O Illusion é um obscuro grupo que durou apenas dois anos, mas os quais são significativos para os amantes do rock progressivos. O grupo lançou dois álbuns nesse período, e ainda chegou a registrar um terceiro disco, que foi lançado mais de dez anos depois. Quase vinte anos após seu fim precoce, o grupo ressurgiu das cinzas com o quarteto principal, formado por Jane Refl (vocais), Jim McCarty (vocais, violões), John Hawken (teclados, piano, mellotron, órgão, sintetizadores) e Louis Cennamo (baixo), para lançar mais um último disco. Na formação original.
O quarteto citado foi o responsável, junto com o vocalista e guitarrista Keith Relf, pela criação de um dos maiores grupos do rock progressivo, o Renaissance, que veio a fazer fama com os vocais de Annie Haslam e com as letras de Michael Dunford.
O segundo disco do Renaissance, Illusion, acabou batizando o novo grupo, que foi fundado em 1977 como forma de homenagear a Keith Relf, que havia falecido em 14 de maio de 1976, enquanto tocava guitarra em sua casa. Relf era o idealizador do resgate da formação original do Renaissance (com ele e os quatro citados), e já estava preparando um novo material quando veio a falecer, deixando para sua irmã, Jane Relf, manter o legado e as belas músicas criadas pelo grupo.
Primeira formação do Renaissance: Keith Relf e John Hawken (acima) Louis Cennamo, Jim McCarty e Jane Relf (abaixo) |
O segundo disco do Renaissance, Illusion, acabou batizando o novo grupo, que foi fundado em 1977 como forma de homenagear a Keith Relf, que havia falecido em 14 de maio de 1976, enquanto tocava guitarra em sua casa. Relf era o idealizador do resgate da formação original do Renaissance (com ele e os quatro citados), e já estava preparando um novo material quando veio a falecer, deixando para sua irmã, Jane Relf, manter o legado e as belas músicas criadas pelo grupo.
A origem do Illusion está em 1975, quando Keith, após encerrar prematuramente as atividades do excepcional Armageddon, convida McCarty para reviver os anos de Renaissance, ao lado de Jane e Cennamo. Hawken foi o último nome a aparecer, e logo começaram os ensaios na casa de McCarty, em Molesey. Uma demo chegou a ser registrada, mas inesperadamente, a morte de Keith destruiu os planos inicias.
John Hawken, Jane Relf, Jim McCarty, Louis Cennamo, John Knightsbridge e Eddie McNeil |
Porém, mesmo com o abalo da perda do principal nome do grupo, o quarteto remanecente decide seguir os trilhos que haviam traçado, e com o quarteto acompanhado de John Knightsbridge (guitarras) e Eddie McNeil
(bateria), retornam ao ritmo de composições e registros. Em julho de 1976, gravam mais uma demo tape, que é divulgada para diversas gravadoras, dentre elas, a Island Records, responsável pelo material da Renaissance, e que fornece um contrato ao grupo, ainda sem nome.
Fazem uma pequena série de shows, ainda sem nome, até que gravam o primeiro registro. É aqui que surge o nome Illusion, dado em consequência do segundo álbum da
Renaissance, Illusion, lançado em 1970 com a formação que agora fazia
parte do Illusion.
A estreia do Illusion |
O Illusion abriu os shows de Brian Ferry pelo Reino Unido e países da Europa no ano de 1978, mesmo ano do lançamento de Out of the Mist, lançado através de uma subsidiária da Island, a Edsel Records,
Certamente, os fãs de Renaissance vão reconhecer o estilo musical do grupo nesse belíssimo disco. McCarty e Relf dividem os trabalhos vocais, e as construções são semelhantes ao que o quinteto inovou no final da década de 60 com a criação do grupo Renaissance, porém com a guitarra ganhando um pouco mais de destaque, graças ao talento de Knighstbridge.
O estilo clássico se mistura com o pop e o rock de forma soberba, como ouvimos logo na abertura, em "Isadora" (vocais de McCarty). Jane mostra sua potente voz na pop "Roads to Freedom" e na emocionante "Beautiful Country", com seu arranjo de piano, baixo e bateria e uma arrepiante participação do moog. Peso e efeitos da guitarra aparecem em "Solo Flight", destacando o poderoso baixo de Cennamo e encerrando o lado A com um saldo positivo.
O grupo na época de Out of the Mist |
No lado B, "Everywhere You Go", a mais Renaissance de todas as canções de Out of the Mist, mostra mais uma vez as qualidades vocais de Jane, enquanto a linda "Face of Yesterday", uma recriação para a mesma canção que aparece em Illusion, destacando o arranjo de piano e os vocais de Jane, colocam-na como forte candidata a Maravilha Prog. O ponto máximo vai para o encerramento do LP, com "Candles are Burning", uma locomotiva sonora empregando moog, piano, o cavalgante acompanhamento de baixo e bateria e o delicioso duelo vocal entre McCarty e Jane, deixando o refrão da canção encrustado na sua mente por dias.
Muitos acabaram torcendo o nariz para a semelhança entre o Illusion e o Renaissance, mas, se você gosta do segundo, certamente vai curtir o primeiro sem problemas nenhum.
Mais uma série de shows pela Europa, e a grata surpresa de Out of the Mist ficar entre os sem mais vendidos nos Estados Unidos. Obviamente, a Island pressiona o grupo para mais um lançamento, e então, ainda em 1978, Illusion chegou às lojas, com a produção do ex-Yardbirds Paul Samwell-Smith.
O último LP lançado pelo grupo |
Illusion é um disco mais pop que seu antecessor, fugindo um pouco das características clássicas. O disco abre com a canção mais conhecida do sexteto, "Madonna Blue", com bastante destaque para o piano, seguida pela acústica "Never Be The Same", agora com os vocais de McCarty chamando a atenção. "Louis' Theme" é uma triste canção somente com piano e vocais se exibindo sobre o dedilhado do baixo, e o lado A encerra-se com a linda "Wings Across the Sea", aonde os vocais de Jane sobressaem-se, e contando ainda com um majestoso trabalho de Hawken,
No lado B, os sintetizadores e eletrônicos de "Cruising Nowhere" apresentam uma faixa mais rock do que espera-se de um álbum ligado a Jane e cia, enquanto a viajante "Man of Miracles" faz o ouvinte delirar, sendo esta uma das últimas composições de Keith Relf. O álbum encerra-se com a épica "The Revolutionary", com McCarty dando show no violão e Hawken arrasando nos sintetizadores e efeitos, nessa que talvez seja a melhor canção do grupo.
A mistura entre momentos acústicos (piano e violões) com o
andamento característico do baixo e bateria está conservada em todo o álbum, mas Illusion abre espaço para exposições
individuais. O disco acaba comprovando que o Illusion era uma das bandas mais talentosas de sua época, mas infelizmente, o grupo sucumbiu ao período em que o punk e a disco music tomaram conta das paradas musicais, encerrando suas atividades precocemente.
O álbum apresenta ainda uma linda arte criada pela produtora Graves / Aslet Associations, fácil uma das mais belas da história do rock progressivo.
Por razões até hoje desconhecidas, Illusion acabou não saindo nos Estados Unidos, o que decepcionou bastante o sexteto. O segundo álbum não emplacou no Reino Unido e na Europa, e após registrarem mais algumas canções, para o que seria o terceiro disco do grupo, decidem encerrar as atividades, com McCarty remontando parte do Yarbirds sob o pseudônimo de Box of Frogs, e em seguida, o Stairway, ao lado de Cennamo, além de uma carreira solo em paralelo. Knebsworth participou do grupo Ruthless Blues, e os demais, praticamente abandoram a música, com exceção de Jane, que vez ou outra apareceu em participações especiais em diversos discos.
No ano de 1992, uma coletânea não-autorizada, chamada Offshoots, foi lançada, trazendo gravações ao vivo da primeira formação do Renaissance e duas canções de Jane Relf lançadas somente em compacto, além de outras raridades relacionadas aos membros da banda.
Em 1996, através de um esforço coletivo de Jim McCarty e Jane Relf, as demos registradas em 1979 são finalmente lançadas, sob o título Enchanted Caress.
O sexteto continua intacto, e há uma modificação apenas na faixa instrumental "Slaughter on Tenth Avenue", com Knightsbridge solando acompanhado pelos músicos do Strawbs, Chas Cronk no baixo e Tony Fernandez na bateria.
As canções são mais curtas, caracterizando o final dos anos 70, algumas até com um clima dançante, como é o caso de "Walking Space", "Getting into Love Again" e "Crossed Lines", que enaltecem o amor e o relacionamento feliz entre casais. Nessa levada, "Nights in Paris" é certamente a melhor.
O disco não é todo flores, até pelos deslizes de "As Long as We're Together" e "Living Above Your Head". Por outro lado, o baixo de Cennamo se destaca em "You Are the One", e a voz de Jane se sobressai na bonita "The Man Who Loved the Trees". O momento mágico do álbum vai para "All the Falling Angels", última canção que registra a voz e violão de Keith Relf dias antes de sua morte, acompanhado apenas por bateria e baixo e o mellotron.
Versão americana (acima) e a versão japonesa (abaixo) de Enchanted Caress |
A versão americana e japonesa de Enchanted Caress trazem como bônus "Roads to Freedom" e "Face of Yesterday", em suas versões originais. As capas também forma lançadas com imagens diferentes. A capa aqui apresentada é a da versão inglesa, e você pode encontrar a versão americana e a versão japonesa. É um trabalho muito cru, mas que, se fosse levado até o fim, poderia ter gerado um disco de melhor valor musical.
Cinco anos depois, Through the Fire reuniu Jim McCarty, Jane Relf, John Hawken e Louis Cennamo, sob o pseudônimo de Renaissance Illusion. Contando com uma série de convidados (John Idan, violões; Ravi, percussão, Jackie Rawe, vocais; Mandy Bell, vocais; Emily Burridge, violoncelo; Dzal Martin, violões, Gary Le Port, violões; Jonathan Digby, violões; Danny Relf, sintetizadores; e Ron Korb, flautas), tendo todas as composições escritas e cantadas por McCarty, esse é um daqueles álbuns que se não empolga, também não é de se jogar fora.
A faixa de abertura, "One More Turn of the Wheel" é uma entusiasmante amostra do que está contido em Through the Fire, principalmente pela seu andamento oriental e as experimentações com piano e sintetizadores. O piano na verdade é o grande destaque do álbum, e cativa nas faixas "Beyond the Day" (belo dueto vocal entre McCarty e Jane), "Blowing Away", "My Old Friend" e "Beat of the Earth", essa a melhor canção do álbum.
O retorno do quarteto, como Renaissance Illusion |
Na parte acústica, "Mystery of Being" é a única representante, sendo que esta seria anos depois regravada pelos Yardbirds no álbum Birdland (2003). O maior deslize vai para "Glorious One", cujas vocalizações no início da canção soam muito irritantes, e aqui, encaixam-se "Good Heart" e também o pop acessível da faixa-título. Ainda temos a curta vinheta "Through the Fire (Reprise)", que encerra os trabalhos do Renaissance Illusion.
Talvez se Jane não ficasse tão à sombra de Jim, a coisa poderia ter funcionado diferente. Mas é um bom disco, e vale para a coleção certamente, afinal, depois de várias audições, você pega o espírito do mesmo.
Um dos melhores grupos de Rock Progressivo |
Depois de Through the Fire, o grupo fechou as portas, com cada um dos integrantes afastando-se definitivamente da música, com exceção de McCarty, que retornou para os Yardbirds e mantém uma carreira solo, lançando álbuns espaçadamente. Em 2002, o álbum Live + Direct chegou às lojas sob o nome do Renaissance, trazendo demos e várias apresentações do Illusion em 1976, além de canções ao vivo da formação original do Renaissance, registradas em 1970.
O sexteto deixou saudades, e apesar das comparações com o Renaissance de Annie Haslam,
ficou o recado de quem havia criado aquele estilo haviam sido o quarteto
original.
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