terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Melhores de 2013





2013 foi um ano marcado pelo retorno aos estúdios de grandes nomes do rock, e foram exatamente estes nomes que acabaram se destacando com ênfase nas listas de Melhores do ano. Poucas bandas novatas conseguiram conquistar apreciação deste que vos escreve.


David Bowie - The Next Day

Acredito que muitos colcoam Black Sabbath na primeira posição de 2013. Para mim, o grande retorno não foi o do quarteto britânico, mas do ídolo David Bowie. Depois de nove anos afastado dos estúdios, Bowie voltou com tudo, lançando seu melhor álbum desde Let's Dance (1983). Várias são as canções de destaque, mas é impossível não se encantar com "The Star (Are Out Tonight)", "(You Will) Set the World on Fire" e "Dancing Out in Space'. Bowie passeia naturalmente pela sua carreira, e se pudesse haver uma pontuação, de 1 a 100 ele ganharia 100, ficando noventa pontos a frente do segundo colocado. The Next Day é um álbum espetacular, e tomara que Bowie possa voltar aos palcos em breve.

 Saxon - Sacrifice

O Saxon é um dos poucos grupos da antiga NWOBHM que continua lançando discos regularmente, e Sacrifice mostra que os ingleses são uma das melhores formações da atualidade. Sacrifice é um disco direto e sem enrolações, a turma de Biff Byfford manda ver, e canções como "Sacrifice", "Guardians of the Tomb", "Night of the Wolf" e "Wheels of Terror" podem rolar facilmente em um set list ao lado de clássicos como "747 (Strangers in the Night)", "Backs to the Wall", "The Eagle Has Landed", "Heavy Metal Thunder", entre outros. Perfeito para iniciantes no estilo, e para mostrar que não se é necessário viver de shows somente com canções do passado, como outras bandas do estilo.


Mutantes - Fool Metal Jack

Há anos que a imprensa nacional despreza o Mutantes de Sergio Dias, enaltecendo as virtudes de um tempo que não volta mais, quando Rita Lee e Arnaldo Baptista ainda estavam ao lado de Serginho. Haih ... or Amortecedor foi duramente criticado pelos entendidos de música, e Fool Metal Jack foi tão menosprezado, antes do mesmo do lançamento, que saiu só lá fora. Uma pena, pois Serginho azeitou as engrenagens do grupo e fez um belo trabalho. Apesar de parecer um álbum solo do guitarrista, a qualidade de Fool Metal Jack é inquestionável. Talvez o nome Mutantes pudesse ter sido substituído por Sergio Dias, o que não tiraria em nada o prazer de se ouvir "Look Out", "Piccadilly Willie", "Valse LSD", e as demais faixas do álbum. Uma pena que nossos entendidos de música ainda não assumiram sua incapacidade de ouvir o Mutantes de Sérgio Dias.


Carcass - Surgical Steel

Outro grande retorno de 2013 foi o dos também ingleses do Carcass. Dezessete anos após o discutível Swansong, Surgical Steel mostra que o Death Metal do trio Jeff Walker (vocais, baixo), Bill Steer (vocais, guitarras) e Dan Wilding (bateria) está com toda a força. É admirável o trabalho instrumental de sonzeiras como "Noncompliance to ASTM F 899-12 Standard" e da épica "Mount of Execution", esta talvez a melhor canção do grupo, com sua linda introdução acústica, fora que Steer está um animal nas seis cordas. Há algum tempo que não ouvia um disco tão bom do estilo (desde To Hell with God do Deicide, em 2011), e tomara que o Carcass não pare de quebrar nossos pescoços tão cedo.



Alice in Chains - The Devil Put Dinosaurs Here

Um dos melhores shows do Rock in Rio desse ano, atrás apenas do Slayer (na minha opinião) e o melhor álbum do Alice in Chains com William DuVall nos vocais. The Devil Put Dinosaurs Here mostra todas as qualidades que o grupo revelou no início dos anos 90, ainda com o saudoso Layne Staney comandando os microfones, e é impossível destacar apenas uma canção nesse excelente álbum. É ouvir do início ao fim, e curtir qualidade certa para seus ouvidos.


Anthrax - Anthems

Apesar de Anthems ser um EP de covers, esse trabalho não podia ficar de fora da lista de melhores de 2013. O que o grupo de Scott Ian faz com os hinos"Anthem", "T. N. T." e "Jailbreak", isso só para citar algumas, é simplesmente embasbacante. Uma ótima sacada dos californianos, para agradar ainda mais o coração dos fãs depois do excelente Worship Music.


Justin Hayward - Spirits of the Western Sky

A voz, a alma e o coração do Moody Blues lançou seu sétimo disco solo, aproveitando-se de todas as características que o consagraram no passado. Seu vozeirão continua impecável, no alto de seus sessenta e sete anos, e o que ouvimos durante Spirits of the Western Sky é aquela prazerosa audição de baladas, arranjos especiais e melodias simples, que enaltecem o dono de uma das melhores vozes do rock progressivo. "In Your Blues", "The Western Sky" e "Lazy Afternoon" são algumas das ótimas canções de um CD bastante regular, o que o torna de fácil audição e conquista do ouvinte.


Black Sabbath - 13

A expectativa gerada por esse álbum foi maior do que quando o Flamengo anunciou a contratação de Ronaldinho Gaúcho. Porém, eu acabei me decepcionando um pouco com 13. É um bom disco, sem sombra de dúvidas, mas longe de ser algo do nível dos álbuns da década de 70. Como meus favoritos são Technical Ecstasy e Never Say Die!, fica difícil tentar defender minha visão, mas eu gosto bastante dos antecessores, e 13 possui referências a eles. Acho que o que mais “estraga” o som é a bateria e a voz do Ozzy. Iommi e Butler estão impecáveis, a rifferama é fantástica, mas o único trecho que me fez levantar e dizer: “PQP, é Sabbath que está tocando” foi o final de “Damaged Soul”. Todo o disco é bem construído, bem tocado, muito bom mesmo, mas para o nome Black Sabbath, eu esperava muito mais. Mesmo assim, está aqui, na oitava posição.



Rinoceronte - O Instinto

Esse trio de Santa Maria me foi apresentado quase que por acaso por uma matéria de um jornal local aqui do Rio Grande do Sul, falando sobre as qualidades dos músicos, e olha, realmente o que aparece nas nove canções de O Instinto é surpreendente. Um rock nacional moderno, pesado, com fortes raízes nos anos 70, trazendo aquela pegada bluesy que deixa todo mundo contente. Duas canções para ouvir sem medo: "Dose de Algo Mais", "As Cores" e "No Amanhã". Uma citação honrosa para o grupo, que ainda teve o privilégio de ver seu álbum lançado em vinil. Estou atrás dessa versão, pois o CD, distribuído para download no site oficial do grupo, já vem rolando no meu som há algumas semanas.


Megadeth - Super Collider

O último do Megadeth desagradou muita gente, e acho que fui um dos poucos a gostar do disco. Claro que não é um álbum clássico, do porte de Peace Sells ... But Who's Buying ou Rest in Peace, mas Dave Mustaine continua criando canções capazes de fazermos balançar o corpo, e aqui, "Burn!" e "Forget to Remember" são os melhores representantes. É uma boa sequência para Th1rt3en, e uma pena que talvez a mesma empáfia que a imprensa tem com Sergio Dias seja empregada com Mustaine, pois é mais fácil criticar do que absorver um disco do Megadeth nos últimos tempos.

Menções honrosas

Phil Anselmo - Walk Through Exists Only

Thiago França - Duas Sessões

Voivod - Target Earth

Agnetha Fältskog - A

Motörhead - Aftershock

Paul McCartney - New

Depeche Mode - Delta Machine

Gilberto Franco - Agora

Pearl Jam - Lightning Bolt

Deicide - In the Minds of Evil


O clipe de "Blurred Lines"

Destaque positivo: Robin Thicke - Blurred Lines

Eu jamais tinha ouvido falar de Robin Thicke, até ler uma matéria em um jornal falando sobre o polêmico clipe de "Blurred Lines", lançado pelo cantor. Fui ver o clipe, que chama a atenção da imprensa por conta do topless das modelos Jessi M'Bengue, Elle Evans e principalmente de Emily Ratajkowski, mas o que gostei bastante foi a linha soul/rap que o cantor mostrou, junto com os rappers T.I. e Pharrell Williams, com boas vocalizações, uma linha de baixo interessante e um ritmo simples, mas grudento. O disco Blurred Lines não segue a mesma linha, sendo mais pop do que o esperado, mas se uma música é capaz de fazer você ir atrás do álbum, certamente essa música não pode ser descartada. O clipe foi o sexto mais assistido no youtube, apesar de não ter graça alguma, tanto que eu não vi o mesmo até o fim, mas a canção, que foi primeiro lugar em quatorze países (incluindo Estados Unidos e Reino Unido) é louvável por conta de seu andamento e construção. Robin Thicke e sua fama (sim, ele já era famoso antes do clipe, eu que não conhecia o mesmo) fez uma canção dançante e com raízes tão fortes na soul music, lembrando os bons tempos de Prince e George Michael, o que nos dias de hoje, é muito raro, e apesar do clipe apelativo, está de parabéns.


Jeff Hanneman

Destaque negativo: As mortes de grandes nomes do rock

Nunca um ano foi tão maldoso para o rock quanto o ano de 2013. Durante os últimos doze meses, perdemos para o Paraíso: Ray Manzarek (The Doors), Trevor Bolder (Uriah Heep, David Bowie), Peter Banks (Yes), Lou Reed (Velvet Underground), Alvin Lee (Ten Years After), Jeff Hanneman (Slayer), Lindsay Cooper (Henry Cow), Clive Burr (Iron Maiden), Champignon (Charlie Brown Jr.), Chorão (Charlie Brown Jr.), Richie Havens, Magic Slim, Cordell Mosson (Parliament Funkadelic) e Dan Toler (Allman Brothers), isso só para citar alguns dos mais conhecidos. Para piorar, a tragédia da boate Kiss, em Santa Maria, levou dois grandes nomes do rock gaúcho, Robson Van der Ham e Marcos Rigolli, ambos do grupo Excellence, além de mais de duzentos e quarenta jovens em uma trágica noite de 27 de janeiro. A morte de Hanneman foi talvez a que mais tenha chocado aos fãs, e a homenagem que o grupo fez para ele durante o último Rock in Rio foi um dos momentos aonde mais chorei na minha vida assistindo a um show pela televisão. Todos deixarão saudades, e que 2014 não repita essa grandiosidade de músicos a serem levados de nós mortais. 




Surpresa: Os vinte e sete álbuns de Buckethead

Não ouvi nenhum dos discos de Buckethead lançados esse ano, mas o rapaz ter criatividade para vinte e sete lançamentos de inéditas em menos de doze meses, principalmente da série Pike (onze ao total), isso é totalmente surpreendente. Até achei que tinha muita enrolação, mas pelo que li em sites e revistas, são canções gravadas pelo guitarrista em seu estúdio, nos momentos de inspiração/descontração. Aja vontade e paciência para ouvir tantos discos.




Decepção: Ghost - Infestissuman

A estreia do Ghost, Opus Eponymous, foi aclamada por muitos, e eu me inclui nessa lista, mas Infestissuman não dá nem farinha para encher o saco do ouvinte. Arrastado, sonolento, uma grande Decepção com D maiúsculo. Pior que o CD foi a apresentação do grupo no Rock in Rio, e pior ainda o lançamento do Box com dilatador anal e vibrador em tributo ao vocalista Papa Emeritus. Dispensável, e triste ver tal apelação para uma banda que prometia bastante com seu álbum inicial.



Menção especial: Jess Grenberg

Muito marmanjo acessou o youtube esse ano, e fez dessa menina um viral inesquecível em 2013, com mais de sete milhões e oitocentos mil acessos para sua versão acústica de "Highway to Hell" (AC/DC). Há outros clipes no mesmo canal, e todos com Jess exibindo sua "graça" para os espectadores. Não ficando preso apenas na beleza da garota, pois mesmo com a forte apelação visual (e não da para negar isso), concentrando-se na música ela toca e canta relativamente bem. Não sei se irá fazer carreira, se ela só quis promover-se para arranjar um emprego de modelo, mas o certo é que esse foi o clipe de rock mais acessado no ano, mostrando que a apelação visual está contando (e muito) mais que a musicalidade hoje em dia.

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