O músico gaúcho Gilberto Franco lançou Cosmoludium (Ludo Cósmico), seu sétimo trabalho. O álbum, com distribuição digital selo Tratore, e em edição limitada no formato físico, foi gravado entre maio e novembro de 2020, já durante a pandemia, com um processo de 4 meses na qual Gilberto escreveu e gravou a maior parte dos temas, além de tocar sintetizadores, baixo, percussão, kalimba e guitarra, e contou com a participação de artistas do mundo inteiro, mostrando como o nome de Gilberto ganhou relevância e destaque internacional na última década.
Gilberto Franco |
O álbum abre com "Terceira Janela de Barbara", uma linda peça na qual Gilberto brilha nos teclados, seja ao piano elétrico ou sintetizador, com um andamento singelo e muito bacana, e destacando o solo de violino de Irina Markevich (Ucrânia), seguida de "Pulo do Gato", uma faixa mais na linha New Age, novamente com os teclados se sobressaindo, e levando o ouvinte para os anos 80, destacando as interessantes mudanças de andamento da mesma e o bonito solo de guitarra, com aplicação perfeita de escalas de jazz. "Regresso Ao Amor" apresenta vocalizações por parte de Gilberto, e é uma canção romântica, novamente com a presença do violino, além do alemão Minor2Go na voz e violões, enquanto "Nas Nuvens" tem uma levada bastante legal, com moog e guitarra sendo o centro das atenções, além de vocalizações indígenas a cargo de Aymara Ruas (Bolívia) e o charango do peruano Carlos Carty.
Os participantes do Ludo Cósmico de Gilberto Franco |
"Musa" retorna ao estilo de "Terceira Janela de Barbara", mas agora, ao invés do violino, é a flauta quena de Carlos Carty o instrumento central. Se me dissessem que era Recordando O Vale das Maçãs, eu acreditaria. Já "Flipper" é uma maluca peça que parece uma trilha de jogo de video-game, ou saída de algum arquivo escondido de Robert Fripp nos tempos de King Crimson dos anos 80. Muito bom. Gostei também dos violões, vocalizações e piano de "Ritual", faixa bastante interessante por conta de sua construção, trazendo a participação de Krisna Setiawan (Indonésia) no piano e de Amine Jmili (Marrocos-França) arrasando no alaúde, e da linha Santana na guitarra solo de "Chasque", a cargo de Franco Quadroni (Itália), além das alternâncias de instrumento (violino, piano elétrico) com os solos, e as participações novamente de Carlos Carty e Irina Markevich. Esta é fácil a melhor canção de Cosmoludium, cuja faixa-título é a seguinte, trazendo um bonito solo de trompete a cargo do ex-King Crimson Mark Charig.
Gilberto Franco |
O álbum encerra-se com "Patagônia", linda faixa ao violão e moog, com muito som ambiente de pássaros, cachorro e outros animais, também forte candidata a melhor do disco, e "Wonderland", trazendo uma letra sussurada em inglês por Amy Gedgaudas (EUA), que também possui um climão New Age e que alterna solos de diferentes instrumentos, como o trompete de Mihai Sorohan (Romênia).
O resultado de Cosmoludium é o que o próprio autor define como um World Fusion Prog, e como podemos perceber pelos convidados, e com a necessidade de gravar a distância em meio a pandemia fez com que o músico tivesse a companhia de artistas de 9 países diferentes para auxiliar na criação da obra, em um verdadeiro jogo universal onde o idioma falado são os acordes musicais. Um bom álbum do gaúcho, principalmente para quem quer curtir um som bem diferente neste inverno.
Contra-capa de Cosmoludium |
01. Terceira Janela de Barbara
02. Pulo do Gato
03. Regresso Ao Amor
04. Nas Nuvens
05. Musa
06. Flipper
07. Ritual
08. Chasque
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