Larry Graham, Jerry Martini, Freddie Stone, Cynthia Robinson,
Sly Stone, Rose Stone e Greg Errico
Um guitarrista negro, extremamente talentoso, que ajudou a revolucionar seu instrumento e ainda consagrou-se durante o verão do amor de 1967, na Califórnia, fez misérias em Woodstock e deixou um legado de álbuns que influenciaram muita gente posteriormente. Estou falando de Sylvester Stewart, mais conhecido como Sly Stone.
Entre 1967 e 1976, Sly comandou sua "família" no Sly & The Family Stone, um dos principais grupos de funk-rock e soul que o mundo pode ouvir. Ao lado da banda de James Brown (os J. B.'s), Ike & Tina Turner e do projeto Parliament-Funkadelic, a Sly & The Family Stone marcou época com muito swing, canções clássicas e a guitarra embalada de Sly Stone.
No final da década de 70, o grupo deixou de existir, e mesmo a tentativa de retomar o nome Sly & The Family Stone na virada dos anos 70 para os 80, acabou perdendo espaço para a onda da eletrônica.
Rara foto da família Stewart, destacando os pequenos The Stewart Four |
Quando Sly atingiu a adolescência, os Stewart mudam-se para Vallejo, na Califórnia, e lá, K. C. criou o grupo The Stewart Four, composto pelos quatro dos cinco filhos do casal: Sylvester, Freddie, Rose e Vaetta. O quarteto fez diversas apresentações, com a conotação totalmente gospel, lançando um raríssimo compacto em 78 rotações, com as canções "On the Battlefield of the Lord" e "Walking in Jesus' Name", no ano de 1952.
Ao mesmo tempo, o jovem Sylvester flertava estilos com outros colegas do Ensino Médio que também tocavam, criando grupos como o The Viscounts, The Webs e The Viscaynes, que lançou diversos compactos na década de 50, com uma formação tendo Frank Arellano, Charlene Imhoff, Sylvester Stewart, Maria "Ria" Boldway e a dupla Charles e Vern Gebhardt. Esse foi um dos primeiros grupos interraciais de rock que se tem história, já que era composto por quatro brancos, um negro (Sylvester) e um filipino (Frank Arellano).
Raríssimo compacto dos Viscaynes, com a grafia errada ("B" no lugar de "V") |
Seguiram-se os compactos "Stop What You Are Doing" / "I Guess I'll Be", pelo selo Trop Records, e sob o nome The Viscaynes & The Ramblers (Sly Stewart & The Viscaynes na segunda prensagem), e como grupo de apoio para Jasper Woods no compacto "I'm Comming Home" / "Hully Gully Papa".
No início da década de 60, Sylvester começou a gravar seus primeiros compactos solo, adotando o nome de Danny Stewart. Entre 1961 e 1965, foram cinco compactos ao total: "A Long Time Alone"/ "I'm Just A Fool" (1961), "Help Me With My Broken Heart" / "Long Time Alone" (1962), "I Just Learned How To Swin" / "Scat Swim" (1964), "Buttermilk, Part 1" / "Buttermilk Part 2" (1965) e "Temptation Walk, Part 1" / "Temptation Walk, Part 2" (1965), os dois últimos já como Sly Stone, e todos lançados por selos distintos.
Em 1964, Sly tornou um DJ na rádio KSOL, de San Francisco, aonde audaciosamente passou a reproduzir sons de bandas brancas como Beatles e Stones entre os clássicos do rhythm 'n' blues americano. Foi nesse ano que ele aprendeu o trabalho da produção, participando de lançamentos de nomes como The Beau Brummels, Bobby Freeman e The Mojo Men.
Em 1964, Sly tornou um DJ na rádio KSOL, de San Francisco, aonde audaciosamente passou a reproduzir sons de bandas brancas como Beatles e Stones entre os clássicos do rhythm 'n' blues americano. Foi nesse ano que ele aprendeu o trabalho da produção, participando de lançamentos de nomes como The Beau Brummels, Bobby Freeman e The Mojo Men.
Sly Stone, em 1967 |
Porém, Sly não era um homem de andar sozinho, e em 1966, formou o grupo Sly & The Stoners, trazendo como novidade a trompetista Cynthia Robinson, ao mesmo tempo que seu irmão Freddie funda o Freddie & The Stone Souls, trazendo Ronnie Crawford no saxofone e Gregg Errico na bateria.
Não demorou para que as duas bandas fundissem em uma só, e assim, surge o Sly & The Family Stone, em março de 1967, com Sly e Freddie nas guitarras, Larry Graham no baixo e vocais, Errico na bateria, Cynthia no trompete e vocais, e Crawford no saxofone. O time foi completado por um trio vocal Little Sistes, composto pela irmã de Sly e Freddie, Vaetta "Vet" Stone, e suas amigas colegiais, Mary McCreary e Elva Mouton. Vale lembrar que Sly também tocava, órgão, piano e diversos outros instrumentos, e era o vocalista principal.
Não demorou para que as duas bandas fundissem em uma só, e assim, surge o Sly & The Family Stone, em março de 1967, com Sly e Freddie nas guitarras, Larry Graham no baixo e vocais, Errico na bateria, Cynthia no trompete e vocais, e Crawford no saxofone. O time foi completado por um trio vocal Little Sistes, composto pela irmã de Sly e Freddie, Vaetta "Vet" Stone, e suas amigas colegiais, Mary McCreary e Elva Mouton. Vale lembrar que Sly também tocava, órgão, piano e diversos outros instrumentos, e era o vocalista principal.
A regular estreia da Family Stone |
Alguns shows e não demorou para a CBS Records interessar-se pelo som do grupo, principalmente após um show na Winchester Cathedral, uma boate de Redwood City, Califórnia. Em outubro de 1967, lança seu primeiro disco, A Whole New Thing.
A estreia da Família de Pedra é um apetitoso aperitivo para o groove e dançante ritmo que fez de Sly Stone um ídolo anos depois. Aqui estão os pequenos elementos que acimentaram o funk do grupo, para depois construir o alicerce que sustentaria toda a dinâmica efervescente e contagiante desse trem em evolução.
O álbum possui de tudo um pouco: Motown puro e simples ("I Cannot Make It"), rock californiano a la Beach Boys ("Run, Run, Run"); e baladas doloridas ("That Kind of Person", cantada por Freedie, e "Let Me Hear It From You", nas quais Sly demonstra todo seu talento no órgão). As linhas vocais de "I Hate to Love Her", "Advice" e "Trip to Your Heart" (essa beirando a psicodelia) ou o ritmo alucinante de "Turn Me Loose" (encerrando com Sly fazendo um suspiro cansado) e "Underdog" são totalmente inovadores para a época. O grande destaque é o arranjo dos metais nas pérolas "Dog", "If This Room Could Talk" e "Bad Risk".
Detalhe importante é que A Whole New Thing foi gravado ao vivo no estúdio, para diminuir custos. Em 1970, ele foi relançado com nova capa. Outros dois relançamentos ocorreram: 1995, trazendo a bônus "What Would I Do"; 2007, com cinco bônus, as quais são "Underdog" (mono B-side version), "Let Me Hear It From You" (mono B-Side version), "Only One Way Out of This Mess", "What Would I Do" e "You Better Help Yourself".
Apesar de receber elogios de nomes como Tony Bennett e Mose Allison, o álbum não vendeu o esperado, mas mesmo assim foi um bom começo para o grupo. O produtor Clive Davis acabou interferindo, já que o grupo tinha tudo para deslanchar, mas estava restrito a tocar em pequenos bares e clubes da Califórnia.
Davis sugeriu a Sly que tentasse gravar algo mais direto e popular, capaz de tornar-se um hit, e assim, o guitarrista compôs seu primeiro grande clássico, "Dance to the Music". Apesar do estilo pop não ter agradado nenhum dos integrantes da Family Stone, a canção acabou fazendo toda a diferença na carreira do grupo. Foi através dela que os americanos tiveram conhecimento de um grupo sem segregação racial, já que brancos e negros dividiam o mesmo espaço, e também de sons totalmente inovadores para sua época, misturando rock, psicodelia, as tradicionais linhas de baixo do funk e um maravilhoso conjunto de metais, além do órgão gospel de Sly perambular pela canção como um anjo salvador.
O compacto foi lançado em janeiro de 1968, e em 27 de abril do mesmo ano, o álbum de mesmo nome chegou às lojas. Parece mentira que em tão pouco tempo um grupo possa ter evoluído tanto. Gravado dois meses após A Whole New Thing, e com a adição da tecladista Rose Stone, Sly pode soltar-se mais na guitarra, como ouvimos em "Don't Burn Baby" e "I'll Never Fall in Love Again".
A faixa-título, que abre o LP, se tornou TOP 10 nos Estados Unidos, e é uma aula de swing, com cada instrumento fazendo sua participação solo de forma empolgante, além de criar o que ficou batizado de Psichedelic Soul. Rose comanda o piano de "I Ain't Got Nobody (For Real)", e eu gosto muito do ritmo intrincado criado por Errico em "Are You Ready?", que assim como "Ride thr Rhythm", deu as bases para o que o Jackson 5 iria fazer no início dos anos 70 utilizando muitas vocalizações.
Capa do relançamento de A Whole New Thing, em 1970 |
Apesar de receber elogios de nomes como Tony Bennett e Mose Allison, o álbum não vendeu o esperado, mas mesmo assim foi um bom começo para o grupo. O produtor Clive Davis acabou interferindo, já que o grupo tinha tudo para deslanchar, mas estava restrito a tocar em pequenos bares e clubes da Califórnia.
Davis sugeriu a Sly que tentasse gravar algo mais direto e popular, capaz de tornar-se um hit, e assim, o guitarrista compôs seu primeiro grande clássico, "Dance to the Music". Apesar do estilo pop não ter agradado nenhum dos integrantes da Family Stone, a canção acabou fazendo toda a diferença na carreira do grupo. Foi através dela que os americanos tiveram conhecimento de um grupo sem segregação racial, já que brancos e negros dividiam o mesmo espaço, e também de sons totalmente inovadores para sua época, misturando rock, psicodelia, as tradicionais linhas de baixo do funk e um maravilhoso conjunto de metais, além do órgão gospel de Sly perambular pela canção como um anjo salvador.
Uma guinada diferenciada na carreira de Sly e sua família |
O compacto foi lançado em janeiro de 1968, e em 27 de abril do mesmo ano, o álbum de mesmo nome chegou às lojas. Parece mentira que em tão pouco tempo um grupo possa ter evoluído tanto. Gravado dois meses após A Whole New Thing, e com a adição da tecladista Rose Stone, Sly pode soltar-se mais na guitarra, como ouvimos em "Don't Burn Baby" e "I'll Never Fall in Love Again".
A faixa-título, que abre o LP, se tornou TOP 10 nos Estados Unidos, e é uma aula de swing, com cada instrumento fazendo sua participação solo de forma empolgante, além de criar o que ficou batizado de Psichedelic Soul. Rose comanda o piano de "I Ain't Got Nobody (For Real)", e eu gosto muito do ritmo intrincado criado por Errico em "Are You Ready?", que assim como "Ride thr Rhythm", deu as bases para o que o Jackson 5 iria fazer no início dos anos 70 utilizando muitas vocalizações.
Famiía de Pedra em 1968:
Freddie Stone, Sly Stone, Rose Stone, Larry Graham, Cynthia Robinson, Greg Errico e Jerry Martini
"Higher" destaca Sly na harmônica, e "Color Me True" é uma maravilhosa mistura de vozes, aglomeradas pelo ritmo da guitarra e dos metais. O principal ponto a se destacar é que quase todas as canções são cantadas pelo quarteto Graham, Sly, Rose e Freddie, tornando a harmonia vocal muito interessante de se ouvir. E claro, a psicodelia e o agito dos mais de doze minutos de "Dance to the Medley" são uma aula de transpiração, inspiração e ritmo, em uma das melhores canções da carreira do grupo, com vocalizações, baixo carregado de distorção e a guitarra lisérgica de Sly pegando fogo.
Assim como A Whole New Thing, Dance to the Music recebeu dois relançamentos em 1995 e em 2007, com o relançamento de 1995 trazendo como bônus a faixa "Soul Clappin", e o de 2007 seis bônus: "Dance to the Music" (mono single version), "Higher" (mono single version), "Soul Clappin'", "We Love All" (previously unreleased), "I Can't Turn You Loose" (previously unreleased) e "Never Do Your Woman Wrong" (previously unreleased instrumental). O disco vendeu bem, sendo o essencial para que a EMI investisse no terceiro disco do grupo.
A avalanche sonora de Life |
A receita de Dance to the Music foi aperfeiçoada nesse terceiro álbum, lançado oito meses após o citado LP, e que foi gravado durante o verão de 1968.
Mantendo a mesma formação, os vocais agora ficam concentrados em Freddy, Graham e Rosie, e as harmonias entre baixo, órgão e metais é envolvente demais para ficar parado. O álbum é uma avalanche sonora do início ao fim, e em termos de letras, foi o que apresentou as canções de protesto e a harmonia musical, marcas registradas de Sly Stone.
De início, temos a guitarra rasgada de "Dynamite!", a hilária "Chiken" (com vocais imitando sons de cacarejos) e a linda "Plastic Jim", uma swingadissíma canção com uma das harmonias mais belas da história do funk. A partir de então, Life cresce de forma incrível, tornando-se a avalanche que destrói casas até hoje.
Mantendo a mesma formação, os vocais agora ficam concentrados em Freddy, Graham e Rosie, e as harmonias entre baixo, órgão e metais é envolvente demais para ficar parado. O álbum é uma avalanche sonora do início ao fim, e em termos de letras, foi o que apresentou as canções de protesto e a harmonia musical, marcas registradas de Sly Stone.
De início, temos a guitarra rasgada de "Dynamite!", a hilária "Chiken" (com vocais imitando sons de cacarejos) e a linda "Plastic Jim", uma swingadissíma canção com uma das harmonias mais belas da história do funk. A partir de então, Life cresce de forma incrível, tornando-se a avalanche que destrói casas até hoje.
"Fun", "Into My Own Thing" e "Harmony" são brilhantes harmonias de metais, piano, órgão e vocalizações, enquanto a faixa-título tem um riff entusiasmante que faz até defunto levantar os braços. As vocalizações de "M' Lady" mostram como o grupo evolui nesse disco, e o baixão distorcido de Graham é a sensação em "Jane is a Groupie" e "Love City", essa, com uma democrática divisão de vozes. A única queda do LP vai para "I'm an Animal", que realmente não diz para que veio, principalmente por sua simplicidade.
A reedição de 1995 conta com o bônus "Only One Way Out of This Mess", e o relançamento de 2007 traz quatro bônus: "Dynamite" (mono single version), "Seven More Days" (previously unreleased), "Pressure" (previously unreleased) e "Sorrow" (previously unreleased).
Life não vendeu muito, apesar de ter recebido boas críticas da imprensa. Não importava, os alicerces já estavam construídos para a maior empreitada do grupo, que começou depois da primeira excursão europeia, ocorrida em setembro de 1968 na Inglaterra. O problema é que a turnê não pôde ser feita na íntegra, já que Graham acabou preso por porte de maconha, o que desagradou bastante os promotores do grupo.
O retorno do Sly and the Family Stone aos Estados Unidos foi um novo caminho, como veremos em breve aqui no Baú do Mairon, aonde abordaremos o período áureo do grupo, indo de 1969 até a separação da primeira geração da Família, em 1973.
O começo da transição visual e musical da Família de Pedra, em 1968: Rose Stone, Larry Graham, Sly Stone, Freddie Stone, Greg Errico, Jerry Martini e Cynthia Robinson |
Life não vendeu muito, apesar de ter recebido boas críticas da imprensa. Não importava, os alicerces já estavam construídos para a maior empreitada do grupo, que começou depois da primeira excursão europeia, ocorrida em setembro de 1968 na Inglaterra. O problema é que a turnê não pôde ser feita na íntegra, já que Graham acabou preso por porte de maconha, o que desagradou bastante os promotores do grupo.
O retorno do Sly and the Family Stone aos Estados Unidos foi um novo caminho, como veremos em breve aqui no Baú do Mairon, aonde abordaremos o período áureo do grupo, indo de 1969 até a separação da primeira geração da Família, em 1973.
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