quarta-feira, 15 de julho de 2009

Triumph - Parte 1: Os primeiros anos


Encerrando nossa viagem pelo Canadá, irei falar nessa e nas próximas duas edições do Baú do Mairon de um dos maiores power trios de todos os tempos. Esse grupo contava com um talentoso guitarrisa loiro, um baixista de cabelos longos, que também tocava teclado, um vocalista de voz aguda e inconfundível e um baterista que mais parecia uma lula, de tantas batidas e viradas impressionantes. Junte a isso uma fase áurea no final dos anos setenta e início dos oitenta e uma pequena decadência na metade dos 80, flertando com sintetizadores e um som mais pop. Não, não estou falando do Rush, mas sim do maior rival que o trio de Ontario teve: o Triumph.

A primeira imagem que tenho do Triumph é a arena do Rose Bowl lotada em 1983, no famoso U.S. Festival. Porém, o Triumph caminhou um bocado antes de chegar ali, e também após a apresentação, continuou sua carreira por mais alguns anos.

O grupo começou a ser formado no bairro torontiano de Mississauga, Ontario, no ano de 1975, quando o office-boy Richard Gordon "Rick" Emmett (guitarra e vocais), conheceu "Gil" Moore (bateria e vocais) e Michael "Mike" Levine (baixo). Gil já havia passado antes pelo Sherman & Pabody, o qual contou com os talentos de Buzz Shearman (Moxy) e Greg Godovitz (Goddo), enquanto os demais participaram de grupos de garagem. Não tardou para que a troca de som e ensaios surgisse, formando o Triumph em poucas semanas.

Poster de divulgação

No dia 19 de setembro de 1975, com um cachê de 750 dólares, o Triumph fazia o seu primeiro show no Simcoe High School, em Simcoe - Ontario, tocando um hard rock inspirado em Led Zeppelin e também Uriah Heep, o que fez a mídia os comparar ao Rush, graças também aos longos cabelos loiros de Rick e pelo conjunto de bateria que Gil usava ser idêntico ao de Peart na época.

Com o dinheiro do show gravam a tradicional demo e continuam os ensaios, mas com uma grande dificuldade em realizar shows, já que além de serem taxados como uma imitação do Rush, também não possuíam um empresário. Enfim, a demo caiu nas mãos de membros da Attic Records, que fizeram um teste com o trio, colocando-os para participar de um único show no Gasworks, agora em Toronto, no dia 09 de agosto de 1976.

Mais maduros, e auxiliados pelo início da fase progressiva do Rush, os três destruíram com uma pegada forte e bem diferente dos co-irmãos, arregalando os olhos dos produtores da Attic, que decidiram por lançar o primeiro álbum da banda.

A excelente estreia

Então, no dia 13 de outubro chegava as lojas canadenses Triumph. Um excelente disco de estreia, que abre com "24 Hours a Day" e as guitarras dedilhadas com vocal de Rik- que assumia o novo nome (com o "C" e apenas com o "K") graças a um erro de digitação apresentado na capa -, remetendo a faixas de Caress of Steel, do Rush. Porém, um teclado muda essa ideia, dando um clima mais oitentista, com violões aparecendo para fazer a base, levando a uma pequena pausa, onde a banda mostra um grande rock'n'roll como nas canções do Kiss, agora com os vocais de Gil. Bela faixa para agitar uma festa.

"Be My Lover", apesar do nome, é uma música pesada, com um riff de guitarra e baixo de primeira linha, trazendo os vocais de Rik, que também manda bala no talk box, utilizando-se da escala oriental.

O disco segue com "Don't Take My Life" e a sua introdução inconfundível, que iria aparecer posteriormente nos shows da banda em outra canção. Após a introdução, uma levada a la "D'yer Maker" (Led Zeppelin) comanda essa canção cheia de violões e totalmente baseada em escalas de terças, mudando somente em seu refrão, pesado e com rápidas viradas da bateria de Gil, que também é o vocalista. O solo de Rik é genial, e também ficou como uma marca da banda.

Por fim, "Street Fighter Man" e "Street Fighter Man (reprise)" encerram o lado A com fortes riffs, refrão e muita pegada. Rik comanda os vocais em ambas, cuja diferença está que o reprise é mais lento, com violões e teclados fazendo a base para baixo e bateria acompanharem a melodia e a letra da canção, com Rik inserindo harmônicos entre a letra, e o final é apotéotico, com baixo, guitarra e bateria mandando ver em riffs crescentes, encerrando somente com Rik dedilhando o violão e executando um pequeno solo na guitarra.

O lado B abre com o funkzão feito por Gil em "What's Another Day of Rock and Roll?", que ficou muito legal após Rik entrar com a guitarra cheia de distorção e com Mike mandando ver no baixo. Assim que Gil assume os vocais, temos novamente um rock'n'roll de levantar qualquer um do sofá."Easy Life" e as guitarras dobradas mandam qualquer comparação possível ao Rush embora. Muito peso e riffs certeiros são ouvidos nesse grande hard, onde Rik canta muito.

A homenagem ao Led Zeppelin, "Let Me Get Next You", no melhor estilo "Rock and Roll", mostra como o quarteto britânico influenciava bastante as bandas da América, inclusive com um solo idêntico ao de Jimmy Page e com Rik imitando os vocais de Plant em frases muito parecidas ao clássico do Led, abrindo as portas para uma das melhores faixas da banda, a linda e épica "The Blinding Light Show / Moonchild.

Ventos e viradas de bateria trazem o riff principal, com um baixo galopante e muitas quebradas, caindo em uma guitarra dedilhada cheio de efeitos, capaz de arrancar lágrimas de qualquer pessoa em estado de depressão. Os vocais tristes de Rik, acompanhados pela guitarra, dão um clima mais melancólico à faixa, que agora com teclados entra em um ritmo cadenciado, com a grande presença do baixo de Mike e das batidas de Gil. Baixo e teclado executam as mesmas notas, com Gil marcando no chimbal e com Rik imitando uma sirene na guitarra, voltando à cadência da canção, mas agora com mais destaque para as batidas nos pratos de Gil. Após Rik cantar o refrão, começa "Moonchild", um tema instrumental de Rik ao violão clássico, mostrando por que ele é um dos maiores guitarristas de todos os tempos. Um lindo dedilhado cheio de acordes e harmônicos de causar transe em qualquer pessoa que acha que toca alguma coisa.

O clima clássico do violão muda para uma sessão mais apreensiva, com dedilhados rápidos, acompanhados por teclados e vocalizações. Rik executa o tema principal no violão, voltando para "Blinding Light Show" com muito peso nas guitarras, que executam o mesmo tema do violão, além de um solo furioso de Rik.

Teclados, guitarra e baixo executam as mesmas notas, voltando à cadência original da faixa e à letra, com o baixo executando um pequeno tema sobre camadas de dedilhados de guitarra e teclados, acompanhado também por um violão, que executa o mesmo tema, e encerrando com um trovão. Simplesmente linda!Esse álbum chamou a atenção da RCA, que decidiu divulgar o trio fora do Canadá, mas acabou lançando poucas cópias desse LP, o que o transformou em uma raridade hoje em dia. Vale a pena ressaltar que o tecladista Laurie Delgrande colaborou no ábum, principalmente nas passagens de "The Blinding Light Show".

O Triumph continou seus ensaios e, com o contrato com a RCA, fez sua primeira incursão pelos Estados Unidos. Aproveitando o sucesso do Moxy no Texas, acompanham o grupo e realizam um show em San Antonio no dia 18 de fevereiro de 1977, o que fez com que o nome da banda pegasse, novamente graças a ampla divulgação das rádios. Foi o único show daquele ano, dedicado a ensaios e, principalmente, a angariar boas composições para a gravação do segundo LP, o qual foi lançado em 13 de novembro de 77.

Capa original de Rock & Roll Machine

Rock & Roll Machine vinha como um petardo naqueles que ainda insistiam na comparação com o Rush. Um excelente álbum desde o início, com a hard "Takes Time". Contando com Gil nos vocais, a introdução apresenta Rik executando um sustain, caindo em um hard bem anos setenta, com um riff inconfundível, e mostrando que o Triumph procurava seguir os passos de seu primo, o Moxy.

Rik e seus violões introduzem "Bringing It On Home", com pequenas notas de guitarra, com a letra surgindo novamente sobre um riff
zeppeliano. O Triumph passa a investir cada vez mais em refrões, aqui apoiado por backing vocals e por intervenções de solos de guitarra. Destaque para o solo de Rik nessa faixa.Gil volta aos vocais em "Little Texas Shaker", cuja introdução é igual a de "Good Times Bad Times" (outra do Led), mas a canção em si é pesada, com um groove balança-esqueleto e com um refrão grudento, onde novamente o destaque fica para o solo de Rik, que mostra evolução em técnicas como o vibrato e as palhetadas.

Assim como o primeiro álbum, o lado A encerra com duas canções de mesmo nome, no caso "New York City Streets, Pt. 1" e "New York City Streets, Pt. 2". A primeira é uma balada, onde Gil canta suave acompanhado por teclados, guitarras com efeitos de violões e uma batida suave, onde o destaque maior vai para o baixo de Mike. Os backing vocals aparecem no refrão, que também tem a presença de pequenas intervenções de Rik. O ritmo inicial retoma a letra, para assim o refrão mudar o ritmo da canção, com as backings cantando o nome da mesma de forma dançante, encerrando com acordes jazzísticos, em um embalo bem New Orleans, onde Rik manda ver em um solo a la Wes Montgomery.

Já a parte 2 é mais agressiva, com Rik mandando ver em um riff acompanhado por Mike e pela pegada de Gil. Rik comanda a letra dessa vez, e executa um solo com pedal wah-wah muito interessante. As backings também participam nessa faixa, que pode ser a única comparação a ser feita com a parte 1, já que uma é totalmente diferente da outra. Seria uma divisão nos pensamentos da banda? Bom, isso veremos adiante, o importante é que são duas belas faixas e que mostram como o Triumph estava buscando ser uma banda versátil.

O lado B abre com outro épico do trio, a clássica "City", uma das melhores do grupo, a qual é dividida em três partes; "War March", inspirada no "Bolero" de Ravel, tem uma melodia apreensiva, começando com os sintetizadores e com barulhos de ondas no mar. Gil executa o tema de "Bolero" na caixa, com acompanhamento de Mike, para Rik começar um solo distorcido. O volume das batidas vai crescendo, assim como a faixa de inspiração, agora com a guitarra executando o tema junto com a bateria e o baixo.

O solo ganha mais vigor ainda com a entrada do órgão, enquanto o volume do tema aumenta, assim como a cadência das batidas, que acabam encerrando em diversas viradas, entrando então para a segunda parte, "El Duende Aconizante", onde a clássica "Asturias" é relembrada. Rik comanda o violão em uma sessão flamenca, a la Paco de Lucia. Dedilhados rápidos e o acompanhamento espanhol são fantásticos, em uma levada rápida e contagiante. O solo de Rik é muito veloz, e é complicado entender como ele executa as notas com tanta rapidez em um violão de cordas de aço.

Por fim, os teclados e o violão dedilhado abrem "Minstrel's Lament", que é a parte central da canção. Com vocais de Rik, a letra surge acompanhada pelo violão. O Triumph flertava com o progressivo, adicionado sintetizadores que imitavam flautas e violinos. Outro violão e um teclado/mellotron dão continuidade a letra, que ganha uma determinada cadência com a entrada do baixo e da bateria, acompanhados pelos violão e pela marcação da guitarra. Rik canta muito, e o tema de "War March" abre espaço para um dos mais lindos solos que Rik compôs. Quem conhece a obra de Ritchie Sambora, C.C. Deville e Dave Sabo, por exemplo, ouça esse solo e veja de onde surgiu a inspiração para tantos solos feitos pelos mesmos. A canção ganha velocidade, entrando em uma sequência de terças, onde Rik encerra a letra, acompanhado por mais um solo de guitarra, terminando a canção com acordes de órgão e uma forte batida nos pratos. Excelente!


A embalada cover de Joe Walsh para "Rocky Mountain Way" dá sequência ao LP. Cantada por Gil, essa foi a primeira canção do grupo a realmente fazer sucesso nos Estados Unidos, principalmente pela levada bluesy. Uma bela faixa para uma noitada, ou também para aqueles filmes americanos com Harley Davidsons e cigarros.

Por fim, outro clássico, a faixa-título "Rock and Roll Machine". Com seus quase sete minutos, essa canção também foi inspirada em mais uma obra do Led, a clássica "Heartbreaker". A faixa começa com o riff principal e muita pegada da bateria e do baixo. Gil canta a letra, que fala sobre um show de rock e uma banda que era uma máquina de tocar.

Então Rik mostra todo seu talento, apresentando novamente o riff inicial e começando o seu longo solo, executando um segundo riff, acompanhado pelo ritmo punk rock de Mike e Gil. Palhetando de maneira cada vez mais veloz, a canção vai em um crescendo de acordes, bateria e baixo, até Rik ficar sozinho na guitarra e simplesmente destruir. Palhetadas velozes podem ser ouvidas nos dois canais. Como ele acerta as casas da guitarra? Poucos sabem, mas a velocidade é absurda. Rik executa um tapping seguindo a linha de Jimmy Page. Após, cria uma sequência mais cadenciada, que vai ganhando velocidade nas notas muito rapidamente.

A banda retorna acompanhando o solo de Rik e retomando o riff que dá origem ao solo, para assim Gil encerrar a canção com a reprodução da letra. Uma grande faixa, que foi escolhida como o melhor solo de Rik em todos tempos, e ganhava muito ao vivo, já que o guitarrista adicionava diversos solos de música clássica e até mesmo passagens de outras canções da banda.

Esse mesmo álbum foi lançado em 1978 nos Estados Unidos com uma grafia diferente (Rock & Roll Machine) e também com uma listagem diferente das músicas, já que inclua canções do primeiro álbum, ficando o track list da seguinte forma: "Takes Time", "Bringing It On Home", "Rocky Mountain Way", "Street Fighter", "Street Fighter (Reprise)", "24 Hours A Day", "Blinding Light Show/Moonchild" e "Rock & Roll Machine".

Capa da versão americana de Rock & Roll Machine

Outra diferença ficou na capa. Enquanto que a versão canadense era uma capa dupla, mostrando em sua frente uma imagem das faces robóticas dos três integrantes, com cada um tendo também sua foto na parte interna da capa, e a capa traseira não trazia nenhuma informação sobre o álbum, a versão norte-americana apresentava uma capa simples com uma linda Flying V azul sobre uma cópia vermelha da mesma, cercada de brilhos e luzes, contando com o nome das música no verso. Essa é a versão que acabou sendo lançada na Europa, já nos anos oitenta, onde também pode ser encontrado como Rock'N'Roll Machine.

Rcok & Roll Machine - Versão inglesa

Uma terceira capa ainda seria lançada em 1985, contando com os integrantes caught in the act. Além de Delgrande, participaram como músicos convidados Mike Danna (teclados) e as backing vocals, Beau David, Elaine Overholt (que já havia participado em discos de Ray Charles e Tina Turner), Gord Waszek e Colina Phillips.

Com uma divulgação maior nos Estados Unidos, realizam a primeira turnê em 1978, com shows em Austin no dia 27 de janeiro, contando com a abertura do April Wine, e nos dias 25 de novembro e 01 de dezembro, na cidades de Amarillo e Beaumont respectivamente, todos no Texas, onde o Godz fez o aquecimento da gurizada.

Ainda nos Estados Unidos, tocam em Pittsburgh no dia 14 de novembro, apresentação que serviu como um aquecimento para os shows do Texas. Pelo Canadá, a banda tocou em Ontario (Hamilton - 18/02, com a abertura da Rose; Bowmanville - 28/06 e 26/08, Toronto - 29/06) sendo que no último show, em Bowmanville, mais de 110 mil pessoas compareceram para assistir ao grupo no festival Canada Jam, ao lado dos Dobbie Brothers, Dave Mason Band e Kansas, e passaram também por Campbellton, na província de New Beunswick, no dia 09 de maio.

Após a rápida passagem pelos Estados Unidos, e com o sucesso no Canada Jam, voltam aos estúdios para a gravação do terceiro álbum em 1979. Após seis meses de ensaio, a banda registra uma obra-prima do hard canadense, concebida através de muitas horas de gravação e também discusão de cada canção. Antes do lançamento, realizam um show em Vancouver no dia 20 de maio desse ano.

Com o álbum prestes a ser lançado, começam a chamada Just a Game Tour pelos Estados Unidos no dia 04 de julho, tocando em Cortland (Ohio), com abertura do Missouri, South Bend (Indiana) em 12 de julho, com o Moxy e o Trooper, e Lousiville (Kentucky) no dia 14 de julho, com os The Rockets sendo a banda de abertura.
O sucesso chega com Just A Game

No dia 21 de julho de 1979 chegava as lojas o álbum mais versátil da carreira da banda, o qual dava nome a turnê, Just a Game, contando com no mínimo três hits da carreira do trio e fortemente influenciado pela nova fase do Moxy sem Buzz Shearman e, claro, pelo Led Zeppelin.

O disco começa com os gritos de platéia, fazendo o ouvinte pensar que se trata de um álbum ao vivo, mas não, é apenas o início de "Movin' On", na qual Rik mostra suas habilidades na slide guitar e Gil comanda os vocais. Uma canção bem AOR., com destaque para o encerramento, cheio de vocalizações.

Abra uma garrafa de uísque e prepare-se para a segunda faixa. "Young Enough to Cry" é um blues que começa com um riff tradicional feito por Rik, acompanhado por sintetizadores, bateria e com Mike levando a mesma melodia no baixo. Gil canta a canção, que fala sobre os sofrimentos amorosos adolescentes. O refrão é recheado de belas vocalizações, mostrando como o Triumph havia trabalhado bastante nos últimos meses. Rik sola a la Page e o blues continua, com Gil narrando todo o sofrimento causado pela garota que o abandonou, para Rik então mandar ver naturalmente um lindo solo. Gil encerra a letra em busca de razões para sobreviver, com Mike e Rik executando o riff inicial e com Gil quase chorando no microfone. Excelente faixa!

Buscando conquistar de vez o mercado norte-americano e investindo pesado em refrões grudentos, a banda registrou no terceiro sulco do lado A "American Girls", o primeiro hit do álbum, principalmente nos EUA, lógico. A guitarra viajante da introdução nos leva a crer que ouviremos uma música no estilo progressivo, mas a distorção toma conta e o embalo de Mike e Gil nos traz um hard simples falando sobre a felicidade de se viver nos States ao lado das garotas americanas. Quer coisa mais clichê para conquistar mercado? Bom, se falar das mulheres não é o suficiente, o grupo decidiu incorporar "Star Spangled Banner" ao solo de Rik, que novamente abusa da slide guitar, com os Estados Unidos rendendo-se ao trio.

O lado A encerra com outro clássico, "Lay It on the Line". A guitarra dedilhada do início virou um marco na carreira do Triumph, daqueles que no primeiro acorde já se sabe qual é a canção. O vocal de Rik é acompanhado somente pela guitarra, para posteriormente a banda entrar detonando um grande hard com escalas bluesy. Destaque total para Rik e seu solo, que ganhou ao vivo o incremento de trechos da canção "Don't Take My Life".

O lado B abre com a faixa-título "Just a Game" e um crescendo de violão, baixo, teclado, bateria e guitarra. Rik canta uma quase balada que só o Triumph conseguia fazer, com um refrão novamente recheado de vocalizações. A fórmula batida e refrão grudento, solo de Rik e levada de Mike era mais uma vez bem repetida. Destaque principalmente para o solo de Rik, que no final comanda um violão clássico, que introduz a faixa seguinte, "Fantasy Serena", mais uma peça ao violão, onde o dedilhado e mudanças de acordes comandam a primeira parte, enquanto que na segunda arpejos e palhetadas, bem como uma levada flamenca, são os destaques.

Outro hit vem a seguir, "Hold On". Teclados e violões dedilhados trazem os vocais de Rik em uma canção que narra os sonhos que as pessoas tem quando estão em dificuldades. Mais uma faixa AOR seguindo a linha de "Movin' On".

Por fim, Rik nos mostra que não só é um excelente guitarrista de rock ou um fenomenal violonista clássico, mas também um conhecedor das escalas jazzísticas, na fantástica e simples "Suitcase Blues", um jazz anos 20, com Mike tocando baixo acústico e Gil cantando e tocando com
brushes. Se você não destruiu o uísque em "Young Enough to Cry", aqui ele irá acabar, já que o clima e a letra da canção falam sobre como é estar sozinho, acompanhado apenas de um Johnny Walker.

O grupo passou por Chicago no dia 19 de agosto e pela Philadelphia no dia 19 de outubro. Encerravam a turnê de
Just a Game com apenas um show no Canadá, mas com o mercado americano nas mãos. "Hold On" chegou no top#40 das rádios americanas, enquanto "Lay It On the Line" e "American Girls" entraram no top#100, fazendo com que o disco ganhasse disco de ouro nos EUA. Além disso, o álbum foi o primeiro lançado mundialmente, inclusive no Brasil, onde pouco a pouco o Triumph foi conquistando seu espaço.

Os mesmos convidados do álbum anterior participaram de
Just a Game, contando ainda com os backings de Rosie Levine. Um destaque à parte fica para a capa original do álbum, a qual sendo dupla, quando aberta, mostrava um tabuleiro pronto para o fã jogar. Além disso, as peças do tabuleiro constantes na capa mostravam imagens relacionadas com cada faixa do álbum. Outro fato interessante foi que a versão em cassete continha uma sequência diferente da versão vinílica, com "Lay It On the Line", sendo a segunda faixa do tape, "Young Enough to Cry" a terceira e "American Girls" encerrando o lado A. Esta é a versão que acabou saindo no vinil brasileiro.


Eleitos o grupo do ano de 1979 nos Estados Unidos e, com o sucesso de Just a Game, em dois meses gravam seu quarto LP, que chega as lojas no dia 25 de março de 1980. Até então a banda era apenas uma promessa, mas foi nesse álbum que gravaram definitivamente seu nome na história do rock mundial.
Virada musical em Progressions of Power

Progressions of Power abre com "I Live For the Weekend", onde muitas guitarras trazem um hard pesado, que vira um rock'n'roll com os vocais de Gil. Destaque maior para o solo de Rik, onde ele destrói notas em cima de notas em uma escala bem blueseira.

O violão e a voz de Rik abrem "I Can Survive" em ritmo de balada, a qual se transforma com a entrada da guitarra seguindo a linha do álbum anterior, com um refrão grudento e com muitas vocalizações. Essa canção virou o hit do álbum, alcançando a posição número 91 nas paradas.

O violão, acompanhado de teclados, abre também "In the Night", com a guitarra executando notas no vibrato. Rik canta acompanhando a melodia do violão. A guitarra dá peso em mais uma balada, onde Rik esganiça sua voz e demonstra todo seu talento em um solo rasgadíssimo, com um belo acompanhamento da cozinha e dos teclados.

Por fim, "Nature's Child" encerra o lado A com uma guitarra manhosa acompanhada por chimbal e pelo baixo. Um hardão bem anos 70, e que um ouvinte desatento pode acabar pensando se tratar de uma raridade do Deep Purple na fase Tommy Bolin. Os vocais de Gil tiram essa aparência, mas os rifs de Rik e Mike, bem como a batida de Gil, fazem desta uma das melhores canções do álbum. Rik manda ver em mais um solo, encerrando a faixa com uma levada de bateria.

O lado B abre com "Woman in Love", cheia de teclados e com Rik na slide guitar, para Gil cantar sobre uma base cadenciada, com outro refrão repetitivo e cheio de vocalizações. "Take My Heart" traz novamente violão e teclado introduzindo um belo jazz, com os vocais de Rik acompanhados primeiramente pelo violão, com baixo e cymbal sendo adicionados aos poucos, levando a canção para uma balada repleta de teclados.

Outro hit, "Tear the Roof Off", traz a bateria em um crescendo, acompanhada de baixo e guitarra, em mais um hard
Triumphiano cantado por Gil. Uma canção bem viajante, com muito sintetizador, barulhos e gritos, os quais antecedem o magnífico solo de Rik, mostrando um flerte com o progressivo.

O solo clássico de Rik surge em "Finger Talking", que começa com uma levada flamenca e tem toda sua construção em cima de um dedilhado tipo "The Clap" (Steve Howe), encerrando com uma boa levada de blues.

Por fim, "Hard Road" encerra o álbum com teclados, guitarra, baixo e bateria executando um som bem anos oitenta, o qual é cantado por Rik. Destaque maior para o primeiro solo de teclado a aparecer em uma canção do grupo, sendo o mesmo tocado por Mike. Aliás, o baixista fez o teclado em todas as faixas que esse instrumento aparece. A canção por fim encerra em uma linda balada, com Rik cantando sobre camadas de teclados e violões.

O disco alcançou a posição de número 32 na parada da
Billboard, e o Triumph conseguia cada vez mais espaço nas rádios americanas. Começam a turnê de divulgação do álbum pelos Estados Unidos, tocando em Santa Mônica (Califórnia, 27/04), Royal Oak (Michigan, 30/04), San Antonio, Dallas e Austin (Texas, 01-02-04/05, ao lado do UFO), Louisville (Kentucky, 18/05), St. Paul (MInnesota, 26/05), Buffalo (Nova Iorque, 07/06) e Oakland (Califórnia, 04/07), substituindo o The Babys no Day on the Green, ao lado de Sammy Hagar, Blue Öyster Cult, REO Speedwagon e Randy Hansen, passando pelo Canadá no dia 26 de setembro, em Toronto e no dia 05 de outubro em Winnipeg, e partindo em novembro para a primeira turnê européia , fazendo shows pela Grã-Bretanha e tocando em Bristol (07), Manchester (09), New Castle (12), Birmingham (13) e Londres (15), encerrando a turnê em Toronto no dia 26 de novembro.

Na próxima edição, veremos como o Triumph alcançou seus maiores êxitos, narrando a história da fase mais conhecida da banda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...