Depois do hiper-sucesso de Toys in the Attic, o Aerosmith começa a ganhar a segunda metade da década de 70 como uma das maiores bandas de todos os tempos, e para isso, seu quarto disco, lançado em 1976, é o principal álbum da fase inicial do Aerosmith.
Rocks, álbum de cabeceira de muitos gigantes do rock dos anos 80 |
De Rocks saíram três singles de extremo sucesso, que colocaram os americanos no Top 3 da Billboard: "Back in the Saddle", pesada faixa cujo refrão é para jogar o ouvinte na parede, tamanha sua violência, e cujo final é um momento de pura ode à Jimmy Page por parte de Perry, responsável também pelo baixo de seis cordas dessa faixa, a baladaça "Home Tonight", mais uma vez atestando que o Aerosmith sempre soube fazer baladas desde suas origens, com Tyler abrindo a garganta acompanhado pelo piano, e com um show de Perry na lap steel guitar, e "Last Child", cuja introdução engana muita gente, já que a leve balada vira um funk suave e cheio de groove com destaque para o grandioso solo de Whitford, mostrando que ele estava muito além de ser um mero guitarrista base.
Vale citar que essa canção traz a presença do banjo de Paul Prestopino, de forma bastante experimental. Aliás, as experimentações rolam solta, basta ver que em "Sick as a Dog" Hamilton assume a guitarra, enquanto Perry vai para o baixo, o que em nada prejudica a harmonia da banda, e pelo contrário, cria mais um clássico. Ainda temos mais faixas que nos remetem indiretamente ao Led, como "Combination", com os vocais dobrados de Tyler e Perry, "Nobody's Fault", cuja semelhança não fica apenas no nome", e que para Kramer é sua melhor performance musical - o que considero uma boa possibilidade - e "Lick and Promise", bela pancada para acordar aquele vizinho pagodeiro, com pinceladas punk mas com fortes influências zeppelianas na guitarra de Perry.
Tyler refrescando-se no RFK Stadium, em 30 de maio de 1976 |
Porém, não é uma cópia pura e simples, existe uma incrementação musical ao som do Led que diferencia bastante o aspecto geral dessas canções, tornando o Aerosmith inovador, seja nas passagens viajantes de guitarra, na levada sempre truculenta e pesada de Hamilton e Kramer, mas acredito que, principalmente, na performance vocal de Tyler, um vocalista bastante injustiçado nas listas de melhores, e que assim como Perry e Kramer, nessa época estava vivendo seu auge musical.
As faixas rockers também marcam presença, e esse espaço aqui é dedicado para a excelente "Rats in the Cellar", rockzão endiabrado para sacudir o esqueleto, na linha da pancada que foi "Train Kept a Rollin'" no disco anterior, inclusive com Tyler abrilhantando a presença da harmônica, e o boogie regado de malícia em "Get the Lead Out", também com a presença da harmônica. O disco que alcançou platina logo de seu lançamento (e hoje é platina quádrupla), é influência certa para muitas das bandas do hard rock e até mesmo do heavy metal nos anos 80.
Slash considera esse seu disco de cabeceira, Vince Neil já afirmou que esse é o disco que fez ele virar músico, e muitos outros nomes da década de 80 - Testament, Metallica, Anthrax, ... - babaram ovo para Rocks, então, não preciso falar mais nada. Apenas que foi aqui que o excesso de drogas e álcool começou a surtir efeito no grupo, com a imprensa apelidando Tyler e Perry "toxic twins", e que viria a ter efeito anos depois. Mas antes, outro grande disco chegaria ao mundo.
O melhor disco, para mim, dos americanos |
Draw the Line, lançado em 1977, é o meu preferido de todos os discos do Aerosmith, é assim que defino esse álbum. Poucos discos do final da década de 70 se dão ao luxo de não ter nada para corrigir, e esse com certeza é um deles. Começando pela faixa-título, um dos riffs mais sujos que Perry e Whitford criaram, já sabemos que o quinteto veio para arrasr o quarteirão, seja pelo abuso dos slides por Perry, ou simplesmente, por que o baixo de Hamilton está socando a cara do ouvinte sem piedade.
Depois, somos conduzidos por uma mutação stoniana incansavelmente deliciosa chamada "I Wanna Know Why", com o piano de Scott Cushnie sendo o centro das atenções, ao lado do saxofone de Stan Bronstein, piano presente também na homogeneidade sonora do viajante boogie "Critical Mass", onde junto com baixo, harmônica, vozes e muitas guitarras causa uma sensação de hipnose que fará seu corpo balance por vários minutos, ainda mais por que na sequência, o Aerosmith traz mais um daqueles hards-funks que abre o sorriso na boca do pessoal da Motown, com o nome de "Get It Up", em mais uma assombrosa coleção de notas musicais em uma mesma canção, contando com a participação dos vocais de Karen Lawrence.
Por fim, encerrando esse incrível lado A, "Bright Light Fright" é uma faixa punk com o saxofone rasgado de Bronstein e que é a primeira canção a contar com os vocais exclusivos de Perry. Mas calma, estamos apenas no lado A. "Kings and Queens" resgata o banjo de Paul Prestopino e o piano de Tyler, bem como apresenta o produtor Jack Douglas ao mandolin, em uma balada amarga e pesada que está longe das açucaradas canções dos anos 90, e com um riffzão poderoso, bem como uma virada em sua segunda metade, a qual leva para o solo de Perry através de um baixo altíssimo, que arrepia até os cabelos do suvaco, ainda mais com os longos acordes de sintetizadores. Que baita música.
O grupo estava tão solto que é impossível descrever o que eles criaram em "The Hand That Feeds", uma espécie de disco music com guitarras distorcidas, que nunca ouvi nada similar, e com belos solos de guitarra. Voltamos aos hard-funks em "Sight for Sore Eyes" - mais uma canção que nos remete aos Stones, e Draw the Line encerra com o cover para "Milk Cow Blues" (de Kokomo Arnold), boogiezão agitado que fecha com chave de ouro o álbum mais cru, mais punk, mais heavy, mais bom de ouvir que o grupo fez, em toda sua integridade, e que foi bastante criticado pela imprensa quando de seu lançamento, por não ser tão genial quanto Rocks. Que se ralem, o disco é duca, e mesmo tendo apenas conquistado platina dupla nos EUA, deve ser ouvido sem medo.
Depois, somos conduzidos por uma mutação stoniana incansavelmente deliciosa chamada "I Wanna Know Why", com o piano de Scott Cushnie sendo o centro das atenções, ao lado do saxofone de Stan Bronstein, piano presente também na homogeneidade sonora do viajante boogie "Critical Mass", onde junto com baixo, harmônica, vozes e muitas guitarras causa uma sensação de hipnose que fará seu corpo balance por vários minutos, ainda mais por que na sequência, o Aerosmith traz mais um daqueles hards-funks que abre o sorriso na boca do pessoal da Motown, com o nome de "Get It Up", em mais uma assombrosa coleção de notas musicais em uma mesma canção, contando com a participação dos vocais de Karen Lawrence.
Curioso compacto de "Draw the Line", no qual a capa apresenta uma foto invertida dos músicos |
O grupo estava tão solto que é impossível descrever o que eles criaram em "The Hand That Feeds", uma espécie de disco music com guitarras distorcidas, que nunca ouvi nada similar, e com belos solos de guitarra. Voltamos aos hard-funks em "Sight for Sore Eyes" - mais uma canção que nos remete aos Stones, e Draw the Line encerra com o cover para "Milk Cow Blues" (de Kokomo Arnold), boogiezão agitado que fecha com chave de ouro o álbum mais cru, mais punk, mais heavy, mais bom de ouvir que o grupo fez, em toda sua integridade, e que foi bastante criticado pela imprensa quando de seu lançamento, por não ser tão genial quanto Rocks. Que se ralem, o disco é duca, e mesmo tendo apenas conquistado platina dupla nos EUA, deve ser ouvido sem medo.
O famoso Live! Bootleg (acima); Aerosmith no filme de Sgt. Pepper's (centro) e o álbum trilha sonora do filme (abaixo) |
Da longa turnê de promoção do álbum pelos Estados Unidos nasce Live! Bootleg, o primeiro ao vivo da banda lançado em 1978. No mesmo ano, o grupo participou do filme Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, bem como da trilha do mesmo, registrando uma versão impecável de "Come Together" que ficou tão famosa quanto a original do The Beatles.
Considerado o mais fraco disco do Aerosmith nos anos 70 |
Em meio há muita turbulência, chega às lojas o sexto álbum da banda, Night in the Ruts, lançado em 1979. Nesse período, Tyler tomava drogas desde o café da manhã até a ceia, e estava com grandes dificuldades de compôr. Além disso, as baixas vendas de Draw the Line fizeram com que a gravadora da banda os obrigasse a sair em turnê mais uma vez, com o objetivo que conseguir ressarcir os gastos da gravação.
Essa turnê gerou ainda mais brigas internas, com os músicos praticamente separando-se de suas esposas. Perry foi o que mais sofreu com isso, e consequentemente, o resultado final foi um atraso de dois anos no lançamento de Night in the Ruts. Esse longo período acabou afetando o processo de conclusão das canções, com o grupo tendo que apegar-se a três covers para fechar um track list bastante curto, que originalmente, sem as covers, ficaria com apenas vinte minutos.
O grande sucesso do disco foi a baladaça "Mia", com a participação de Richard Supa nas guitarras, substituindo Perry (conforme explico a seguir) e trazendo Tyler ao piano para dar um tapa na cara daqueles que insistem em dizer que a banda só fez baladas pós-Pump. Aliás, dentre as covers, há mais uma balada, "Remember (Walking in the Sand)", de George Mothon, um grande sucesso das The Shangri-las e que aqui ganhou um singelo mas belo solo de Perry, além de uma exímia interpretação vocal de Tyler e da participação de uma das Shangri-las nos backing vocals, no caso Mary Weiss.
Os outros covers são o sensacional blues de Jazz Gillum, em parceria com Joe Bennett e Lester Melrose, "Reefer Head Woman", com um maravilhoso solo de harmônica por Tyler, e a versão para "Think About It", na mesma linha do último registro oficial dos The Yardbirds, até com Perry encarnando Page e aumentado ainda mais sua paixão pelo Led. Aliás, falando em Led, Three Mile Smile", poderia tranquilamente estar presente em Presence (Led Zeppelin), enquanto o slide guitar de "Cheese Cake" sempre me remete à "In My Time of Dying", mas com um refrão grudento para diferenciar dos deuses britânicos.
Há os rocks sujos que consagraram os americanos, como a ótima "No Surprize" (com Z mesmo), tendo também a participação de Supa no lugar de Perry, o ritmo dançante mas pesado da quase disco "Chiquita", com muita distorção nas guitarras e uma importante participação do naipe de metais de George Young (saxofone alto), Lou Delgotto (saxofone barítono), Lou Marini (saxofone tenor) e Barry Rogers (trombone), bem como as explícitas referências disco em "Bone to Bone (Coney Island White Fish Boy)" (certamente o The Clash deve ter ouvido essa faixa para fazer algumas de suas canções fase Combat Rock e Sandinista!.
O nome do disco é um trocadilho com Right in the Nuts (direto nas bolas), e em termos de vendas, conquistou platina apenas em 1994, tendo como ponto máximo de colocação a 14a posição na Billboard.
Essa turnê gerou ainda mais brigas internas, com os músicos praticamente separando-se de suas esposas. Perry foi o que mais sofreu com isso, e consequentemente, o resultado final foi um atraso de dois anos no lançamento de Night in the Ruts. Esse longo período acabou afetando o processo de conclusão das canções, com o grupo tendo que apegar-se a três covers para fechar um track list bastante curto, que originalmente, sem as covers, ficaria com apenas vinte minutos.
Encarte do último álbum de Perry com o grupo |
O grande sucesso do disco foi a baladaça "Mia", com a participação de Richard Supa nas guitarras, substituindo Perry (conforme explico a seguir) e trazendo Tyler ao piano para dar um tapa na cara daqueles que insistem em dizer que a banda só fez baladas pós-Pump. Aliás, dentre as covers, há mais uma balada, "Remember (Walking in the Sand)", de George Mothon, um grande sucesso das The Shangri-las e que aqui ganhou um singelo mas belo solo de Perry, além de uma exímia interpretação vocal de Tyler e da participação de uma das Shangri-las nos backing vocals, no caso Mary Weiss.
Os outros covers são o sensacional blues de Jazz Gillum, em parceria com Joe Bennett e Lester Melrose, "Reefer Head Woman", com um maravilhoso solo de harmônica por Tyler, e a versão para "Think About It", na mesma linha do último registro oficial dos The Yardbirds, até com Perry encarnando Page e aumentado ainda mais sua paixão pelo Led. Aliás, falando em Led, Three Mile Smile", poderia tranquilamente estar presente em Presence (Led Zeppelin), enquanto o slide guitar de "Cheese Cake" sempre me remete à "In My Time of Dying", mas com um refrão grudento para diferenciar dos deuses britânicos.
Há os rocks sujos que consagraram os americanos, como a ótima "No Surprize" (com Z mesmo), tendo também a participação de Supa no lugar de Perry, o ritmo dançante mas pesado da quase disco "Chiquita", com muita distorção nas guitarras e uma importante participação do naipe de metais de George Young (saxofone alto), Lou Delgotto (saxofone barítono), Lou Marini (saxofone tenor) e Barry Rogers (trombone), bem como as explícitas referências disco em "Bone to Bone (Coney Island White Fish Boy)" (certamente o The Clash deve ter ouvido essa faixa para fazer algumas de suas canções fase Combat Rock e Sandinista!.
Aerosmith com segunda formação: Kramer, Hamilton, Tyler, Jimmy Crespo e Whitford |
Perry acabou deixando a banda no meio das gravações de Night in the Ruts, e por isso Supa ocupou seu lugar, mas não por muito tempo, já que para a turnê de divulgação do álbum, Jimmy Crespo foi o escolhido. Foi um tiro na perna para os fãs da geração antiga, já que Crespo possuía um visual bastante "colorido" e diferente, exibindo bastante seu corpo jovem e cheio de pêlos, o que atraiu a mulherada, mas mandou embora muito dos fãs antigos. Durante essa turnê, em 1980, Tyler teve um colapso em pleno palco, no que ficou conhecido como o Incidente de Portland.
O Aerosmith estava no fundo do poço, e a solução encontrada pela gravadora Columbia, detentora dos direitos do grupo, foi lançar a coletânea Greatest Hits, que vendeu mais de 11 milhões de cópias somente nos Estados Unidos. Quando parecia que o gupo voltaria ao normal, Tyler sofreu um grave acidente de moto no outono de 1980, ficando hospitalizado durante dois meses.
Decepcionado, Whitford abandonou a barca grupo, surpreendendo o mundo ao formar o Whitford / St. Holmes ao lado de Derek St. Holmes, pouco depois das gravações iniciais do novo álbum começar. Para seu lugar, o francês Rick Dufay foi o homem escolhido, devido principalmente pelo bom trabalho no seu álbum solo, Tender Loving Abuse (1980), e também pelo visual ser muito similar ao de Crespo. Era uma nova era que começava para o grupo.
Steven Tyler, desmaiado em Portland |
O Aerosmith estava no fundo do poço, e a solução encontrada pela gravadora Columbia, detentora dos direitos do grupo, foi lançar a coletânea Greatest Hits, que vendeu mais de 11 milhões de cópias somente nos Estados Unidos. Quando parecia que o gupo voltaria ao normal, Tyler sofreu um grave acidente de moto no outono de 1980, ficando hospitalizado durante dois meses.
Decepcionado, Whitford abandonou a barca grupo, surpreendendo o mundo ao formar o Whitford / St. Holmes ao lado de Derek St. Holmes, pouco depois das gravações iniciais do novo álbum começar. Para seu lugar, o francês Rick Dufay foi o homem escolhido, devido principalmente pelo bom trabalho no seu álbum solo, Tender Loving Abuse (1980), e também pelo visual ser muito similar ao de Crespo. Era uma nova era que começava para o grupo.
Depois de muita água passar por debaixo da ponte nesse período, e com a entrada oficial de Jimmy Crespo e Rick Dufay, o grupo entrava em um período reciclado, que culminou em um disco bastante contestado e depreciado pelos fãs. Porém, como muitos outros, aos poucos o pessoal vem entendendo as qualidades de Rock in a Hard Place, um disco sensacional, lançado em 1982 com muita força, que mostra que mesmo a base de drogas pesadíssimas, ainda eram capazes de criar obras atemporais como a violenta "Jailbait", a swingada e pegada "Bolivian Ragamuffin", uma das melhores faixas do Aerosmith nos últimos 35 anos, com um show de Crespo no slide.
A presença dos teclados na bizarra vinheta "Prelude to Joanie", e principalmente em "Lighting Strike's" dá um ar oitentista ao som da banda, sendo que na última temos a única participação de Whitford. O prelúdio de Joanie leva para "Joanie's Butterfly", faixa trabalhada em um clima oriental e trazendo como convidados John Lievano nas guitarras e nos violões e o violino de Reinhard Straub.
Como sempre, umas referências ao Led tem que rolar, e elas aparecem em "Jig Is Up", assim como uma baladinha, e novamente o grupo se apega para um cover, fazendo uma emocionante interpretação bluesy para "Cry Me a River" (Arthur Hamilton), onde a interpretação de Tyler é de tirar o chapéu e comê-lo sem sal, já que suas lágrimas irão temperar o chapéu com esse gosto, blues esse que embriaga a casa na chapante "Push Comes to Shove", outra faixa seminal de um disco impecável.
Ainda temos a pegada Aerosmith de sempre em "Bitch's Brew", apresentando um enganador dedilhado de violão, e da sensacional faixa-título, com a presença do saxofone de John Turi. Vale destacar que Dufay não participou de nenhuma faixa do disco, apesar de ter sido creditado no mesmo, pois quando ele foi oficializado como o quinto membro, o disco já havia sido concluído. Considerado o maior fracasso comercial da banda (o único disco que conquistou apenas ouro em termos de vendas), Rock in a Hard Place está aí para ser ouvido por novas mentes dispostas a superar o preconceito e deparar-se com uma incrível obra, a qual considero um Top 3 na discografia da banda. Sua turnê não foi das melhores, com Tyler novamente passando problemas durante uma apresentação em Worcester.
A Columbia despediu o grupo, e o fim era a saída mais óbvia. Mas, como uma Fênix, em 14 de fevereiro de 1984, Perry e Whitford voltaram ao grupo, o que veremos em quinze dias como o grupo volta ao cenário mundial com toda a força, conquistando uma nova geração de fãs e se tornando uma das bandas mais vendidas de todos os tempos, gerando mais uma penca de álbuns essenciais.
A presença dos teclados na bizarra vinheta "Prelude to Joanie", e principalmente em "Lighting Strike's" dá um ar oitentista ao som da banda, sendo que na última temos a única participação de Whitford. O prelúdio de Joanie leva para "Joanie's Butterfly", faixa trabalhada em um clima oriental e trazendo como convidados John Lievano nas guitarras e nos violões e o violino de Reinhard Straub.
Formação em 1982: Hamilton, Kramer, Tyler, Dufay e Crespo |
Como sempre, umas referências ao Led tem que rolar, e elas aparecem em "Jig Is Up", assim como uma baladinha, e novamente o grupo se apega para um cover, fazendo uma emocionante interpretação bluesy para "Cry Me a River" (Arthur Hamilton), onde a interpretação de Tyler é de tirar o chapéu e comê-lo sem sal, já que suas lágrimas irão temperar o chapéu com esse gosto, blues esse que embriaga a casa na chapante "Push Comes to Shove", outra faixa seminal de um disco impecável.
Ainda temos a pegada Aerosmith de sempre em "Bitch's Brew", apresentando um enganador dedilhado de violão, e da sensacional faixa-título, com a presença do saxofone de John Turi. Vale destacar que Dufay não participou de nenhuma faixa do disco, apesar de ter sido creditado no mesmo, pois quando ele foi oficializado como o quinto membro, o disco já havia sido concluído. Considerado o maior fracasso comercial da banda (o único disco que conquistou apenas ouro em termos de vendas), Rock in a Hard Place está aí para ser ouvido por novas mentes dispostas a superar o preconceito e deparar-se com uma incrível obra, a qual considero um Top 3 na discografia da banda. Sua turnê não foi das melhores, com Tyler novamente passando problemas durante uma apresentação em Worcester.
A Columbia despediu o grupo, e o fim era a saída mais óbvia. Mas, como uma Fênix, em 14 de fevereiro de 1984, Perry e Whitford voltaram ao grupo, o que veremos em quinze dias como o grupo volta ao cenário mundial com toda a força, conquistando uma nova geração de fãs e se tornando uma das bandas mais vendidas de todos os tempos, gerando mais uma penca de álbuns essenciais.
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