sábado, 5 de outubro de 2013

Melhores de Todos os Tempos: 1970

A Mark II do Deep Purple: Ritchie Blackmore, Ian Gillan, Roger Glover, Jon Lord e Ian Paice
A Mark II do Deep Purple: Ritchie Blackmore, Ian Gillan, Roger Glover, Jon Lord e Ian Paice
Por Diogo Bizotto
Com Adriano KCarão, Bruno Marise, Davi Pascale, Fernando Bueno, Mairon Machado, Micael Machado e Ronaldo Rodrigues
Participação especial: João Renato Alves, editor da Van do Halen
O novo ou o tradicional? Essa oposição protagonizou a disputa mais apertada desde que a série Melhores de Todos os Tempos estreou na Consultoria do Rock. De um lado, o Deep Purple com sua mudança radical de direcionamento apresentada em In Rock, que determinou novos rumos tanto para a carreira do grupo quanto para o rock pesado como o conhecemos hoje em dia. Do outro, Eric Clapton e seu Derek and the Dominos olhando para o passado e inspirando-se no blues norte-americano para criar aquela que é tida por muitos como a obra máxima de sua carreira, Layla and Other Assorted Love Songs. Por um mísero ponto, o Deep Purple acabou levando a melhor, mas não muito abaixo também apareceu o Black Sabbath, não com uma, mas com suas duas primeiras obras, Black Sabbath e Paranoid, seminais como talvez nenhuma outra registrada em 1970. E você, concorda com o resultado? Discorda e quer apresentar sua lista? Os comentários são livres e estão aí para isso, ajudando a fomentar nossa discussão, que deve ir muito além desta publicação, portanto colabore! Lembrando que o critério para elaborar nossa listagem final, baseada nas listas individuais, segue a pontuação do Campeonato Mundial de Fórmula 1.

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Deep Purple – In Rock (90 pontos)
Adriano: “Speed King” e “Bloodsucker” são clássicos! O resto é mediano. Há uma quantidade tão absurda de discos melhores que este em 1970 que eu nem conseguiria contar. Progressivo mostrando a que veio, e a galera perdendo tempo com hard/heavy. Lamentável.
Bruno: O disco de virada na carreira do Deep Purple, marcado pela estreia da dupla Ian Gillan e Roger Glover, completando a formação mais celebrada da banda. In Rocktraz um som bem mais pesado e agressivo do que a mescla de progressivo/psicodélico e blues dos discos anteriores. Um trabalho importante e bastante influente no rock pesado seminal, mas ainda assim é um exagero figurar como o melhor do ano de 1970.
Davi: Uma das melhores formações do Deep Purple. Ainda fico em dúvida entre essa e a de Burn (1974). Clássico absoluto. “Speed King” e “Child in Time” são verdadeiros hinos. E o trabalho vocal de Ian Gillan não é brincadeira.
Diogo: Não se trata de minha “virada de mesa” favorita na história da música popular, mas muito provavelmente seja a mais conhecida e comentada de todas. Em In Rock o Deep Purple tomou a decisão certa ao focar-se muito mais nas palhetadas violentas e criativas de Ritchie Blackmore e  colocar o órgão de Jon Lord como um instrumento tão roqueiro quanto qualquer outro, impondo-se com personalidade. Claro, isso tudo sem ignorar o impacto que a entrada de um vocalista do calibre de Ian Gillan causou. Entre clássicos e outras canções nem tão comentadas, todas as músicas são, no mínimo, ótimas, mas destaco a seminal “Speed King”, que injetou peso e velocidade ao rock ‘n’ roll dos anos 50, “Child in Time”, na qual Gillan brilha como em poucos momentos, além de “Flight of the Rat” e “Hard Lovin’ Man”, recheada de linhas fantásticas da guitarra de Blackmore, um de meus favoritos no instrumento. Devo mencionar, no entanto, que apesar de inclusive ter citado este disco em minha lista, considero o primeiro posto um tanto exagerado.
Fernando: Estreia da formação mais clássica do Deep Puple. Ritchie Blackmore queria um vocalista “gritador” a exemplo do Led Zepellin e achou Ian Gillan. O Deep Purple também mudou seu som de um hard quase progressivo e psicodélico para um hard rock potente, que depois seria um dos pilares do heavy metal. Destaques para a veloz “Speed King” e para a linda “Child in Time”.
João Renato: Confesso ter sido uma surpresa ver este álbum como o mais lembrado. Foi o primeiro disco do Deep Purple que eu tive, ainda em vinil – o qual guardo até hoje. Obra-prima, que mostra como um grupo pode se reinventar, transformando-se em um fenômeno.
Mairon: Confesso que esperava de tudo no primeiro lugar desta lista, mas jamais este álbum do Deep Purple. Não sou grande admirador da fase Gillan, e, para mim, o melhor álbum desse período é Concerto for Group and Orchestra (1969). In Rockfoi o primeiro passo para que o Deep Purple entrasse na santíssima trindade do Rock (ao lado de Led Zeppelin e Black Sabbath), e traz uma das melhores canções do grupo, “Flight of the Rat”, além das clássicas “Speed King” e “Child in Time”, essa com o riff copiado de “Bombay Calling” (do It’s A Beautiful Day, que já havia se inspirado no mesmo riff através de uma canção do Rockustra). É um bom disco, pesado na medida certa, mas jamais o melhor de 1970.
Micael: O disco que me apresentou ao Deep Purple e, de certa forma, ao rock pesado! Em todos os sentidos, um clássico, e um item obrigatório na coleção de qualquer um que diga gostar de rock!
Ronaldo: Em um par de anos, o Deep Purple passeou por muitas praias antes de encontrar seu verdadeiro som. Ritchie Blackmore disse que o surgimento do Led Zeppelin foi a guia para o Deep Purple se encontrar nessa nova fórmula. Um trovão sonoro com riffs memoráveis, trazendo os teclados para o primeiro plano também do rock pesado, quase como que ocupando o espaço de uma segunda guitarra. O disco parece uma batalha de instrumentos, cada um deles lutando bravamente por sua frequência de décibeis. E o ouvinte se depara com um paredão sonoro dos mais sólidos do rock dessa época.

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Derek and the Dominos – Layla and Other Assorted Love Songs (89 pontos)
Adriano: Faz tempo que não escuto, então não posso opinar com muita propriedade, mas lembro que esse disco nunca me chamou muito a atenção. Fica o ponto pra galera pela inclusão de “I Looked Away”, do gênio Michael Nesmith, logo no início do play.
Bruno: Muito além de um disco. Uma obra de arte. Meu voto para o melhor de 1970. Considero esse álbum o melhor registro de Eric Clapton em toda a sua carreira. O cara conseguiu transformar em música toda sua dor e tristeza de um amor não correspondido. Quem se destaca nas seis cordas é Duane Allman, mas Clapton brilha nas composições e na interpretação, honesta e visceral.
Davi: Disco feito em um período conturbado para Eric Clapton. Ele havia visto os grupos Cream, Blind Faith e Delaney & Bonnie se dissolverem em um periodo curto de tempo. Outro álbum essencial na discografia de qualquer fã de rock que se preze. A canção “Layla”, escrita para Pattie Boyd (esposa de George Harrison com a qual Clapton teve um romance) é um marco na sua carreira.
Diogo: Layla é, mais do que o melhor álbum lançado em 1970, um dos dez mais extraordinários registros fonográficos dos quais tenho notícia. Apesar de duplo, não contém fillers nem momentos desperdiçados. Sequer o fato de contar com diversos covers o transforma em um disco desconjuntado; pelo contrário: tudo em Layla faz sentido e funciona perfeitamente bem, tanto músicas quanto execução e produção. Credita-se muito do brilho instrumental deste álbum ao slide magnífico de Duane Allman, mas a verdade é que Eric Clapton está soberbo como guitarrista, além de Carl Radle (baixo), Jim Gordon (bateria) e Bobby Whitlock (piano e órgão) apresentarem um trabalho magnífico, especialmente este último, que coescreveu grande parte do material com Clapton e o acompanhou nos vocais em diversos momentos, além de cantar sozinho uma das mais belas baladas já gravadas, “Thorn Tree in the Garden”. Sobre “Layla”, a música, apenas digo que sua qualidade é transcendental. Importante: muitos me chamarão de louco e herege, mas prefiro a versão de “Little Wing” presente neste disco do que a original, de Jimi Hendrix.
Fernando: Eric Clapton estava com o Blind Faith e infeliz. Encontrou em Delaney & Bonnie uma válvula de escape e passou a ficar mais tempo com eles do que com os outros caras do Blind Faith. Esse disco é resultado das jams que eles faziam. Inspirado pelo amor que tinha pela mulher de seu amigo George Harrison, o guitarrista compôs uma coleção fantástica de músicas. Considero este o segundo melhor disco já gravado por Eric Clapton, atrás apenas do único álbum do próprio Blind Faith.
João Renato: O que mais me chama atenção neste álbum é a carga emocional densa que se impõe durante toda a audição. O sofrimento e a melancolia se impõem sem necessariamente deixar uma aura triste no ar.
Mairon: Este é o melhor álbum da carreira de Eric Clapton, e muito por conta da participação fundamental de Duane Allman. Apesar da choradeira nas letras por conta da (então) esposa de George Harrison, Pattie Boyd, o que se ouve nos sulcos do vinil duplo é música de muita força e sentimento. Não entrou entre meus 30 finais, mas o considero melhor que In Rock.
Micael: Não gosto muito de blues, e nem sou tão fã assim de Eric Clapton. Mas esse disco em particular, e o talento do slowhand combinado ao do “cachorro louco” Duanne Allman, me fazem colocar esta beleza dentre os dez melhores discos que já tive o prazer de ouvir! Se toda dor de cotovelo rendesse um clássico assim…
Ronaldo: A categoria de Eric Clapton é inegável. E de seu companheiro de guitarra neste disco, Duane Allman, se diz no mínimo a mesma coisa. Apesar de Eric estar abusando pesadamente das drogas nessa época, no disco ele segura a onda. Há muitas canções que tentam livrá-lo da pintura de “guitar god” e de torná-lo apenas o capitão de um bom combo de rock. Para reforçar isso, trocou as maciças guitarras Gibson por versáteis Fender Stratocasters. O disco tem momentos fabulosos e bastante apelo pop. Eric Clapton aqui parece mais “USA” do que “UK”.

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Black Sabbath – Paranoid (82 pontos)
Adriano: Covardia. Disco medianíssimo. Ainda prefiro o primeiro. Aprenderam errado com o Blue Cheer!
Bruno: Muitos o consideram o disco definitivo da banda, basicamente por conter os “hits” “War Pigs”, “Paranoid” e “Iron Man”, mas não o classifico nem entre os cinco melhores dos maloqueiros de Birmingham. Não, não é um disco ruim, mas é sem dúvida mais fraco que os quatro seguintes. Menção para a “esquecida” “Planet Caravan”, que destoa do restante do track list mas é uma composição fantástica.
Davi: Particularmente, prefiro o álbum de estreia, mas não há como negar a qualidade e a importância deste disco, não somente dentro da historia da banda, como na historia do metal. E, realmente, eles foram um pouco mais ousados. “Planet Caravan” é meio uma prova disso. Uma balada viajandona não era algo que os fã esperavam no segundo play dos rapazes…
Diogo: Até pouco tempo atrás costumava julgar Paranoid inferior aos outros cinco primeiros discos do Black Sabbath. Felizmente isso já passou, e cada vez mais a audição deste álbum e a compreensão daquilo que ele representa em termos de composição e execução o torna ainda melhor, mostrando que o grupo não é tido em um patamar superior a todos os outros artistas que se aventuravam pelo som mais pesado nessa época à toa. Sim, “Paranoid”, “Iron Man” e “War Pigs” são tocadas à exaustão por aí, mas isso não diminui o valor dessas canções nem a inventividade do quarteto, que, apesar de só ter sido reconhecido pela crítica duas décadas depois, fazia muito mais do que encher o blues de peso e eletricidade, coisa que alguns simplistas gostam de afirmar. Basta uma mísera ouvida em “Hand of Doom” e “Fairies Wear Boots” para sentir quão forte o jazz corria nas veias de Tony, Ozzy, Geezer e Bill. Além disso, as letras de Geezer deviam fazer muitos cantores famosos de bandas da mesma época corarem de vergonha, mostrando que os anos 70 não eram mais época para patacoadas e inocências sessentistas. Clássico absoluto.
Fernando: Olhe a lista de músicas deste álbum e tente encontrar uma só que seja abaixo da média. Pelo contrário, a grande maioria são clássicos do heavy metal. Todos citam “War Pigs”, “Iron Man” e, claro, “Paranoid”, por motivos óbvios, mas eu tenho uma atenção em especial por “Fairies Wear Boots”. Que música!!! Em tempo, acabei não colocando este álbum na minha lista final porque preferi citar o primeiro, por ser um marco do heavy metal.
João Renato: Após uma estreia avassaladora, o Black Sabbath faria seu álbum mais importante, comercialmente falando. As letras também mostram uma evolução, especialmente “War Pigs”, uma das melhores da história do Rock.
Mairon: Que disco. Um dos melhores álbuns de todos os tempos não merece ficar atrás dos dois citados aqui nesta lista. O segundo LP do Black Sabbath é recheado de clássicos e de peso sem dó. “War Pigs”, “Paranoid”, “Iron Man”, “Eletric Funeral” e “Rat Salad” são descomunais, e ao ouvirmos as passagens jazzísticas de “Hand of Doom”, o blues de “Fairies Wear Boots” e o experimentalismo folk-psicodélico de “Planet Caravan”, podemos constatar que, mesmo novatos, Tony Iommi e cia. estavam anos-luz à frente do Deep Purple (mas ainda longe do Led Zeppelin). O primeiro vinil que eu comprei de Paranoid, já foi furado de tanto que ouvi.
Micael: Mais focado que a estreia e recheado de clássicos, entre eles um dos maiores hinos do hard rock, a sensacional faixa-título. Obrigatório é pouco!
Ronaldo: Paranoid é uma síntese formidável de som pesado e macabro, que cristalizou um som que não necessariamente fosse uma amplificação extrema do blues rock. A construção dos riffs com escalas não tão usuais, os andamentos arrastados com muito groove e a produção sonora foram os elementos que tornaram este disco mítico e quase incomparável, praticamente abrindo uma vertente exclusiva de sonoridade para o Black Sabbath. Poderia destacar todos os petardos deste disco histórico, mas é justamente naquilo que ele tem de “excêntrico” (uma canção folk-psicodélica) que se encontra uma pepita sonora de grande quilate chamada “Planet Caravan”. Um contraponto que as bandas depois dessa época não foram capazes de compreender e praticar.

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Black Sabbath – Black Sabbath (78 pontos)
Adriano: Esse é melhorzinho, principalmente as duas primeiras faixas, mas, ainda assim, nada de surpreendente. Já que os consultores têm os ouvidos entupidos de METÁU, deviam pelo menos ouvir BOAS bandas dessa linha, como Uriah Heep e Grand Funk Railroad.
Bruno: Que é um disco fundamental para o nascimento do rock pesado e talvez o marco zero do heavy metal todos já sabem, mas pouco fala-se da presença dos elementos de jazz e blues, resquícios do que a banda fazia antes de se tornar o Black Sabbath. Se a faixa-título e “N.I.B.” já trazem uma dose de peso nunca antes vista, “Behind the Wall Of Sleep” e “Sleeping Village” representam essa outra faceta do grupo.
Davi: Há quem diga que este é o primeiro álbum da historia do metal. Há quem diga que não. Na verdade, pouco importa. Sendo ou não o primeiro álbum metal, este disco é antológico. As músicas são fantásticas e o grupo trazia uma sonoridade única. Ninguém soava como o Sabbath. Entre os destaques estão “N.I.B.”, “The Wizard” e “Evil Woman” (originalmente gravada pelo The Crow).
Diogo: Rio na cara daqueles que tentam diminuir a importância do Black Sabbath na criação e na consolidação daquilo que passou a ser conhecido como heavy metal, dando mais crédito a alguns grupos anteriores que abusavam de distorção, volume e uma boa dose de tosquice na execução de suas músicas. Tal atitude soa tão absurda quanto rotular uma banda como “progressiva” apenas por tocar canções intrincadas. A atmosfera densa e macabra, além de todo o pacote visual, unido à sonoridade verdadeiramente pesada apoiada nos riffs de Tony Iommi, em uma cozinha rica e nos vocais peculiares de Ozzy Osbourne, isso sim constitui a gênese de um estilo musical que mudaria a vida de tantas pessoas, como a minha. A faixa-título e “N.I.B.” são parte importantíssima da trilha sonora da minha vida desde os primórdios da adolescência, mas destaco também a fabulosa “Sleeping Village”, com belas costuras de Tony, e o cover para “Warning”, do Aynsley Dunbar Retaliation, através da qual muitas vezes viajei sem sair do lugar. Seminal.
Fernando: A chuva, os trovões e aqueles três acordes. Tudo isso deve ter assustado e feito muito garotinho dormir de luzes acessas durante um tempão. Na efervescência da épocam esses quatro ingleses se juntaram para tocar um rock ‘n’ roll inspirados em blues e jazz e criaram um estilo novo que renderia muita história no futuro. Só isso bastaria para que este disco figurasse aqui nesta lista, mas não, musicalmente ele também é excelente. A faixa-título, “The Wizard”, “N.I.B.” e “Evil Woman” fazem parte até hoje do set list dos shows e todos adoraram.
João Renato: Apesar de as sementes terem sido plantadas anteriormente, este é o disco que marca o nascimento do heavy metal. Atmosfera revolucionária e soturna.
Mairon: O Black Sabbath estreou em 1970 e já chegou chegando com dois grandiosos álbuns. A estreia não entrou na minha lista final pois achei injusto com outros grandes lançamentos do mesmo ano colocar dois álbuns da mesma banda, mas é honrada sua menção entre os dez mais. Duas das minhas canções favoritas do grupo estão neste álbum: “Sleeping Village” e “N. I. B.”. A mistura de blues com peso foi uma das melhores sequelas que o Black Sabbath deixou para a posteridade. Dali por diante, o grupo não pararia de crescer durante um bom tempo.
Micael: O início do heavy metal, o marco zero do estilo, a bíblia de todos os que seguiram o estilo depois do quarteto de Birmingham, incluindo o próprio! Como descrever esta maravilha? Obrigatório, de novo!
Ronaldo: Som poderosíssimo e praticamente sem precedentes em termos de peso, mesmo comparado com os discos lançados pelo Led Zeppelin e por outros grupos de menor expressão. Foi um passo a frente na escala evolutiva do rock pesado. Soturno e ao mesmo tempo fortemente ritmado, a banda vislumbrou um caminho próprio de construção sonora e identidade fortíssima, até hoje altamente reconhecida e venerada. Amém.

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Crosby, Stills, Nash & Young – Déjà Vu (50 pontos)
Adriano: Passa longe de ser um disco surpreendente, mas é um disco bom. Destaco “Woodstock” e “Country Girl”. Prefiro o disco dos caras sem o Young, e igualmente a carreira-solo deste.
Bruno: Gosto das interpretações de David Crosby, Stephen Stills e Graham Nash, mas a adição do mestre Neil Young dá um up absurdo no som do grupo. A guitarra disléxica do canadense casa perfeitamente com as melodias folk do trio. “Almost Cut My Hair” é de trincar o coração. Discaço.
Davi: O primeiro álbum que Neil Young fez ao lado dos rapazes. No debut eram apenas Crosby, Stills & Nash. Há muito tempo atrás peguei este disco para ouvir depois de descobrir um rock sensacional do conjunto chamado “Woodstock”. No entanto, o álbum não é inteiro nessa linha. Na maior parte do tempo, temos uma sonoridade mais folk rock, meio country até. O que não quer dizer que o álbum não mantenha o nível. Outros destaques são as belíssimas “Helpless” e “Déjà Vu”.
Diogo: Neil Young conseguiu melhorar o que já era ótimo, e, não à toa, as músicas de sua composição estão entre as que mais merecem ser salientadas no álbum, caso da belíssima “Helpless” e de “Country Girl”, provável destaque maior de Déjà Vu. Apesar disso, seria burrice diminuir o trabalho de qualquer um dos integrantes, vide a doce “Our House”, de Graham Nash, a abertura formidável com “Carry On”, de Stephen Stills, e a sangrante “Almost Cut My Hair”, de David Crosby, que faz frente a “Country Girl”.
Fernando: O que era bom ficou ainda melhor com a entrada de Neil Young. A combinação das vozes de todos em “Carry On” é perfeita. Quem tem ou já teve cabelos longos entende a tristeza de “Almost Cut My Hair”. O country, o folk e o rock se encontram em várias de suas faixas como “Teach Your Children Well” e “Helpless”, esbanjando bom gosto, principalmente das melodias vocais. Temos até uma suíte, com as três partes de “Country Girl”.
João Renato: Infelizmente, não tenho maior conhecimento sobre esta obra para contribuir.
Mairon: Já ouvi este disco inúmeras vezes, e como quase toda obra que possui Neil Young no meio, não me agradou. É audível em um fim de semana preguiçoso, mas é chatinho em certos momentos.
Micael: A voz “alienígena” e a guitarra idem de Neil Young se adaptaram à delicada e melodiosa estrutura do Crosby, Stills & Nash, resultando em um belo álbum, que infelizmente não será para todos os ouvidos! Sua turnê rendeu o duplo ao vivo “4 Way Street”, outro registro magistral! Ouçam!
Ronaldo: Déjà Vu já inicia com uma das mais belas composições do rock da década de 70 – Carry On. Depois disso, o quarteto fantástico do folk rock deleita os ouvintes com seguidas canções maravilhosas, unindo com perfeição a sensibilidade, o lirismo, a garra e a musicalidade daquela virada de década. O disco praticamente resume o que foi o folk rock da segunda metade dos anos 60 (do qual os envolvidos também foram protagonistas) e aponta o mapa da mina para o som acústico-elétrico dos anos 70. Torna-se tarefa ingrata numerar seus muitos seguidores.

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Pink Floyd – Atom Heart Mother (49 pontos)
Adriano: Finalmente, um disco pra salvar a lista! A faixa-título é, provavelmente, minha música favorita do Floyd, mas todas as faixas poderiam ser destacadas. Iniciando com a colagem talvez mal feita, mas certamente de resultado absurdamente lindo que dá nome ao álbum, o disco segue com a singeleza de “If”, a dramática e segunda melhor canção do álbum, “Summer ‘68”, a calma “Fat Old Sun”, que possui um dos melhores, senão o melhor solo de guitarra da carreira de Gilmour, e encerra com a lindíssima “Alan’s Psychedelic Breakfast”, cujas três partes são perfeitas, mas posso destacar o trabalho magistral de Rick Wright. Clássico é pouco!
Bruno: Tá aí uma banda que nunca conseguiu me despertar admiração. Gosto muito de The Wall (1979), e tenho imensa simpatia pelo timbre de guitarra de David Gilmour. Apesar de não gostar, o disco da vaca é o meu preferido dessa primeira fase da banda.
Davi: Gosto muito do Pink Floyd a partir de The Dark Side of the Moon (1973). Os álbuns anteriores a ele nunca me causaram grande impacto. No entanto, muitos fãs (tanto do grupo em questão quanto do rock progressivo em geral) consideram este trabalho um clássico. Vale a pena ouvir pelo menos uma vez na vida.
Diogo: Para mim, Atom Heart Mother é o disco através do qual o Pink Floyd pôde finalmente decretar sua maioridade, superando a falta de Syd Barrett e encontrando um caminho próprio, único, cujo combustível maior era a absoluta falta de limites. Costumava não ter este álbum em tão alta conta, mas as recentes audições me fizeram abrir os ouvidos para esta obra interessantíssima, especialmente sua faixa-título, cujo uso de coros é cativante e remete a algumas obras cinematográficas de horror que aprecio muito. Não tenho a mesma simpatia pelo lado B do disco, mas mesmo assim trata-se de uma audição muito agradável. O Pink Floyd havia se encontrado e a partir de então evoluiria ainda mais.
Fernando: Não incluí esse disco em minha lista, mas agora que tenho que escrever sobre ele, já estou me arrependendo. “If”é a música mais melancólica que conheço, “Summer 68” é perfeita e “Fat Old Sun” é linda. A faixa-título, que pode ser muito longa para a maioria das pessoas, contém exatamente a quantidade ideal de música com todas suas orquestras e coros. Composta como uma peça de um concerto, já mostrava que a banda tinha muita moral com a gravadora por deixar algo assim ser feito. Não há o que tirar dela. Porém, a bizarra “Alan’s Psychedelic Breakfast” é certamente o ponto fraco do álbum. A única coisa que eu sinto quando a ouço é fome de um hambúrger. Aliás, talvez seja essa a ideia da capa com a vaca mais famosa da cultura pop.
João Renato: Essa fase do Pink Floyd não me atrai da mesma forma que as posteriores.
Mairon: Minhas considerações sobre este álbum podem ser encontradas aqui. Foi comAtom Heart Mother que o Pink Floyd começou a conquistar seu espaço entre os grandes do progressivo. A suíte que dá nome ao álbum é uma das melhores obras da música, ocupando todo o lado A. Ainda tempos as lindas “Fat Old Sun” e “If”, a inesquecível “Summer ’68″ e o experimentalismo encantador (e incompreendido) de “Alan’s Psychedelic Breakfast”. Legal ver o álbum entre os dez mais, o que demonstra que meus colegas consultores têm bons ouvidos para o mesmo. Surpresa para mim, mas o melhor disco de 1970 com certeza.
Micael: Um dos álbuns do Floyd que menos curto, e, das longas suítes do grupo, a faixa-título é a que menos gosto. “Summer ’68″ e “Fat Old Sun” são lindas, mas não salvam o disco. E “Alan’s Psychedelic Breakfast” é, no mínimo, dispensável!
Ronaldo: Ousadia era uma virtude dosada cotidianamente no som do Pink Floyd desde seu início, até para compensar uma musicalidade razoavelmente limitada de seus integrantes. “Atom Heart Mother” refina os temas da banda com sofisticados arranjos orquestrais e as mais malucas ideias na produção sonora. Para o rock (e para quem patrocinava essa bagunça toda) não havia limites. Depois disso, sobra uma mão certeira para canções líricas e deliciosamente viajantes, nas quais a guitarra de David Gilmour protagoniza a maioria dos delírios.

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Led Zeppelin – Led Zeppelin III (47 pontos)
Adriano: Bom disco. Destaco “Immigrant Song” e “Since I’ve Been Loving You”.
Bruno: Em 1970, o Led Zeppelin já havia fincado sua bandeira no hard rock com dois discos fundamentais para o gênero, lançados no ano anterior, por isso resolveu expandir seu som e focar na música folk inglesa em seu terceiro trabalho. O álbum todo segue essa linha, com exceção das pauladas “Immigrant Song” e “Celebration Day”.
Davi: Beira a perfeição. Depois da paulada de Led Zeppelin II, o  grupo foi mais a fundo em sua sonoridade acústica e influência folk (que já apareciam em menor escala em seus álbuns anteriores) e nos brindou com um álbum único. Mas calma, o rock ‘n’ roll e o blues também davam suas caras por aqui. Destaque para “Immigrant Song”, “Since I’ve Been Loving You” e “Gallows Pole”.
Diogo: Competentes que eram, os integrantes do Led Zeppelin ofereceram mais do que simplesmente o que era esperado, mergulhando em uma atmosfera mais rústica e até pastoril, fazendo com que os ouvintes acompanhassem Page, Plant, Jones e Bonham por sonoridades folclóricas e observassem o passado através da roupagem excitante trazida à tona pelo grupo. Entretanto, devo admitir que as canções que mais me agradam no disco são justamente as mais elétricas, caso de “Celebration Day”, “Since I’ve Been Loving You”, “Out on the Tiles” e, especialmente, da majestosa “Immigrant Song”, uma das mais formidáveis obras em toda a carreira do grupo, se não a mais.
Fernando: O Led era mesmo surpreendente. Depois de dois discaços fazendo música pesada quase sem precedentes, o que eles fazem? Um disco acústico. Claro que é um pouco simplista resumir este álbum a apenas isso. O blues dos primeiros discos foi substituído pelo folk em algumas faixas. “Immigrant Song” foi inspirada em uma viagem deles para a Islândia. Quem ia para a Islândia naquela época? “Since I’ve Been Loving You” tem talvez a interpretação mais cheia de emoção da carreira de Robert Plant. Nem achava que iria entrar aqui por se tratar de um disco até então subestimado.
João Renato: Muitos gostam de se referir a este álbum como “o disco acústico do Led”. Mas, para mim, ele está muito além disso. A banda mergulha em seu misticismo e evolui após dois álbuns brilhantes de apresentação.
Mairon: Outra surpresa ver o maravilhoso terceiro disco do Zep entre os dez mais. Depois de uma estreia ensurdecedora, e de um segundo álbum muito bem trabalhado, Page, Plant, Jones e Bonham acalmam os ânimos e resolvem fazer música de verdade. Tirando o peso de “Immigrant Song” e “Out on the Tiles”, o grupo viaja com instrumentos acústicos e orientais em composições criativas, com afinações incomuns e um resultado final raríssimo. Não é a toa que dia a dia mais e mais pessoas admiram esse grandioso disco, sobre o qual já contei sua história e reforcei minha visão aqui.  É o Led Zeppelin já no trono como maior banda da década de 70 (isso que estava recém em seu terceiro disco).
Micael: O famoso “disco-acústico-que-não-é-bem-isso”. Acho o mais fraco dos quatro primeiros álbuns do Led, mas, mesmo assim, superior a todos que vieram depois de IV. Tem a minha música favorita do grupo, o dolorido blues “Since I’ve Been Loving You”, então não posso renegá-lo!
Ronaldo: A garotada queria (apenas) mais um disco de rock pesado e elétrico. O Led Zeppelin, como um pai prudente, deu algo além para eles em III.

ELP-ELP
Emerson, Lake & Palmer - Emerson, Lake & Palmer (43 pontos)
Adriano: Melhor disco do ano, embora eu tenha consciência de que poucas cabeças devem funcionar de modo a achar isso. “The Barbarian” é um clássico absoluto, e Palmer demonstra o quanto podia colocar todos os demais bateristas no chinelo facilmente – claro que, no prog, nem tão facilmente. “Take a Pebble” é a mais fraquinha, mas ainda assim ótima. “The Knife-Edge” é uma super potente mistura de peças eruditas, com resultado belíssimo. “The Three Fates”, uma das melhores músicas da carreira da banda, possui talvez a melhor performance ao piano da história do rock – se isso fosse rock. Em “Tank”, além de termos um dos melhores solos de sintetizador da história, Carl Palmer mostra aos pobres coitados das demais bandas o que é um solo de bateria VÁLIDO e, além disso, surpreendente. “Lucky Man” encerra o disco com um clima agradabilíssimo e uma das melhores soluções no esquisitíssimo e perfeito solo de moog ao final da canção. Quem nunca ouviu pode gostar até de METÁU, porque desconhece uma das maiores criações musicais existentes.
Bruno: O ELP representa tudo que eu abomino no rock progressivo: o virtuosismo puro, simples e injustificável. Passo sem remorso.
Davi: Não é uma banda que eu idolatro, mas gosto de algumas coisas do conjunto. Como ainda não ouvi este álbum em particular, não comentarei.
Diogo: O primeiro registro do ELP é carregado como poucos que estavam sendo feito em termos de rock progressivo em 1970, sendo talvez o principal responsável por colocar tão em voga certos elementos que ficariam associados a esse tipo de sonoridade, caso do intrincamento de suas composições e do virtuosismo de seus músicos, além da inspiração erudita, tudo em um mesmo pacote, cujo resultado final é bastante positivo. Consequentemente, graças a esses mesmos fatores, também foi através de Emerson, Lake & Palmer que as chamas que decretariam a derrocada comercial do estilo tiveram sua primeira centelha. Os elogios permanecem, mas ainda julgo que melhores álbuns progressivos foram lançados em 1970, como H to He, Who Am the Only One (Van Der Graaf Generator), Lizard (King Crimson), A Question of Balance (The Moody Blues). Isso não diminui, porém, a grandiosidade do talento de Keith Emerson, Greg Lake e Carl Palmer.
Fernando: Gosto mais de outros discos do ELP, mas foi com “Lucky Man” que conheci o grupo. Fiquei encantado com aquela música baseada em dedilhados de violão que, de repente, mudava totalmente com a entrada daquele solo de Keith Emerson. “Take a Pebble” e “Knife-Edge” são outros destaques.
João Renato: Como diria Paul Stanley (Kiss) no documentário “X-Treme Close Up”: “ouça você Emerson, Lake & Palmer. Não eu”.
Mairon: Apesar da inclusão de Atom Heart Mother, acho totalmente incoerente a visão de meus colegas. Depois de terem colocado In the Court of Crimson King (King Crimson) no topo dos Melhores de 1969, trazem a estreia do ELP entre os dez mais. O que aconteceu com In the Wake of Poseidon ou Lizard???? Dois belos álbuns do Rei Escarlate e que estão muito à frente deste oitavo lugar, que é um bom disco e nada mais. Somente a partir de Tarkus (1971) que o trio britânico faria algo realmente decente, mas aqui é só uma boa novidade, que ganharia no máximo como revelação progressiva de 1970 e nada mais.
Micael: Excelente estreia do trio, mas ainda longe do seu maior potencial! O lado A é bem melhor que o B, mas “Lucky Man” é linda em qualquer circunstância! O melhor ainda estava por vir, mas este aqui está de bom tamanho!
Ronaldo: Foi um como um vento que soprou e mudou a direção da música rock, ajudando a arrematar um novo paradigma. Se o Black Sabbath foi um passo além ao som do Led Zeppelin para o rock pesado, o ELP assim avançou com relação ao som do King Crimson na vertente do art rock. O som que o ELP construiu desde seu primeiro disco transformou o virtuosismo como a bússola para o rock, fazendo uma música completamente desconcertante e sem precedentes, até mesmo quando comparada com a vanguarda jazz de Miles Davis e sua trupe. Desaba em píncaros cada nota musical freneticamente martelada pelo multitecladista Keith Emerson, junto da disposição infindável das baquetadas ágeis de Carl Palmer e o fio condutor dessa monstruosidade sonora, com seus graves precisos e voz de veludo, Greg Lake.

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Free – Fire and Water (36 pontos)
Adriano: Faz tempo que ouvi, mas, das faixas que lembro, apenas “All Right Now” é legalzinha. Nunca me chamou muito a atenção.
Bruno: Confesso que precisei de várias audições pra começar a apreciar o trabalho do Free. Conhecia apenas este álbum e ele nunca me chamou a atenção. Highway, do mesmo ano, foi o que me fisgou, e depois passei a ouvir Fire and Water com mais atenção e acabei gostando bastante. Achava que o Free era apenas mais uma banda de hard/blues genérica dos anos 70, mas Paul Kossoff consegue unir de maneira impecável o blues com melodias acessíveis e compõe baladas de chorar.
Davi: Mais um clássico. Muito antes de cantar ao lado do Queen, Paul Rodgers marcou época com duas grandes bandas: Free e Bad Company. O Free era uma banda de hard rock com uma forte influência do Blues. Além de Rodgers, completavam o time Paul Kossoff, Andy Fraser e o genial Simon Kirke. O disco é muito lembrado pela presença do clássico “All Right Now”, mas vale a pena também citar como destaques a faixa-título e “Mr. Big” (que mais tarde seria regravada pelo grupo de mesmo nome). Essencial!
Diogo: Mesmo tendo incluído Fire and Water como segundo colocado em minha lista particular, é uma surpresa das melhores vê-lo representado na lista final, dado que a banda não é tão comentada entre as pessoas que conheço e possui poucos verdadeiros fãs no Brasil. Como esta provavelmente será a única oportunidade em que verei um álbum do Free na série Melhores de Todos os Tempos, devo aproveitar para declarar meu amor pela banda e por essa obra, um dos raríssimos casos em que todas as canções que formam o track list são absurdamente fantásticas, sem exceção. Se existe um disco que representa para mim o que é o rock, que eu utilizaria para apresentar esse gênero musical para um visitante de uma galáxia distante, esse disco é Fire and Water. Não há nada nele que não seja perfeito, com especial ênfase para os pilares sonoros erigidos por Simon Kirke, a guitarra displicente e cheia de sensibilidade de Paul Kossoff, a interpretação magistral de Paul Rodgers e os grooves espertos e sensuais do adolescente Andy Fraser. Mas esperem: eu citei todos? Aguarde então meus destaques do disco: “Fire and Water”, “Oh I Wept”, “Remember”, “Heavy Load”, “Mr. Big”, “Don’t Say You Love Me” e “All Right Now”. Tá bom ou querem mais?
Fernando: Tenho a impressão que o Free não tem tanto reconhecimento quanto deveria. No meu grupo de amigos é possível que o Bad Company seja mais festejado que a banda original de Paul Rodgers. Mesmo assim, não há quem ouça esse disco e não se sinta atraído por ele. Difícil destacar uma só e mais difícil ainda eleger uma música fraca.
João Renato: Como se faz um clássico? Para esses caras, apenas sete faixas eram necessárias. Não há ponto fraco aqui, é tiro certeiro, um atrás do outro.
Mairon: O Free tem importância histórica principalmente pela revelação dos nomes de Paul Rodgers, Paul Kossoff, Andy Fraser e Simon Kirke. Este foi o primeiro disco do grupo que comprei, e vale pelos clássicos “Mr. Big” e “All Right Now”. Um som despojado, bem rock ‘n’ roll, e que foi uma boa sequência ao ótimo Free (1969), para mim o melhor dos álbuns do grupo. Não entrou entre os meus trinta mais, e, para mim, foi a maior surpresa dessa lista.
Micael: Apesar de reconhecer o talento dos músicos, nunca curti muito o Free. Apesar do enorme hit “All Right Now”, as outras músicas não conseguiram me atingir de modo a me tornar fã do grupo! Colocaria outros álbuns de outras bandas nesta posição, mas….
Ronaldo: Um disco de músicos competentes e que expressam com muita força um som embalado em blues rock e soul. Audição muito agradável e com alguns decibéis a menos do que a média dos grupos de rock da época, traz muito o que se admirar e curtir em suas faixas.

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George Harrison – All Things Must Pass (35 pontos)
Adriano: Sim, este poderia ser um disco duplo, mas é fato que não tem nenhuma faixa propriamente feia. E ele possui clássicos absolutos do porte de “What Is Life”, “Behind that Locked Door”, “Run of the Mill”, “Apple Scruffs” e “Awaiting on You All”, entre várias outras ótimas faixas. George dando um belo prosseguimento aos seus trabalhos solo – dos quais destaco o subestimado Electronic Sound (1969) – e mostrando como podia ser bem melhor que John e Paul.
Bruno: Meu disco preferido de todos dos ex-Beatles. Se mesmo gravando maravilhas como “While My Guitar Gently Weeps” e “Something” George Harrison ainda não tinha convencido de que ele era um grande compositor dentro da banda, seu disco de estreia solo não deixou dúvidas. Boa parte das letras traz temática espiritual, e Harrison contribui com suas melodias e arranjos afiados e uma performance impecável na slide guitar.
Davi: Primeiro trabalho solo de George. Uma verdadeira obra-prima. De longe, seu melhor trabalho solo. All Things Must Pass foi lançado originalmente em formato de LP triplo. Harrison começou a se aprofundar aqui na slide guitar, algo que se tornaria uma característica sua. O LP nos brinda com canções belíssimas como “What Is Life”, “Isn’t a Pitty”, “If Not For You”, “Wah-Wah”, “Beware of Darkness”, além da já manjadíssima “My Sweet Lord”. Entre os músicos que participaram da gravação estão Ringo Starr, Eric Clapton, Billy Preston, Alan White, Dave Mason, Ginger Baker, Gary Brooker e Gary Wright. Se dependesse de mim, ganharia uma colocação melhor.
Diogo: Confesso que acabei ignorando All Things Must Pass e só fui escutá-lo após a definição da lista final com os dez melhores colocados. Apesar de longa, a audição do álbum é agradável e melhor que grande parte do material lançado pelos Beatles, algo pouco surpreendente levando-se em conta que as músicas de George Harrison quase sempre constituíram destaques em meio às de John Lennon e Paul McCartney no quarteto. O guitarrista e vocalista tem um estilo único de compor e interpretar que o torna facilmente reconhecível, algo muito positivo e presente em cada momento de All Things Must Pass, inclusive na ótima versão para “If Not For You”, lançada apenas um mês antes por Bob Dylan.
Fernando: Depois de anos sendo boicotado nos Beatles, finalmente George Harrison deu vazão à sua criatividade, e o cara tinha tantas ideias que precisou de um disco triplo para isso. Certamente o melhor disco produzido por um ex-beatle fora de sua banda. Acho que depois de All Things Must Pass o material de Harrison caiu um pouco de qualidade, mas seria difícil comparar mesmo.
João Renato: Ainda um dos melhores trabalhos solo de um ex-beatle. E, sem dúvidas, o mais pessoal e intimista de todos. Obra superior!
Mairon: Depois que os Beatles acabaram, cada um seguiu um caminho distinto. Entre os quatro, o que eu mais gosto é Paul McCartney com o Wings, seguido por John Lennon na fase Two Virgins (1968) e acaba por aí. Este é outro álbum que ouvi muito e nunca entendi. Além de canções que não me agradam, o álbum se arrasta por três LPs tediosos, deste que é o primeiro disco triplo do qual se tem notícias no rock (isso para um artista individual). É incompreensível como um timaço de músicos fizeram um disco tão sem sal, cuja única parte realmente interessante é sua bela capa original. Acho que este é o último disco ligado aos garotos de Liverpool que aparecerá entre os dez mais.
Micael: Conheço muito poucas músicas daqui, mas, com certeza, um álbum triplo com as sobras do terceiro principal compositor do quarteto de Liverpool não é algo que me exalto a ouvir. Passo, e troco por vários outros discos que foram injustiçados e esquecidos nesta lista!
Ronaldo: A herança de um beatle para os neo-hippies cuca fresca é o que temos emAll Things Must Pass. O disco carrega em si muita profundidade e uma espécie de espiritualidade, que, devido a sua longa extensão, chega quase a ser enfadonho. Demanda sintonia de quem ouve, mas tem atributos de sobra para não soar genérico.

Listas individuais
lizardAdriano KCarão
1. Emerson, Lake & Palmer – Emerson, Lake & Palmer
2. Pink Floyd – Atom Heart Mother
3. King Crimson – Lizard
4. Syd Barrett – Barrett
5. Soft Machine – Third
6. Yes – Time and a Word
7. Traffic – John Barleycorn Must Die
8. Curtis Mayfield – Curtis
9. Som Imaginário – Som Imaginário
10. Syd Barrett – The Madcap Laughs

fun_houseBruno Marise
1. Derek and the Dominos – Layla and Other Assorted Love Songs
2. Black Sabbath – Paranoid
3. The Stooges – Fun House
4. Neil Young – After the Gold Rush
5. Crosby, Stills, Nash & Young – Déjà Vu
6. David Bowie – The Man Who Sold the World
7. Jethro Tull – Benefit
8. Creedence Clearwater Revival – Cosmo’s Factory
9. Santana – Abraxas
10. Led Zeppelin – Led Zeppelin III

Let_it_beDavi Pascale
1. Deep Purple – In Rock
2. Led Zeppelin – Led Zeppelin III
3. George Harrison – All Things Must Pass
4. Black Sabbath – Black Sabbath
5. The Beatles – Let It Be
6. Santana – Abraxas
7. Badfinger – No Dice
8. Free – Fire and Water
9. Grand Funk Railroad – Closer to Home
10. Tim Maia – Tim Maia

cover_Free70_2Diogo Bizotto
1. Derek and the Dominos – Layla and Other Assorted Love Songs
2. Free – Fire and Water
3. Black Sabbath – Paranoid
4. Free – Highway
5. Black Sabbath – Black Sabbath
6. Deep Purple – In Rock
7. Van Der Graaf Generator – H to He, Who Am the Only One
8. King Crimson – Lizard
9. Creedence Clearwater Revival – Cosmo’s Factory
10. Grand Funk Railroad – Closer to Home

vanderhtohe1Fernando Bueno
1. Black Sabbath – Black Sabbath
2. Deep Purple – In Rock
3. Crosby, Stills, Nash & Young – Déjà Vu
4. George Harrison – All Things Must Pass
5. Derek and the Dominos – Layla and Other Assorted Love Songs
6. Van Der Graaf Generator – H to He, Who Am the Only One
7. Traffic – John Barleycorn Must Die
8. Pink Floyd – Atom Heart Mother
9. Free – Fire and Water
10. Soft Machine – Third

51da1susz5LJoão Renato Alves
1. Black Sabbath – Black Sabbath
2. Black Sabbath – Paranoid
3. Deep Purple – In Rock
4. Free – Fire and Water
5. Led Zeppelin – Led Zeppelin III
6. George Harrison – All Things Must Pass
7. The Beatles – Let It Be
8. Derek and the Dominos – Layla and Other Assorted Love Songs
9. The Kinks – Lola vs. the Powerman & the Money-Go-Round, Pt. 1
10. Paul McCartney – McCartney

MI0000016257Mairon Machado
1. Pink Floyd – Atom Heart Mother
2. Led Zeppelin – III
3. Genesis – Tresspass
4. David Bowie – The Man Who Sold the World
5. Trapeze – Medusa
6. Yes – Time and a Word
7. Black Sabbath – Paranoid
8. Poco – Poco
9. Frank Zappa – Chunga’s Revenge
10. Ginger Baker’s Airforce – Ginger Baker’s Airforce

JethroTull-albums-benefitMicael Machado
1. Derek and the Dominos – Layla and Other Assorted Love Songs
2. Deep Purple – In Rock
3. Black Sabbath – Paranoid
4. Jethro Tull – Benefit
5. Neil Young – After the Gold Rush
6. Santana – Abraxas
7. Black Sabbath – Black Sabbath 
8. The Allman Brothers Band – Idlewild South
9. The Velvet Underground – Loaded
10. Genesis – Tresspass

6360-016Ronaldo Rodrigues
1. Crosby, Stills, Nash & Young – Déjà Vu
2. Emerson, Lake & Palmer – Emerson, Lake & Palmer
3. Patto – Patto
4. Miles Davis – Bitches Brew
5. Black Sabbath – Paranoid
6. Sir Lord Baltimore – Kingdom Come
7. Deep Purple – In Rock
8. King Crimson – Lizard
9. Pink Floyd – Atom Heart Mother
10. Cactus – Cactus

Um comentário:

  1. Pelas listas que vi aí, Cricklewood Green do TYA, seria quase obrigatório.

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