Iron Maiden em 1982: Clive Burr, Adrian Smith, Dave Murray, Bruce Dickinson e Steve Harris |
Por Diogo Bizotto
Com André Kaminski, Bernardo Brum, Bruno Marise, Davi Pascale, Eudes Baima, Fernando Bueno, José Leonardo Aronna, Leonardo Castro, Mairon Machado e Ulisses Macedo
Desta vez não tem enrolação, tentativa de amenizar ou observar o resultado final sob ângulos diversos. Deu heavy metal na cabeça, na vice-liderança e em mais três posições desta edição da série. No topo, com mais que o dobro dos pontos atribuídos ao segundo colocado, a consolidação definitiva do Iron Maiden através de The Number of the Beast, que trouxe o vocalista Bruce Dickinson substituindo Paul Di’Anno de maneira a deixar pouca saudade, encaixando-se perfeitamente não apenas na sonoridade original do grupo, mas nas novas aspirações de Steve Harris e cia., produzindo canções mais ambiciosas que estabeleceram um padrão a ser superado por outras formações e pelo próprio Maiden. Como sempre, lembro que a pontuação segue as diretrizes do Campeonato Mundial de F-1. Dúvidas, sugestões, elogios, críticas? Os comentários estão sempre à disposição. Não deixe de registrar suas preferências!
Iron Maiden – The Number of the Beast (137 pontos)
André: Meu disco preferido do Maiden. Simplesmente não há faixa ruim em um dos melhores discos de heavy metal de todos os tempos. Amo principalmente “Children of the Damned”, “Invaders”, a mais do que clássica “The Number of the Beast” e a minha favorita da banda, “22 Acacia Avenue”, com seus riffs marcantes e seu refrão pegajoso. Este é somente o início de uma série de álbuns clássicos feitos pela banda símbolo do metal oitentista.
Bernardo: Pronto. Fórmula mágica descoberta. Com a entrada da “sirene de ataque aéreo” de Bruce Dickinson, este álbum tornava três músicas obrigatórias: a faixa-título, a galopante “Run to the Hills” e os oito minutos de inspiração épica “Hallowed Be Thy Name”. O resto não é de se jogar fora, mas depois do Maiden repetir os clichês estabelecidos aqui tantas vezes o disco acabou envelhecendo e muito aos meus ouvidos.
Bruno: O que eu gosto do Iron Maiden é a crueza, a energia e o frescor do disco de estreia. Com a entrada de Bruce Dickinson no lugar de Di’Anno, essas características seriam substituídas por um som mais polido e pomposo. Mas é inegável que The Number of the Beast é um disco de heavy metal impecável. É praticamente uma cartilha do gênero. Tudo que popularizou o estilo nos anos 1980 está presente aqui: Canções épicas, vocais empostados, riffs melódicos e solos rápidos. A presença dos clássicos “Run to The Hills”, “22 Acacia Avenue”, “The Prisoner”, “Hallowed Be Thy Name” e a faixa-título também ajuda bastante.
Davi: Espetacular. Melhor álbum do Maiden, na minha opinião, e um dos melhores da história do heavy metal. Embora Paul Di’Anno fosse um bom cantor, Bruce Dickinson tinha uma voz mais potente e era muito mais versátil. As composições amadureceram muito de Killers para ele. Não tem uma faixa ruim no disco. Os destaques ficam por conta de “The Prisoner” e “Children of the Damned”, além da faixa-titulo, que é mais manjada do que cantiga de ninar, mas é um clássico.
Diogo: Killers (1981) é meu favorito do Maiden desde sempre, mas The Number of the Beast vem pouco atrás. A entrada de Bruce Dickinson foi tão acertada que levou o grupo a outro patamar, deixando o underground inglês no passado e abrindo caminho para que a banda se tornasse uma eterna headliner, posição sustentada com sobras pela qualidade das músicas presentes no álbum. “Run to the Hills” perdeu boa parte da força que tinha quando a conheci, mas a faixa-título e “Hallowed Be Thy Name” permanecem sendo canções que ouvirei com gigantesca empolgação até o fim de meus dias, pois mantiveram a garra do Iron Maiden dos dois primeiros álbuns e ganharam em criatividade e sofisticação. Além do crescimento como músicos, o quinteto também apresenta em The Number of the Beast esmero com as melodias, vide as também ótimas “Children of the Damned” e “The Prisoner”. “Invaders” é básica e certeira, enquanto “22 Acacia Avenue” segue arrebanhando admiradores a cada dia que passa com inegável justiça – suas mudanças de andamento são sensacionais. Na verdade, a única canção que fica abaixo do restante é “Gangland”. Podem encher a boca para falar mal, é moda e pelo visto “pega bem”, mas The Number of the Beast ocupa o primeiro posto com merecimento.
Eudes: Bom disco da banda, embora inferior aos dois primeiros. O Iron Maiden repete aqui sua competente versão, mais amplificada e estridente, do hard setentista, mas perde a componente progressiva que se ouvia nos discos anteriores. Faixas bacanas, mudanças de andamento aprendidos com Tony Iommi, solos bem ensaiadinhos mas previsíveis, enfim, tudo aquilo que fez a fama e a glória da banda nos anos que viriam. Para quem já tinha mais de 20 anos em 1982, e tinha ouvido o essencial do rock pesado dos anos 1970, era difícil entender porque a banda era o futuro do rock. Mas, vá lá, o ano tem mesmo poucas opções. “Invaders” tem o mérito de abrir o disco potentemente, “Children of the Dammed” recicla bem o velho Sabbath, “The Number of the Beast” é um hit e “Run to the Hills” é adequada ao atual momento político. As demais estão naquela categoria, “boas, mas”…
Fernando: Difícil dizer em poucas linhas o que eu acho deste disco. Foi ele que me fez gostar de Iron Maiden e, por consequência, de heavy metal. Vários são os detalhes que poderia comentar: a introdução de “The Number of the Beast” que assustava qualquer um; a bateria e o riff inconfundíveis de “Run to the Hills”; a beleza de “Children of the Damned”; a marcante “The Prisoner”; e, claro, a épica “Hallowed Be Thy Name”. Mesmo Steve Harris não gostando de “Invaders” eu ainda a acho demais. O ponto fraco “Gangland” não consegue diminuir a força deste disco. Muito importante para o heavy metal em geral, The Number of the Beast foi a afirmação de uma banda que deixava de ser um vagão para ser a locomotiva do estilo. Esqueci de mencionar “22, Acacia Avenue”. Imperdível!
José Leonardo: O Iron é a unica banda de heavy metal tradicional a qual curto bastante. E o grupo acertou em cheio em contratar o excelente Bruce Dickinson na vaga deixada pela saída de Paul Di’Anno. Peso, velocidade, arranjos perfeitos, guitarras afiadas, baixo pulsante, bateria precisa. Tudo é muito bom. Destaque para os hinos “Run to the Hills” e “The Number of the Beast”, além das ótimas “The Prisoner”, “Children of the Damned” e “Hallowed Be Thy Name”. O legal é que na versão mais recente em CD, incluíram um b-side (que na minha opinião, deveria estar no LP original), a excelente “Total Eclipse”.
Leonardo: Clássico atemporal e indiscutível. Ainda que não seja o meu favorito da banda, é um dos discos mais importantes da história do heavy metal. Com um trabalho de guitarras primoroso, bateria energética e criativa, potentes linhas de baixo de Steve Harris e a estreia do espetacular vocalista Bruce Dickinson, o Iron Maiden nos presenteou com uma coleção incrível de composições. Seria até injusto escolher os destaques, dada a altíssima qualidade de todas as canções. Quer saber se gosta de heavy metal? Coloque este disco para rolar. Se não se empolgar, pode desistir do estilo.
Mairon: Mais previsível que final de novela das 9 era a eleição de The Number of the Beast como primeiro colocado desta lista, apesar de eu discordar bastante disso. Já falei sobre este álbum em um War Room e de lá repito que o disco é bom, com um lado A quase perfeito e um lado B bastante irregular. “22 Acacia Avenue”, “Children of the Damned” e “Halloweed Be Thy Name” são as melhores canções do disco de estreia de Bruce Dickinson no grupo, mas não consigo suportar sua voz em “Run to the Hills” e “Gangland”. O Iron já tinha feito material melhor antes, e ainda faria depois, a partir de 1984. Mas para primeiro colocado de 1982, acho que está muito longe, ainda mais com o melhor álbum da carreira do Queen (e um dos melhores em todos os tempos), o maravilhoso King Crimson nipônica By Kio Ran e a despedida emocionante de Roger Hodgson do Supertramp. A ala METÁU prevaleceu nesse momento.
Ulisses: Que me perdoem os fãs de Di’Anno (até porque eu também gosto dele), mas para mim o Iron Maiden começa de fato neste disco. A soberba interpretação de Dickinson em “Hallowed Be Thy Name” e as melodias acertadas de “Run to the Hills” e da faixa-título são fenomenais e trazem uma polida e acertada direção sonora, ao mesmo tempo em que mantém – ou melhor, refina – a costumeira cavalice do Iron Maiden na fluidez de outras ótimas composições, como “The Prisoner” e “Gangland”. Ainda o considero “overrated” demais para aparecer em primeiro lugar de uma lista de melhores, seja do ano, como é o nosso caso, seja de todos os tempos, como alguns o classificam – não é nem o melhor da discografia deles, quem dirá de todos os tempos. Mas continua essencial.
Judas Priest – Screaming for Vengeance (64 pontos)
André: Dentre todas as bandas consideradas “clássicas” do Metal, acredito que o Judas seja a que menos me interessou. Não significa que eu não goste, apenas tenho preferência maior por outras do estilo. Este Screaming for Vengeance é um disco bastante elogiado do Priest, o qual acho bem agradável, embora eu diria que ele represente o legítimo metal oitentista padrão (feito para agradar a todos sem fugir do básico). Gosto das linhas vocais de Halford em “Bloodstone”, demonstrando o melhor de seus agudos. “Screaming for Vengeance” é a melhor do disco, com uma pegada monstruosa de Dave Holland (será que ainda continua preso?). Apesar de não ter votado nele, respeito a inclusão deste disco na lista visto a sua importância para a década e a influência para muitas ótimas bandas que surgiriam depois.
Bernardo: O arrasa-quarteirão “Electric Eye” e o groove de “You’ve Got Another Thing Comin’” são os destaques de um álbum de uma banda produzindo um disco pesado e acessível, com apelo de imagem combinando com proficiência pop. Um verdadeiro “chiclete metálico”, divertido até dizer chega.
Bruno: Infinitamente superior a British Steel (1980). É a última coisa boa que o Judas Priest lançou. E lá se vão 32 anos.
Davi: 1982 realmente foi o ano do heavy metal, embora isso possa incomodar alguns consultores. Fora trabalhos clássicos de nomes como Iron Maiden, Van Halen, Kiss e Accept, ainda tivemos o Priest lançando esta belezinha. O que dizer de um álbum que contém canções como “Screaming for Vengance”, “You’ve Got Another Thing Comin’”, “Riding on the Wind” e “The Hellion/Electric Eye”? A unica coisa que posso dizer é: ouçam!
Diogo: Em nenhum outro momento de sua carreira o Judas Priest uniu tão bem suas características essencialmente heavy metal com tamanha acessibilidade. Não queBritish Steel não tivesse feito algo semelhante, mas em Screaming for Vengeance eles foram além, empolgando ainda mais e cunhando um número maior de clássicos, a começar pela viciante e apoteótica dobradinha inicial “The Hellion/Electric Eye”. A briga para definir qual é meu disco favorito do Judas Priest nos anos 1980 entre Screaming for Vengeance e Defenders of the Faith (1984) é encarniçada, mas as excelentes “Riding on the Wind” e “Bloodstone” (que timbre de guitarra!) acumulam preciosos pontos para o lançamento de 1982. A faixa-título é uma avalanche sonora que contrasta com a simplicidade de “You’ve Got Another Thing Comin'”, mas mesmo assim o track list funciona, assim como as boas “(Take These) Chains” e “Devil’s Child”. Não sou muito fã, porém, de “Pain and Pleasure” e “Fever”.
Eudes: Odeio estes discos que a gente não pode malhar porque não são ruins o suficiente, mas que não aportam nenhum motivo para que a gente diga algo novo sobre a banda. Nessa categoria “mais do mesmo é bom” se salva pouca coisa… Nem todo mundo pode ser o AC/DC ou os Ramones. Temas dramáticos, guitarras solos que se entrecruzam e uma irritante falta de elementos que distingam a banda do cipoal heavy metal da época. Vou dizer: se fosse submetido a uma cabra-cega com bandas heavy dessa época, eu tirava era zero.
Fernando: Se o Iron Maiden estava a poucos passos do pico do Everest metálico, o Judas estava rondando por ali. Local que nunca deixaram. A introdução “The Hellion” para a entrada de “Eletric Eye” é uma daquelas coisas que me faz ter orgulho de gostar de metal. É a introdução perfeita para um álbum. Mas daí você virava o disco e tinha outra faixa (título) de abertura alucinante.
José Leonardo: Como já disse anteriormente: conheço pouquíssima coisa do Judas Priest, por isso abstenho-me de comentar. Mas reconheço a importância da banda e o alto nível de seus músicos.
Leonardo: Mais um disco que definiria o heavy metal oitentista. A abertura com a introdução “The Hellion” e “Eletric Eye” já preparava o ouvinte para o que estava por vir: heavy metal clássico, com os riffs e solos elegantes da dupla de guitarristas Glen Tipton e KK Downing e os vocais inatingíveis de Rob Halford. A banda variava entre músicas mais diretas e rápidas, como “Riding on the Wind” e outras mais cadenciadas e com mais groove, como “Bloodstone”; e nos presenteou com o maior sucesso de sua carreira, o hino “You’ve Got Another Thing Comin'”.
Mairon: Considero Screaming for Vengeance uma sequência natural de British Steel (1980) – apesar de Point of Entry (1981) entre eles –, e até o julgo melhor. O Judas encontrava-se em uma fase bastante inspirada, compondo clássicos do metal sob os nomes de “Bloodstone”, “Devil’s Child”, “Electric Eye”, “Riding on the Wind” e “Screaming for Vengeance”, essa a melhor do álbum, que ao vivo tornaram-se ainda mais poderosas do que as já matadoras versões em estúdio. Porém, não consigo gostar das canções mais arrastadas, que são “(Take These) Chains”, “Pain and Pleasure” e a desnecessária balada “Fever”. O maior clássico do álbum fica por conta de “You’ve Got Another Thing Coming”, canção que a partir de então virou obrigatória em todas as apresentações do grupo, com um refrão marcante típico para levantar arenas. Foi o último grande disco do Judas Priest até o lançamento de Painkiller (1990), sem sombra de dúvidas, e apesar de não ter votado nele, sua presença por aqui não é mal vista, apesar do excesso metálico escolhido pelos consultores.
Ulisses: Da década de 1980 do Priest, este é o disco que melhor tornou-se acessível sem deixar de ser pesado. A ultraclássica abertura com “The Hellion/Electric Eye” é daquelas composições que por si só já fizeram o heavy metal dar um passo para a frente, a começar pelo riff de introdução, que é de outro mundo. Mas aqui tem muito mais: a dobradinha matadora “Riding on the Wind” e “Bloodstone”, a faixa-título (um verdadeiro rolo compressor) e as mais cadenciadas “Devil’s Child” e “(Take These) Chains”, com uma sonoridade um pouco mais voltada para o passado. E, é claro, o hit “You’ve Got Another Thing Coming”, rock de arena super bem feito e que agrada até aos não-iniciados. Nem preciso dizer que Screaming for Vengeance é um álbum obrigatório!
Rush – Signals (58 pontos) *
André: Sim, a “fase teclado” é a minha favorita. E Signals é meu disco preferido do Rush e faz parte do meu top 10 de álbuns preferidos de todos os tempos. Não faço ideia da quantidade de vezes que já ouvi “Subdivisions”, música não menos que brilhante e a minha preferida do trio canadense. Já li e reli sua letra várias vezes. Só por esta faixa já estaria em primeiro na minha lista. Mas ainda há “Chemistry”, “Digital Man” e aqueles sintetizadores abrindo a canção de encerramento, “Countdown”, que me fazem transpirar felicidade. Para quem é fã de Rush e não gosta dessa fase, ainda acho que deveria deixar o preconceito de lado e dar uma chance a este disco maravilhoso.
Bernardo: Acho que depois de Moving Pictures (1980) o Rush só me chamou a atenção mesmo em Roll the Bones (1991) e em alguns momentos dos últimos dois trabalhos.
Bruno: Nos dois discos anteriores, o Rush provou que poderia entrar na nova década se adaptando às novas tendências sem perder sua identidade. As experimentações com sintetizadores e teclados que começaram de maneira tímida foram escancaradas em Signals e ocupam boa parte do álbum. É o último bom disco da banda durante muito tempo, que se perderia nos anos seguintes. Ainda assim não vale o suficiente para figurar entre os dez melhores de 1982.
Davi: Rush não é isso mimimi, prog não é isso mimimi, prog é musica de 190 minutos dividida em cinco partes mimimi. Bah… Deixe de mimizice, vire homem e escute o disco. Puta disco. Puta banda.
Diogo: Dando continuidade a seu processo de negação a qualquer tipo de estagnação, o Rush passou e investir pesado em sintetizadores e obteve sucesso com Signals, tanto comercial quanto musical. Minha fase preferida da banda finda justamente no anterior, Moving Pictures, mas não sou estúpido a ponto de ignorar a grande qualidade de uma música como “Subdivisions”, que apontava um caminho interessantíssimo a ser explorado. Pena que o mesmo nível foi raramente mantido em oportunidades posteriores. Signals, porém, sustenta-se como um disco muito bom na maior parte do track list, destacando “The Analog Kid”, “Chemistry”, “Digital Man” e “Countdown”. Estranho é perceber que, apesar de Signals ter sido lançado depois, sua produção soa mais datada que a dos álbuns imediatamente anteriores, Moving Pictures e Permanent Waves (1980).
Eudes: Melodias fracas tocadas de modo pomposo. Hard rock com tons progressivos. Músicos competentes e um cantor com voz de corvo. O que este disco traz de novidade para o Rush entrar de novo na lista? Ah, agora tem esses timbres sem personalidade de sintetizador. Tá bom!
Fernando: Com Signals o Rush iniciou uma fase em que as guitarras foram deixadas um pouco em segundo plano para que os sintetizadores se tornassem protagonistas. Ainda gosto muito das coisas que o Rush fez nessa época, mas sei que muitos fãs torceram o nariz. “Subdivisions” tem uma das melhores letras da banda e é uma das melhores faixas dos canadenses.
José Leonardo: A partir deste disco o Rush começou a modificar um pouco o seu som, dando mais ênfase aos sintetizadores como primeiro plano nas suas composições, fato que se tornaria cada vez mais frequente nos discos posteriores da banda. Já tive o LP e não curti muito na época. Da banda, tenho até o anterior, Moving Pictures (1981), que considero seu canto do cisne.
Leonardo: Investindo cada vez mais em sintetizadores, o Rush lançou mais um belo álbum. Enquanto “The Analog Kid” e “Digital Man” mostravam que as raízes do grupo continuavam intactas, faixas como “Subdivisions”, “Chemistry” e “The Weapon” incorporavam influências de sonoridades em voga à época, como a new wave e o reggae. Poucas bandas conseguiriam fazer isso mantendo a qualidade e sem perder a classe, e o Rush era uma delas.
Mairon: Em uma lista tão fraca e recheada de METÁU repetitivo ou pop de péssima qualidade quanto esta, Signals é uma flor de lótus (junto a Creatures of the Night e Nebraska). Este foi um dos primeiros discos do trio canadense que ouvi, e, por isso, não fiquei tão chocado com a quantidade de teclados que assolou a música do grupo a partir deste LP. Pelo contrário, foram exatamente os teclados de “Chemistry”, “The Weapon” e da linda “Losing It” que me tornaram ainda mais fã do grupo. Ser apresentado a “Subdivisions” é uma experiência bastante animadora, principalmente pela performance irrepreensível de Neil Peart, e é impossível não ficar encantado com “Countdown”, forte concorrente a melhor canção do Rush na era dos teclados (ao lado de “Territories” e “Distant Early Warning”). Para quem acha que é só teclados neste disco, pegue o riffzão e o solo de guitarra em “Analog Kid” ou o baixão de “Digital Man”. Único pequeno deslize é a acessível “New World Man”, em um belo disco no qual, mesmo não sendo o velho e bom Rush do hard rock de início de carreira ou o impetuoso Rush progressivo do final da década de 1970, ainda podemos ouvir a potência e genialidade de um dos melhores grupos do Canadá.
Ulisses: Marcando propriamente o início da “fase teclado”, Signals mostra que o trio canadense não quis simplesmente cair no comodismo e deixar as coisas como estavam no incrível Moving Pictures. A junção dos teclados e sintetizadores com as letras introspectivas de Peart cria uma atmosfera fluída, interessante de ouvir e que paira sobre todas as oito faixas, com uma ligeira vibe paranóica e pessimista. Embora “Subdivisions” seja a mais conhecida composição, tudo em Signals é digno de atenção, incluindo a melancólica “Losing It” e seu choroso solo de violino, cortesia do conterrâneo Ben Mink. Influências de reggae e new wave continuam dando as caras em “Digital Man” e “New World Man” – aquela, dona da conhecida confusão com o produtor Terry Brown, e esta, um inesperado hit nas terras do Tio Sam.
Bruce Springsteen – Nebraska (58 pontos) *
André: Diria que Bruce Springsteen demorou para me agradar, mas ele vem crescendo em minhas audições aos poucos. Tenho apreciado essa atmosfera de tranquilidade do interior norte-americano que Bruce provoca com suas composições, principalmente as baladas, bem diferente do que costumo ouvir. Pelo que pude ouvir em Nebraska, Bruce se foca mais no seu lado folk do que no rock propriamente dito, com “Nebraska” e “Atlantic City” ditando como será o disco. Há que se destacar as letras de Springsteen, sempre contando uma historinha bem bacana, e até por isso quase não há refrãos. É um álbum bacana e gostoso de ouvir deitado em uma rede, servindo como uma trilha sonora para relaxar.
Bernardo: O álbum de “folk assombrado” de Springsteen é uma de suas obras primas. Com letras falando sobre assassinos, foras-da-lei e demais marginais e pé rapados, de clima sombrio, rústico e seco, que seriam homenageadas inclusive por Johnny Cash, que nos anos 1990 gravaria duas de suas melhores faixas: “Johnny 99” e “Highway Patrolman”. Mas talvez o ápice da “escuridão” springsteeniana seja “State Trooper”, influenciada pela psicótica “Frankie Teardrop” da banda de noise/no wave Suicide. Inclusive o clipe de “Atlantic City” já trazia imagens sombrias em preto e branco, ditando o tom geral de um álbum único na carreira do patrão.
Bruno: Dos discos clássicos de Bruce Springsteen, talvez este seja o que mais destoa de sua sonoridade habitual. Neste caso a massa sonora criada pela E Street Band, com cordas, piano, metais, guitarras e refrãos de arena dão lugar a arranjos acústicos, introspecção e melancolia. Nebraska está longe de ser ruim, mas não me empolgou tanto quanto os trabalhos mais vigorosos do chefe.
Davi: Álbum do The Boss que mostra a outra faceta do rapaz. Trabalho acústico, com momentos quase folk. Assim como seus demais álbuns, a qualidade fala alto, mas ainda prefiro o rapaz fazendo um som mais rock, com guitarras falando alto. Ou seja, trabalho que considero interessante, mas não figura entre meus preferidos do músico.
Diogo: Você é um cantor em ascensão, com um número considerável de álbuns nas costas e mais de dez anos de carreira. Finalmente, você conseguiu colocar uma música sua em alta posição nas paradas. O que você faz? O possível para confirmar esse sucesso, tentando carimbar mais um êxito? Não quando você atende por Bruce Springsteen. Munido de um gravador portátil, Bruce começou a registrar demos para o álbum que viria a suceder The River (1980), sozinho, cantando acompanhado apenas de violão, gaita e alguns mínimos overdubs de outros instrumentos. Ao apresentar o resultado aos seus colegas da E Street Band a fim de arranjar e gravar as canções, ficou claro que o poder único das músicas em formato demo era grande demais para ser ignorado e o artista resolveu lançar essas versões mesmo, sob o nome de Nebraska, título daquela que talvez seja a faixa mais magnificamente assustadora de sua discografia. A partir dela, tem início uma série de canções minimalistas que versam sobre pessoas em diversas situações de dificuldade, seja mental, emocional, financeira ou com a lei. Bruce usa a primeira pessoa na maior parte do track list e envolve os ouvintes de maneira ímpar, suscitando compaixão até mesmo pelo assassino retratado em “Johnny 99″. Todas as canções são magníficas, mas limito-me a destacar, além das citadas, “Atlantic City”, “Mansion on the Hill”, “State Trooper” e “Highway Patrolman”, que chegou a inspirar a produção de um filme, “The Indian Runner” (1991). Bruce chegou a lançar posteriormente outros discos que seguiam diretrizes um pouco semelhantes, como The Ghost of Tom Joad (1995) e Devils & Dust (2005), além de algumas canções pinçadas em outros álbuns, mas nunca mais reproduziu de tal maneira o clima soturno e pessimista de Nebraska.
Eudes: Nebraska é, provavelmente, meu disco predileto de Bruce Springsteen. A bem da verdade, não ouvi com a devida atenção seus discos dos anos 1990 pra cá. Perdi o saco depois de Born in the USA (1984). Tive durante anos o álbum no formato cassete e, em certo período, não saía de meu toca-fitas. A soturna faixa inicial já nos transporta para a melancólica paisagem do intolerante Nebraska. Intitulada originalmente “Starkweather”, do nome de um jovem assassino em série que matou 11 pessoas em 1958, o peso do tema se reflete não só na letra mas na melodia. Uma abertura marcante. “Atlantic City”, que narra uma sangrenta guerra entre mafiosos, se transformou no hit do disco e é um clássico do country rock, com suas inflexões dylanescas, mas seu maior mérito é preparar nosso coração para a linda “Mansion on the Hill”, uma das melodias mais inspiradas da carreira de Springsteen, com arranjo rarefeito que justifica plenamente a opção de gravar Nebraska sozinho. Outros destaques são “State Trooper”, com Bruce emitindo uma voz fantasmagórica. “Used Cars”, um recordatório da infância do compositor embalada em melodia tipicamente country, “Open All Night”, um rock cinquentista depois transformado em hino celebratório dos concertos de Bruce. Última faixa a entrar no disco, “My Father’s House” é uma volta à introspecção e à nostalgia da infância, com Bruce remexendo em velhas feridas de sua difícil relação com o pai. Um verdadeiro clássico desta lista, e um dos poucos dos anos 1980.
Fernando: Ainda não tenho intimidade suficiente sobre a carreira de Bruce Springsteen para falar deste álbum. Sei que ele faz parte daqueles seis principais discos do patrão, mas desses seis é o que menos gosto, junto de The River. Porém, eu entendo que a culpa é minha por não ter me aprofundado mais.
José Leonardo: Como já disse anteriormente: conheço pouquíssima coisa do The Boss, por isso abstenho-me de comentar. E eu sei que preciso conhecer mais sua obra musical!
Leonardo: Um dos discos mais despojados e minimalistas de Bruce Springsteen, e ainda assim uma coleção interessantíssima de canções e refrãos. E mesmo que o clima do disco seja bastante depressivo, é impossível não se deliciar com o rockão “Open All Night”.
Mairon: O melhor disco da carreira de Bruce Springsteen figurou durante muito tempo na minha lista de melhores, e não entrou por detalhes. Diversas vezes este álbum me pega lembrando-me da carreira inicial de Bob Dylan. Depressivo, Nebraska é Bruce Springsteen em corpo, alma e muito, mas muito coração. A entrega dele é fantástica, tocando todos os instrumentos com uma emoção difícil de ser encontrada em outro álbum seu. Complicado destacar uma música em especial, pois todas têm o mesmo padrão tocante, mas prefiro as mais calmas (“Mansion on the Hill”, “Nebraska”, “Used Cars”, a dolorida “My Father’s House” e a linda “Highway Patrolman”). De qualquer forma, o Boss substituiu o bardo Neil Young nos anos 1980, porque vem aparecendo em todas as listas quando lança um disco, e como meu chapéu se os outros dois álbuns dele nessa década não derem as caras por aqui.
Ulisses: Munido de gaita e violão, Bruce compôs temas melancólicos, assombrosos até, cantados sempre em torno de um personagem diferente e pintando um clima de desolação que traz, sem dificuldades, o ouvinte ao mundo que o disco quer mostrar. É a primeira vez que ouço Bruce Springsteen, e achei bem interessante. Excelente recomendação dos consultores.
Michael Jackson – Thriller (51 pontos)
André: Aprendi a respeitar e admirar o trabalho deste artista muito recentemente, pouco depois da morte inesperada do cantor. Incrível como Michael consegue ser um ótimo cantor tanto como criança, adolescente ou adulto. E o disco mais vendido da história da música é ótimo. As famosas “Thriller” e “Billie Jean” não são as minhas músicas favoritas deste disco, ao que considero “Baby Be Mine”, “Beat It” e a desprezada “Human Nature”, que acho bem superiores. A originalidade de suas melodias pop, utilizando-se de sintetizadores graves e um trabalho de baixo excepcional tornam este disco muito diferenciado de tudo o que foi lançado na música pop. Acabou não entrando na minha lista, mas depois de ouvi-lo para escrever os comentários, vejo que ele poderia ter cavado sua vaguinha ali no meio.
Bernardo: Daquela linha de “tão bom que parece ser coletânea”. Tem Vincent Price narrando e dando a risada mais sinistra da história na faixa-título e seu clima sombrio paródico, tem “Beat It” e sua atitude “macho” embalada pelo riff pesado de Eddie Van Halen, que frita tudo no solo. E a sexy “Billie Jean”, com seu vocal sussurrado, sua letra provocante e crescendo memorável no refrão. Com o videoclipe dos zumbis dirigido por John Landis em um, o videoclipe com temática de gangues em outro e a apresentação ao vivo que eternizaria o passo “moonwalk”, criava-se o álbum mais vendido da história e o título de “Rei do Pop”, que Michael mereceu mais do que ninguém.
Bruno: Todos já sabem que é o disco mais vendido da história. Isso não significaria nada se o seu valor artístico fosse inferior. Mas a qualidade de Thriller é indiscutível. Um grande expoente do pop. Uma prova de que é possível criar um trabalho com direcionamento mais comercial sem perder a qualidade nos arranjos e o bom gosto no quesito mais importante: a música. Apesar de Michael Jackson não estar entre as minhas preferências, Thriller é um álbum divertidíssimo e bastante representativo da época.
Davi: Puta disco! Sempre gostei do Michael Jackson. Ótimo cantor, bom letrista, dançarino exímio. Um garoto que era um tanto quanto problemático, mas de talento singular. Este álbum é um marco não apenas em sua carreira, mas na música pop de modo geral. Além de participações especialíssimas (como Paul McCartney e Eddie Van Halen), o cara trazia canções únicas. Faixas como “Beat It”, “Billie Jean”, Thriller”, “Human Nature” e “The Girl Is Mine” são verdadeiros hinos da musica pop. E “Wanna Be Startin’ Somethin’” não fica muito atrás, não… Não temos nenhum artista pop atualmente que chegue a seus pés.
Diogo: Depois do arrasa-quarteirão Off the Wall (1979), a responsabilidade deve ter pesados nos ombros de Michael. Consolidado como um artista adulto e que devia ser levado muito a sério, o que ele fez? Mostrou que merecia todo o respeito e o sucesso conquistado fazendo um disco tão bom quanto e ainda mais variado, cobrindo em apenas nove faixas grande parte do espectro da música pop de sua época. Do hard rock vitaminado por Eddie Van Halen de “Beat It”, até o funk pesadão de “Wanna Be Startin’ Somethin’”, Michael transita também por melodiosas baladas pop, como “The Girl Is Mine” e “The Lady in My Life” (pouco lembrada e excelente), grooves irresistíveis através de “Billie Jean” e “P.Y.T. (Pretty Young Thing)”, além de coisas que ate são difíceis de definir, como a faixa-título. Tudo sempre com muita qualidade, arranjos primorosos, execução idem e atenção aos detalhes. Mas o melhor de tudo mesmo chama-se “Human Nature”. A canção pode até ter sido escrita por Steve Porcaro (Toto) e ter (bela) letra de John Bettis, mas é a interpretação magistral de Michael que a torna tão especial. Não à toa, o momento mais emocionante do filme “This Is It” (2009), lançado após a morte do cantor, consiste em vê-lo interpretar essa música durante os ensaios para a turnê que nunca se concretizaria.
Eudes: Monumento de Jacko que confirma minha impressão de que o que rolava de mais interessante em 1982 não era na esfera estritamente rock. O multiplatinado álbum é merecidamente uma das maiores realizações do pop do século passado. Grandes canções, arranjos luxuriantes e minuciosos, com cada segundo sendo preenchido por um sem número de detalhes e referências, tudo sem perder a cintura jamais, muito pelo contrário. A abertura, com “Wanna Be Startin’ Somethin'”, traz o funk dos anos 1970 para a modernidade, unindo metais em brasa e ritmos eletrônicos em torno de uma linha de baixo que deve ter orgulhado James Brown. “Baby Be Mine” é anticlimática, mas é seguida de “The Girl Is Mine”, lindo funk soft composto e cantado com Paul McCartney, um dos muitos hits do disco. Mas acredite, tudo isso era só uma luxuosíssima introdução para a verdadeira reviravolta na música negra americana que Michael Jackson impôs com a canção-título do álbum: arranjo intrincadíssimo, baixo que te atinge no estômago, guitarra funk irresistível, tudo sobre uma base eletrônica estonteante (existe funk progressivo?) e a serviço da dança (e não vamos esquecer a cavernosa voz de Vincent Price nas narrações e na gargalhada final). A partir daí é um clássico atrás do outro. “Beat It”, além de trazer roqueiros empedernidos para a pista de dança, em uma das maiores contribuições de Jackson à melhoria do QI de metaleiros, ainda coloca Eddie Van Halen no seu lugar, o de (excelente) músico de apoio de Michael. O que eu disser de “Billie Jean” e de “Human Nature” será ocioso. Melhor ouvir. Sem dúvida, o grande disco desta lista!
Fernando: Lembro-me de ser apenas um moleque e Michael Jackson tinha acabado de lançar seu álbum Bad (1987). Meus primos maiores ouviam direto aquelas músicas e também outras de discos anteriores. A que mais gostava era “Billie Jean”, mas quando ouvia aquele riff de guitarra de “Beat It” ficava doido. Só anos depois que soube que o guitarrista que o fez era um cara muito importante para o hard rock/heavy metal que eu então já gostava. Deixei de ouvir o rei do pop por muito tempo, mas atualmente volta e meia eu coloco esses discos antigos.
José Leonardo: Um dos discos mais famosos da história da música pop. Pena que nunca fez muito a minha cabeça, apesar de que a levada rock de “Beat It” é legal e o vídeo de “Thriller” é muito bom.
Leonardo: Se afastando um pouco da disco music e abraçando a música pop em todas as suas facetas, Michael Jackson e o produtor Quincy Jones lançaram um dos discos que mais se aproximaram da perfeição. Do funk de “Wanna Be Startin’ Somethin'” ao hard rock de “Beat It”, passando por baladas como “The Girl Is Mine” e pelo groove de “Billie Jean”, tudo no álbum soa perfeitamente projetado e executado. Não é a toa que é um dos discos mais vendidos e todos os tempos…
Mairon: Tchê, um disco que é o que mais vendeu em toda a história, ganhou oito prêmios Grammy e marcou uma geração de jovens, por mais que eu não goste dele, merece estar nesta lista final. Mas espero que seja na décima posição, porque, musicalmente, o que me agrada nele é somente o riff de Eddie Van Halen (e o solo) durante “Beat It”, e o ritmo dos outros dois clássicos: “Billie Jean” e a faixa-título. Pop abatumado demais para meus ouvidos, pior que tudo o que Michael Jackson fez antes (depois ainda pioraria com Bad e Dangerous, de 1991), mas enfim, aqui está ele entre os dez melhores. Foi brabo ouvi-lo novamente, e enquanto passavam as músicas, só pensava naquela frasezinha sobre “milhões de moscas não podem estar erradas”.
Ulisses: Não entrou em minha lista, mas era óbvia sua entrada no top 10. Com contribuições históricas, como os clipe de “Billie Jean” e “Beat It” (esta, com icônica participação de Eddie Van Halen) em constante rotação na MTV, ajudando a quebrar as barreiras entre brancos e negros, além da cinemática faixa-título, que deu o pontapé para a nova era dos videoclipes. Um álbum que vendeu tanto e significou tanto a ponto de mudar a indústria fonográfica para sempre. Thriller é um daqueles registros que, mesmo que não se agrade do estilo, tem que ouvir de cabo a rabo pelo menos uma vez na vida.
Kiss – Creatures of the Night (47 pontos)
André: Com alguns guitarristas gravando no lugar de Frehley (entre eles o ótimo Vinnie Vincent), Creatures of the Night dá uma injeção de ânimo na carreira estagnada do Kiss depois do insucesso de Music from “The Elder” (1981). Este
disco rondou a minha lista por um tempo mas acabei tirando no final. É o
retorno do Kiss pesado e hardeiro dos anos 1970 pouco antes de se
encaminhar para a farofeira deLick It Up (1983).
Minhas preferidas são a faixa-título, “Rock and Roll Hell” (baita
baixão de Simmons) e “Saint and Sinner” (belos solos de Vinnie). Não é
um disco que possui aquela faixa com jeitão de hit radiofônico, mas é um
disco excelente e empolgante com a banda afiada e em ótima forma.
Bernardo: A
linha de bateria de Carr em “I Love It Loud” é algo irresistível,
mostrando como a adição de um músico pesado como ele fez bem à banda,
que conseguiu apresentar algo minimamente diferente – um hard rock mais
pesado e grave, como dá pra ouvir em “War Machine”. Mas como dava pra
esperar, essa fase não durou muito, e o pobre Carr encarou a fase mais
farofeira e comercialóide da banda, na qual quase nada se salva – Animalize (1984), Crazy Nights (1987) e Hot in the Shade (1989) são de doer o ouvido. Espero que não entrem nas próximas listas.
Bruno: É
o tal disco heavy metal do Kiss. Após três álbuns mais experimentais, a
banda decidiu retornar à velha forma e lançar um trabalho ainda mais
pesado que o habitual. As pancadas do novo baterista Eric Carr e a
guitarra de Vinnie Vincent contribuíram para o som “metálico” de Creatures of the Night.
Já foi o meu favorito do Kiss, mas hoje prefiro qualquer um dos
cinco primeiros. É um ótimo disco, mas não o suficiente pra chegar entre
os dez melhores deste ano.
Davi: Clássico! Logo após realizarem Music from “The Elder”,
que considero um bom disco, mas que não tinha muito a ver com a banda,
os caras voltaram a fazer o que sabiam de melhor. Sonoridade pesada,
direta, sem firulas. O som de bateria do Eric Carr é matador. O fato de
Ace Frehley ter saído da banda pouco antes das gravações do disco fez
com que o álbum tivesse diversos guitarristas como “ghost musicians”.
Embora seja muito lembrado pelo hit “I Love It Loud”, há outros grandes
destaques, como “Creatures of the Night”, “Rock and Roll Hell”, “War
Machine”, “Keep Me Comin’”… Bah… O disco inteiro é foda!
Diogo: Após a entrada de dois discos do Kiss que não fazem jus ao título desta série,Dynasty (1979) e Music from “The Elder”,
finalmente temos agora um álbum verdadeiramente digno de figurar por
aqui. Com o auxílio de alguns compositores externos, como os canadenses
Jim Vallance e Bryan Adams, cujo sucesso como cantor solo ainda estava
por se consolidar, além de meia dúzia de guitarristas (já que Ace
Frehley estava pulando fora), Paul Stanley e Gene Simmons entregaram uma
coleção de faixas poderosas, a começar por aquela que dá título ao
álbum, uma de minhas favoritas do grupo, que finalmente mostra do que
Eric Carr era capaz. Aliás, o som de bateria de Carr está gigante,
fazendo jus ao seu talento, assim como as guitarras e o baixo também
soam mais pesados do que nunca na carreira do Kiss. “I Love It Loud” é o
hit do disco, mas “Danger” e “War Machine” são canções de maior
destaque, além, é claro da balada “I Still Love You”, que referenda o
porquê de Paul Stanley ser meu integrante favorito do grupo, com uma
interpretação acima da média. É uma pena que o sucesso tenha sido
limitado, mas Creatures of the Night permanece como meu álbum preferido do Kiss.
Eudes: Simpático disco do Kiss. “Rock
and Roll Hell”, “I Love It Loud”, a balada mela cueca “I Still Love
You” e “Killer” sustentam uma festa, mas, como sempre digo, esta seção
chama-se “Melhores de Todos os Tempos”, gente…
Fernando: Depois
de alguns discos em que a crítica e boa parte dos fãs caiu de pau o
Kiss fez um álbum digno de sua grandeza. Bem mais pesado e voltando a
ser perigoso novamente. Com o hino para ser tocado em estádios “I Love
It Loud” e os clássicos “Creatures of the Night” e “War Machine”, o Kiss
voltou a ser relevante.
José Leonardo: Repito
o que escrevi antes: todos sabem que nunca curti o Kiss, nem quando era
adolescente. A banda nunca me cativou com seu rock festeiro.
Leonardo: Depois do fracasso comercial do projeto Music From “The Elder”,
Gene Simmons e Paul Stanley decidiram retomar o que o Kiss havia feito
de melhor até então: hard rock pesado, vigoroso e ainda mais enérgico,
devido ao “novo” baterista Eric Carr. Como Ace Frehley já não
demonstrava mais tanto interesse pela banda, a dupla recrutou alguns
compositores externos, como Bryan Adams e Vinnie Vincent, e começou a
gravar seu novo disco com diversos guitarristas, entre eles o próprio
Vincent. O resultado foi musicalmente excepcional. Da abertura com a
rápida faixa-título ao encerramento com a épica “War Machine”, o álbum
apresentava uma coleção de riffs pesados, ganchudos e com um pé no heavy
metal, mas sem perder a aura de diversão que a banda sempre teve. Pena
que, mesmo com tantas qualidades, o disco não tenha tido um resultado
comercial tão expressivo nos EUA, fato que levaria a banda a tomar uma
atitude mais ousada em seu próximo lançamento…
Mairon: Sei que vou apanhar por isso, mas este é o último grande disco do Kiss na década de 1980. Depois do fracasso do ótimo Music from “The Elder”,
Ace Frehley saiu, sendo substituído por Vinnie Vincent (que gravou seis
das nove canções do LP) e o Kiss migrou para um novo patamar, fugindo
do rock e centrando-se no hard farofa. O divisor de águas foi Creatures of the Night,
um disco pesadíssimo como nunca ouvimos antes na discografia do Kiss.
As faixas com Paul Stanley nos vocais são todas no mínimo excelentes, e
já valem a presença do LP entre os melhores de 1982, sendo impossível
não destacar a incrível interpretação para “I Still Love You”, talvez a
melhor canção do Kiss pós-Ace Frehley. Ainda temos a clássica “I Love it
Loud”, que colocou o Kiss novamente nas paradas e fez a banda lotar
novamente as arenas. Pena que a farofice tomou conta, e o Kiss só veio a
fazer algo decente no final da década de 1980.
Ulisses: Não ouvi e não gostei.
Manowar – Battle Hymns (45 pontos)
André: Jamais
apostaria neste disco aqui, ainda mais conhecendo (ou achando que
conhecia) o gosto dos meus colegas comentaristas. Eu gosto de Manowar
com todos os seus exageros e posturas que fazem parte de seus trabalhos,
mas este debut não me agrada tanto quanto Into Glory Ride (1983) e Hail to England (1984). E prefiro a versão do disco regravada em 2010, mais moderna e bem produzida.
Bernardo: Tem
uma águia com peitoral definido na capa. Isso é TRUE!!!! Mas a música é
epicamente genérica, e eu só gostei mesmo deles epicamente terem
influenciado os épicos Hermes e Renato a sacanear e criar o épico
Massacration, que lançaria Gates of Metal Fried Chicken of Death (2005),
muito mais épico que qualquer coisa que o Manowar já tenha lançado,
apesar de não ter uma águia com peitoral definido na capa. Será que ela
toma whey protein pra ficar MONSTRO?
Bruno: Tá,
os riffs deste discos são legais e tem uns refrãos grudentos pra
cacete. Mas vamos falar sério, né? Manowar em uma lista de melhores de
todos os tempos? Este disco foi a única coisa audível que esses palhaços
produziram, mas isso não justifica a ausência de clássicos
indiscutíveis, como as estreias de Bad Brains e Misfits, só pra citar
alguns exemplos. Apesar de não ser um disco ruim, ter o Manowar em uma
lista dessa é uma mancha gigantesca. Uma pena.
Davi: Famoso
grupo ame ou odeie. Bela estreia do Manowar. Adoro este disco. Ainda o
considero seu melhor trabalho. Som cru e inspirado. “Metal Daze”, “Death
Tone” e a faixa-título são músicas que ouvi até cansar. O único senão é
aquele solo de baixo com o nome de “William’s Tale”, que sempre
considerei dispensável. Não resta dúvidas que é um álbum essencial para
qualquer um que se diga colecionador de heavy metal.
Diogo: Óbvio
que Manowar em uma série chamada “Melhores de Todos os Tempos” vai
gerar chiadeira. Afinal, poucas bandas geram reações tão bem definidas
entre “ame ou odeie”, mesmo em um meio tão enxovalhado pela crítica
quanto o heavy metal. Ignorando esse fato, esquecendo as ideias
pré-concebidas e deixando as presepadas de lado, a verdade é que, quando
o assunto é seus quatro primeiros discos, eu acho a banda sensacional.
Na verdade, até considero Battle Hymns o menos interessante entre eles, mas isso não quer dizer tanta coisa, pois isso ocorre em função de Into Glory Ride (1983), Hail to England (1984) e Sign of the Hammer (1984)
serem ótimos. Afinal de contas, “Metal Daze”, “Fast Taker” e “Manowar”
são divertidíssimas, enquanto “Battle Hymn” e, especialmente, “Dark
Avenger”, merecem ser rotuladas como clássicos com louvor. Além disso,
Joey DeMaio é um baixista de estilo peculiar, com um “approach” pouco
convencional, e Eric Adams é um dos melhores vocalistas de sua geração.
Falam tanto que rock é diversão, que não é para ser levado a sério…
Então larguem mão de tanto bundismo e curtam um Manowar de vez em
quando!
Eudes: Vocês
tão de sacanagem. Como é que vocês querem que eu leve a sério um disco
que começa com uma faixa bubble gum tocada com arranjo pesadão e que
mantém o padrão até o fim? Nem vou ficar dizendo que é ruim e tal, mas,
na boa, o que este disco tem de relevante para ser perpetuado para a
posteridade aqui? Não consigo entender o que esta banda tem de melhor do
que aquelas que eles imitam, como Nazareth e Slade? Mas deus há de
perdoá-los porque a seca na área rock nesses sombrios anos 1980 era
mesmo de lascar!
Fernando: O Manowar chegou a regravar este disco todo por conta da produção ruim do original. Melhorou? Claro que não! O álbum já era ótimo. Não precisa ser refeito.“Manowar” até hoje me lembra o fato de ter sido a faixa com que conheci a banda, através de um cover do Angra. O que dizer de “Battle Hymn”? A
música mais épica das músicas épicas. Bandas como Blind Guardian, Gamma
Ray e outras do mesmo estilo devem ouvir essa faixa todos os dias no
café da manhã.
José Leonardo: Outra banda que nunca me chamou a atenção. O visual também não ajuda e deixa a coisa meio ridícula.
Leonardo: Pode
se falar o que se quiser do Manowar. Que a banda é uma piada, que seu
visual é exagerado, que seus últimos discos são péssimos. Independente
de tudo isso, é inegável que seus quatro primeiros discos têm uma
qualidade absurda, que jamais será apagada, seja lá o que a banda decida
fazer no futuro. Battle Hymns,
seu álbum de estreia, apresentava uma mistura entre o hard rock pesado
comum nas bandas norte-americanas do início dos anos 1980, como Riot e
The Rods, e a veia mais épica das bandas inglesas como Rainbow, Judas
Priest e Black Sabbath com Ronnie James Dio. O resultado foi
esplendoroso. Hinos como “Metal Daze” e a faixa que batizava a banda,
“Manowar”, canções mais aceleradas como “Fast Taker”, ou cadenciadas
como “Death Tone” se sucedem, preparando-nos para o melhor, as épicas
“Dark Avenger” e “Battle Hymn”. A primeira tem o andamento cadenciado e
explode em energia após o refrão. Já a segunda se tornaria o maior
clássico da carreira da banda e a definição do metal épico, além de ser
uma daquelas composições em que tudo se encaixa perfeitamente. Também é
impossível não citar o vocal impressionante de Eric Adams, que se
tornaria um dos melhores vocalistas de sua geração
Mairon: Há alguns anos larguei o Manowar de mão, e voltei a ouvir pela obrigação da série. Álbum de estreia do grupo, Battle Hymns tem
como melhor momento a épica faixa-título, já que gritar “kill, kill,
kill” durante o refrão é sempre marcante e divertido. O que me chama a
atenção são as composições do lado B (“Battle Hymn” entre elas), bem
trabalhadas e bastante inovadoras para seu tempo. O lado A é muito
comum, várias bandas faziam algo parecido, sem nada de mais. Destaco
também a performance do batera Donnie Hamzik e do vocalista Eric Adams,
bem como a velocidade do baixista Joey DeMaio em “William’s Tale”. É um
disco bom de ser ouvido como pano de fundo, e desnecessário nesta lista,
já que para representar o METÁU temos o Judas Priest.
Ulisses: A
estreia do Manowar mostra uma banda jovem, mas promissora, já com
alguma ideia do caminho que viria a seguir. O começo do disco é composto
por pesadas canções hard ‘n’ heavy, destacando o impressionante vocal
de Eric Adams. O lado épico do grupo aparece tímido, mas poderoso, em
“Dark Avenger” e na fantástica “Battle Hymn”, simplesmente uma das
melhores canções já feitas no mundo todo.
Cock Sparrer – Shock Troops (40 pontos)
André: Olha,
eu esperava ouvir uma bomba ao nível do Black Flag da lista anterior.
Mas até que é só um peidinho de velha. Pena que, como todo punk, fica
naquela simplicidade de sempre característica do estilo.
Bernardo: Legítimo
grito urbano que mostra como o hardcore punk estava em alta. “We’re
Coming Back”, com seu ritmo marcado e refrão pra se gritar junto, é o
grande hino de um álbum que, se de sonoridade bastante homogêna, carrega
em si uma fúria avassaladora, fazendo este um verdadeiro álbum de
“exorcismo de demônios”, simples, direto e “na cara”, caso de músicas
como “Riot Squad”, “Watch Your Bag” e o outro hino do álbum, “England
Belongs To Me”. “Shock Troops” é mais ou menos como uma síntese da
música Oi!
Bruno: Antes
de comentar este disco, é preciso fazer uma pequena contextualização
histórica. O movimento skinhead, geralmente associado ao neonazista e
antissemita, tem origens bem diferente desse pensamento. Os skinheads
surgiram nos subúrbios londrinos , influenciados pela cultura e estilo
dos imigrantes jamaicanos. No início dos anos 1980, várias bandas
começaram a surgir entre a classe operária britânica, fazendo música
derivada do punk rock como resposta à diluição do gênero na new wave e
no pós-punk. Com um som mais cru e com letras de ode a virilidade,
companheiros, vida operária e futebol, surgiu o streetpunk (também
conhecido como Oi!). Entre as grandes bandas do gênero está o Cock
Sparrer e Shock Troops é seu grande disco. Afirmei na resenha que
publiquei há alguns meses: “Com uma sonoridade extremamente simples,
carregada de melodias grudentas, refrãos de fácil memorização e
recheados de ‘sing alongs’, é um disco tão contagiante que nem se
percebe quando chega ao fim. O vocal rouco e o carregado sotaque
britânico de Colin McFaull são características bastante marcantes no som
do grupo”.
Davi: Nunca
havia parado para ouvir. Achei interessante. Punk rock alegrinho. Assim
como os Ramones, tinham preocupação em criar músicas que, embora fossem
curtas e diretas, tinham melodias. Ponto para os rapazes.
Diogo: Punk
rock tipicamente inglês, com direito a sotaque inconfundível e um
vocabulário que parece ser proferido por gente verdadeiramente operária,
não por intelectuais abonados que utilizavam esse estilo musical como
veículo para expressarem possíveis simpatias com pessoas de menor sorte
financeira (não que isso seja um demérito). O disco em geral é divertido
e algumas músicas são muito boas, como “Working” e “Take ‘em All”, mas é
material que eu escutaria apenas eventualmente, sem muita paixão.
Considerando que punk rock não é minha praia, até que Shock Troops se saiu bem.
Eudes: Como
eu sou doido por rock básico, adorei ouvir este disco que não conhecia,
apesar da voz indefensável do cantor, que emula Johnny Rotten. Tá certo
que o guitarrista sabe poucas notas e o baterista é uma piada, mas as
melodias são simplórias porém inspiradas, e as execuções dignas dos
melhores bares de caminhoneiros. Duro é saber que faixa você está
escutando!
Fernando: Punk ingles é uma coisa tão 1977!!! Ouvi algumas coisas no YouTube, mas pra mim fica sempre na mesma. Passo!
José Leonardo: Nuca tinha ouvido falar, fui ouvir e digo que: definitivamente não é a minha praia…
Leonardo: Punk
rock divertidíssimo, com refrãos que grudam na cabeça e não saem nunca
mais. Para o meu gosto pessoal, discos melhores foram lançados nesse
ano, mas sua inclusão na lista é totalmente compreensível.
Mairon: Não
conhecia a banda, e quando coloquei o álbum para rodar, me lembrou
bastante os primórdios do The Clash, ou ainda o Sex Pistols, só que com
um melhor vocalista e um melhor guitarrista. Punk rock tradicional que
me surpreendeu positivamente, e seria bem legal de tê-lo conhecido em
uma edição da seção “War Room”.
Nenhuma música em especial para destacar, já que é o velho e bom punk
rock para agitar o fim semana. Ok, para não dizer que não citei nenhuma,
gostei do agito de “Droogs Don’t Run”, e não gostei da marcha “Out on
an Island”. Melhor álbum de 1982? Nem a pau.
Ulisses: Grata
surpresa. Punk com composições de bom gosto, como “Take ‘Em All” e
“Watch Your Back”. Não é tão memorável quanto o outro disco punk do ano (Milo Goes to College), mas tem bons momentos.
Accept – Restless and Wild (38 pontos)
André: O
melhor que a Alemanha pode oferecer de heavy metal tradicional está no
Accept. Sei que tem muita gente que se incomoda com o vocal esganiçado
de Udo, mas eu acredito que é justamente ele que deu uma cara diferente
para a sonoridade agressiva, mas com boas melodias, do Accept, e que a
diferencia de centenas de outras bandas do período. “ShakeYour Heads” é
clássica. “Get Ready” é uma faixa mais hardeira, ideal para se
chacoalhar o cabelo. Muita gente pode considerá-la a mais fraca do
disco, mas “Don’t Go Stealing My Soul Away” tem aquele estilo meio
farofento que eu adoro. Os riffs de “Princess of the Dawn” são
hipnotizantes. O melhor disco do Accept, sem dúvida alguma.
Bernardo: “Fast As a Shark” deve ser a grande razão do power metal existir. Praticamente já garantia espaço para o sucessor, Balls to the Wall (1983), e tornar-se-ia uma referência que, se menos mencionada do que outros medalhões, é tão influente quanto.
Bruno: O
power metal é sem dúvida um dos subgêneros do heavy metal mais
saturados. A quantidade de bandas ruins que pipocaram nos últimos 30
anos não é brincadeira. Mas nem tudo é de se jogar fora, e alguns nomes
são até bem legais, principalmente os pioneiros, como o Accept. Este
disco talvez seja o seu melhor momento, com riffs cortantes, melodias de
guitarras gêmeas e vocais estridentes acrescidos de uma dose maior de
velocidade.
Davi: Classicão. A fase que mais gosto do Accept é a que vai deste disco até Metal Heart (1985). Considero-os três álbuns praticamente perfeitos. O que temos emRestless and Wild?
Vocais ríspidos, guitarras com ótimos riffs, bateria tocada com
vontade. Sem contar que faixas como “Fast As a Shark”, “Restless and
Wild” e “Princess of the Dawn” marcaram toda uma geração.
Diogo: Meu álbum favorito do Accept é o posterior, o fenomenal Balls to the Wall(1983), mas a citação de Restless and Wild é
justíssima, pois ele é, não apenas o lançamento mais importante do
grupo alemão, um dos marcos mais essenciais na consolidação daquilo que
viria a ser chamado de power metal. Isso deve-se especialmente à sua
faixa de abertura, a velocíssima e melódica “Fast As a Shark”, levando a
extremos aquilo que grupos como Motörhead e Judas Priest já vinham
fazendo nos anos anteriores. Obviamente esse posto entre os dez mais de
1982 não foi galgado apenas graças a isso, pois a faixa-título, “Shake
Your Heads”, “Neon Nights” e “Flash Rockin’ Man” também são pérolas de
um heavy metal que não nega suas origens germânicas. O melhor, porém,
fica para o final, com a deliciosamente simples e grudenta “Princess of
the Dawn”, cujos coros se tornariam uma marca registrada em lançamentos
posteriores do grupo e intrigariam outras bandas, sedentas por saber
como reproduzi-los. Espero ver Balls to the Wall em posição de destaque na próxima edição da série!
Eudes: Punk
animado com guitarras de heavy metal, com guitarrista que toca escalas
de aluno de conservatório no primeiro semestre do curso e vocalista
horrível. Uma das coisas que eu acho mais bacanas nesses metais tidos
como extremos é que, por trás do arranjo superpesado a melodia é
“batatinha quando nasce”… Tenho de confessar que é divertido. “Fast As a
Shark” é o concentrado de tudo isso. As demais faixas, confesso que
tive dificuldade de distinguir uma das outras. Minha tese é a de que a
meninada se refugiava nisso para escapar das chatérrimas bandas pós-punk
da época. Tinham razão. Mas, vejam só, baixei no pendrive para ouvir
dirigindo na estrada!
Fernando: Ouvi
o Accept pela primeira vez em uma coletânea que veio junto de uma
revista. Eram duas faixas e uma delas era “Restless and Wild”. Aquele
som me ganhou de primeira. Meus amigos falavam que o Accept era uma
mistura de Judas Priest com AC/DC e eu sempre achei a comparação válida.
“Fast As a Shark” inicia uma trinca, junto da faixa-título e de “Ahead
of the Pack”, das mais perfeitas do heavy metal. Disco obrigatório de
todos os músicos do metal melódico que apareceram alguns anos depois.
José Leonardo: O único disco deles do qual conheço alguma coisa é o posterior, Balls to the Wall. Boa banda, competente e com bons músicos. Mas acho que é só isso.
Leonardo: Bumbos
duplos, guitarras cortantes e um grito estridente. Poucas coisas eram
mais extremas e agressivas do que “Fast As a Shark”, faixa de abertura
deRestless and Wild,
em 1982. Mas o disco oferecia muito mais, um verdadeiro banquete para
os fãs de metal. Os riffs classudos da faixa-título, o andamento
cadenciado de “Princess of the Dawn”, sem falar nos solos espetaculares
de um dos guitarristas mais subestimados dos anos 1980, o talentosíssimo
Wolf Hoffmann.
Mairon: Temos
aqui mais um disco bem tocado, vocais gritados, guitarras gêmeas e tal.
Peso e velocidade rolando e divertindo a gurizada, mas será que em 1982
só teve METÁU ou POP insosso de interessante? Esses consultores estão
muito fechados nesses dois mundos. Claro que Restless and Wild é
bom de se ouvir, principalmente por conta dos solos de guitarra, mas
não entendo como o pessoal pode colocar na mesma lista quatro discos que
são praticamente idênticos. Destaco “Neon Nights” e “Princess of the
Dawn”, que me lembraram bastante o injustiçado Saxon, que até agora não
foi bem ouvido pelos consultores, infelizmente.
Ulisses: Até
mesmo desde a engraçada falsa introdução de “Fast As a Shark”, o Accept
demonstra que sabe como construir um disco de primeira, com refrões
cativantes e uma sonoridade redondinha, mas não maçante e enjoativa.
Além de velozes petardos como a já citada abertura e “Flash Rockin’
Man”, também temos hardões mid-tempo, como a faixa-título, “Ahead of the
Pack” e “Get Ready”, sempre com a famosa marca dos alemães: refrões bem
encaixados e backing vocals a rodo. Para apimentar, “Neon Nights” e
“Princess of the Dawn” trazem uma ligeira diferença em relação ao track
list habitual, esta última um hipnótico épico que fecha o disco de
maneira tão inesperada quanto a abertura. “Princess, princess, princess
of the dawn” vai ecoar na sua cabeça para sempre.
Descendents – Milo Goes to College (31 pontos)
André: Este
disco representa tudo de ruim que influenciou depois aquelas bandas
noventistas tais como Green Day e Blink-182. Passo longe.
Bernardo: Verdadeiro
ícone da geração do gênero, a obra-prima dos Descendents é icônica
desde a capa, em sua genial simplicidade de uma caricatura do cantor
Milo Aukerman. O hardcore californiano unia melodias surf e bubblegum à
batida acelerada, utilizando frequentemente o baixo melódico e a
guitarra rítmica em influência direta do The Who em letras angustiadas,
emocionais e sinceras que se tornariam praticamente uma fórmula do rock –
se o sentimento for poderoso o suficiente, que seja tocado em alta
rotação. Hardcore de gente “uncool”, sem graça, ofuscada e entediada,
como o vocalista Aukerman – mas com muita coisa pra botar pra fora.
Bruno: O
nome já diz: foi o primeiro disco da banda e o último antes de o líder
e vocalista Milo Aukerman ir para a faculdade estudar bioquímica (hoje o
cara é phD no assunto). Diferente das outras bandas do hardcore
californiano da época, o Descendents tinha maior ênfase na melodia e
canções com letras mais bem humoradas, mesmo sem deixar de lado a
velocidade e a agressividade. O interessante do som da banda,
principalmente neste disco, é como as linhas melódicas são conduzidas
pelo baixo, enquanto a guitarra segura a base rítmica. Depois do
Descendents, a cena californiana nunca seria a mesma: Atualmente o
Estado é conhecido como um grande celeiro do hardcore melódico, e Milo Goes to Collegeabriu as portas para isso.
Davi: Ouvi para comentar. E quer saber? Era melhor ter ido ver o filme do Pelé.
Diogo: Gosto do fato do baixo, meu instrumento favorito, ser o fio condutor das músicas presentes em Milo Goes to College.
As linhas vocais a princípio são simples, mas até que algumas soluções
melódicas interessantes dão as caras, como em “I’m Not a Loser”. Bom
para curtir em uma festinha ao lado dos amigos punkinhos e consumindo
bastante álcool, mas nada muito além disso.
Eudes: Um
disco punk divertido, com canções tiradas de discos infantis e
incrementadas com letras boca suja e “revoltadas” por lista, tá bom, né? Sorry, amigos, o desta lista é o Cock Sparrer.
Fernando: Não
sabia da existência da banda até o momento que recebi a lista final.
Ouvi apenas uma vez, admito, mas não é algo que eu escutaria por prazer.
O ponto positivo é que ele é curto.
José Leonardo: Nunca tinha ouvido falar, fui ouvir e digo que: definitivamente não é a minha praia…
Leonardo: Assim como o Cock Sparrer, punk rock divertido, com refrãos fortes. Mas fica longe do topo no meu gosto pessoal.
Mairon: Um
disco de 22 minutos com 16 “músicas” ganha pontos porque passa bem
rápido pelo seu playlist. Esta bomba punk, cujo único mérito é o bom
baixista Tony Lombardo, irá fazer você se sentir nos tempos em que o
estilo pensou que ia dominar o mundo. O pior de tudo é o vocalista, com
seus gritos vomitados que certamente devem ter inspirado Kurt Cobain.
Legal para agitar festas adolescentes, e não sei como isso foi parar
aqui. Prevejo (e espero) que o Toy Dolls tenha a chance de aparecer nas
próximas listas, e só lamento que Nevermind the Bollocks (Sex Pistols) não figurou na lista referente a 1977.
Ulisses: Uma
banda punk bem diferente do usual, com uns nerdões cantando e tocando
sobre o que conheciam melhor: a vida de adolescente do subúrbio, a
vivência com as drogas e os períodos do colegial. Com um som acessível e
sem vocais ásperos, os californianos cativam com soberbas linhas de
baixo e composições cruas e contagiantes. O álbum inteiro tem pouco mais
de 20 minutos e todos as canções se destacam, mas se eu tivesse que
separar só algumas, diria que a abertura com “Myage” é sensacional, e
petardos como “I’m Not a Punk” e “Suburban Home” não saem da cabeça.
Listas individuais
André Kaminski
1. Rush – Signals
2. Iron Maiden – The Number of the Beast
3. Sammy Hagar – Three Lock Box
4. Girlschool – Screaming Blue Murder
5. Accept – Restless and Wild
6. The Hunt – The Thrill of the Kill
7. Rose Tattoo – Scarred for Life
8. Santers – Racing Time
9. Pekka Pohjola – Urban Tango
10. ACI – Tiefenrausch
Bernardo Brum
1. Bruce Springsteen – Nebraska
2. Bad Brains – Bad Brains
3. Cock Sparrer – Shock Troops
4. Descendents – Milo Goes to College
5. Misfits – Walk Among Us
6. Dead Kennedys – Plastic Surgery Disasters
7. Michael Jackson – Thriller
8. X – Under the Big Black Sun
9. Discharge – Hear Nothing See Nothing Say Nothing
10. The Gun Club – Miami
Bruno Marise
1. Cock Sparrer – Shock Troops
2. Descendents – Milo Goes to College
3. Misfits – Walk Among Us
4. Bad Brains – Bad Brains
5. Dexys Midnight Runners – Too Rye Ay
6. Zero Boys – Vicious Circle
7. Lou Reed – The Blue Mask
8. Witchfinder General – Death Penalty
9. Fear – The Record
10. Discharge – Hear Nothing See Nothing Say Nothing
Davi Pascale
1. Iron Maiden – The Number of the Beast
2. Kiss – Creatures of the Night
3. Michael Jackson – Thriller
4. Whitesnake – Saints & Sinners
5. Van Halen – Diver Down
6. Paul McCartney – Tug of War
7. Judas Priest – Screaming for Vengeance
8. Billy Idol – Billy Idol
9. Scorpions – Blackout
10. The Clash – Combat Rock
Diogo Bizotto
1. Bruce Springsteen – Nebraska
2. Iron Maiden – The Number of the Beast
3. Duran Duran – Rio
4. Michael Jackson – Thriller
5. Judas Priest – Screaming for Vengeance
6. Whitesnake – Saints & Sinners
7. Prince – 1999
8. Kiss – Creatures of the Night
9. Accept – Restless and Wild
10. Gary Moore – Corridors of Power
Eudes Baima
1. Frank Zappa – Ship Arriving Too Late to Save a Drowning Witch
2. Michael Jackson – Thriller
3. Paulinho da Viola – A Toda Hora Rola uma História
4. Marvin Gaye – Midnight Love
5. Marco Antonio Araújo – Quando a Sorte te Solta Um Cisne na Noite
6. Bruce Springsteen – Nebraska
7. Prince – 1999
8. Tim Maia – Nuvens
9. Donald Fagen – The Nightfly
10. Roxy Music – Avalon
Fernando Bueno
1. Iron Maiden – The Number of the Beast
2. Judas Priest – Screaming for Vengeance
3. The Alan Parsons Project – Eye in the Sky
4. Kiss – Creatures of the Night
5. Asia – Asia
6. Manowar – Battle Hymns
7. Accept – Restless and Wild
8. Scorpions – Blackout
9. Twisted Sister – Under the Blade
10. Demon – The Unexpected Guest
José Leonardo Aronna
1. Iron Maiden – The Number of the Beast
2. Lou Reed – The Blue Mask
3. Rory Gallagher – Jinx
4. Steve Hackett – Highly Strung
5. Peter Gabriel – Peter Gabriel (IV)
6. Motörhead – Iron Fist
7. Kate Bush – The Dreaming
8. The Cure – Pornography
9. Roxy Music – Avalon
10. Jethro Tull – Broadsword in the Beast
Leonardo Castro
1. Manowar – Battle Hymns
2. Iron Maiden – The Number of the Beast
3. Judas Priest – Screaming for Vengeance
4. Kiss – Creatures of the Night
5. Accept – Restless and Wild
6. Twisted Sister – Under the Blade
7. Picture – Diamond Dreamer
8. Scorpions – Blackout
9. Anvil – Metal on Metal
10. Venom – Black Metal
Mairon Machado
1. Queen – Hot Space
2. Bi Kyo Ran – Bi Kyo Ran
3. Supertramp – …Famous Last Words
4. Anacrusa – Fuerza
5. Van Halen – Diver Down
6. Rush – Signals
7. Santos – Arco Iris
8. Led Zeppelin – Coda
9. Marco Antonio Araújo – Quando a Sorte te Solta Um Cisne na Noite
10. Kiss – Creatures of the Night
Ulisses Macedo
1. Rush – Signals
2. Manilla Road – Metal
3. Judas Priest – Screaming for Vengeance
4. Manowar – Battle Hyms
5. Accept – Restless and Wild
6. Iron Maiden – The Number of the Beast
7. Billy Idol – Billy Idol
8. Dire Straits – Love Over Gold
9. Toto – IV
10. Descendents – Milo Goes to College
* Signals (Rush) ficou empatado com Nebraska (Bruce Springsteen), ambos com 58 pontos. Como não foi possível aplicar nenhum critério de desempate, a decisão sobre qual ocuparia a terceira posição foi tomada através de uma enquete da qual participaram todos os colaboradores da série.
É uma pena vc mairon, se mostrar tão mente fechada com outros generos musicais, vc até tenta, mas é muito "preso" no rock, fazendo a tipica imagem de rockeiro mente fechada. Caras como Davi e Diogo se mostram ter um ecletismo e um amadurecimento musical bem maior e melhor, espero que vc tenha amadurecido com o passar do tempo.
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