Por Diogo Bizotto
Com Adriano KCarão, Bruno Marise, Davi Pascale, Mairon Machado e Ronaldo Rodrigues
Damos seguimento hoje à nossa ambiciosa empreitada mensal de apontar os melhores álbuns de todos os tempos segundo os colaboradores da Consultoria do Rock. Caso o leitor não tenha lido a primeira parte dessa seção, pode acessá-la aqui e conhecer os discos que consideramos os melhores de 1963. Lembramos que o critério para elaborar a listagem final, baseada nas listas individuais de cada colaborador, segue a pontuação do Campeonato Mundial de Fórmula 1. Chegamos hoje a 1964, ano marcado pelas estreias discográficas de vários grupos que deram origem ao movimento que acabou sendo rotulado como “British Invasion” nos Estados Unidos, mudando a vida de muitos jovens, que resolveram pegar em instrumentos pela primeira vez movidos pela sonoridade e pelo sucesso desses artistas britânicos.
The Beatles – A Hard Day’s Night (70 pontos)
Adriano: “If I Fell” é ótima, “Things We Said Today” e “You Can’t Do That” são boas, assim como o “refrão” de “When I Get Home”. Há algumas músicas audíveis, fora essas, mas, no geral, o disco é fraco. Não vou citar aqui duas músicas desse disco que DETESTO pra não ser linchado, só adianto que não são covers.
Bruno: O primeiro disco de gente grande dos Beatles, com um tracklist 100% autoral. Ponto fortíssimo, já que nos trabalhos anteriores as composições próprias sempre superavam os covers. Harrison faz um trabalho sensacional com uma guitarra de 12 cordas que dá toda a caracterização do álbum.
Davi: Terceiro disco dos Beatles e um dos que mais gosto deles. Embora leve o mesmo nome do filme dirigido por Richard Lester, ele não é exatamente sua trilha sonora, que foi lançada apenas nos Estados Unidos (assim como aconteceu com Help!). Este, contudo, é o primeiro álbum contendo apenas canções escritas pelo Fab Four. Entre os destaques estão “Can’t Buy Me Love”, “When I Get Home”, “You Can’t do That”, “I Should Have Know Better”, além da faixa-título. Clássico!
Diogo: Esse disco entrou em minha lista aos 40 do segundo tempo e acabou inclusive superando a estreia do The Animals, da qual gosto bastante. Demorou um pouco, mas algumas canções menos óbvias, como “If I Fell”, “Tell Me Why” e “You Can’t Do That” acabaram me conquistando. É fácil cometer erros analisando em retrospecto, mas acredito que não digo besteira alguma quando afirmo que A Hard Day’s Night foi a verdadeira confirmação do sucesso gigantesco do grupo. Exagero ocupar a primeira posição? Sim, mas muito digno, pela importância histórica e pela qualidade das composições, especialmente de minha favorita, “And I Love Her”.
Mairon: O que esse disco tem de bom para estar em primeiro lugar? Me digam? Um disco de trinta minutos, com rockzinhos simples, sem nada a acrescentar na discografia mundial. Para ser ouvido quando não há nada o que se fazer, e jamais melhor de 1964. Se fosse Beatles For Sale, ainda vá, mas ESSE?!
Ronaldo: Acho que dispensa comentários. Para ser cunhado algo como “beatlemania” a partir desse disco, algo de muito especial tem aí.
Bob Dylan – Another Side of Bob Dylan (52 pontos)
Adriano: Fico feliz de esse disco ter entrado entre os dez, pois não por acaso é meu primeiro da lista. Disparado o melhor álbum de 1964, sem dúvida! Se contasse apenas com “Spanish Harlem Incident”, “I Don’t Believe You (She Acts Like We Have Never Met)” e “It Ain’t Me, Babe”, já deixaria todos os demais no chinelo, mas o disco ainda conta com as (re)conhecidíssimas – com muito mérito, diga-se – “All I Really Want to Do” e “My Back Pages”, regravadas pelos Byrds – e a última também pelos Ramones –, e várias outras faixas lindas, como “Black Crow Blues”. CLÁSSICO!
Bruno: Como disse na edição anterior dessa seção, gosto de pouquíssima coisa de Bob Dylan, e esse álbum não está incluído entre essas coisas. Passo.
Davi: Em seu quarto disco, Dylan resolveu mostrar a outra face, como o título entrega. Depois de fazer um álbum totalmente voltado ao protesto político social, o cantor resolveu apostar em novos temas, trazendo uma linguagem mais viajada e, por vezes, um certo romantismo. Aqui as guitarras elétricas ainda não faziam parte de seu trabalho. Não é meu disco favorito de Dylan…
Diogo: Em se tratando de um artista de nível tão elevado, fica difícil apontar favoritos, mas não hesito em dizer que Another Side of Bob Dylan é o melhor álbum da primeira fase do trovador urbano, não à toa ocupando o primeiro lugar em minha lista, com sobras em relação ao segundo. Houve um tempo em que eu pensava que os artistas que faziam versões de Dylan obtinham melhores resultados que o próprio, mas conhecer um disco absurdo como esse mostra como eu estava totalmente errado. Não ia nem citar destaques, pois o disco todo é absurdo, mas o fato é que ninguém pode morrer sem ouvir “Chimes of Freedom”.
Mairon: Grande disco, talvez o melhor da fase acústica de Dylan, que estava altamente inspirado. Dá um banho em The Times, They Are A-Changin’, do mesmo ano, principalmente pelas pérolas “Chimes of Freedom” e “Ballad in Plain D”.
Ronaldo: A revolução continuava. Dylan trazendo conteúdo para a adolescência do rock, ainda que só no violão. Gosto mais de seu outro trabalho lançado em 1964.
The Yardbirds – Five Live Yardbirds (50 pontos)*
Adriano: Esse disco não me empolga. Não que seja ruim: é uma ótima demonstração do que viriam a ser os Yardbirds, a banda que fez as versões mais interessantes de blues e rhythm ‘n’ blues na Inglaterra desse tempo. Só que o disco não me empolga, vai entender…
Bruno: Estreia bastante enérgica do grupo, com versões sensacionais de clássicos do blues e do rock ‘n’ roll, mas ainda prefiro os trabalhos posteriores dos Yardbirds.
Davi: O grupo é lembrado por ter lançado três dos mais talentosos guitarristas do mundo do rock: Eric Clapton, Jeff Beck e Jimmy Page. Como podem ver, Ozzy não é o único cara que sabia escolher guitarristas. Na apresentação registrada neste álbum, o músico responsável pelas seis cordas era Eric Clapton. O grupo esbanja energia na apresentação, ainda que o vocalista Keith Relf deixe um pouquinho a desejar. Item indispensável para qualquer colecionador que se preze.
Diogo: Ninguém encapetou o blues e o rhythm ‘n’ blues norte-americano como o The Yardbirds. Por mais que falte material autoral, a energia que transborda dessa estreia é absurda e, até onde se estende meu conhecimento, praticamente sem precedentes. Ouso afirmar que os pais britânicos dos anos 60 não gostariam nem um pouco de ver seus filhos ouvindo discos e frequentando shows desse estupendo e influente quinteto, e isso é um ótimo sinal! Muito fala-se de Eric Clapton, mas o fato é que todo o grupo estava calibradíssimo. Provável destaque para “Smokestack Lightning”.
Mairon: A melhor banda de todos os tempos em sua estreia. Fabuloso é pouco. Anos depois, essa mesma banda faria outra estreia tão grandiosa quanto essa, mas com o nome modificado (vulgo Led Zeppelin). Five Live Yardbirds é certeza de brilhantismo e energia pura em cima do palco, trazendo aos ouvintes o melhor da música, misturando blues e rock como só o quinteto inglês conseguia fazer.
Ronaldo: O berço da escola britânica de guitarra. Rhythm ‘n’ blues, rave up e muita anfetamina em um disco histórico, ainda que meio rude, como muitos outros trabalhos; pequenos diamantes que seriam lapidados com o tempo.
Adriano: Com Animals, Stones, Kinks e Yardbirds, o rock inglês começou a virar “rock” – claro que Johnny Kidd & The Pirates era o máximo, mas não tiveram a sorte dessas bandas –, em um processo que viria a culminar no The Who, principalmente graças à bateria de Keith Moon. Das quatro bandas citadas no início, creio que quem lançou o melhor debut foram os Animals, com um disco bem dosado, consistente. A versão que saiu nos EUA é ainda melhor, mas a inglesa tinha já ótimos momentos, como “I’ve Been Around” e “I’m in Love Again”, além da interessante “The Story of Bo Diddley”, ótima sacada pra abrir um disco.
Bruno: O The Animals se diferenciava por uma maior ênfase nos teclados e as interpretações viscerais de Eric Burdon. Particularmente gosto mais da versão norte-americana, principalmente por “Talking ‘Bout You” e o clássico “The House of the Rising Sun”, mas essa aqui não fica muito atrás.
Davi: Eric Burdon é tido como uma das maiores vozes do rock. Assim como acontece com Joe Cocker, é comum compararem o rapaz aos cantores negros, muito provavelmente pela paixão com que cantam e pelo alcance de suas vozes. Famosos por misturar o blues e o folk ao rock, atualmente são tidos como um dos grandes representantes da British Invasion. Nesse álbum de estreia, grandes standards de rhythm ‘n’ blues se fazem presentes. Destaque para as versões de “Dimples” e “She Said Yeah”.
Diogo: Belíssima estreia de um grupo que só começou a receber minha atenção recentemente. Coesão, teclados bem sacados e uma excelente escolha de repertório dão a tônica do álbum, sem falar na grandiosa voz de Eric Burdon, certamente um dos melhores vocalistas a despontar nos anos 60. Mais que um belo timbre, trata-se de alguém dotado de verdadeira capacidade de interpretação. “Bury My Body”, “Dimples”, “I’m in Love Again” e “I’m Mad Again” são ótimas, mas nada supera a fantástica abertura com a narrativa “The Story of Bo Diddley”.
Mairon: Apesar das distintas versões, a edição inglesa (aqui escolhida) é outra grande estreia de 1964, bem à frente do primeiro colocado desta lista. Eric Burdon é um injustiçado e deveria ser mais ouvido pelos que se dizem “admiradores de rock”. Ouçam “The Story of Bo Diddley” ou “The Girl Can’t Help It” e vejam se os Beatles não eram um atraso musical nessa época.
Ronaldo: Acho o melhor trabalho da banda, um instrumental bem caprichadinho e um trabalho esperto de teclados de Alan Price junto do vozeirão de Eric Burdon.
The Rolling Stones – The Rolling Stones (42 pontos)**
Adriano: Em seguida ao disco dos Animals, meu preferido desse ano é o dos Stones. Não é nenhum clássico, tá longe disso, mas possui momentos felizes o suficiente pra figurar em um décimo lugar em uma lista como essa. As versões de “Mona (I Need You Baby)”, “Can I Get a Witness” e, principalmente, “I Just Want to Make Love to You” e “Walking the Dog” ficaram ótimas, com uma energia emanando delas muito diferente de suas versões originais. Eu curto o trabalho do Keef nas guitarras desde esse disco, principalmente em “Now I’ve Got a Witness (Like Uncle Phil and Uncle Gene)” e em “Little by Little”. Como falei, é um disco apenas razoável, com suas falhas e limitações, mas no universo rocker desse ano um dos melhores.
Bruno: Trabalho ainda muito tímido dos Stones, com repertório recheado de covers e nada muito diferente das bandas britânicas da época. Quem se destaca aqui é Mick Jagger, com uma performance vocal já acima da média. Ouça a balada “Tell Me”.
Davi: Os Beatles eram os certinhos. Os Stones eram os marginais. Em seu primeiro álbum, os Stones trilhavam um caminho parecido com o dos Animals, gravando clássicos do rhythm ‘n’ blues. Traziam uma sonoridade bem mais crua do que a que estamos acostumados quando o assunto é Stones. É claro que o fato de não terem tecladista deixava o som dos rapazes um pouco mais sujo. Embora a dupla Jagger/Richards tenha se destacado como compositores, aqui aparecem com apenas uma canção autoral, a belíssima “Tell Me” Outros destaques são as versões de “Route 66″ e “Carol”. Grande disco!
Diogo: A música que abre esse disco, “Route 66″, diz muito sobre o que a banda apresenta ao longo de todo o disco e até em grande parte da carreira, explicitando as influências norte-americanas que norteavam a música dos Stones desde o início. A segunda, “I Just Want to Make Love to You”, deixa em evidência a energia do quinteto, que, na maior parte das vezes, se sobrepunha à excelência técnica, sem falar na malandragem que os diferenciava das outras formações da época. Por sua vez, “Tell Me”, única composição original presente no álbum, mostra que esses filhos da puta tinham, sim, alma de sobra. Não entrou na minha lista, mas entendo a inclusão no Top 10 geral.
Mairon: Que ano, senhoras e senhores, trazendo mais outra banda fantástica aos sulcos do vinil. A estreia dos Stones é diferente de tudo o que a banda fez depois. Rocks blueseiros com Mick Jagger mostrando ao mundo, mesmo que ainda jovem, por que viria a ser um dos principais nomes vocais já paridos na historia da música. Totalmente fundamental.
Ronaldo: Também dispensa muitos comentários. Parece até comum pra época, a energia é mais forte que o instrumental e compor as próprias músicas não era lá muito importante, mas é cativante por demais esse disco pra meus ouvidos. E acho que pra mais alguns milhões de pessoas.
Bob Dylan – The Times, They Are A-Changin’ (30 pontos)
Adriano: Considero esse disco bem inferior ao Another Side of Bob Dylan, embora conte com uma das minhas canções favoritas do Dylan, que é “The Lonesome Death of Hattie Carroll”. Talvez por eu não me aprofundar no conhecimento das letras, eu termine não captando a riqueza do disco, mas é isso: mais um disco que não me empolga tanto.
Bruno: Gosto muito da faixa-título, mas só.
Davi: Este disco foi lançado antes de Another Side e trouxe letras totalmente ásperas, que combinam perfeitamente com o folk realizado pelo compositor. Não acho tão bom quanto o anterior, The Freewheelin’ Bob Dylan, mas vale uma audição.
Diogo: Pode até não ser tão bom quanto Another Side of Bob Dylan, lançado meses depois, mas o fato é que a inclusão desse álbum no Top 10 de 1964 faz todo o sentido do mundo. Hoje em dia virou lugar comum empreender protestos políticos através da música, isso pra não dizer que ficou fácil, nivelando a qualidade por baixo. Dylan, porém, dava uma aula disso há quase 50 anos, soando inteligente, sensível e pouco óbvio. Musicalmente, apesar da faixa-título ter se tornado icônica, destaco “With God on Our Side”, “North Country Blues” e “The Lonesome Death of Hattie Carroll”.
Mairon: Não acho esse disco tão bom quanto nosso segundo colocado. Baladeiro demais, possui poucos momentos significativos. Investir em Another Side vale muito mais a pena
Ronaldo: Trabalho bastante político do trovador folk pré-elétrico. Título mais perfeito não existia pra época.
The Kinks – Kinks (29 pontos)
Adriano: Sou fã de Kinks, mas não por esse disco. Embora tenha “You Really Got Me”, que é não só boa, mas emblemática, e alguns bons momentos, como “Cadillac”, “So Mistifying”, “Just Can’t Go to Sleep” e “Revenge”, esse é mais um disco razoável, no nível do primeiro dos Stones. Os Kinks mostrariam os gigantes que eram a partir do próximo ano!
Bruno: Não está entre os melhores discos dos Kinks, e não foge muito do rock inglês sessentista, exceto pelo trabalho excelente da guitarra de Dave Davies, que gerou o agressivo riff de “You Really Got Me”, extremamente pesado para a época.
Davi: Álbum de estreia da banda de Ray Davies. Como podem perceber, esse foi um bom ano para o rock ‘n’ roll. E também para o grupo. Afinal, seu grande clássico “You Really Got Me” – anos mais tarde regravado de maneira extraordinária pelo Van Halen – é desse disco. O fato de ter sido uma das primeiras musicas compostas em power chords fez com que ela fosse considerada por muitos críticos como a primeira canção hard/heavy da história, deixando milhares de headbangers furiosos. Independente de ser ou não uma canção heavy metal, trata-se de uma grande faixa e um grande disco. Deixe o preconceito de lado e corra atrás
Diogo: Se os Stones eram os malandros, os Kinks eram os irônicos e debochados. Isso fica evidente não apenas nas características vocalizações de Ray Davies, mas no instrumental, que esbanja uma saudável displicência. Aprecio bastante o fato das originais, como “So Mystifying” e “You Really Got Me”, serem tão boas quanto os covers para as ótimas “Beautiful Delilah” e “I’m a Lover Not a Fighter”. Não entrou em minha lista por bem pouco. Meu conhecimento sobre o grupo ainda é bem limitado, mas julgo-o como um dos mais seminais da época.
Mairon: Yardbirds, Animals, Stones, Kinks… Quanta banda boa estreou em 1964, e vocês me vêm com A Hard Day’s Night. Fala sério. Esse álbum, em sua versão inglesa, traz clássicos como “Bald Headed Woman” e “You Really Got Me”. Só essas duas já valem mais do que qualquer um dos discos dos Beatles desse mesmo ano.
Ronaldo: Testosterona em alta aqui! Díficil pensar em algo mais forte do que o riff de “You Really Got Me” pra 1964, quase uma espécie de precursor da selvageria do rock de garagem e ainda nessa linha evolutiva, do heavy rock do fim daquela década e início da seguinte. Junto com os Yardbirds, podem ser chamados de avós desse estilo. Contam nos bastidores com a ajuda de um certo James Patrick Page.
The Hollies – In the Hollies Style (29 pontos)
Adriano: Ouvi, ouvi e ouvi esse disco e não tenho muito o que dizer sobre ele. É impressionante como os disquinhos pop pra garotas de 1963 me agradaram mais que os de 1964 – e devo repetir que o melhor entre todos é o Big Girls Don’t Cry and 12 Others, do Four Seasons. Assim como o dos Beatles, não vejo lugar pra esse disco em um Top 10 de 1964, embora seja agradável de ouvir – algumas poucas faixas podem ser exceções.
Bruno: Uma pérola perdida dos anos 60. A primeira banda de Graham Nash manda um som grudento atrás do outro, com harmonias impecáveis e uma pegada rhythm ‘n’ blues de arregaçar! Destaque para o incrível desempenho de Allan Clarke, com melodias vocais maravilhosas.
Davi: Segundo álbum do grupo e mais uma vez gravado no lendário Abbey Road Studios. Neste trabalho, os músicos começam a se impor como compositores: sete das 12 faixas do LP são compostas por integrantes da banda. Essas canções aparecem na capa do disco sob o pseudônimo de “L. Ransford”. O álbum não traz nenhum hit (motivo que levou o álbum a não ser lançado nos EUA), mas vale uma audição. Os arranjos e as harmonias vocais já estão bem mais evoluídos do que os presentes em seu álbum de estreia. Destaques para “It’s In Her Kiss”, “Come On Home”, “Nitty Gritty” e “Too Much Monkey Business”, embora essa última não chegue aos pés da versão de Elvis Presley.
Diogo: Muita comenta-se sobre o fato do The Hollies ter revelado Graham Nash, e isso é merecido. No entanto, também tenho grande apreço por Allan Clarke, certamente um dos meus vocalistas favoritos surgidos na década de 60. Não apenas Allan, mas todo o grupo destaca-se vocalmente, mostrando que nem só os Beatles estavam se especializando em belas harmonizações, tornando In the Hollies Style um álbum de agradável audição, dotado de uma elegância que não se encontrava nos outros grupos da época que conheço. O disco é bastante homogêneo, mas ressalto a energética abertura com “Nitty Gritty/Something’s Got a Hold on Me”, “To You My Love”, “It’s in Her Kiss” e “Time For Love”.
Mairon: Não gosto muito de The Hollies, pois julgo uma similaridade muito forte com o Fab Four. O estilo citado no LP é o beat rock da época, e, sinceramente, o feito pelo quinteto britânico não me agrada.
Ronaldo: Desconheço o som deste disco dessa simpática banda britânica que catapultou o formidável Graham Nash.
Julian Bream – Popular Classics For Spanish Guitar (25 pontos)
Adriano: Esse disco me foi indicado muito de última hora, e, portanto, não ouvi. Vi apenas um vídeo em que Bream interpreta Villa-Lobos, e claro que a musicalidade é ótima, mas eu teria de ouvir o disco muitas vezes pra poder opinar de forma prudente.
Bruno: Não ouvi.
Davi: Não ouvi esse disco.
Diogo: Infelizmente não consegui ter acesso ao álbum, apenas a alguns vídeos soltos. Não posso tecer uma opinião mais embasada, mas certamente trata-se de um mestre em seu instrumento.
Mairon: Esse é o melhor disco da carreira de Julian Bream e o melhor lançamento de 1964. Apesar de ser um álbum de violão clássico, nele estão as fontes primárias para qualquer guitarrista que se preze aprender a tocar de verdade. Basta ouvir “Leyenda (Asturias)”, que foi “coverizada” por nomes como The Doors (“Spanish Caravan”) e Triumph (“The City”). Bream passeia por obras de Joaquin Turina, Isaac Albéniz e Heitor Villa-Lobos, entre outros, com uma habilidade inquestionável, fazendo os ouvidos amolecerem como quando uma donzela vê seu príncipe. ESSENCIAL (com letras maiúsculas) para se conscientizar que nem só de guitarras pesadas vive a música.
Ronaldo: Outro desconhecido pra mim, disco e artista.
Sam Cooke – Ain’t That Good News (20 pontos)
Adriano: Inferior ao anterior Night Beat, aqui eu acho que Sam Cooke perde um pouco a magia que trazia nas suas interpretações, talvez muito pela escolha dos temas, que não oferecem tantas ocasiões para que ele demonstre seu gênio como no antecessor. Bem mais digno de figurar neste Top 10 é o disco lançado nesse ano por Solomon Burke, Rock ‘n’ Soul. De qualquer maneira, Ain’t That Good News não é ruim. Destaque óbvio pra “Good Times”, além de outras canções lindas como “A Change Is Gonna Come” e “There’ll Be No Second Time”.
Bruno: Depois de duas pedradas no ano anterior, Sam Cooke mantém o nível com mais um disco contagiante, que registra o mestre da voz em seu auge.
Davi: Não ouvi esse disco.
Diogo: Bonde do Sam Cooke mais uma vez atuando pra colocar esse disco no Top 10! Ok, não é tão bom quanto Night Beat, lançado no ano anterior, mas, convenhamos, isso é praticamente impossível. Trata-se de um álbum, no geral, mais alegre, mas isso não quer dizer que Sam não tenha momentos de puro brilhantismo: sua voz segue exalando pureza, conquistando com suas belíssimas interpretações. Assim como em meus comentários a respeito de Night Beat, em nossa lista abrangendo 1963, não consigo apontar destaques, pois a vontade é de citar quase todas. Limito-me a afirmar que o culto a “A Change Is Gonna Come” é merecido. Seu assassinato, no final de 1964, certamente é um dos eventos mais lamentáveis da história da música.
Mairon: Depois de Night Beat, é difícil achar um álbum tão bom na discografia de Sam Cooke. Este, por exemplo, possui canções interessantes, como “Good Times” e a faixa-título, mas nada do porte de qualquer música do álbum anterior. Incompreensível sua entrada entre os dez mais.
Ronaldo: Dívida que tenho com essa grande voz: conhecer melhor seus discos.
Listas individuais:
1. Bob Dylan – Another Side of Bob Dylan
2. Buffy Sainte-Marie – It’s My Way
3. Simon & Garfunkel – Wednesday Morning, 3 A.M.
4. Eric Dolphy – “Out to Lunch!”
5. Oscar Peterson – Canadiana Suite
6. Herbie Hancock – Empyrean Islands
7. Charles Mingus – Mingus Mingus Mingus Mingus Mingus
8. Solomon Burke – Rock ‘n’ Soul
9. The Animals – The Animals
10. The Rolling Stones – The Rolling Stones
1. The Hollies – In the Hollies Style
2. The Beatles – A Hard Day’s Night
3. The Kinks – Kinks
4. Sam Cooke – Ain’t That Good News
5. The Animals – The Animals
6. Solomon Burke – Rock ‘n’ Soul
7. Otis Redding – Pain in My Heart
8. The Trashmen – Surfin’ Bird
9. The Yardbirds – Five Live Yardbirds
10. The Rolling Stones – The Rolling Stones
1. The Beatles – A Hard Day’s Night
2. The Rolling Stones – The Rolling Stones
3. The Animals – The Animals
4. The Beatles – Beatles For Sale
5. The Dave Clark Five – A Session With The Dave Clark Five
6. Roberto Carlos – É Proibido Fumar
7. Little Richard – Little Richard Is Back
8. The Kinks – Kinks
9. Demetrius – O Ritmo da Chuva
10. Ronnie Cord – Rua Augusta
1. Bob Dylan – Another Side of Bob Dylan
2. The Yardbirds – Five Live Yardbirds
3. Bob Dylan – The Times, They Are A-Changin’
4. Johnny Cash – Bitter Tears: Ballads of the American Indian
5. Ennio Morricone – A Fistful of Dollars (Trilha Sonora Original)
6. Sam Cooke – Ain’t That Good News
7. Eric Dolphy – “Out to Lunch!”
8. The Hollies – In the Hollies Style
9. The Beatles – A Hard Day’s Night
10. The Animals – The Animals
1. Julian Bream – Popular Classics For the Spanish Guitar
2. The Yardbirds – Five Live Yardbirds
3. Muddy Waters – Folk Singer
4. The Animals – The Animals
5. Manfred Mann – The Five Faces of Manfred Mann
6. Wayne Shorter – Juju
7. Charles Mingus – Mingus Plays Piano
8. The Rolling Stones – The Rolling Stones
9. Bob Dylan – Another Side of Bob Dylan
10. Roberto Carlos – É Proibido Fumar
1. The Beatles – A Hard Day’s Night
2. The Rolling Stones – The Rolling Stones
3. Bob Dylan – The Times, They Are A-Changin’
4. The Yardbirds – Five Live Yardbirds
5. The Kinks – Kinks
6. The Beach Boys – All Summer Long
7. Chuck Berry – St. Louis to Liverpool
8. The Animals – The Animals
9. The Trashmen – Surfin’ Bird
10. Muddy Waters – Folk Singer
* Normalmente não consideramos a inclusão de álbuns ao vivo em nossas listas, mas abrimos uma exceção para Five Live Yardbirds, por tratar-se do primeiro registro do grupo, além de ser composto por músicas inéditas.
** Em se tratando de álbuns com diferentes versões britânicas e norte-americanas, chegamos ao consenso de sempre abordar as edições originais, isto é, as britânicas.
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