Depois de três anos de apresentações semanais, e depois quinzenais, de mais de uma centena de Maravilhas Prog, esta sessão não poderia deixar de existir sem prestar uma devida homenagem para um dos principais grupos de rock progressivo da Itália, Premiata Forneria Marconi. Afinal, se hoje idolatramos nomes como Le Orme e Banco del Mutuo Soccorso, muito se deve a ampla divulgação que os italianos conseguiram realizar mundo a fora.
Com uma carreira invejável, iniciada no ano de 1971 e contando com mais de três dezenas de álbuns lançados, o grupo teve diversas formações, que colocaram o rock progressivo do mediterrâneo em voga no mudo inteiro.
O Premiata Forneria Marconi, doravante PFM, começou em Milão como uma evolução do grupo Quelli, que fez relativo sucesso nos anos 60, com diversos compactos e um único álbum, lançado em 1969.
A primeira formação do PFM era um quinteto formado por Franco Mussida (guitarra, violões, voz), Mauro Pagani (flauta, violino, voz), Giorgio Piazza (baixo), Flavio Premoli (órgã0, piano, acordeão, mellotron, moog, voz) e Franz Di Cioccio (bateria, percussão, voz). Essa formação iniciou em estúdio com Storia di Un Minuto (1972), uma das melhores estreias do rock progressivo realizado fora da Grã-Bretanha, destacando a hoje clássica "È Festa".
Durante sua fase inicial, o grupo teve como auge seus shows, abrindo para Yes, Procol Harum e Deep Purple quando os gigantes britânicos mostraram forças pela Itália.
Essa mesma formação consolidou-se no final de 1972 com Per Un Amico, considerado por muitos fãs como a principal obra dos italianos, apresentando Pérolas Maravilhosas encrustadas sob os nomes de "Appena Un Po'" e "Il Banchetto". A turnê de Per Un Amico foi feita abrindo para Emerson, Lake & Palmer, ainda na Itália, sendo que Greg Lake ficou tão fascinado com o som do PFM que arranjou um contrato com a gravadora do grupo, a Manticore Records.
Mauro Pagani |
Franz Di Cioccio |
Logo na abertura do LP, a faixa-título já mostra o que esse álbum tem de diferente perante seus antecessores. A mini-suíte "L'isola di niente", com seus quase onze minutos de duração, surge assustadoramente com um imponente coral de vozes femininas e masculinas, em vocalizações tensas que combinam-se de forma harmônica, passando uma sensação de apreensão ao ouvinte, seja pela delicadeza das vozes femininas ou pela brusca variação com os graves masculinos.
Formação de L'isola de Niente: Patrick Djivas, Mauro Pagani, Franco Mussida, Franz Di Cioccio e Flavio Premoli |
Repentinamente, as vocalizações encerram-se trazendo peso da guitarra de Mussida em um riff incomum dentro do rock progressivo. Marcações nos pratos e no baixo surgem vagarosamente, trazendo os vocais de Premoli, cantando duas estrofes. Uma série de marcações faz a ponte para Premoli cantar mais duas estrofes, com destaque para as escalas de Mussida, levando então para uma complicada sessão de marcações entre órgão, guitarra, baixo e bateria.
Flavio Premoli |
Franco Mussida |
As vocalizações do coral re-aparecem, trazendo o riff pesado do início da canção, com Premoli repetindo as estrofes inicias, seguida pela ponte de marcações entre guitarra, baixo e bateria, voltando para mais duas estrofes vocais nas quais destacam-se as escalas de Mussida.
Patrick Djivas |
O lado A continua com "Is My Face on Straight", única canção do álbum cantada em inglês, repleta de variações e marcações interessantes, destacando Premoli ao piano e o breve solo de flauta de Pagani, além do encerramento surpreendente com o acordeão.
O lado B abre com clássica "La Luna Nuova", canção praticamente instrumental que é uma das grandes performances de Premoli, seja no moog, no acordeão ou nos sintetizadores, mesclada com uma singela participação de Pagani na flauta, passando pela suave "Dolcissima Maria", linda balada levada por violão e flauta, acompanhando uma sensacional variação entre guitarra acústica, moog e violino, bem como a sussurrante voz de Premoli, arrancando lágrimas durante sua segunda metade, com o tema de flauta e guitarra sendo repetido entre as variações de acordes do mellotron, e encerra-se com "Via Lumiere", outra canção que facilmente pode ser considerada uma Maravilha, devido
L'isola de Niente também recebeu sua versão em inglês, tornando-se The World Became the World, com nossa Maravilha recebendo o nome de "The Mountain". Chama a atenção a bonita capa deste álbum, com uma abertura na sua parte frontal na qual inicialmente, vimos uma ilha, mas ao retirar o encarte onde está o disco, e consequentemente a ilha, a abertura mostra um mundo bastante devastado.
O álbum alavancou o nome do grupo nos Estados Unidos, onde excursionaram durante boa parte de 1974 e registram o álbum Live in USA (que também ganhou uma versão inglesa chamada Cook), lançado ainda em 1974.
No ano seguinte, o Premiata tornou-se um sexteto, com a entrada do vocalista Bernardo Lanzetti. Sua estreia foi com Chocolate Kings, para muitos o último grande disco da banda. Depois, Pagani acabou saindo, e o grupo voltou a ser um quinteto lançando uma sucessão de álbuns muito irregulares, com formações muito distintas, mas o grupo jamais deixou de existir, concentrado nos pilares Mussida, Djivas e DiCioccio. Nos dias de hoje, segue excursionando - inclusive tendo passado pelo Brasil no ínicio desse ano - mostrando as Maravilhas do tempero italiano geradas na década de 70.
Obrigado por terem apreciado essas 110 Maravilhas do Mundo Prog. Tenho certeza e consciência que muito material Maravilhoso ainda ficou por ser pautado por essas linhas, mas os compromissos profissionais infelizmente me impedem de seguir com a sessão atualmente.
Um forte abraço à todos, Feliz Natal, um excelente 2015 e deixo aqui minha satisfação por ter passado um pouco das infinitas Maravilhas que o Mundo Prog nos propicia.
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