sábado, 7 de setembro de 2013

Melhores de Todos os Tempos: 1969

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King Crimson em 1969: Robert Fripp, Ian McDonald, Michael Giles e Greg Lake
Por Diogo Bizotto
Com Adriano KCarão, Bruno Marise, Fernando Bueno, Mairon Machado, Micael Machado e Ronaldo Rodrigues
Participação especial: Vitor Bemvindo, produtor do Mofodeu
Alguns discos ajudam a moldar a música popular de tal maneira que, mesmo sem receberem tão grande atenção do público médio, tornam-se clássicos quase indiscutíveis, admirados e incensados ao longo dos anos. Esse é o caso de nosso primeiro colocado na edição de 1969 da série “Melhores de Todos os Tempos”. In the Court of the Crimson King cristalizou, como talvez nenhum outro registro, aquilo que passamos a conhecer como rock progressivo, com sua musicalidade desafiadora e livre de amarras com algum estilo específico. Aviso os leitores que, a partir desta edição, introduzimos uma novidade na série, que é a participação de um colaborador externo à Consultoria do Rock. Desta vez, trata-se de Vitor Bemvindo, do Mofodeu. Lembro também, como sempre, que o critério para elaborar nossa listagem final, baseada nas listas individuais – que somaram 36 indicações diferentes -, segue a pontuação do Campeonato Mundial de Fórmula 1. Não deixe de registrar sua opinião a respeito de mais um emblemático ano na história da música popular!

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King Crimson – In the Court of the Crimson King (111 pontos)
Adriano: Merecidíssima primeira posição. Um marco inicial do rock progressivo clássico, contando pelo menos com dois clássicos eternos do estilo, “21st Century Schizoid Man” e “Epitaph”. A faixa de abertura, em particular, é um dos maiores feitos da carreira da banda. O disco é todo lindo. Até a polêmica “Moonchild” é uma música lindíssima, e seu trecho experimental não compromete em nada o trabalho. Esse não é o melhor álbum do King Crimson, mas certamente é um dos melhores, sendo quase unanimidade entre os fãs de progressivo. E, a partir desse ano, o progressivo é quem dará as cartas.
Bruno: Se levarmos em conta o quesito inovação e influência, In the Court of the Crimson King merece o posto de melhor disco de 1969. Mas sendo assim, é uma falha grave não termos MC5 e Stooges na lista, tão importantes e subversivos quanto o próprio King Crimson. Agora falando do disco, temos aqui uma obra impecável que já pavimenta os caminhos da fusão entre o jazz e o rock, que teria seu auge com Bitches Brew, de Miles Davis, e o primeiro da Mahavishnu Orchestra, ambos no ano seguinte.
Diogo: Chega a ser estranho o fato de eu não lembrar da primeira vez em que ouvi In the Court of the Crimson King, pois uma experiência como essa é algo para se guardar para sempre. Escutar um registro dessa magnitude tem tudo para modificar nossos padrões como ouvintes de música e inclusive nossa maneira de percebê-la. Aquilo que viríamos a conhecer como rock progressivo tempos depois já estava sendo feito na Inglaterra, mas o que a trupe de Robert Fripp apresentou neste álbum foi simplesmente paradigmático, criando um amálgama daquilo que de melhor a psicodelia já havia oferecido fundido a influências jazzísticas e à capacidade instrumental dos talentosíssimos músicos. O resultado foi um trabalho sem precedentes, dramático e aterrador, destacando o mellotron de Ian McDonald e a magnífica voz de Greg Lake, talvez o maior vocalista do gênero. Todo o álbum é estupendo, mas “Epitaph” e “The Court of the Crimson King” estão acima daquilo que se convencionou chamar de música. Sem medo de errar: trata-se do melhor disco já citado em nossa série “Melhores de Todos os Tempos”.
Fernando: Quando enviei minha lista fiquei receoso de que este disco nem entrasse em nosso Top 10. Talvez eu tenha subestimado meus amigos da Consultoria do Rock.In the Court of the Crimson King é tão bom que nem acreditamos que é o primeiro álbum de uma banda. Suas composições são de tão alto nível que parece uma banda já veterana. Claro que os caras não eram marinheiros de primeira viagem e o embrião do King Crimson foi o Giles, Giles and Fripp, mas convenhamos que não dá nem para comparar a qualidade deste disco com o que haviam lançado antes. O primeiro álbum de rock progressivo? Os historiadores diriam que não, mas até então o melhor, e demoraria muito para alguém superá-lo. “21st Century Schizoid Man” é uma pedrada, “Epitaph” é uma das músicas mais lindas que já ouvi e “In the Court of the Crimson King” é um dos hinos do progressivo.
Mairon: Surpreende esse álbum na primeira colocação. A estreia de Fripp e cia. é uma inegável coleção de maravilhas prog, da qual a que mais reluz é “Epitaph”. Discordo de quem afirma que “21st Century Schizoid Man” é uma precursora do heavy metal. Ali estão as mais furiosas notas de um jazz rock promissor, que a primeira geração do Crimson sabia tocar como ninguém. Outra maravilha é “In the Court of the Crimson King”, com o mellotron mandando ver. Se não fosse “Moonchild”, teria entrado na minha lista final, mas acabou ficando entre os 30 mais.
Micael: Um clássico do rock progressivo, que, se não fosse pela “difícil” “Moonchild”, ficaria entre os principais registros do estilo. Mas a qualidade melódica das demais canções e o proto-metal de “21st Century Schizoid Man” fazem com que ele mereça estar no pódio desse ano!
Ronaldo: O ápice do desenvolvimento do art rock nos anos 60. Com a virada da década, tudo se transformou. E talvez o mais emblemático ponto de inflexão nessa transformação seja In the Court of the Crimson King. Os elementos que o King Crimson trazia em faixas distintas seriam cada vez mais fundidos e refundidos em músicas longas, audaciosas e cheias de variações ao longo da próxima década. Foi um grande farol em um período em que muitos já haviam acendido luzeiros para uma musicalidade totalmente maximizada, assim como tudo o é neste trabalho. Extremamente lírico, poderosamente confuso, paulatinamente dramático e suficientemente misterioso.
Vitor: Apesar de não ter entrado na minha lista particular, reconheço a importância deste grande álbum para a história da música. A obra-prima do King Crimson respingou por todos os lados, do heavy metal ao rock psicodélico, tornando-se um dos pilares do rock progressivo.

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The Who – Tommy (88 pontos)
Adriano: Clássico! Também merecido segundo lugar. A banda já havia demonstrado sua capacidade tanto de fazer ótimas composições quanto de realizar uma bela performance instrumental e vocal, mas, ainda assim, esse disco surpreende, por ser duplo e contar com tantos clássicos, ademais de ser uma ópera rock com um enredo no mínimo curiosíssimo! Destaco as fenomenais “Cousin Kevin”, “Sally Simpson” e “We’re Not Gonna Take It”, mas aqui temos música boa do começo ao fim.
Bruno: Se o The Who já recebia todos os méritos por ser uma das bandas mais barulhentas da década e com um time de instrumentistas de primeira, em Tommy foi que eles se mostraram grandes compositores, Towshend principalmente. Considerada a primeira ópera rock da história, essa bolacha aqui é de chorar. Poucas vezes arranjos, harmonias, acordes e letras casaram tão bem com a história proposta a ponto de conseguir transportar o ouvinte para a vida do garoto cego, surdo e mudo que arregaça no pinball.
Diogo: Pete Towshend já vinha se mostrando um compositor muito acima da média desde os primórdios do The Who, mas em Tommy o músico definitivamente cravou seu nome entre os grandes da música popular. Unir canções como as presentes no disco com a temática surpreendente e inteligentíssima nele desenvolvida gerou aquela que se tornaria a obra conceitual através da qual todos os outros álbuns nesse formato viriam a ser mensurados. Apesar de toda a coesão instrumental ao longo do disco, algumas faixas têm vida própria e podem ser ouvidas separadamente sem prejuízo, caso você não seja um purista, como “The Acid Queen”, “Pinball Wizard”, “Go to the Mirror!” e “I’m Free”.
Fernando: Foi com esse álbum que conheci o The Who. Na época, ainda classificava-o como progressivo simplesmente por se tratar de um álbum conceitual, e essa simplificação (conceitual, portanto progressivo) ainda era usada por mim. O The Who já era um monstro nessa época, mas poucos tinham tentado algo assim com tanto sucesso. Tommy tem que ser ouvido como um todo, se pegarmos faixas isoladas elas talvez não consigam dizer nada ao ouvinte.
Mairon: A segunda ópera rock de Pete Townshed até hoje permanece como uma das mais importantes, junto com The Wall (1979), do Pink Floyd. Musicalmente, acho o disco cansativo, com ótimos momentos (“Overture”, clássico dos clássicos, “Underture”, “I’m Free” e “We’re Not Gonna Take It”) e outros que, apesar de importantes para a história, não me agradam muito. Prefiro Quadrophenia (1973),  um disco mais sério e com uma história muito boa, apesar de, em termos de letras, Tommy ser praticamente perfeito.
Micael: A melhor de todas as óperas rock já registradas, o ponto alto do The Who e um excelente disco de estúdio que ficava ainda melhor ao vivo! Essencial!
Ronaldo: Em Tommy, o The Who soube como encontrar uma encruzilhada de adjetivos positivos para sua música. Unindo a energia de sua música com uma temática inusitada, encontrou uma rara sinergia entre as canções, que vão se moldando perfeitamente como um quebra-cabeças e constroem o deslumbramento que ouvintes ao longo de décadas a fio sentem por este disco. Bastante emblemático, ainda consegue a proeza de ter faixas que funcionam desamarradas do conceito do disco. Um clássico.
Vitor: A ópera rock composta por Pete Townshend pode até não ser o álbum musicalmente mais primoroso do The Who, mas o conceito da produção foi algo completamente transgressor para a época. Tommy virou um ícone da (contra)cultura do século passado, pois representa a primeira crítica à própria indústria cultural. Fora isso, é The Who!

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Led Zeppelin – Led Zeppelin II (70 pontos)
Adriano: Triste ver esse álbum em terceiro lugar. Ainda que possamos abstrair o fato de que Jimmy Page é um ladrão dos menos respeitáveis, esse disco não é isso tudo. Algumas boas composições, como “The Lemon Song” e, principalmente, “Living Loving Maid (She’s Just a Woman)”, mas só isso. Há muitos discos melhores em 1969. Aproveito pra chorar copiosamente as ausências dos segundos discos do Grand Funk Railroad e dos Mutantes. Momento de extrema vergonha alheia.
Bruno: Depois de meter o pé na porta com um disco de blues eletrificado pesadíssimo, no mesmo ano o Led conseguiu lançar o registro definitivo de hard rock setentista. Está tudo ali: Distorção, riffs, solos de guitarra explosivos, groove, letras ocultistas/sexuais, bateria massacrante e uma atitude pouco antes vista.
Diogo: Mais focado e azeitado que o primeiro, Led Zeppelin II é ambicioso e traz uma banda que, apesar das claras referências ao blues e de ser uma espécie de sequência ao que Yardbirds, Cream e Jeff Beck já haviam iniciado, mostra muita identidade própria e gana de subir ao topo do mundo. John Paul Jones já esbanjava experiência e segurança; John Bonham mostrava-se cada vez mais um dos grandes de seu instrumento, dono de estilo e pegada únicas; Robert Plant, por sua vez, criava uma nova escola de vocalistas, abusando de referência sexuais e fazendo de cada canção uma experiência orgásmica. Jimmy Page, mais que perverter o blues com sua guitarra selvagem, funcionava como o maestro que fazia com que cada elemento funcionasse bem, sendo muitas vezes mais importante como produtor do que como guitarrista. O resultado disso tudo é uma sequência de clássicos que ainda serão admirados por muito tempo, como “Whole Lotta Love”, “What Is and What Should Never Be” e… Bem, melhor parar por aqui, senão terei que citar o track list completo.
Fernando: Mais uma banda que consegue colocar dois discos em um Top 10. Merecido? Claro que sim. O Led é talvez a maior banda de todos os tempos, pau a pau com os Beatles. Não cogitei colocar este álbum na minha lista particular porque não gosto de classificar dois lançamentos da mesma banda e prefiro o primeiro a este. “Whole Lotta Love” é possivelmente a mais icônica das músicas da banda. Não gosto da ideia de um solo de bateria ser gravado em um álbum de estúdio, mas vá lá, “Moby Dick” é interessante em sua parte com outros instrumentos. Algumas faixas fantásticas são esquecidas, como “Thank You” e “Living Loving Maid (She’s Just a Woman)”. Enfim, um clássico!
Mairon: Meus comentários sobre esse álbum já foram apresentados aqui, mas apresento uma pincelada do que eu disse. Uma locomotiva sonora que gerou clássicos eternos para o rock. Não importa se Page plagiou músicos do blues, pois a força que o rapaz adicionou em pérolas como “The Lemon Song”, “Whole Lotta Love” e “Bring It on Home” jamais tinha sido ouvida antes. Fora isso, temos “Heartbreaker”, com um dos melhores solos da carreira de Page, a emocionante “Thank You” e o solo de Bonzo em “Moby Dick”. Enfim, um disco essencial.
Micael: Seguindo os passos da estreia, continuando em alto nível! Aquela que talvez seja a principal banda dos anos 70, em mais um clássico do rock! Mais um álbum essencial!
Ronaldo: Poderia escrever uma tese inteira apenas sobre este álbum, mas me contento em dizer que trata-se do melhor disco de rock ‘n’ roll de todos os tempos. Do passado, do presente e do futuro. Quem é capaz de encontrar defeitos neste álbum não curte o estilo, apenas o tangencia.
Vitor: Um canhão! Este disco fez com que a estética musical do rock se transformasse por completo. O som que sai desse álbum faz com que o já impressionante Vincebus Eruptum, do Blue Cheer, lançado um ano antes, soasse como cantiga de ninar. Um dos arsenais mais variados e ricos de riffs do gênero.

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The Beatles – Abbey Road (61 pontos)
Adriano: Clássico! É uma vergonha que tenhamos este disco em posição inferior a um Led Zeppelin. Um desfile de pérolas, desde a abertura com “Come Together” ao quase encerramento com “The End”. “Sun King” é apenas razoável, e nunca consegui gostar de “She Came In Through the Bathroom Window”, mas, fora essas, o disco varia do bom ao excelente. Destaco, além das duas faixas que citei primeiramente, “Octopus’s Garden”, melhor feito da vida do Ringo Starr, “I Want You (She’s So Heavy)” e “You Never Give Me Your Money”. Só um toque: “Something” é infinitamente superior a “While My Guitar Gently Weeps”.
Bruno: Disparado o melhor disco do Fab Four. É o auge dos Beatles tanto em composição quanto em execução. Com o tal do rock começando a ficar mais “feio” e pesado, percebe-se um toque mais urgente por parte dos caras, evidente na abertura “Come Together”, com refrão distorcido, e no blues rasgado “Oh! Darling”. Para quem tem o pé atrás e não consegue apreciar a obra dos besouros, indico Abbey Road como porta de entrada.
Diogo: Apesar de Revolver (1966) e Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band(1967) serem normalmente mais incensados que este, não hesito sequer uma vez em afirmar que Abbey Road é o grande disco da carreira da banda. Ao mesmo tempo em que o quarteto produziu sua mais contundente série de canções, como o lado A do vinil não me deixa mentir, grande parte do lado B manteve a preocupação estética de lançamentos anteriores e trouxe uma obra a fim de competir com aquilo que os mais competentes músicos da época estavam produzindo. George Harrison está em sua mais excepcional forma e apresenta a belíssima “Something” e sua melhor canção, “Here Comes the Sun”, maior destaque no disco. Ringo também faz bonito com “Octopus’ Garden”, enquanto Paul e John não ficam para trás: “Come Together”, Oh! Darling”, “I Want You (She’s So Heavy)” e “Because” enriquecem o panteão de grandes canções criadas pelo quarteto e ajudam a dar ainda mais destaque para a obra definitiva do Fab Four.
Fernando: Certamente esse será o último disco dos Beatles a entrar no Top 10. Com todo o merecimento, é claro! O álbum começa em alto nível, com a capa criando uma imagem clássica da cultura pop. Todos que forem visitar o endereço do estúdio certamente farão uma foto parecida. Musicalmente, só exemplos de como a banda estava em outro patamar como músicos e compositores.
Mairon: Este é o disco mais redondinho dos moços de Liverpool. Maduros e prestes a chegar ao fim, aqui estão suas melhores canções, e, entre elas, “Something” é o ápice do período criativo de George Harrison. Além disso, tem uma das capas mais emblemáticas da história. É o meu favorito da banda, mas ficou longe das minhas menções honrosas, principalmente, dos 30 que selecionei como fundamentais.
Micael: Não gosto dos Beatles, mas este disco tem a linda “Something”, a pesada “I Want You (She’s So Heavy)”, a sequência final de “The End” e a clássica “Come Together”. Com tantas músicas a serem citadas, capaz de ser o melhor álbum do Fab Four…
Ronaldo: Os Beatles voltando a ter um pouco mais de conexão com a Terra é o que enxergo em Abbey Road. Pena que este foi seu “canto do cisne”, apesar de que o póstumo Let It Be (1970) me soa como a banda quase que deixando de ser musa inspiradora de todas as outras bandas do mundo, para voltar a ser banda, apenas. Aqui se encontram canções geniais, pra dizer o mínimo sobre Abbey Road.
Vitor: O derradeiro registro do quarteto de Liverpool é também, na minha opinião, o mais consistente musicalmente. Mesmo com toda a crise de relacionamento, Lennon e McCartney conseguiram convergir criativamente, talvez por saber que aquele seria o seu último trabalho conjunto. Aliado ao auge criativo de Harrison, os Beatles se despediram com uma verdadeira pérola, um dos mais belos epílogos da música.

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The Rolling Stones – Let It Bleed (51 pontos)
Adriano: Um ótimo álbum, mas do qual eu não consigo gostar na mesma intensidade com a qual o fazem outras pessoas. É, sim, um dos melhores discos de 1969, mas não é o melhor dos Stones. O álbum é todo bom, mas duas faixas se destacam, ao meu ver, sendo duas das melhores canções da história da banda: “Country Honk” e “You Got the Silver”. Keith continuava inspiradíssimo, e sua performance vocal nessa última faixa é uma das melhores de toda a carreira dos Stones. Acho que a quinta posição é também merecida.
Bruno: Considero-o um marco na carreira dos Stones. Aqui eles deixavam de ser a banda beat/psicodélica/folk inglesa pra se tornar uma verdadeira banda de rock ‘n’ roll, com todas as letras. Brian Jones já de saída deixa alguma pequenas contribuições, e o seu substituto Mick Taylor já começa a botar as asinhas de fora, mas quem realmente brilha aqui é Keith Richards. Se há um álbum que é a cara do maluco, é este aqui. Simplesmente meu disco favorito da banda e um dos álbuns da minha vida. “Gimme Shelter”, “Love in Vain”, “Live With Me”, “You Got the Silver” e ainda fechando com a maravilhosa “You Can’t Always Get What You Want”… Precisa falar mais alguma coisa?
Diogo: Os Rolling Stones entraram em uma grande crescente criativa a partir deTheir Satanic Majesties Request (1967) e em Let it Bleed a coisa não é diferente e o nível manteve-se elevadíssimo. Mais Keith Richards do que nunca, o disco é ainda mais catártico que seu antecessor, Beggars Banquet (1968), mergulhando cada vez mais fundo em uma viagem por aquilo que a música norte-americana tinha a oferecer e transformando essas influências em uma obra 100% Rolling Stones. Sequer vou me dar o trabalho de enumerar faixas de destaque, pois o álbum é totalmente nivelado por cima, mas não posso deixar de citar que “Gimme Shelter” é, provavelmente, o maior “foda-se” para a década de 60 e um grande pé na porta dos anos 70, ajudando a abrir caminho para uma era mais perigosa e excitante. É, criançada, a guerra estava logo ali e havia acabado de dar um tiro na cabeça de toda a patacoada hippie.
Fernando: “Gimme Shelter” já vale o disco. Daí o álbum apresenta várias músicas que marcaram demais a carreira dos Stones, fechando com “You Can’t Always Get What You Want”. Exemplo de como montar o track list de um disco: começar e terminar em alto nível. Interessante notar que a gravação deste registro durou de novembro de 1968 até novembro de 1969. Para a época, uma eternidade.
Mairon: Depois de uma série de álbuns fantásticos, que começou com Between the Buttons (1967) e terminou em Beggars Banquet (1968), os Stones substituíram o gênio Brian Jones pelo blueseiro Mick Taylor. Gosto bastante deste disco, principalmente pelo lado A, com “Gimme Shelter”, “Love in Vain” e “Live With Me”, mas sinto a ausência de Jones em todo ele. No lado B, com exceção de “You Can’t Always Get What You Want”, balada fantástica e muito bem arranjada, os Stones passam a apresentar sua nova cara para a década de 70, com os glimmer twins tomando conta. Melhor que Abbey Road e Tommy, mas também não ficou entre meus 30 mais.
Micael: Outra banda que não curto muito, mas que, neste caso, superou muito seus “rivais”. “Gimme Shelter”, “Midnight Rambler”, “Love in Vain” e, principalmente, “You Can’t Always Get What You Want” são prova disso!
Ronaldo: Um disco dos Rolling Stones, mesmo que ordinário, é quase sempre um bom disco. Em Let It Bleed, temos delineada a face que os Rolling Stones assumiriam pelo resto de suas carreiras. “Gimme Shelter” manda um alô para o pessoal que acha que apenas Brian Jones é que era capaz de botar inteligência nas músicas da banda. A canção, por si só, já vale o disco. Ressaca hippie visceralmente emblemática. O restante do disco é na base do “o que vier é lucro”.
Vitor: O fim dos Beatles coincidiu com a ascensão criativa dos seus “rivais” Stones. A vinda de Jimmy Miller para a produção dos discos da banda fez com que eles alcançassem o seu auge. Com Miller, os Stones lançaram uma quadrilogia de álbuns que a banda jamais repetiria. Let It Bleed, o segundo desses quatro discos, é sem dúvida um dos trabalhos mais originais do grupo.

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Neil Young with Crazy Horse – Everybody Knows This Is Nowhere (37 pontos)
Adriano: Mais um clássico! O disco começa sem muita empolgação, com “Cinnamon Girl”, mas vai evoluindo com a faixa-título e “Round & Round (It Won’t Be Long)”, até chegar no primeiro clássico, “Down By the River”, uma das melhores músicas de Neil Young. O lado B do disco é todo fenomenal, espetacular, inacreditável de tão bom. Ainda assim, posso destacar a canção “The Losing End (When You’re On)”, uma das minhas músicas favoritas de todos os tempos. Sexta posição é muito pouco!
Bruno: Nos álbuns do Buffalo Springfield, Neil Young fazia a diferença com sua guitarra cortando as melodias country que tomavam conta do disco. E foi exatamente isso que faltou no seu mediano disco de estréia. Mas aí, no ano seguinte, o tio Neil apareceu com essa obra-prima desgraçada. Uma verdadeira jam com a sua eterna backing band, o Crazy Horse, em uma aula de como tocar guitarra sem virtuosismo e de maneira brilhante.
Diogo: Como se não bastasse ser um compositor de mão cheia, Neil Young é daqueles artistas que conseguem se comunicar com o público como pouquíssimos outros, criando letras de um lirismo único. Seu primeiro disco após o encerramento das atividades do excelente Buffalo Springfield ficou um tanto morno, mas em Everybody Knows This Is Nowhere as coisas esquentaram, e muito! Acompanhado de uma banda econômica, sua capacidade como trovador foi posta em evidência e superou expectativas, gerando canções brilhantes como as épicas “Down By the River” e “Cowgirl in the Sand”, rivalizando com as músicas nesse formato criadas por Bob Dylan. O doloroso lamento de “Running Dry (Requiem for the Rockets)” não fica para trás, assim como as faixas mais simples, caso do hit “Cinnamon Girl” e daquela que dá título ao álbum. Caso minha lista particular contivesse 20 discos, Everybody Knows This Is Nowherecertamente estaria nela.
Fernando: Gosto do disco, mas prefiro o Neil Young junto de Crosby, Stills e Nash do ano seguinte. Inclusive o disco que estes três últimos gravaram nesse mesmo ano de 1969 poderia estar no lugar desse aqui. Opinião pessoal, claro! Neil Young é um monstro sagrado da música e certamente seus discos são ótimos. Só prefiro outros à esse.
Mairon: Esse canadense figurou na minha vitrola durante a adolescência, mas hoje não consigo curtir seu som. Este álbum tem o barulho que me foi apresentado com vigor no Rock in Rio de 2001, mas é um disco para se ouvir jogando paciência. Descarto.
Micael: Se fosse um single com “Down By the River” e “Cowgirl in the Sand”, já mereceria estar aqui. Mas ainda tem “Cinnamon Girl”, “The Losing End (When You’re On)” e a faixa título, isso na primeira parceria de Neil com o Cavalo Doido, que o tempo provaria ser a conjunção ideal para a carreira do canadense! Clássico!
Ronaldo: Compreendo a veneração de muitos ouvintes por Neil Young. Sua interpretação é única, suas músicas contundentes e marcantes, mas a melhor coisa que ele fez nessa época foi ter se juntado aos fantásticos Crosby, Stills & Nash. Ali, ele tinha músicos e vocalistas de altíssimo calibre para veicular suas canções. Esse é o detalhe que falta em Everybody Know This is Nowhere. Sua banda de apoio é apenas medíocre. As músicas aqui presentes são tão honestas e belas que seria impossível o resultado não ser positivo.
Vitor: Apesar de todo o meu respeito pela figura de Neil Young, confesso não ser um grande apreciador do seu trabalho. Estive no show que ele fez, em 2001, no Rock in Rio, que só me serviu para fechar um (pré)conceito de que esse não é o tipo de coisa que eu curto. Esse disco é mais uma das coisas da carreira de Young que não me convencem muito. (Sei que ganharei alguns inimigos por esse comentário)

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Led Zeppelin – Led Zeppelin (31 pontos)
Adriano: Aqui, se abstraímos os plágios descarados, hediondos até, temos, sim, um ótimo disco. Destaco os plágios “Babe, I’m Gonna Leave You”, “Dazed and Confused” e “Black Mountain Side”, a versão de “You Shook Me” e a original “Communication Breakdown”.
Bruno: Até então ninguém tinha botado tanto peso no blues a ponto de se transformar em algo a mais. É um dos marcos definitivos do que viria ser o hard rock e, mais tarde, o heavy metal.
Diogo: Apesar de seguir um caminho que já havia começado a ser traçado com muita competência por outros artistas, é difícil não perceber quão empolgante esta estreia deve ter soado em 1969. A união de quatro músicos tão competentes, somada à capacidade de subverter o blues como poucos que Jimmy Page possuía e seus préstimos como exímio produtor, cravaram uma série de canções emblemáticas, que lançaram o embrião da sonoridade que o Led Zeppelin desenvolveria dali em diante e influenciaram milhões de pessoas. Gosto mais do segundo, mas este aqui não entrou por pouco em minha lista particular. Motivos não faltam, vide “Dazed and Confused”, “Your Time Is Gonna Come”, “How Many More Times”, “Babe I’m Gonna Leave You” e a proto-heavy metal “Communication Breakdown”.
Fernando: Como escrevi anteriormente, gosto mais deste álbum do que o segundo e, na minha opinião, inverteria suas posições. “Good Times Bad Times” é a faixa que mais gosto do grupo. “Dazed and Confused”, Communication Breakdown”, “How Many More Times”… Nossa! E tudo isso em um mesmo disco!!!
Mairon: Assim como no caso de Led Zeppelin II, você pode conferir meus comentários aqui. É difícil dizer qual dos dois álbuns iniciais do Led eu gosto mais. Na minha lista, coloquei a estreia na frente, e acredito que fiz certo. A crueza dos novatos Plant e Bonham com a experiência de Jones e Page geraram a maior banda de rock de todos os tempos, provando que o Yardbirds tinha tudo para receber esse posto, se não fosse o fim precoce em meados de 1968. (In)felizmente, a morte de um gigante gerou outro gigante, maior e mais forte, e que conquistou o mundo durante a década de 70, e, ainda hoje, conquista fãs das novas gerações. Citação para esse álbum: ouça do início ao fim infinitas vezes!
Micael: Uma das melhores estreias da história, e, para mim, superior ao segundo álbum. O conceito de “luz e sombra” explorado em “Babe I’m Gonna Leave You” e “How Many More Times”, a paulada de “Communication Breakdown”, as viagens de “Dazed and Confused”, a beleza de “Your Time is Gonna Come” e “Black Mountain Side”, as raízes do blues, tudo isso forma um álbum (mais uma vez) essencial!
Ronaldo: Um dos discos mais importantes de toda a história do rock e de uma maturidade simplesmente embasbacante para uma banda estreante. Maturidade em todos os sentidos – seja na visão do grupo em arquitetar e potencializar um som que já era latente na contribuição de todas as bandas que estavam na linha de frente do rock até então, somando uma energia avassaladoramente sexual, o ecletismo e o que havia de mais avançado em recursos técnicos de gravação. Além disso, um carisma que os jogou direto no topo do Olimpo.
Vitor: O segundo disco do Zeppelin é tão revolucionário, que muitos até se esquecem da preciosidade que é o primeiro. Apesar de ser bem menos vibrante que Led Zeppelin II, o debut é uma bela demonstração do poder de fogo da banda. A estreia do Zep é mais centrada no blues e na improvisação, o que evidencia a qualidade de cada um dos músicos. Também é um marco!

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Blind Faith – Blind Faith (30 pontos)
Adriano: Legalzinho o disco. Steve Winwood é um gênio, mas ele fez coisas melhores. “Well… All Right” é lindíssima, mas o resto do álbum não me empolga tanto. Teve coisa bem melhor rolando na música nesse ano.
Bruno: Não ouvi.
Diogo: Acho difícil rotular o Blind Faith. Parece que os músicos juntaram-se a fim de unir a musicalidade de cada um sem traçar um objetivo muito concreto, a não ser se divertir, fazendo predominar um clima um tanto etéreo nas canções, algo potencializado pela produção “espaçosa”. O álbum é ótimo e traz belíssimas músicas, mas não é tão bom quanto o trabalho de Clapton anterior, com o Cream, e posterior, com o Derek and the Dominos. No fim das contas, isso não quer dizer tanta coisa, afinal, quem se destaca de verdade ao longo do disco é o fantástico Steve Winwood.
Fernando: Outro disco que fiquei com receio de que não entrasse na lista final. Ainda bem que eu e meus companheiros tivemos bom senso. Esse é outro que eu trocaria de posições com algum lá de cima. O Blind Faith pode não feito tanto sucesso na época e hoje não agradar muita gente, porém, definitivamente, não é por conta das canções. O que foi registrado aqui é maravilhoso e representa muito bem a parceria desses dois monstros da música: Steve Winwood e Eric Clapton. Quando um cara como Clapton, por tudo o que ele já representava, decide querer ficar em uma banda e não ser a estrela, só mesmo um cara como Winwood para assumir essa posição.
Mairon: Minhas impressões sobre esse maravilhoso álbum podem ser encontradas aqui. Acredito que este seja o melhor trabalho da carreira de Eric Clapton. Sua união com Steve Winwood gerou um disco único, que não entrou na minha lista final, mas certamente estava entre os 30 mais. Uma pena que a banda tenha durado pouco tempo.
Micael: Não fosse o exagerado solo de bateria de “Do What You Like”, este álbum estaria lá em cima para mim. Um dos melhores momentos da carreira de Clapton e Baker, em uma banda que tinha tudo para render mais clássicos para nossos ouvidos! Pena que acabou tão cedo!
Ronaldo: Passaram como um cometa pelo mundo da música, mas deixaram um disco bastante agradável e refinado, já que os envolvidos tinham cacife de sobra para tocar o que quisessem. O álbum deixa no ar uma cara de “colagem”, como se fosse um veículo multiuso para aquelas cabeças todas reunidas, refletindo o que tinham de bagagem mas também o que gostariam de estar fazendo no futuro. Desta forma, a vida efêmera do Blind Faith constitui isso – um salto para que todos os envolvidos buscassem seus próprios caminhos. Fica essa interessante sensação de desagregação, mas que talvez não tivesse a mesma repercussão se outrem menos famosos a conduzissem.
Vitor: Clapton era uma espécie de Rei Midas do final dos anos 1960. Ele parecia ter o incrível dom de enriquecer musicalmente tudo em que se envolvia. A fusão do Traffic com o Cream gerou algo completamente distinto dessas duas bandas, mas que trazia à tona a principal similaridade entre elas: a influência do blues. O caráter quase experimental de fusão entre blues e rock parece que oxigenou a capacidade criativa de Clapton.

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David Bowie – David Bowie (29 pontos)
Adriano: O disco é bom. “Space Oddity” é muito boa, assim como “Cygnet Comittee”. Não tenho outros destaques, mas a sonoridade do disco agrada do início ao fim.
Bruno: Ainda não é o Bowie genial que despontaria com The Man Who Sold the World (1970), mas só “Space Oddity” já vale o registro, que não é ruim, mas também carece da qualidade brilhante de composição do inglês, que só amadureceria dois anos depois.
Diogo: Esta é para mim, sem dúvida, a maior (e única verdadeira) surpresa a constar na lista final. Por mais que o disco seja bom, ainda passa longe de ter tanta qualidade quanto o material único que Bowie viria a apresentar a partir de The Man Who Sold the World (1970). “Cygnet Comittee” é excelente, “Wild Eyed Boy From Freecloud” e “Memory of a Free Festival” são ótimas, enquanto “Space Oddity” faz jus ao status de clássico indiscutível que ganhou, mas, no geral, o álbum não faz jus a esse Top 10.
Fernando: Vendo apenas como um álbum autointitulado, quem bate os olhos nessa lista talvez não se importe muito com esse disco. É quando aparece seu subtítulo ou nome alternativo, “Space Oddity”, também o nome de uma das faixas mais sensacionais que eu já ouvi, para que demos o exato valor a esse álbum. Somente essa faixa já o credenciaria a entrar neste Top 10. É impressionante o quanto uma canção simples musicalmente consegue carregar de sentimento tão forte. Mesmo quando ainda não temos o completo domínio da sua mensagem conseguimos sentir  a emoção passada por Major Tom. Incrível.
Mairon: Foi difícil fazer a lista de 1969. Muitos discos bons e muitas joias que ficariam de fora, mas, entre elas, uma certeza absoluta, o segundo disco do camaleão estaria entre os três mais. Como Bowie mudou desde a estreia até esse álbum. Inspirado em Bob Dylan, criou canções fortes como “Cygnet Committe”, forte candidata a melhor música de sua carreira, “Unwashed and Somewhat Slightly Dazed” e “Memory of a Free Festival”, além de “Space Oddity”, hino dos hinos dentro da genial e vasta carreira do camaleão. O primeiro grande disco lançado por Bowie, e ainda viriam muitos mais com o passar dos anos.
Micael: Não conheço muito deste disco, apenas a “faixa título” “Space Oddity”, excelente canção. Bowie nunca foi muito minha praia, então me abstenho de comentar mais sobre ele!
Ronaldo: Bowie começou sendo uma espécie de tradução art rock para o folk dylanesco. Assim como outros na mesma época, passou a usar a voz além do canal sob o qual as letras eram verbalizadas e a usá-la como um instrumento, tendo a capacidade de transmitir muitas sensações, de dar uma interpretação mais ampla. “Space Oddity” é uma pérola. O restante do disco carrega o peso do sobrenome que Bowie fez nos anos seguintes. Em um absoluto, alguns bons momentos e outros tantos que não saltam aos ouvidos.
Vitor: Apenas um pequeno aperitivo do que Bowie viria, de fato, a fazer de relevante nos anos seguintes.

Santana_-_Santana_(1969)
Santana – Santana (26 pontos)
Adriano: Ótimo disco. Não o suficiente pra entrar no meu Top 10, mas mereceu, sim, chegar a essa lista final. Embora o álbum seja todo agradável de se ouvir, não há como não destacar “Jingo” e “Persuasion”, principalmente a primeira, uma música única, um clássico absoluto e atemporal!
Bruno: Fantástico como tudo o que Santana fez até metade dos anos 70.  É impressionante como essa mistura de rock com música latina funciona, e muito bem. O destaque fica para as percussões, que tomam conta de todo o disco, e são usadas à exaustão aqui. Nos álbuns seguintes essa fusão de estilos ficaria mais sutil, mas esse é o registro mais cru do som que esses mexicanos inventaram de fazer lá no final dos anos 60.
Diogo: É fácil perceber por que razão o Santana é, com sobras, uma das melhores formações egressas da cena psicodélica californiana. Apesar do clima de grande jam instrumental, o grupo do guitarrista mexicano possuía foco e criatividade muito acima da média, encaixando três fortes elementos com precisão: a guitarra suingada e venenosa de Carlos, a orgia percussiva levada a patamares pouco (ou nunca) vistos na época, em se tratando de rock, e o hammond bem postado de Gregg Rolie, tudo sob uma grande aura de latinidade autêntica. O aspecto que fica devendo no álbum é a qualidade vocal, dado que tanto Carlos quanto Gregg não são exatamente feras no quesito.
Fernando: Outro artista contra o qual não tenho nada, mas também nada a favor. Lembro-me do dia em que, por indicação de várias pessoas, fui ouvir Abraxas (1970). Não sei se a expectativa foi muito grande, mas não gostei em uma primeira audição. Com o tempo fui gostando, mas acabei ficando nesse disco e nunca tive curiosidade de ouvir os outros. Em tempo, ouvi e não gostei.
Mairon: Outra surpresa nesta lista. Disco fantástico, com gemas douradas misturando o tempero caribenho com uma guitarra frenética, consagrando o som da Califórnia para uma segunda (e decadente) geração de hippies. Carlos Santana e banda tiveram que reformular seu som anos depois para conseguir sobreviver, o que fizeram com muita propriedade, mas o som de Santana e seus dois sucessores (Abraxas e III) são inigualáveis. Mais um discão para se ouvir do início ao fim.
Micael: Belíssima estreia do combo latino, uma das melhores formações surgidas na Califórnia psicodélica, e que iniciava aqui uma sequência de três álbuns fantásticos. Para ouvir com o cérebro, os pés e os quadris, curtindo o balanço da percussão e a beleza dos timbres e riffs da guitarra de Santana, sempre bem amparado pelo baixo de David Brown e os teclados e vocais de Gregg Rolie. Recomendadíssimo!
Ronaldo: Um swing irresistivel e a prova de que a linguagem art rock foi o que trouxe a evolução e gerou a globalização do rock. Apesar de ser um disco capitaneado por um guitarrista, o hammond de Gregg Rolie berra e faz misérias no disco todo. Um dos primeiros discos do universo rock a contar com um formidável trabalho de percussão. E muitos outros adjetivos e novidades que a gente até esquece enquanto está sacudindo o esqueleto ao som da guitarra latina de Santana.
Vitor: Algo de inimaginável se materializou quando Carlos Santana e seus companheiros pisaram no palco de Woodstock: alguém havia misturado elementos da música latino-americana e africana com rock ‘n’ roll! E o melhor: funcionou muito bem. Poucos dias após a apresentação na fazenda de Max Yasgur, saía nas lojas o primeiro registro formal dessa magistral experiência.

Listas individuais
1969-yesukAdriano KCarão
1. King Crimson – In the Court of the Crimson King
2. Yes – Yes
3. Neil Young with Crazy Horse – Everybody Knows This Is Nowhere
4. The Beatles – Abbey Road
5. The Who – Tommy
6. Os Mutantes – Mutantes
7. Grand Funk Railroad – Grand Funk
8. Led Zeppelin – Led Zeppelin
9. The Rolling Stones – Let It Bleed
10. Mott the Hoople – Mott the Hoople

o844Bruno Marise
1. The Rolling Stones – Let It Bleed
2. Neil Young with Crazy Horse – Everybody Knows This Is Nowhere
3. Led Zeppelin – Led Zeppelin II
4. The Who – Tommy
5. The Stooges – The Stooges
6. Jethro Tull – Stand Up
7. The Kinks – Arthur (Or the Decline and Fall of the British Empire)
8. The Beatles – Abbey Road
9. Fleetwood Mac – Then Play On
10. Almendra – Almendra

81nWSzOu4OL._SL1300_Diogo Bizotto
1. King Crimson – In the Court of the Crimson King
2. The Band – The Band
3. The Flying Burrito Brothers – The Gilded Palace of Sin
4. The Who – Tommy
5. Led Zeppelin – Led Zeppelin II
6. The Beatles – Abbey Road
7. The Rolling Stones – Let It Bleed
8. Creedence Clearwater Revival – Green River
9. The Moody Blues – On the Threshold of a Dream
10. Free – Tons of Sobs

1969CrosbyStillsAndNashFolkFernando Bueno
1. King Crimson – In the Court of the Crimson King
2. Blind Faith – Blind Faith
3. Led Zeppelin – Led Zeppelin
4. The Beatles – Abbey Road
5. Crosby, Stills & Nash – Crosby, Stills & Nash
6. The Who – Tommy
7. The Rolling Stones – Let It Bleed
8. David Bowie – David Bowie
9. Mott the Hoople – Mott the Hoople
10. The Band – The Band

l13fb609b7e72c6dc0db9ef650cf8b9c759079fadMairon Machado
1. David Bowie – David Bowie
2. Janis Joplin – I Got Dem Ol’ Kozmic Blues Again Mama!
3. Jefferson Airplane – Volunteers
4. Julie Driscoll – Streetnoise
5. Os Mutantes – Mutantes
6. Yes – Yes
7. It’s a Beautiful Day – It’s a Beautiful Day
8. Led Zeppelin – Led Zeppelin
9. Led Zeppelin – Led Zeppelin II
10. Quicksilver Messenger Service – Shady Grove

ALLMAN-BROTHERS-BAND-1969-STMicael Machado
1. The Who – Tommy
2. King Crimson – In the Court of the Crimson King
3. Santana – Santana
4. The Allman Brothers Band – The Allman Brothers Band
5. Jethro Tull – Stand Up
6. Led Zeppelin – Led Zeppelin
7. Blind Faith – Blind Faith
8. Neil Young with Crazy Horse – Everybody Knows This Is Nowhere
9. Os Mutantes – Mutantes
10. The Stooges – The Stooges

Leslie_West_MountainRonaldo Rodrigues
1. Led Zeppelin – Led Zeppelin II
2. King Crimson – In the Court of the Crimson King
3. Leslie West – Mountain
4. Colosseum – Valentyne Suite
5. Crosby, Stills & Nash – Crosby, Stills & Nash
6. Frank Zappa – Hot Rats
7. The Who – Tommy
8. Steppenwolf – Monster
9. Creedence Clearwater Revival – Green River
10. Santana – Santana

Green+River+Creedence+Clearwater+RevivalVitor Bemvindo
1. The Beatles – Abbey Road
2. Led Zeppelin – Led Zeppelin II
3. The Who – Tommy
4. The Rolling Stones – Let It Bleed
5. Santana – Santana
6. Led Zeppelin – Led Zeppelin
7. Blind Faith – Blind Faith
8. Creedence Clearwater Revival – Green River
9. Jeff Beck – Beck-Ola
10. Grand Funk Railroad – Grand Funk

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