Na tarde da última terça-feira, 09 de setembro, o Brasil e o mundo foi surpreendido quando durante a conferência da Apple para apresentação do iPhone 6 na cidade de Cupertino, na Califórnia, o grupo irlandês U2 subiu ao palco para anunciar o lançamento de seu décimo terceiro álbum.
Afinal, depois de meses de espera, poucos esperavam que Bono (vocais), The Edge (guitarra, teclados, vocais), Adam Clayton (baixo) e Larry Mullen Jr. (bateria, percussão, vocais) soltassem o álbum na íntegra para download através do iTunes, em uma parceria com a Apple que acabou abrindo um grande sorriso para os 500 milhões de fãs que estão tendo a oportunidade de ouvir Songs of Innocence na íntegra até 13 de outubro próximo, quando a mídia física chegará às lojas.
U2 anunciando o novo álbum |
A expectativa para esse álbum era muito grande. Afinal, sempre o primeiro álbum após três lançamentos trazia uma sonoridade bastante diferente em comparação aos outros álbuns, vide The Joshua Tree (1984), Achtung Baby (1991) e All That You Can't Leave Behind (2000). Porém, Songs of Innocence foge bastante dessa expectativa, pois faz um resumo de praticamente toda a carreira do U2 através de onze faixas nada surpreendentes, mas sim mantendo a linha do que o grupo vem fazendo nos anos 2000, com refrões fortes e tendo talvez como principal diferença em relação aos anteriores uma presença mais constante dos teclados.
Além disso, creio que é o mais marcante álbum na carreira de Bono, já que a maioria das músicas são muito pessoais para o vocalista, indo de uma homenagem para sua mãe até uma declaração de amor para sua esposa, passeando por ídolos da infância e adolescência do músico e também citações à amigos próximos e fatos ocorridos durante sua vida.
Bono |
O álbum abre com "The Miracle (of Joey Ramone)", uma homenagem ao vocalista dos Ramones, exaltando a arte de um dos principais nomes da geração punk, com uma musicalidade carregada pela percussão de Larry Mullen Jr. e as distorções de The Edge. Voltamos para os anos 80 com a balada "Every Breaking Wave", que matará a saudade dos nostálgicos com sua atmosfera oitentista, na linha do que o U2 fez em seus primeiros álbuns, sendo esta uma das canções que já havia sido apresentada em alguns shows, porém com um clima bastante diferente.
A atmosfera oitentista se mantém em "California (There Is No End To Love)", na qual o baixo de Adam Clayton e a tecladeira sobressaem-se, e cuja letra também é sobre os anos 80, já que resgata a história da volta dos Beach Boys aos palcos californianos durante aquela década.
Mais teclados aparecem em "Song for Someone", uma bonita balada em homenagem à Ali, esposa de Bono, com um magnífico crescendo vocal, lembrando bastante "Walk On", de All That You Can't Leave Behind, seguida pela homenagem à mãe de Bono, Íris, falecida quando o vocalista tinha 14 anos após passar mal durante o velório do avô do músico, em "Iris (Hold Me Close)". Nesta, os vocais de Bono são preenchidos com ecos durante o refrão, e a canção em si é uma mescla entre os anos 80 e os 90, sendo esta mais uma homenagem de Bono para sua mãe, já que outras homagens à Iris podem ser encontradas em "Lemon", "I Will Follow", "Out fo Control" e "Mofo".
The Edge |
O baixo sem sombra de dúvidas é o principal instrumento de "Volcano", faixa que surge para ser talvez a principal canção do álbum, pois consegue agradar à todas as gerações de fãs do U2. As brigas entre protestantes e católicos surge em "Raised By Wolves", com uma sonoridade bastante moderna, os teclados novamente aparecendo com força, mas com um refrão muito forte. A letra resgata uma história real, na qual um carro bomba explodiu próximo a casa de Bono quando ele era adolescente. "Cedarwood Road" retrata a cidade Natal de Bono através de uma canção mais leve, lembrando alguns momentos de No Line on the Horizon em mais uma homenagem pessoal do vocalista, agora para o amigo de infância Guggi Rowan, que brincava com o pequeno Bono na rua Cedarwood em Dublin.
A baladaça "Sleep Like a Baby Tonight" exagera nos teclados, e chama a atenção pela carregada distorção no baixo de Adam Clayton, enquanto "This is Where You Can Reach Me Now" surge como aquela canção típica do U2, com vocais duplicados, riff de guitarra imitando a melodia vocal mas com um andamento dançante, mezzo reggae mezzo disco, influenciados pela banda que o grupo homenageia na canção, The Clash - mais precisamente Joe Strummer -, já que a letra narra a primeira vez que o U2 assistiu a um show de um dos principais nomes do punk inglês.
Adam Clayton |
"The Troubles" encerra o álbum com mais uma balada, destacando novamente a maciça presença dos teclados e vocalizações femininas durante o refrão da mesma, méritos da cantora Likke Li.
Acompanha o download um interessante booklet digital de 29 páginas (as fotos que ilustram essa matéria são do booklet), trazendo as letras das onze canções digitadas como uma máquina de escrever antiga e um flashback sobre como Songs of Innocence foi criado.
Larry Mullen Jr. |
Fica a expectativa do lançamento físico, que virá no formato DELUXE, no formato duplo contendo versões acústicas para quatro canções do álbum e mais quatro canções bônus: "Lucifer's Hands", "The Crystal Ballroom", "The Troubles (Alternative version)" e "Sleep Like a Baby Tonight (Alternative Perspective Mix by Tchad Blake)", e também em vinil duplo, com a cor branca trazendo como bônus uma versão remix de "The Crystal Ballroom"
Para quem esperava uma revolução como Achtung Baby ou The Joshua Tree, Songs of Innocence acaba sendo decepcionante. Por outro lado, para quem admira a nova fase dos irlandeses, que começou com All That You Can't Leave Behind, é um prato cheio, que certamente, já desponta como um dos favoritos para encabeçar as listas de Melhores de 2014 no final do ano. Belo disco!
O quarteto irlandês (acima); As canções de Songs of Innocence (abaixo) |
1. The Miracle (of Joey Ramone)
2. Every Breaking Wave
3. California (There is No End to Love)
4. Song for Someone
5. Iris (Hold Me Close)
6. Volcano
7. Raised by Wolves
8. Cedarwood Road
9. Sleep Like a Baby Tonight
10. This is Where You can Reach Me Now
11. The Troubles
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