de "Another Brick in the Wall Part II" (conforme pode ser conferido no bootleg The Wall Rehearsals), mas ficou de fora do LP devido aos limites de duração do mesmo.

O telefone toca, e é a vez de "Mother", com Waters tocando violão no centro do palco e Wright executando os acordes iniciais em seu órgão. A música desenvolve-se, e quando Gilmour começa seu solo outra marionete gigantesca surge no canto superior esquerdo, representando a mãe de Pink sentada em um banco e de braços cruzados, como embalando um bebê. Esta marionete também possui os olhos iluminados.

Após "Mother" o show não para, e temos então a linda "Goodbye Blue Sky". Mesmo com a fraca iluminação (que está assim de propósito), é possível ver que mais partes do muro estão sendo construídas, tendo então alguns espaços onde é possível ver a banda. A famosa cena das flores transando de "Empty Spaces" surge como projeção na parte central do palco, e outra parte que ficou de fora do LP é apresentada, agora a canção "What Shall We Do Now?", onde Waters abandona o baixo e assume o posto de vocalista apenas.

Waters então deseja um bem-vindo e um boa noite para a plateia, tomando novamente o baixo nos braços e apresentando a canção seguinte ao público, "Young Lust", onde um suporte para a construção da parte de cima do muro é colocado em cena. Os grandes círculos de luz que aparecem em "The Happiest Days of Our Lives" voltam a cena, movendo-se sobre a cabeça de Gilmour durante o seu solo, e de novo temos alguns improvisos de Wright.

"One of My Turns" apresenta outra gigantesca marionete, agora a esposa de Pink, no canto superior direito do palco, enquanto Waters canta em frente ao muro que já está parcialmente construído. O professor volta a cena em "Don't Leave Me Now", junto com a esposa de Pink.

Com grande parte do muro já construído, "Another Brick in the Wall part III" e a inédita instrumental "The Last Few Bricks" são as canções onde os operários correm para terminar o muro. A movimentação no palco é intensa, e finalmente, com todas as luzes apagadas em "Goodbye Cruel World", é possível ver somente o rosto de Waters iluminado por diversos canhões de luz, até ele dizer o último "
goodbye", e colocarem o último tijolo que falta, completando então o muro. As luzes do local são acesas, e é possível então ver o gigantesco muro de 12 metros de altura, para então uma pausa de dez minutos ser feita.

As luzes se apagam, e os acordes de "Hey You" são executados ao violão, acompanhados pelo baixo e teclados, enquanto um boneco totalmente nu e sem pêlos (Pink) aparece sentado em frente ao muro. O boneco permanece imóvel, com a boca aberta como se agonizando, enquanto a banda continua tocando mesmo estando atrás do muro, comportando-se realmente como se tocando em um show, levando então para "Is There Anybody Out There?", onde uma fraca iluminação vermelha está localizada sob o muro, enquanto canhões de luz circulam o público como se procurando uma pessoa. De repente, entre dois tijolos, surge Gilmour e seu violão para executar o lindo tema desta canção, iluminado pelos canhões de luz.

Em "Nobody Home", imagens de TV são projetadas no canto esquerdo superior do muro, sendo rapidamente substituídas por uma imagem imitando uma cena vista por uma janela, enquanto uma elevação contendo uma poltrona e um abajur de pouca luz surge trazendo Waters sentado na poltrona e assistindo uma pequena TV enquanto canta. Waters permanece naquela espécie de quarto de hotel durante "Vera", onde imagens relativas a Vera Lynn são projetadas no muro.

Já em "Bring the Boys Back Home", a imagem de militares apontando para um garoto é o que mais se destaca na primeira parte da canção, com diversas imagens sendo projetadas durante o toque de telefone e a busca das pessoas por Pink.

Então, vestido de médico para dopar Pink, Waters surge no canto inferior esquerdo do palco cantando "Confortably Numb", com o boneco nu no centro do palco. Num dos pontos altos do show, Gilmour aparece sobre o muro, como que voando sobre o mesmo (isso graças a um guindaste que o levantava até aquela altura) cantando a sua parte e executando o primeiro solo. Waters assume a ponta novamente, para Gilmour então cantar a segunda parte e fazer o seu segundo e consagrado solo, com o improviso rolando solto.

As luzes do círculo gigante são acesas, iluminando a banda por trás do muro, enquanto "The Show Must Go On" é ouvida, com a parte da frente do muro sem nenhuma iluminação, ou seja, o público vê apenas parte do arco de luzes e nada mais do que movimentações em frente ao muro.

O mestre de cerimônias volta à cena novamente, com uma fala diferente da inicial e estando em uma forma robótica. É a deixa para os acordes de "In the Flesh" surgirem com explosões e o símbolo dos martelos cruzados sendo projetado em ambos os cantos do muro. A banda aparece então em frente ao muro, com os quatro integrantes do Floyd usando as mesmas roupas negras personalizadas (com o símbolo do martelo estando no lado direito do peito de cada integrante e no braço esquerdo de Waters, como a suástica nazista, simbolizando o ditador Pink) que os falsos integrantes usaram no início do show, enquanto os falsos integrantes agora estão usando as roupas que os verdadeiros estavam usando até aquele momento da apresentação. Os backing vocals (Joe Chemay, Stan Farber, Jim Haas e John Joyce) estão trajando a mesma vestimenta do quarteto real. A projeção no muro muda durante o som, agora com três alvos, tendo Pink no centro. Próximo ao final de "In the Flesh", o famoso porco da turnê de
Animals dá as caras, sobrevoando a plateia e trajando também a sua própria roupa negra personalizada (inclusive com o símbolo dos martelos cruzados gravado no corpo).

Waters comunica-se com a plateia mais uma vez, dedicando a próxima canção para as pessoas fracas da audiência, "Run Like Hell", onde além do porquinho, o jogo de luzes no palco é a principal atração. "Waiting for the Worms" também apresenta um interessante jogo de luzes, e Waters novamente abandona o baixo para fazer o papel do ditador Pink. É aqui onde a famosa marcha dos martelos é projetada no muro, para termos "Stop", com o boneco nu de Pink sentado sobre o muro.

Chegamos no apoteótico julgamento do protagonista em "The Trial" (para mim uma das melhores músicas que Waters cômpos em toda a sua vida). O boneco cai do muro, e então, um filme especialmente feito para "The Trial" é projetado no muro, onde é possível ver todos os personagens apresentados durante o show (a mãe, a esposa e o professor de Pink, além do próprio sendo julgado por ele mesmo), enquanto que Waters é o único a cantar a canção sobre o playback da orquestra. A dramaticidade de "The Trial" é sentida em cada centímetro do muro, e após o verme-juiz dar a sentença de "derrubar o muro", tijolos do gigantesco muro de 12 metros começam a ser derrubados. Em questão de segundos, todo o muro que havia sido construído durante a primeira parte do show estava no chão. Gelo seco dava a aparência de pó, e a plateia, atônita, vibrava com aquele espetáculo de luzes, tijolos quebrando e com a catástrofe que estava sendo mostrada.

Finalmente o show encerrava-se, com todos os músicos caminhando sobre os escombros do muro, cantando e tocando "Outside the Wall" e trajando camisas brancas e calças negras, onde Waters toca clarinete, Gilmour está no mandolim, Mason no violão, Wright no acordeão, Bown e Wood no violão, seguidos pelos backing vocals.

Então, sob os aplausos da plateia, Waters, Gilmour, Wright e Mason voltavam para os escombros, agradeciam ao público e se despediam, deixando para trás um espetáculo incrivelmente fantástico e com a apresentação completa de
The Wall.

A ideia de incluir filmes durante a apresentação acabou não tendo o resultado esperado, já que o filme utilizado na projeção não era o adequado, deixando a imagem em determinados momentos escura e indefinida. Mesmo assim, era um êxtase para a plateia ver as imagens em movimento durante a execução das canções.

Os tijolos utilizados para construir o muro eram feitos de uma espécie de papelão especial, que tinha como principal caracterísitica a mobilidade e ser um material anti-fogo. Todos os tijolos eram montados para cada a apresentação, sendo que ambos vinham desmontados como uma caixa de papelão comum. Cabia aos "construtores" montar os tijolos, levar ao palco e posicioná-los nos seus determinados lugares. Estima-se que entre 400 e 500 tijolos foram utilizados por show.

Em termos de registros, existem diversos bootlegs no mercado. Porém, o ideal mesmo é
Is There Anybody Out There 1980-81, lançado em 2000 e que traz o show completo, misturando músicas de apresentações de várias datas da turnê.



Is There Anybody Out There 1980-81 possui três diferentes formatos: um normal, em caixa slim; outro em caixa grossa, contando com dois encartes; e um terceiro deluxe, em formato de livro e que traz um grande encarte recheado de fotos, entrevistas e inclusive plantas-baixas do palco.

Em termos de vídeo, o Pink Floyd tentou registrar cinco shows para um posterior lançamento, o que ficou à cargo de Mark Fisher. Porém, como o uso de luzes para filmagens iria atrapalhar o espetáculo, as imagens das gravações ficaram muito escuras e, oficialmente, nada de
The Wall foi lançado até hoje em vídeo. Porém, existem algumas filmagens piratas que podem ser encontradas facilmente na internet, como o registro de um show de 09 de agosto, no Earls Court de Londres. Outro bom registro é o show no Nassau Veterans Stadium, e que também é facilmente encontrado.

Oficial mesmo ficou somente a reapresentação de
The Wall feita por Roger Waters em Berlin, no dia 21 de julho de 1990, como homenagem à queda do muro de Berlin. Ali, é possível ver todos os destaques aqui citados, com The Wall sendo interpretado por Scorpions, Brian Adams, Cindy Lauper entre outros, além do próprio Roger Waters. Em dezembro de 2009 Waters anunciou ao mundo que havia descoberto várias filmagens da The Wall Tour de boa qualidade, gravadas com câmeras de 35 mm, e estava trabalhando nelas para um posterior lançamento. Até agora, nada ...

Outra boa pedida é o documentário
Behind the Wall, realizado pelo Canal 4 britânico em 2000 (como parte do lançamento de Is There Anybody Out There 1980-81) e que conta detalhes das criações feitas para o show.

Em 1982 foi lançado o filme de
The Wall, com Bob Geldof no papel de Pink. Muitas das imagens utilizadas durante os shows estão presentes neste registro, obrigatório na prateleira de qualquer admirador de música, e que rendeu mais alguns níqueis para os bolsos de Waters e companhia.

Porém, nem tudo foram flores na turnê de
The Wall, tanto que somente 29 shows foram realizados e em apenas quatro cidades, com as apresentações de 1980 ocorrendo no mês de fevereiro nos EUA (7, 8, 9, 10, 11, 12 e 13 no Los Angeles Memorial Sports Arena, em Los Angeles, e 24, 25, 26, 27 e 28 no Nassau Veterans Memorial Coliseum, em Long Island) e agosto na Inglaterra (4, 5, 6, 7, 8 e 9 no Earls Court em Londres). Já em fevereiro de 1981 The Wall foi apresentado na Alemanha (13, 14, 15, 16, 17 e 18 no Westfalenhalle, em Dortmund) e voltou para o Earls Court no mês de junho (13, 14, 15, 16 e 17).

Gimour e Mason ainda tentaram em vão convencer Waters a apresentar
The Wall no JFK Stadium, pois o produtor Larry Maggid havia oferecido 1 milhão de dólares para ter o espetáculo. Porém, Waters recusou a ideia, principalmente pelo fato de que The Wall simbolizava toda a raiva que ele tinha em tocar em estádios, ou seja, a apresentação no JFK Stadium seria totalmente contraditória.

Com a negativa de Waters, a turnê de
The Wall começou a afundar. Somente na parte americana da tour as despesas alcançaram 1 milhão e 500 mil dólares. No total, nunca foi divulgado quanto o Floyd perdeu em toda a excursão, mas o resultado foi a saída de Wright, com Waters assumindo as pontas de vez e lançando The Final Cut já sem nenhum clima com Gilmour e Mason, culminando então no fim do Pink Floyd.

Anos depois, um revival passou a ocorrer no progressivo, com o retorno de bandas como King Crimson, Yes e ELP (com Cozy Powell no lugar de Carl Palmer) e também do própiro Floyd, sem Waters. O quarteto
floydiano iria apresentar-se novamente juntos somente em 02 de julho de 2005, no festival Live 8, porém, apesar das especulações, um retorno definitivo não ocorreu, e com a morte de Wright em 15 de setembro de 2008 isso acabou tornando-se ainda mais difícil.

O rock progressivo nunca mais alcançou o status que teve entre os anos de 1970 e 1980. A turnê de
The Wall, além de derrubar o muro de Pink (e de Waters) e acabar com a carreira do Pink Floyd, levou consigo uma geração de músicos que empregavam com excelência virtuose, sentimento e técnica, fazendo letras espetaculares, narrando histórias inimagináveis e criando músicas que ficaram para a posteridade, como diversas suítes e obras da música clássica no período renascentista.
Bleeding hearts and artists make their stand!!!


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