É fato que o ano de 2014, assim como 2013, vem trazendo diversas novidades no mercado fonográfico mundial. Além de bons grupos que surgem como promessas de grandes bandas, alguns medalhões voltaram para os estúdios, e saíram de lá com álbuns muito interessantes (Uriah Heep, U2 ou Judas Priest) ou fracassos retumbantes (Yes e Santana).
O caso de Robert Plant não está nem no primeiro e nem no segundo, mas em um patamar que é a curva divisória entre ambos. Afinal, seu mais recente álbum, Lullaby and... The Ceaseless Roar, apesar de não impressionar como nos tempos de outrora no Led Zeppelin, mantém em alta os mais recentes - nem tão recentes assim - álbuns do eterno ex-vocalista do Led Zeppelin (Dreamland, de 2002, e Mighty Arranger, de 2005), muito por conta da participação do grupo Strange Sensation, composto por John Baggott (teclados), Porl Thompson (guitarrras), Justin Adams (guitarras, Gimbri, Darbuka), Charlie Jones (baixo) e Clive Deamer (bateria, percussão) em Dreamland, e Adams, Deamer, Baggott, Billy Fuller (baixo) e Liam "Skin" Tyson (violão, guitarras, lap steel guitar, baixo) em Mighty Rearranger.
Billy Fuller, Dave Smith, Juldeh Camara, Robert Plant, John Baggott, Liam “Skin” Tyson e Justin Adams |
Agora, Plant surge lançando seu décimo álbum acompanhado pela Strange Sensation rebatizada para The Sensational Space Shifters, formada por Justin Adams (Bendirs, Djembe, guitarras, Thardant, background vocals), Liam "Skin" Tyson (banjo, guitarra, background vocals), John Baggott (teclados, loops, moog bass, piano, tabla, background vocals), Juldeh Camara (Kologo, Ritti, Fulani vocals), Billy Fuller (baixo, programações, omnichord, upright bass) e Dave Smith (bateria), sendo que o álbum (na versão em CD e Vinil) chegou às lojas mundias no último dia 08 de setembro.
Quem acompanhou os últimos discos solo, deparou-se com as experimentações africanas e orientais cada vez mais acentuadas nas composições de Plant, e aqui, elas aparecem com força na ótima faixa de abertura, "Little Maggie", a qual explora com maestria os toques animados da composição oriental com a música eletrônica, assim como sua irmã "Arbaden (Maggie's Babby)", faixa que encerra o álbum resgatando a letra de "Little Maggie", ou então na envolvente viagem de "Embrace Another Fall", com os instrumentos orientais cercados por densas camadas de sintetizadores, em um ambiente bastante denso, e uma arrepiante participação dos vocais de Julie Murphy.
Vinil |
Plant apresenta a voz que o consagrou mundialmente nas suaves "Rainbow" e "House of Love", com a experiência de compor canções românticas e agradáveis para homens e mulheres, trazendo melodias que ficam na cabeça do ouvinte por dias, ou na Zeppeliana "Turn It Up", que resgata as experimentações de Plant com Jimmy Page (guitarrista do Led Zeppelin) realizadas em No Quarter (1994) e Walking into Clarksdale (1998), e ainda aproxima-se do pop romântico com "Somebody There", boa faixa para tocar nas rádios e sem experimentações muito expressivas.
Os que desejam viajar conduzidos pela música de Plant poderão fazê-los pelas estradas intrincadas de " Up on the Hollow Hill (Understanding Arthur)", com a guitarra de Adams sendo o principal instrumento entre a levada percussiva bastante pesada, ou com os dedos levantados e um sorriso no rosto na alegre "Poor Howard", inspirada em "Po' Howard", de Leadbelly, e que também possui seus momentos No Quartet, apresentando as vocalizações de Nicola Powell.
Encarte |
Para quem gosta da fase Manic Nirvana (1990) e Fate of Nations (1993), "Pocketful Golden" certamente trará momentos de nostalgia, apesar da demasiada (mas não intolerante) inclusão de eletrônicos. Já os que apenas querem curtir um bom álbum, ficarão fascinados com a delicadeza emocional de "A Stolen Kiss", com Plant acompanhado apenas por um piano muito triste e intervenções da guitarra, nesta que talvez seja a canção mais dolorida de toda a carreira solo de Plant,
O que chama a atenção é que em todas as canções de Lullaby and... The Ceaseless Roar temos a participação de no mínimo quatro integrantes da Space Shifters, ao lado de Plant obviamente. A instrumentação é impecável, e após ouvir o disco, você fica com a sensação de que precisa ouvir de novo para capturar melhor as nuances escondidas nos belos arranjos, dos quais "House of Love", "Embrace Another Fall" e "A Stolen Kiss" são os pontos mais fortes, não tendo nenhum ponto negativo.
Capa interna |
Plant, no alto de seus 66 anos, definiu o álbum como uma gravação para celebrar, poderosa, africana, em um encontro de Trance com Led Zeppelin. Não ouço muito de Led Zeppelin em Lullaby and ... The Ceaseless Roar, mas sim bastante do que Plant fez com Page em Walking into Clarksdale. Se o Led iria virar o que a dupla registrou naquele ano, isso não posso afirmar, mas o que está registrado no álbum aqui resenhado está como disse lá no início, muito longe de ser algo do nível dos trabalhos do Zeppelin de Chumbo, mas tão pouco um disco a ser desprezado.
Aposto minhas fichas que com o passar dos anos, Lullaby and ... The Ceaseless Roar irá entrar nos Top 5's de Robert Plant facilmente, sendo que no contexto geral, é um álbum para ser ouvido e absorvido aos poucos.
Contra-capa |
Track list
1. Little Maggie
2. Rainbow
3. Pocketful of Golden
4. Embrace Another Fall
5. Turn It Up
6. A Stolen Kiss
7. Somebody There
8. Poor Howard
9. House of Love
10. Up on the Hollow Hill (Understanding Arthur)
11. Arbaden (Maggie's Babby)
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