domingo, 1 de novembro de 2009

Deep Purple - Mark I




A santíssima trindade do rock nos anos setenta está fincada em três bandas britânicas. Se nos anos 60 tínhamos Beatles, Stones e Yardbirds; Animals, The Who e Cream; ou ainda os três J´s (Jimi Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrison), os 70 ficaram marcados por Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple.

O primeiro durou exatos 12 anos, com uma formação clássica e que acabou exatamente quando um deles veio a falecer. O segundo teve duas grandes fases, uma longa, durando aproximadamente dez anos com a mesma formação, e outra com o segundo vocalista, já no fim dos 70 início dos 80, e que durante os anos seguintes se viu em diversas alterações no line-up, sendo sempre comandados pelo mestre na nobre arte de forjar riffs, Tony Iommi.


Por fim, o Deep Purple veio a se consolidar com a sua segunda formação, com o vocalista Ian Gillan e o baixista Roger Glover, e mais Jon Lord (teclados), Ritchie Blackmore (guitarras) e Ian Paice (bateria), a famosa Mark II. Mas, ao contrário das outras duas, essa formação durou apenas cinco anos em sua primeira etapa (e mais oito nos anos 80/90), o que faz a carreira do Purple ainda mais estranha, pois antes e depois houveram outras formações que tiveram fundamental importância na história da banda.


Hoje e nas próximas duas edições do Baú do Mairon irei narrar um pouco sobre a história e os álbuns lançados pelos line-ups do Deep Purple sem o vocalista Ian Gillan, até porque tudo o que tinha para ser escrito sobre a relação Gillan/Blackmore já foi discutido em diversas revistas especializadas, bem como a nova fase com Steve Morse nas guitarras.



Começamos então com o ano de 1967. Ali, um baterista maluco chamado Chris Curtis teve uma estranha ideia: montar uma banda centrada em torno da bateria, onde os integrantes deveriam tocar ao redor da mesma tal qual um carrossel. O primeiro músico a surgir foi Jon Lord, amigo de Curtis desde os tempos do grupo The Flowerpot Men.

O andamento do projeto seguiu com Curtis, Lord e um conhecido da dupla chamado Ritchie Blackmore, que tocava com o The Savages, banda de apoio de Lord Sutch e que teve uma rápida incursão pelo seu próprio grupo, o Mandrake Root. Sob o nome de Roundabout surgia o embrião do Deep Purple, e que nos ensaios iniciais contava com músicas dos Beatles e também composições de Blackmore. Mas os excessos com drogas por partes de Curtis, que inclusive não aceitava um baixista na banda, fez com que Blackmore abandonasse o projeto, seguido por Lord.

Os empresários do Roundabout, Tony Edwards e John Coletta, acreditavam no potencial de Lord e Blackmore e resolveram correr atrás de um vocalista, um baterista e um baixista para o grupo. Em 1968, após contactarem Lord e Blackmore, apresentaram os nomes de Nick Simper (baixo), Dave Curtis (vocal) e Bobby Woodman-Clarke (bateria). Os primeiros ensaios ocorrem na fazenda de St Albans, onde Dave foi prontamente demitido.

Um anúncio atrás de um vocalista foi colocado no Melody Maker, enquanto Simper tentava convencer seu amigo, Ian Gillan, a fazer parte do Roundabout. Porém, Gillan estava envolvido com o Episode Six e recusou o convite.

Os ensaios do Roundabout seguiram, assim como as audições com vocalistas. Ao mesmo tempo, percebia-se que Woodman-Clarke não conseguia evoluir na bateria. Um dos candidatos ao posto de vocalista, Mick Angus, acabou indicando o baterista do The Maze, Ian Paice. Ritchie Blackmore conhecia a The Maze e era fissurado no vocalista da banda, Rod Evans. E não é que Evans surge para testes no Roundabout através do anúncio na Melody Maker? Assim, uma semana depois de Evans entrar na banda, Paice estava sentado atrás do bumbo, e o Roundabout estava finalmente formado.

Como o contrato assinado com Edwards e Coletta indicava uma mudança no nome da banda sem a participaçao de Curtis, graças a Peter DeRose e o fanatismo da avó de Blackmore por uma das canções do pianista, o nome Deep Purple passou a ser adotado.

Com novo nome passam a ensaiar e compor, além de agendar algumas horas no Trident Studios, onde gravam uma demo contendo a canção "Hush", de Billy Joe Royal, e "One More Rainy Day". Essa demo chegou em diversas gravadoras, atraindo a atenção da Tetragammaton nos Estados Unidos e da EMI na Europa.

Em 20 de abril de 1968 acontece a estreia do Deep Purple nos palcos, na cidade de Tastrup (Dinamarca), seguido de mais 10 shows pelo país, contando basicamente com covers. Já em maio, em apenas 18 horas, gravam o primeiro LP, um dos melhores álbuns de estreia de todos os tempos.



As diversas capas de Shades of Deep Purple


Shades of Deep Purple foi lançado em julho de 1968 nos Estados Unidos e em setembro do mesmo ano na Europa, e abre com o teclado de Lord introduzindo "And the Address", uma pedrada instrumental, onde Blackmore e Simper dividem o riff principal. Com uma grande levada de Paice e os acompanhamentos de Lord, Blackmore brinca na guitarra, solando ferozmente e mostrando por que viria a se tornar um dos mais influentes guitarristas de todos os tempos, seguido por um magnífico solo de Lord no seu órgão.


A seguir a clássica "Hush", com os uivos de lobos trazendo o órgão de Lord, que comanda uma canção suingada e balançante. Os famosos "na-na-na-na" aparecem com Evans, e o groove da canção continua excelente. O refrão é fantástico (sempre imagino como seria ouvir essa faixa com a big band de Duke Ellington) e o solo de Lord é simplesmente matador. Destaque também para Simper e Paice, que mantém o pique durante toda essa canção, que se tornou o primeiro sucesso do Deep Purple.

"One More Rainy Day" mantém os trovões em sua introdução, com o órgão de Lord surgindo entre a bateria e o baixo. Uma canção bem sessentista, na linha dos Kinks, com destaque para a linha vocal do refrão.

O lado A encerra com dois temas em uma mesma canção, abrindo com a instrumental "Prelude: Happiness", que foi composta pelos cinco membros do Purple e que traz citações ao primeiro e segundo movimentos de "Scheherazade", de Rimsky-Korsakov. O início, com os teclados viajando e a entrada da banda, é primoroso, levando ao tema do órgão acompanhado somente pela marcação do baixo, guitarra e bateria. Lord sola um tema quase de cinema, para então Blackmore começar a duelar com o mesmo. A sequência de riffs é magistral, cheia de viradas e, principalmente, com muita precisão na execução de cada nota.

O baixo leva para a segunda parte, que é nada menos que "I'm So Glad", de Skip James, que ficou famosa com o vocais de Jack Bruce, no Cream. Aqui o Deep Purple deu uma nova cara à canção, principalmente com o vocal de Evans e o uso do órgão, contando ainda com a diferença entre os guitarristas, já que Blackmore sola em um estilo muito psicodélico, cheio de efeitos de sobreposições de guitarra, diferentemente de Eric Clapton. O tema de "Prelude" é retomado, seguindo então com a letra de "I'm So Glad" e um show de vocalizações.

O lado B vêm com "Mandrake Root", a qual foi composta por Blackmore em sua banda pré-Roundabout, e teve toques de Evans e Lord. O riff pesado e a levada hendrixiana da faixa contrastam com o psicodelismo floydiano elaborado na sessão instrumental, onde Lord viaja no órgão, acompanhado por Paice e Simper. Eram as origens do que o Deep Purple iria aprontar no futuro nos solos ao vivo de "Space Truckin'" e "You Fool No One", tanto que a sequência de encerramento dos solos de Lord e Blackmore, aliás arrepiante, foi repetida praticamente em todas as "viagens" que a banda veio a fazer nas formações seguintes.

Um dos melhores covers para uma canção dos Beatles surge em "Help". A viajante introdução nos teclados e órgão nem de longe lembra uma canção do Fab Four. O arranjo é fantástico. Blackmore dedilha a guitarra, trazendo os vocais de Evans com uma melodia muito diferente da original, e que para mim ficou muito mais interessante, sem ter aquele clima alegre, mostrando realmente um sentido de necessidade e transformando esse clássico em uma bela balada, onde Lord e Blackmore se destacam nos solos.

"Love Help Me" caiu como uma sequência para "Help". A entrada é similar ao que o grupo havia mostrado em "One More Rainy Day" e "Mandrake Root", mas na verdade é um som dançante bem anos 60, com um acompanhamento vocal bem legal. Essa faixa iria aparecer posteriormente em uma versão instrumental na coletânea Anthology, de 1985.

O álbum encerra com mais uma cover, agora "Hey Joe" de Billy Roberts, imortalizada por Jimi Hendrix. Sirenes e barulhos de trânsito trazem Lord executando o tema de Manuel de Falla na peça "The Three-Cornered Hat, The Miller's Dance (Suite No. 2, Part 2)", dividindo espaço com Blackmore e a levada marcial de Paice e Simper. O clima psicodélico do órgão de Lord é impressionante em se tratando de Deep Purple. Blackmore sola mais uma vez, com um crescendo do órgão levando aos vocais de Evans e à conhecida letra de mais um clássico, em uma levada arrastada e interessante. O tema inicial é repetido, agora com Blackmore solando na cadência da parte com os vocais, encerrando de forma magistral, com muito barulho e distorção.

Vale ressaltar que a capa original de Shades of Deep Purple trazia uma foto com os cinco integrantes do Deep Purple, ainda em um visual bem comportado, com os cabelos-peruca de Simper e Blackmore chamando, e muito, a atenção. No Brasil a capa mais conhecida é a da Fender azul saindo do mar sobre o sol vermelho e as montanhas de gelo.

O sucesso de "Hush" nos EUA foi enorme, alcançando o quarto lugar do top#10 da Billboard, com o LP alcançando a 24a. posição em vendas. Porém, na Inglaterra nem o single e nem o álbum agradaram aos fãs e aos críticos especializados, que malharam bastante a estreia do grupo. Mesmo assim, passam a tocar em diversos locais do país, ao mesmo tempo que começam a cômpor para um segundo material.

O segundo disco, psicodélico já na capa


Em agosto de 1968 gravam The Book Of Taliesyn, o qual foi lançado no início de outubro nos EUA, ao mesmo tempo que começava a primeira excursão americana da banda, abrindo para o Cream. As peripécias do quinteto no palco fizeram com que os próprios managers do Cream organizassem para que o Purple virasse a atração principal, permitindo que o grupo seguisse como headliner até 31 de dezembro, com duas datas no Canadá.

O sucesso do Deep Purple na América levou-os a participar de diversos programas de rádio e TV pelo país, sendo o mais famoso deles o registrado em outubro de 1968 no Playboy After Dark, de Hugh Hefner, onde o grupo, com um visual todo colorido e com Ritchie Blackmore empunhando sua Gibson 335 vermelha (com a qual tocaria até o lançamento de In Rock, em 1971), enlouquece uma plateia formada basicamente por lindas playmates com "And the Address" e uma versão quente e empolgante para "Hush".

Voltando ao disco, o nome se deu em homenagem ao poeta Taliesin, e a obra da capa foi concebida por John Vernon Lord. O disco abre com os riffs de "Listen, Learn, Read On", onde Rod Evans apenas fala a letra, colocando melodia apenas no refrão, com o nome da canção e do álbum sendo citados. Essa faixa conta ainda com um pequeno solo de Nick Simper.

O blues instrumental de "Wring that Neck", chamada nos EUA de "Hard Road", manda ver em um riff de teclado e guitarra inspiradíssimo, seguido por uma sequência de solos de Lord e Blackmore. Nos solos individuais de ambos temas clássicos são relembrados, com o Purple mostrando suas novas virtudes. Essa é uma das poucas canções que permaneceu nos shows da fase Mark II, onde longas improvisações faziam a mesma alcançar quase 30 minutos, como pode ser conferido em diversos bootlegs e até mesmo no LP Deep Purple In Concert, lançado em 1980.

A cover de "Kentucky Woman", de Neil Diamond, vem a seguir, com um embalo bem anos sessenta, onde os vocais do refrão e o solo de Lord são o maior destaque, fugindo do clima southern criado pelo violão de Neil, mas mantendo a linha vocal.

O lado A encerra com mais dois temas em uma mesma canção, assim como em Shades of Deep Purple. O primeiro trata-se de "Exposition", uma releitura do grupo para a "Sétima Sinfonia" de Beethoven, especificamente o segundo movimento, e também com o "Overture" de "Romeo & Julieta", de Tchaikovsky. Jon Lord delira no órgão, com um climão psicodélico muito interesssante, levando então para o cover de "We Can Work It Out", dos Beatles, com Blackmore colocando todo seu tempero em perfeitas intervenções. Novamente a linha vocal está modificada em relação a original, e o resultado final é muito bom, principalmente com o dinâmico solo de Lord.

O lado B abre com a flower power "Shield", que lembra muito Iron Butterfly. Lord comanda o piano enquanto Evans arrasta sua voz sobre um arranjo nervoso da cozinha de Simper e Paice, com Blackmore fazendo apenas pequenas intervenções para depois solar em uma das músicas mais estranhas do Deep Purple.

"Anthem" mostra as vocações clássicas de Lord, começando com um pequeno tema acompanhado pelo violão de Blackmore e o belo vocal de Evans. Simper faz marcações, trazendo a bateria de Paice e toda a influência dos grupos de San Francisco, com muitas vocalizações. O lindo arranjo para o quarteto de cordas que duela com o órgão na segunda parte da canção foi construído por Lord, inclusive adicionando um tema para Blackmore solar junto à orquesta, revelando a ideia de voar mais alto na união orquestra/banda.

O álbum encerra com o viajante cover de "River Deep - Mountain High", de Jeff Barry, Ellie Greenwich e Phil Spector, e que ficou famosa na voz de Tina Turner. Ventos e percussão abrem espaço para o órgão de Lord resgatar a peça "Also Sprach Zarathustra", de Strauss, e aos poucos trazer o tema principal, acompanhado pela banda. Lord volta sozinho em um longo tema ao órgão, e trazendo a voz de Evans a lá Johnny Cash, caindo em um rockzão sessentista de balançar o esqueleto, com um refrão de primeira. Blackmore sola com o uso do pedal de oitavas, e também abusando dos bends, mantendo o pique da canção até o final, encerrando esse espetacular segundo e psicodélico disco.

O single "Emmaretta / The Bird Has Flow"

Em janeiro de 69 lançam o single "Emmaretta / The Bird Has Flow", voltando a excursionar pela Dinamarca e Inglaterra. Já em fevereiro é a vez de gravar o terceiro álbum, enquanto que a EMI recusava-se a lançar The Book of Taliesyn na Inglaterra, o que só foi ocorrer em julho de 1969.


Outros problemas começaram a ocorrer entre a EMI e o Purple, entre eles o fato de a banda receber um baixo cachê (300 dólares) para shows no seu país natal - enquanto na América girava em torno de 4 mil dólares por apresentação - e, principalmente, a falta de suporte e a constante pressão para o cancelamento do contrato caso a venda de Shades na Inglaterra não aumentasse.


Em março do mesmo ano encerra-se a gravação do terceiro disco, com a banda começando a segunda parte da turnê americana no dia primeiro de abril. Mas, ao chegar aos EUA, encontram a Tetragammaton na falência, impossibilitando o lançamento do novo álbum e causando diversos prejuízos para o grupo, com os managers tendo que tirar do próprio bolso contas de hotel e transporte, entre outras.

Deep Purple, o disco, o canto do cisne da Mark I



Deep Purple, o álbum, foi lançado somente em junho de 69 nos EUA, ainda pela Tetragammaton, com sua capa original apenas no formato simples, trazendo parte da ilustração de O Jardim das Delícias Terrenas, de Hieronymous Bosch, contando com pequenas modificações como a inclusão da foto dos membros da banda, e sem o mínimo de divulgação. A capa em formato duplo só iria sair no relançamento, já na década de 70. A pintura original é colorida, mas, devido a um erro de impressão, a capa do vinil ficou em preto e braco, o que agradou aos músicos do Purple e, assim, saiu desta forma.

O disco abre com as batidas de Paice introduzindo "Chasing Shadows", uma canção muito percussiva, com uma importante participação de Evans e, claro, de Blackmore e Lord em seus respectivos solos. "Blind" vem a seguir. Apesar de ter sido composta por Lord não mostra sinais de música clássica, sendo basicamente mais uma canção no auge da psicodelia, contando com um solo de órgão na linha dos Doors.

O Purple apresenta mais um cover com a linda releitura de "Lalena", de Donovan. O órgão de Lord traz o tema principal, seguido por Blackmore. Evans chora ao microfone, contando ainda com um belíssimo e triste solo de órgão.

"Fault Line", com Simper mandando ver em uma canção muito viajante, mantém a tradição de encerrar o lado A com dois temas em uma mesma faixa, onde Blackmore sola até o início de "The Painter", uma embalada faixa na linha bluesy, com Ritchie solando muito, assim como Lord e, claro, uma bela participação dos vocais de Evans. Grande faixa, que mostra mais uma vez as mudanças que estavam por ocorrer na sonoridade do Deep Purple, saindo do psicodelismo e virtuosismo para entrar em um ambiente mais rock'n'roll.

"Why Didn't Rosemary?" abre o lado B com o riffzão de Blackmore, em mais um bluesy embaladaço. A combinação dos vocais de Evans com a guitarra de Blackmore lembra os Yardbirds, menos na participação precisa de Lord, com um magnífico solo de órgão. Blackmore também sola, e assim, o Purple ganhava novos espaços e melodias.

A guitarra hendrixiana de Blackmore traz Paice e Simper, com os vocais dividindo a melodia junto ao teclado de Lord, em "The Bird Has Flown", que retorna à psicodelia, principalmente no solo de Lord.

O LP encerra com uma grande peça, a viajante "April". Elaborada por Blackmore e Lord, eram os últimos suspiros de uma fase marcada pelo virtuosismo e a experimentação, e que alguns fãs chamam de "fase progressiva" do Deep Purple. Com seus mais de 12 minutos, a canção abre com o órgão de Lord, seguido pelo piano acompanhando o violão de Blackmore em um lindo tema. O órgão repete o tema junto ao violão, e a música avança, contando ainda com a participação de um coral. Lord incrementa suas composições colocando uma orquestra, mudando totalmente a canção com um belíssimo tema clássico, uma prerrogativa para o álbum seguinte do Purple e a consolidação dos trabalhos de Lord compondo para banda e orquestra.

Finalmente o grupo entra em ação, trazendo os vocais de Evans sobre a cadência que o Deep Purple vinha fazendo em algumas faixas anteriores, priorizando, e muito, a cozinha de Paice e Simper e, claro, os solos de Lord e Blackmore. Uma das melhores canções do grupo, e que poucos conhecem, principalmente pelo fato desse álbum não ter saído no Brasil na edição em vinil.

Após o registro do LP fazem alguns shows pela Inglaterra, mas Evans começava a dar sinais de desgaste. Novamente o nome de Ian Gillan é lembrado, e, assim, Lord e Blackmore correm atrás do Episode Six pela Inglaterra, agendando um teste com Gillan na primeira semana de junho. Nesse teste, que contaria apenas com Paice, Lord e Blackmore, Roger Glover, o baixista do Episode Six, foi levado para cobrir o buraco de Simper, que também não sabia da mudança na formação. A química rolou de cara, mas ainda faltavam alguns compromissos para serem feitos com Evans e Simper.


No dia 7 de junho gravam o single "Hallellujah (I Am the Preacher) / April (Part 1)", e no dia 10 voltam à estrada, ainda com Evans e Simper, que continuavam sem saber dos ensaios com Gillan e Glover. Em 4 de julho a banda realiza a última apresentação com Evans e Simper, tocando em Cardiff. Dias depois, Edwards e Coletta anunciam para a dupla que ambos estavam fora do Purple, causando uma forte turbulência na banda, com Simper processando a empresa HEC, responsável pelos interesses do grupo, o que foi resolvido após várias audiências.

Concerto ..., álbum de transição na carreira da banda


Deep Purple, o álbum, foi lançado em novembro de 1969 na Inglaterra, depois de Gillan e Glover terem sido oficializados como novos músicos, realizando o primeiro show já em 10 de julho no Speakeasy, em Londres, e também depois da banda ter registrado seu primeiro álbum com a nova formação, Concerto For Group and Orchestra, em 24 de setembro daquele ano, encerrando de vez as viagens progressivas de Jon Lord e partindo para um novo e glorioso caminho.


Os cultuados álbuns de estreia do Captain Beyond e do Warhorse



Evans foi embora para os EUA, onde se casou e formou uma das maiores e melhores bandas de hard dos anos 70, o Captain Beyond, aparecendo depois com o nome de Deep Purple no início dos anos 80, como veremos na última parte, enquanto Simper formou outro grande grupo de hard, o Warhorse, deixando um legado de uma fase onde o Deep Purple flertou, e muito, com o psicodelismo, arrebanhando muitos fãs nos EUA e, principalmente, tendo "Hush" e "Wring that Neck" como maiores hits, fase essa chamada de Mark I.

Dali em diante, a Mark II entrava em erupção lançando álbuns fantásticos e fundamentais na prateleira de qualquer colecionador, a saber: In Rock (1970), Fireball (1971), Machine Head (1972), Made in Japan (1972) e Who Do You Think We Are? (1973). Mas o sonho durou pouco, como veremos na próxima edição.

2 comentários:

  1. Querido Mairon! TREMENDO BLOG - E essa resenha do Deep Purple foi FANTASTICA. Eu amo DP de alma e coração! Os fatos narrados foram muito bem pesquizados! PARABÉNS AMIGO! Te vejo no faceB Tullio Fuzzatti.

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  2. Valeu pelo comentário Tulio, e obrigado pelos elogios. Fica o convite, se quiser apresentar sua coleção e sua história, entre em contato pelo e-mail consultoriadorock@gmail.com. Abração!!

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