Caetano Veloso e Suas Participações em Trilhas Sonoras

 Caetano Veloso sempre foi um aficcionado por cinema. Na sua infância, adolescência, era obcecado pela obra de Federico Fellini, o que despertou sua capacidade de criar canções para a sétima arte. Ao longo de sua vasta carreira, Caetano contribuiu para o cinema nacional, e também mundial, por diversas vezes. Apresento hoje as sete trilhas sonoras de filmes que trazem a participação de Caetano Veloso em seus álbuns oficiais, bem como compactos e singles que saíram com canções exclusivas para algum filme no qual a obra de Caetano deixou sua marca, inclusive um vencedor do Oscar. 

Caetano Veloso colaborou com uma diversidade de canções para cinema, tanto com músicas preexistentes, como com canções temas de filmes e composição de trilhas musicais. Assim, o músico possui uma contribuição inconteste para a história da música de cinema no Brasil. 

Caetano Veloso inicia a sua produção musical para cinema na década de 1960, principalmente com a presença de suas músicas preexistentes inseridas nas trilhas musicais dos filmes. Como se sabe, antes dos anos 1960 a música no cinema brasileiro se concentrava no uso de números musicais nas comédias e chanchadas dos anos 1930 aos anos 1950, e ao uso do score, com músicas orquestradas seguindo o padrão clássico norteamericano, como foi o caso das trilhas dos filmes da Vera Cruz. 

O documentário Viramundo (1964) dirigido por Geraldo Sarno é o primeiro filme com música de Caetano Veloso e José Carlos Capinam, com a interpretação de Gilberto Gil. O filme é sempre citado pelo seu trabalho com o som direto feito por Maurice Capovilla, Sérgio Muniz e Vladimir Herzog. 

O desafio (1965) dirigido por Paulo César Saraceni possui música de Mozart, Villa-Lobos, Edu Lobo, Vinicius de Moraes e a canção “É de manhã”, de Caetano Veloso. No filme tropicalista de Walter Lima Júnior Brasil ano 2000 (1968), a trilha musical é de Rogério Duprat, com canções de Gilberto Gil, Capinam e Caetano Veloso, que compôs “Objeto não-identificado” para o filme. A canção de Caetano contribui para uma forte afirmação da alegoria do momento histórico do personagem, conforme já analisou Ismail Xavier (1993).

Caetano Veloso participa também do filme Os herdeiros (1968), de Cacá Diegues, junto a Dalva de Oliveira, Nara Leão e Escola de Samba da Mangueira; e da trilha musical de Proezas de Satanás na Vila do Leva-e-Traz (1967), de Paulo Gil Soares. Em 1971, Caetano realiza a trilha para São Bernardo, de Leon Hirszman, criando uma espécie de vocalização que se torna música. No gênero experimental Caetano participa da trilha de Câncer (rodado em 1968 e só finalizado em 1972), de Glauber Rocha, filme que explora uma relação de nãocorrespondência entre imagem e som, experimentação também trabalhada em filmes do Cinema Marginal, reveladora da inspiração da proposta da Declaração sobre o futuro do cinema sonoro (EISENSTEIN, 2002) escrita por Eisenstein, Pudovkin e Alexandrov, em 1928. Caetano colabora também em Toques (1975), do cineasta experimental Jomard Muniz de Brito com a canção “Pelos olhos”, utilizada ao longo do filme, com tom transcendental. 

O cancionista realiza arranjos musicais para o longa-metragem tropicalista O demiurgo (1972) dirigido por Jorge Mautner. Em 1978 saiu a bolachinha "Amante Amado" / "Pecado Original", trazendo uma canção do filme Com a Boca no Mundo ("Amante Amado") e a outra sendo do filme Dama do Lotação. Luz do Sol, para o filme Índia (1981). Dedé Mamata (1988), com  “Falou, amizade”

Em 2012, Caetano compõe a canção tema do filme Reis e Ratos, dirigido por Mauro Lima.

Tenda Dos Milagres [1985]

Essa trilha não é de um filme, mas da minissérie que a Rede Globo levou ao ar entre 29 de julho e 6 de setembro de 1985, com 30 capítulos, mas necessita estar aqui. Afinal, para ela Caetano compôs exclusivamente "Milagres do Povo". A canção acabou saindo também em um single 12" com a faixa em ambos os lados do bolachão. 

Qu4trilho [1995]

Tieta Do Agreste [1996]

Orfeu [1999]

Lisbela E O Prisioneiro [2006]

O Coronel E O Lobisomem - Uma Comédia Fantástica [2005]

Ó Pai Ó [2006]

O Bem Amado [2010]

Extraña Forma De Vida [2023]