Tem coisas que nem Freud consegue explicar, e uma delas, é a mentalidade das produtoras nacionais. Afinal, se perguntarmos para qualquer pessoa que aprecie rock em nosso país qual é a banda mais importante da história do rock nacional, 9 entre 10 delas irão certamente responder: Os Mutantes.
Desta forma, é incompreensível que NENHUMA GRAVADORA tenha se prestado a registrar e lançar o novo álbum do guitarrista Sérgio Dias e cia. E isso não é novidade. Depois do estardalhaço do retorno do grupo com Arnaldo Baptista (teclados, baixo, vocais) e Dinho Leme (bateria, percussão) durante um festival homenageando os 40 anos da Tropicália, realizado em Londres no ano de 2006, e registrado no essencial Live at Barbican Theater, 2006 (com Zélia Duncan nos vocais), muita água rolou, até que em 2009, após a saída (novamente) de Arnaldo do grupo, foi lançado lá fora o álbum Haih ... or Amortecedor, mostrando que o novo Mutantes nada mais era do que uma sequência da carreira solo de Serginho nos anos 2000, mas mesmo assim, capaz de honrar o nome do grupo nos inúmeros shows que se seguiram mundo afora.
Mutantes em Portland |
O grupo só veio se apresentar no Brasil em 2010, e Haih ... or Amortecedor só chegou nas lojas brazucas no inverno de 2010, quase um ano depois de ter sido lançado mundialmente, trazendo ainda dois bônus, mas que não conseguiram chamar a atenção dos fãs, nem na série de shows que rodou o país, com públicos bem diminutos perto da grandeza da banda. Enquanto isso, lá fora a banda continuava a se apresentar praticamente sem parar.
O tempo passou e, em meados de 2012, foi anunciado que o grupo apresentaria-se no festival Psicodália, com a mesma formação que gravou o singular Tudo Foi Feito Pelo Sol (1974), um dos álbuns mais importantes do rock progressivo nacional, e que foi interpretado na íntegra na noite de 30 de dezembro de 2012, em um show marcante para os que o presenciaram.
Formação que gravou Fool Metal Jack: Vinícius Junqueira, Amy Crawford, Sergio Dias, Esmeria Bulgari, Vitor Trida e Ani Cordeiro |
Quando todos achavam que o retorno ao progressivo iria acontecer, eis que a banda, que oficialmente transferiu-se para Las Vegas, após receber o prêmio grammy Latino de Música na categoria Melhor Álbum de Rock (o já citado Haih ... Or Amortecedor), em 30 de abril desse ano, o site oficial da banda anuncia um novo disco.
Lançado naquele momento somente nos Estados Unidos através do selo Krian Group, e também via streaming no site oficial da banda semanas antes, Fool Metal Jack chegou ao resto do mundo graças a divulgação deste link. Na formação, estão Ani Cordeiro (bateria), Vinícius Junqueira (baixo), Esmeria Bulgari (voz), Vítor Trida (guitarra, teclados, flauta, viola, violino) e Amy Crawford (teclados), além de Sérgio nas guitarras, Sitar e vocais.
Lançado naquele momento somente nos Estados Unidos através do selo Krian Group, e também via streaming no site oficial da banda semanas antes, Fool Metal Jack chegou ao resto do mundo graças a divulgação deste link. Na formação, estão Ani Cordeiro (bateria), Vinícius Junqueira (baixo), Esmeria Bulgari (voz), Vítor Trida (guitarra, teclados, flauta, viola, violino) e Amy Crawford (teclados), além de Sérgio nas guitarras, Sitar e vocais.
No dia 27 de abril Os Mutantes já estavam em turnê pelos Estados Unidos, realizando doze shows entre esta data e o dia 11 de maio, seguindo posteriormente para a Europa, enquanto os fãs curtiam o novo álbum. Certamente, não podemos compará-lo nem com a genial fase do grupo com Rita Lee nos vocais e tão pouco com a fase progressiva dos anos 70, mas ouvindo o álbum sem preconceito, somos surpreendidos por um bom disco.
Claramente Os Mutantes viraram a banda de acompanhamento de Serginho, que comanda todos os passos das doze canções aqui registradas fazendo uma sequência digna para seu álbum antecessor. Porém, em Fool Metal Jack, alusão ao filme Full Metal Jacket (Nascido Para Matar) de Stanley Kubrick, lançado em 1987, estão inseridos diversos elementos que consagraram o grupo mundo a fora, como o experimentalismo e principalmente, a estridência da guitarra de ouro de Sergio Dias.
Como o disco foi lançando visando o mercado internacional, temos apenas uma canção em português, no caso "Eu Descobri", composição de Gilberto Gil em parceria com Sergio Dias e Vinícius Junqueira, cantada por Esmeria, e que por conta disso, é facilmente assimilada pelos admiradores de discos como Os Mutantes e A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado.
No mais, dez canções com letras inglês, e que nos remetem para diversos álbuns do grupo, mas com uma cara muito própria, indo da linda experimentação de "The Dream is Gone", passando pelo peso absurdo do baixo na experimental faixa-título, peso esse presente também no riff de "Piccadilly Willie".
As viagens acúsicas "Time and Space" e "To Make it Beautiful" parecem saídas de Technicolor, e temos ainda espaço para recordar a fase progressiva da banda, através da complicada "Once Upon a Flight", ou então na inspirada "Bangladesh", com Serginho dando um show ao violão.
Destaques positivos para "Look Out", cantada por Vitor e que inclusive ganhou um video-clipe, e que com certeza, a introdução feita por Ani é demolidora, em uma canção que nos remete diretamente aos Mutantes da época de Jardim Elétrico, "Valse LSD", dueto vocal entre Sergio e Esmeria recheado de psicodelia, e a encantadora "Into Limbo", com um show a parte das flautas.
Claro, tem também um pequeno deslize, no caso a latinidade de "Ganjaman", totalmente desnecessária, mas que não afeta o aspecto geral do álbum de um novo grupo, com todas as características do passado, mas sem ser o mesmo grupo do passado, algo que diversas outras bandas também acabaram fazendo, ou seja, adaptaram-se para um novo mundo, novos fãs e novas possibilidades de divulgar sua música (caso de bandas como UFO, Uriah Heep, Saxon, entre outros).
Depois da gravação de Fool Metal Jack, houve mais uma reformulação no grupo, com a entrada do baterista Claudio Tchernev e do tecladista Henrique Peters, e são eles que passaram a excursionar muito recentemente pelo país. Porém, no último dia 12 de outubro, o grupo voltou a apresentar Tudo Foi Feito Pelo Sol na íntegra, em um show na cidade de Belo Horizonte, e parece que mais datas com esse formato irão surgir.
Qual é o futuro de Os Mutantes?, nem Sergio Dias sabe. O que podemos afirmar é que Fool Metal Jack não é o melhor disco do grupo, mas é um dos bons lançamentos de 2013, um pouco acima de Haih ... or Amortecedor, mostrando que mesmo sendo uma invenção sobre si mesmo, o time que está jogando, apesar de não estar ganhando muito, continua batendo uma bolinha redondinha.
Claramente Os Mutantes viraram a banda de acompanhamento de Serginho, que comanda todos os passos das doze canções aqui registradas fazendo uma sequência digna para seu álbum antecessor. Porém, em Fool Metal Jack, alusão ao filme Full Metal Jacket (Nascido Para Matar) de Stanley Kubrick, lançado em 1987, estão inseridos diversos elementos que consagraram o grupo mundo a fora, como o experimentalismo e principalmente, a estridência da guitarra de ouro de Sergio Dias.
Como o disco foi lançando visando o mercado internacional, temos apenas uma canção em português, no caso "Eu Descobri", composição de Gilberto Gil em parceria com Sergio Dias e Vinícius Junqueira, cantada por Esmeria, e que por conta disso, é facilmente assimilada pelos admiradores de discos como Os Mutantes e A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado.
No mais, dez canções com letras inglês, e que nos remetem para diversos álbuns do grupo, mas com uma cara muito própria, indo da linda experimentação de "The Dream is Gone", passando pelo peso absurdo do baixo na experimental faixa-título, peso esse presente também no riff de "Piccadilly Willie".
Vitor Trida, Vinícius Junqueira, Esmeria Bulgari e Sérgio Dias, no clipe de "Look Out" |
Destaques positivos para "Look Out", cantada por Vitor e que inclusive ganhou um video-clipe, e que com certeza, a introdução feita por Ani é demolidora, em uma canção que nos remete diretamente aos Mutantes da época de Jardim Elétrico, "Valse LSD", dueto vocal entre Sergio e Esmeria recheado de psicodelia, e a encantadora "Into Limbo", com um show a parte das flautas.
Claro, tem também um pequeno deslize, no caso a latinidade de "Ganjaman", totalmente desnecessária, mas que não afeta o aspecto geral do álbum de um novo grupo, com todas as características do passado, mas sem ser o mesmo grupo do passado, algo que diversas outras bandas também acabaram fazendo, ou seja, adaptaram-se para um novo mundo, novos fãs e novas possibilidades de divulgar sua música (caso de bandas como UFO, Uriah Heep, Saxon, entre outros).
Depois da gravação de Fool Metal Jack, houve mais uma reformulação no grupo, com a entrada do baterista Claudio Tchernev e do tecladista Henrique Peters, e são eles que passaram a excursionar muito recentemente pelo país. Porém, no último dia 12 de outubro, o grupo voltou a apresentar Tudo Foi Feito Pelo Sol na íntegra, em um show na cidade de Belo Horizonte, e parece que mais datas com esse formato irão surgir.
Qual é o futuro de Os Mutantes?, nem Sergio Dias sabe. O que podemos afirmar é que Fool Metal Jack não é o melhor disco do grupo, mas é um dos bons lançamentos de 2013, um pouco acima de Haih ... or Amortecedor, mostrando que mesmo sendo uma invenção sobre si mesmo, o time que está jogando, apesar de não estar ganhando muito, continua batendo uma bolinha redondinha.
Contra-capa do CD |
Track list
1. The Dream is Gone
2. Fool Metal Jack
3. Piccadilly Willie
4. Ganjaman
5. Look Out6. Eu Descobri
7. Time and Space
8. To Make it Beautiful
9. Once Upon a Flight
10. Into Limbo
11. Bangladesh
12. Valse LSD
A formação que gravou FOOL METAL JACK foi: Sérgio Dias, Bia Mendes, Vinícius Junqueira, Henrique Peters, Dinho Leme e Vitor Trida.ro
ResponderExcluirThanks u a lot , I also need to know ur opinion about this sample pack www.lucidsamples.com
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