sábado, 19 de abril de 2014

Melhores de Todos os Tempos: 1977



Por Diogo Bizotto
Com Adriano KCarão, Bernardo Brum, Bruno Marise, Davi Pascale, Eudes Baima, Fernando Bueno, José Leonardo Aronna, Luiz Carlos Freitas e Mairon Machado
Participação especial de Jaisson Limeira, editor dos sites Skynyrd Nation Brasil e Grave Digger Brasil
Poucos discordam quando David Bowie é apontado como um dos mais geniais e influentes músicos que já deram o ar da graça no cenário pop mundial. Sua importância transcende números e a admiração por seu trabalho supera suas vendagens. Não à toa, três de seus trabalhos já deram as caras nesta série, nas edições referentes a 1969 (David Bowie), 1972 (The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars) e 1976 (Station to Station). Desta vez, o artista apareceu novamente, e não apenas no topo, com aquele que talvez seja seu álbum mais influente, Low, mas também com seu sucessor, “Heroes”, na terceira colocação. Ao lado deles, uma mescla de discos que vão do eletrônico ao heavy metal, passando mais pelo progressivo do que pelo punk, algo a princípio surpreendente em se tratando de 1977, mas não para aqueles que já tiveram a oportunidade de conferir edições anteriores desta série.
Desta vez, aproveitando uma sugestão do colega Fernando Bueno, revelei aos participantes a lista com os dez álbuns mais votados – a fim de coletar seus comentários – em ordem alfabética, e não seguindo sua ordem de pontuação, do primeiro ao décimo, como é de praxe. A única exceção foi o primeiro colocado. A intenção? Tentar fazer com que os comentários se concentrassem mais na análise de cada disco, e não no merecimento ou não de determinada posição na lista final. Como sempre, lembro que a pontuação segue a mesma do Campeonato Mundial de Fórmula 1. Dúvidas, sugestões, elogios, críticas? Os comentários estão sempre à disposição.

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David Bowie – Low (67 pontos)
Adriano: Não entendo que graça as pessoas vêem neste disco. Bowie era mestre, mas, como aprendiz dos alemães, não se saiu com maestria. Apesar disso, “Sound and Vision”, com seu balanço de guitarra, é uma faixa legal de ouvir.
Bernardo: A transição de Bowie para um novo estilo enfim se completa com Low, álbum que compete ao posto de sua maior obra prima ao lado de Ziggy Stardust(1972). Em parceria com Brian Eno em um álbum que teve sua gênese ao ser recusado para o filme “O Homem que Caiu na Terra” (já que o diretor Nicholas Roeg queria  um som mais folk para sua trilha). Low é um disco altamente calcado em eletrônica, música ambiente e krautrock; arranjos e andamentos pouco ortodoxos  dominam o álbum, ainda que se conserve, com muito bom gosto, o senso melódico que Bowie carrega desde os dias folk. Junte tudo isso e você tem um dos registros mais influentes, que praticamente criava a cartilha da new wave oitentista em 1977. A austeridade sonora faz do disco mais formalmente radical de David uma obra-prima ao mesmo tempo vanguardista e popular, o momento mais sombrio e introspectivo da sua carreira, refletido em uma sonoridade gélida em sua harmonia melódica tocada com precisão em sua repetição estilística. Em um álbum repleto de momentos clássicos, destaque para a bela e esquisita viagem “Warszawa”, uma obra-prima conceitual.
Bruno: Bowie matou Ziggy Stardust no palco e deixou o rock ‘n’ roll de lado. Encarnou o Thin White Duke e flertou com a soul music. Se em Station to Station (1976) ele já tinha um pezinho no krautrock e no experimentalismo, em Low o cara fincou o pé de vez. O primeiro da “trilogia Berlim” não é um disco fácil. Quem estava acostumado com o glam rock explosivo com as guitarras de Mick Ronson deve ter se assustado com os sintetizadores, a cozinha reta e o baixo na cara. Bowie se recuperava do vício em cocaína e suas composições são frias, contemplativas. O lado A é impecável. O lado B é ainda mais difícil de digerir, já que não traz canções, mas apenas barulhos, efeitos e improvisos. Ainda assim, toda a cena pós-punk e new wave deve as calças pra este álbum.
Davi: Na época de seu lançamento, a gravadora tentou boicotá-lo por considerá-lo estranho e, consequentemente, anticomercial. Há momentos realmente únicos e memoráveis, mas há outros arranjos que realmente me soam estranhos. Álbum interessante, mas não o considero o grande lançamento de 1977.
Diogo: Low só não é o melhor disco de Bowie pois Station to Station foi lançado um ano antes, mas isso não diminui sequer uma vírgula a importância, a ousadia e a criatividade manifestadas neste álbum. Despindo-se de floreios líricos, Bowie concebeu uma sonoridade tão diferente daquela que o projetou como sucesso mundial quanto a água difere do vinho. Subvertendo estruturas tradicionais, o artista não se bastou somente inserindo uma grande gama de sintetizadores sobre composições mais ortodoxas, na verdade reinventou seu próprio jeito de criar música. Felizmente, Bowie pôde contar com um grupo especialíssimo de músicos para tocar essa empreitada, que souberam compreender sua intenção e colocá-la em prática, frisando a parceria com Brian Eno, um grande inovador por si só, e o trabalho do guitarrista Carlos Alomar, que, mesmo em meio a tão pouca “normalidade”, fez sua suingada guitarra base destacar-se em diversas faixas, especialmente em “Speed of Life” e “Sound and Vision” e “A New Career in a New Town”. Aliás: muitos creditam Eno como responsável pela produção de Low, quando na verdade esta foi executada pelo próprio Bowie em parceria com seu mais fiel companheiro de estúdio, o norte-americano Tony Visconti; então, méritos para o cara, pois ajudar a arquitetar uma sonoridade como a deste álbum, que talvez tenha, mais que qualquer outro disco, ajudado a parir aquilo que viria a ser a new wave e afins alguns anos depois, não é pouca coisa. Eu poderia ainda citar a beleza que é “contemplar auditivamente” a segunda metade de Low e suas delicadezas, mas a verdade é que palavras não fariam jus. Ouçam.
Eudes: Em Low Bowie começa reafirmando suas convicções em termos de riffs, harmonia e melodia em um rock básico, mas altamente personalizado, “Speed of Life”. Mas, na boa, acho “Breaking Glass” meio bestinha, assim como “What in the World”. Parece-me Bowie entrando em um universo que ele só dominaria de todo com a ajuda de Nile Rodgers, em Let’s Dance (1983). “Sound and Vision” retoma, ainda que enriquecida das sonoridades eletrônicas que Bowie foi buscar em Berlim (Alemanha), a mão do mestre para grandes hits, enquanto em “Always Crashing in the Same Car” bate um papo com Lou Reed para, inesperadamente, cair em um hard rock blueseiro em “Be My Wife”, mas com sotaque alemão. A declaração de intenções poética de “A New Career in a New Town” também se expressa em música com um encontro entre o kraftwerk e o rock guitarrístico, mas o resultado, ao meu ver, não é particularmente empolgante. “Warszawa” já teve tese de doutorado demais a respeito, registro apenas que é bela, mas não muito original, se olharmos o que se passava em torno de Bowie. Como em “Heroes”, com ela se abre a face experimental do álbum. Um disco um pouco inferior a “Heroes”, mas muito bom. Minha conclusão, porém, é: os discos mais marcantes do cantor já haviam saído nessa época e já foram registrados em nossas listas. Eu teria procurado outras coisas para encabeçar 1977.
Fernando: Nem cheguei a considerar este disco na minha lista, já que prefiro“Heroes” e não gosto de colocar dois álbuns do mesmo artista. Surpresa total esta primeira colocação. Claro que “Speed of Life”, “Be My Wife”, “Warszawa” e outras faixas são exemplos do porquê de David Bowie ser considerado um gênio, mas a preferência por “Heroes” é totalmente pessoal.
Jaisson: Só ouvi quando fiz a maratona do livro “1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer”.
José Leonardo: Puxa, nem sei o que escrever sobre esta obra-prima. Tudo já foi dito sobre ele! Está na lista dos melhores discos de Bowie (e são vários…). Após encarar o personagem Thin White Duke, Bowie volta para a Europa e começa seu período musicalmente mais criativo. Produzido pelo genial Brian Eno, Low é o primeiro álbum da “trilogia de Berlim” (embora apenas parcialmente gravado nessa cidade) e é uma explosão impressionante de experimentação e criatividade. Cada faixa é impressionante e a musicalidade é espetacular. Só isso!
Luiz Carlos: Um divisor de águas na vida e carreira de Bowie e na música mundial,Low marca o início da chamada “trilogia Berlim”. O primeiro dos três discos de estúdio que lançara em seu “exílio” na Alemanha (desconsiderando o duplo ao vivo também desse período), é considerado por muitos o seu melhor trabalho. A quem não concorda com isso (muitos, como este que vos escreve, consideram Ziggy Stardust seu maior petardo), resta aceitar, ao menos, que o trabalho é um dos mais influentes de toda a sua carreira. Além de um track list irrepreensível, marcou uma das fases mais difíceis da vida do músico, quando foi acusado de relações estreitas com o nazismo (vide seu personagem Thin White Duke), chegando a ser investigado pela CIA, além do crescente vício em cocaína e do fim de seu casamento. Esse caos em sua vida pessoal refletiu diretamente em Low, um disco sombrio e introspectivo, em que a melodicidade por vezes confusa “falava” mais que as letras (tanto que mais da metade das faixas são apenas instrumentais, e as demais possuem letras curtas e enigmáticas). Apesar das críticas, o disco é um marco na carreira do músico e um testemunho gravado do período decadente que quase arrastou o músico para o túmulo.
Mairon: Que surpresa o melhor álbum da carreira de David Bowie na primeira posição. Não esperava isso dos meus colegas consultores. Um disco sensacional que comprova (mais uma vez) toda a genialidade do camaleão. Fugindo das drogas, Bowie isolou-se em Berlim, e, ao lado de Brian Eno, assumiu uma nova personalidade, voltada para o eletrônico e inspirada fortemente em bandas como Neu! e Kraftwerk. Depois de destruir o mundo com o fabuloso Station to Station um ano antes, Bowie reformulou-se e fez um disco incrível, o melhor da segunda metade da década de 1970, e, principalmente, revolucionário. O lado A de Low é simplesmente perfeito, começando com a alegria instrumental de “Speed of Life”, na qual os sintetizadores destacam-se sem serem virtuosos, como que se robôs fossem os responsáveis pelo som; Bowie declamando-se emocionadamente em “Be My Wife”, a festa dançante de “What in the World” e “Sound and Vision”, o vozeirão sedutor durante “Breaking Glass”, as viagens sonoras de “Always Crashing in the Same Car”, e encerrando com os delírios instrumentais de “A New Career in a New Town”, que resume tudo o que Bowie havia planejado para sua carreira na nova cidade, misturando elementos eletrônicos com uma harmônica agonizante. Só que o lado B supera o lado A, se é que isso é possível, investindo pesado no instrumental – todas as canções são instrumentais – e fazendo com que os mais depressivos abram os pulsos. Afinal, assimilar as dores emanadas pelo sintetizador de Bowie em “Warzsawa” não é para qualquer um, e facilmente me pego banhado em lágrimas quando ouço essa que não titubeio em dizer que é a melhor canção da carreira do camaleão. Toda a vida dura e drogada dos sombrios bairros de Berlim, por onde Bowie navegou para finalmente se livrar do vício da cocaína, são retratadas em seis impressionantes minutos, e somente ouvindo-os para entender o que tento descrever. Ainda temos as experiências singelas dos sintetizadores em “Art Decade”, a loucura “kingcrimsoniana” de “Wepping Wall”, na linha do que Robert Fripp faria com seu grupo nos anos 1980, mas com o sintetizador tomando conta de tudo, e as profundezas obscuras de “Subterraneans”, outra forte candidata a melhor do álbum. Para não dizer que não falei das flores, o que Carlos Alomar e Brian Eno fizeram para o álbum foi essencial para torná-lo tão GENIAL, INDISPENSÁVEL e OBRIGATÓRIO. Parabéns pela merecida primeira posição, consultores, e desculpem o longo comentário, mas não há palavras suficientes pata descrever um disco como este.

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Pink Floyd – Animals (58 pontos)
Adriano: Não sei se é porque conheci este álbum bem depois de Wish You Were Here (1975) e The Wall (1979), mas o encaro como uma espécie de vale na carreira do Pink Floyd. Isso não quer dizer, no entanto, que ele seja ruim, afinal o nível da comparação é absurdamente alto. Algo em Animals me soa esquisito, não sei se é a introdução e encerramento folk ou o ar sufocante das três grandes peças centrais, mas o que quer isso que seja, não desmerece a riqueza e singularidade desse disco. Pelo contrário, o clima sujo, claustrofóbico, minimalista do instrumental, aliado às “vozes” dos animais, consegue o interessante efeito de uma prisão-fábrica-chiqueiro. Perfeito pra adaptação anticapitalista da obra antiestalinista de George Orwell. Muita gente morre de amores por “Dogs”, mas eu considero “Pigs (Three Different Ones)” tão maravilhosa quanto. “Sheep” é inferior às duas, mas ainda assim é ótima. Não sei se o disco merecia entrar na lista, pouco representativa em termos de punk e seus filhotes, mas é ótimo.
Bernardo: Confesso que Animals é o disco que menos gosto entre os clássicos do Pink Floyd. O que não quer dizer que o considere ruim. As guitarras de Gilmour estão espetaculares em “Dogs” e “Pigs (Three Different Ones)”. Sem contar o conceito do disco, baseado na obra-prima literária “A Revolução dos Bichos”, de George Orwell.
Bruno: Em 1977 tinha coisa muito mais interessante sendo feita.
Davi: Aqui os músicos mantinham a ideologia de discos conceituais, mas, para mim, está bem abaixo de seus dois anteriores, os essenciais The Dark Side of the Moon(1973) e Wish You Were Here. Bom álbum e só! Mas tudo bem, depois eles se redimiram lançando o magnífico The Wall.
Diogo: Se existe uma grande banda progressiva que soube se encaminhar para o final da década de 1970 com dignidade, essa banda é o Pink Floyd. Mesmo não abrindo mão de suas aspirações conceituais e de longas faixas para expressar sua musicalidade por inteiro, não se apoiou na proficiência instrumental para fazê-lo, lançando seu álbum mais “nu” até então, inclusive deixando o grande Richard Wright e seus teclados um pouco de lado, com evidência muito inferior em relação a Wish You Were Here. “Dogs” talvez seja a mais bela entre as longas suítes da banda, e olha que a concorrência não é pouca, vide “Echoes” (Meddle, 1971) e “Shine on You Crazy Diamond” (Wish You Were Here). Nada nela soa fora do lugar, e as intervenções da guitarra de David Gilmour são certeiras. “Pigs (Three Diferent Ones)”, por sua vez, tem a cara e o jeito irônico de Roger Waters, maestro da canção com seu baixo tocado com certa “dureza”, enquanto “Sheep” adianta um pouco o clima e o estilo de compor presente no disco seguinte, The Wall. O fato é que, de The Dark Side of the Moonaté The Wall, não houve tempo ruim para o Pink Floyd, e não seriam bandas punks que diminuiriam a contundência do legado deixado por Waters ao mundo.
Eudes: Não votei no disco (aliás, minha lista passou muito longe dos vencedores), masAnimals tem a importância de ser o último álbum do Pink Floyd “comme il faut”. Talvez isso justifique a entrada do enésimo disco da banda nestas listas. Claro que “Pigs on the Wing”, partes I e II, tem uma melodia muito bonita; claro que “Dogs” é um lamento primal dolorido como o diabo; claro que “Pigs” recupera o claro/escuro de “Money”; e claro que “Sheeps” é dispensável, mas realmente não sei em que acrescenta mais um álbum do meu amado Floyd aqui.
Fernando: Início da ditadura “rogerwateriana”. Até Wish You Were Here as rédeas já era puxadas por Waters, mas neste caso, além das rédeas ele colocou tapa-olhos. As esporas e os relhos seriam usados nos discos seguintes. Animals usa como inspiração lírica o conteúdo do livro “A Revolução dos Bichos” de um modo que só Waters e sua visão de mundo poderia fazer. Na discografia comentada que fiz sobre a banda, afirmei que, se Gilmour tivesse sido o cantor principal deste disco, a carreira da formação clássica poderia ter durado mais. A simplicidade musical do álbum é diferente de tudo o que a banda fez. Porém, neste caso simplicidade não significa inferioridade, muito pelo contrário.
Jaisson: Confesso que este disco é o que menos curto do Pink Floyd. Mas músicas com toda a reflexão que “Dogs” apresenta para o ouvinte são de se destacar em qualquer álbum, mas ainda é um disco que lembro pouco para indicar para alguém.
José Leonardo: Temos aqui um excelente disco, não uma obra-prima como The Dark Side of the Moon ou Wish You Were Here, mas se aproxima disso. Talvez um álbum um pouco subestimado de uma das maiores bandas de todos os  tempos. Quanto você gosta de Animals, pode muito bem depender de com qual lado das facções de fãs Waters/Gilmour você se identifica, uma vez que esta é claramente uma das melhores obras visionárias de Roger Waters. No entanto, David Gilmour contribui com alguns de seus trabalhos de guitarra mais fantásticos. As letras de Waters, enquanto isso, são devastadoras  como sempre, desconstruindo e expondo a hipocrisia de figuras de autoridade da sociedade. Pena que, a partir deste álbum, o eterno Richard Wright deixou de colaborar com a banda como compositor.
Luiz Carlos: Animals é fácil um dos discos mais emblemáticos da história da música. Mais que um marco musical, carrega em seus símbolos a força e o impacto que o Pink Floyd apresentara dentro do mundo da música e fora dele, com toda a catarse social carregada por suas críticas, equiparando-se ao icônico e posterior The Wall.
Mairon: Essa lista final fez-me colocar uma certeza em uma dúvida que pairou em minha cabeça por algum tempo: 1977 foi o último grande ano do rock progressivo britânico. Depois de 1977, o progressivo cresceu nos países da Europa Oriental, no Brasil (nascimento do Bacamarte e do Sagrado Coração da Terra, por exemplo), mas no Reino Unido, praticamente todos os grupos mudaram seus conceitos e foram parar no AOR. O Pink Floyd foi o único dos grandes que não mergulho na onda AOR, graças ao comando efusivo de Roger Waters, que começou justamente neste álbum, um dos melhores do quarteto, sem sombra de dúvidas. Trazendo como conceito a obra “Animal Farm”, de George Orwell, Animals foi contra a postura de Johnny Rotten (que usava uma camiseta com os dizeres “I Hate Pink Floyd” nos shows do Sex Pistols) e traz um som cru, concentrado em três longas e viajantes suítes, das quais “Dogs” é a principal, ocupando boa parte do lado A. “Pigs” e “Sheep”, as outras suítes, são tão fantásticas quanto a maravilhosa "Dogs", e, no conjunto da obra, a simplicidade técnica de Waters, Gilmour, Wright e Mason unem-se para formar um som denso e perturbador. Interessante que essas três suítes começaram a ser apresentadas ao público três anos antes, durante a turnê de The Dark Side of the Moon, mas viraram uma obra seminal na música somente em 1977, como uma espécie de “pérolas aos porcos punks”. Merecidíssima entrada na lista, desse que foi meu 11º por conta de questões pessoais em relação ao ótimo Love Gun (Kiss).

03 Heroes
David Bowie – “Heroes” (56 pontos)
Adriano: Se Low, que parece ser mais aclamado que este, não me soou lá grande coisa, não vi motivos pra ouvir um segundo disco do Bowie nesse ano. Ouvi “Heroes”apenas duas vezes, após sair a lista final, mas qualquer coisa do Neu!, do Can, do Kraftwerk, do Faust, do La Düsseldorf me pareceu melhor que esses dois discos juntos. E com o punk dando ótimas crias em 1977, não consigo ver bem a dupla presença do Bowie aqui. Apesar disso, aqui Bowie continuou a desenvolver suas experimentações, o que tornou a audição mais agradável.
Bernardo: Bowie alcançava seu segundo auge em menos de uma década, e não é à toa que que seus dois álbuns de 1977 estão presentes na lista. Quando fez Double Fantasy, em 1980, John Lennon disse que sua intenção era de fazer um disco tão bonito quanto “Heroes”. E só de escutar a faixa-título, sobre  dois jovens apaixonados que se encontram no Muro de Berlim, já dá pra saber por que. Só Lou Reed na obra-prima Berlin (1973) conseguiu utilizar a metáfora de um país ideologicamente dividido de forma tão bela quanto Bowie. Além da maravilhosa faixa-título também temos “Beauty and the Beast” e “Sons of the Silent Age”, além do lado B, no qual música ambiente e eletrônica predominam de maneira atmosférica e hipnotizante. Junto com a fase glam, a era new wave/pós-punk/krautrock de Bowie mostra o porquê de ele ser um dos grandes artistas do século XX.
Bruno: Dando sequência à trilogia de Berlim, Bowie manteve as influência de krautrock e experimentações, mas dessa vez com composições mais bem acabadas e uma interpretação vocal digna de sua versatilidade. É impressionante a capacidade desse senhor em lançar uma obra-prima atrás da outra, não?
Davi: Por mais que nosso camaleão do rock seja um artista inovador, dono de uma carreira singular e de uma discografia lindíssima, me questiono a necessidade de dois álbuns do mesmo artista na lista de um ano tão emblemático quanto o de 1977. De toda forma, este álbum me agrada muito mais do que Low. Acho muito mais emocionante, envolvente. Vai entender esse povo…
Diogo: Apesar de se estruturar melhor em canções do que Low, “Heroes” fica um pouco abaixo, talvez em função do senso de novidade conspirar a favor de seu antecessor. Isso não diminui sua genialidade e o fato de Bowie continuar manifestando sua versatilidade através de seu atraente track list, como atesta aquela tida por muitos como sua mais bela criação, a majestosa e emocionante faixa-título, “abençoada” pelo toque preciso da guitarra de Robert Fripp (King Crimson). Outra que fica bastante próxima em termos de emoção e sensibilidade é “Sons of the Silent Age”, uma de minhas favoritas de sua carreira, dona de um refrão que, apesar de não ser essencialmente “grudento”, fixa-se na mente para não sair mais. É interessante notar que, apesar da proximidade da produção entre um e outro e de trabalhar com praticamente os mesmos músicos, há uma importante diferença de produção entreLow e “Heroes”, que soa para mim, por mais subjetivo que isso possa ser, menos “frio” e mais “cortante”. Da mesma maneira que o antecessor reservou algumas faixas para experimentações com sintetizadores à frente, em “Heroes” não é diferente, vide “Sense of Doubt”, “Moss Garden” e “Neuköln”. Preciso dizer que o filho da puta acertou em cheio de novo?
Eudes: Como não amar “Heroes”? Apesar de começar com “Beauty and Beast”, uma faixa que mostra que a influência da música de Filadélfia (EUA) foi bacana para David, mas mostra também que não era bem a praia dele. Mas “Joe the Lion” e a faixa-título botam as coisas no lugar, com Bowie mostrando que esse negócio de camaleão é uma bobagem. O que ele é mesmo é um tremendo hitmaker. “Sons of the Silent Age” vem a ser uma das baladas mais bonitas das muitas baladas bonitas de Bowie, e em “Blackout” ele volta a flertar com a black music, mesmo que sobre bases pesadas. “V-2 Schneider” nos leva para cinco ou seis anos antes, um rock ‘n’ roll hit como os do começo da década. “Sense of Doubt” dialoga com Low, e inicia um exercício eletro-acústico de música ambiente… gélida! Um grande disco.
Fernando: Este disco é tão importante para a carreira do camaleão que sua capa foi revisitada para o novo e excelente álbum lançado no ano passado, The Next Day. Também há o fato que finalmente ele retomou a sonoridade daquela época. Brian Eno foi muito importante para o disco, trazendo toda sua parafernália, além da participação do monstro Robert Fripp. Ambos são adeptos a experimentações, casando totalmente com a intenção de Bowie. Tem como dar errado um disco contendo esses três caras?
Jaisson: Só ouvi quando fiz a maratona do livro “1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer”.
José Leonardo: Tudo que escrevi acima sobre Low, vale para este álbum! E além disso tem Robert Fripp e sua guitarra esquizóide! A segunda parte da “trilogia de Berlim” também é uma obra-prima, talvez um pouco subestimada. Assim como o anterior, cheio de invenção e vigor. A faixa-título é uma das melhores músicas do cara!!!
Luiz Carlos: Meu segundo favorito do Bowie, é também o segundo da “trilogia de Berlim”, além de, provavelmente, o mais emblemático. Aqui, em comparação com oLow, podemos observar uma mudança na estrutura das músicas, já mais “elaboradas” (ou, melhor dizendo, com uma estrutura mais próxima do usual, diferente do seu antecessor). A faixa-título é uma das mais marcantes de sua carreira, além de falar diretamente de um conflito mais atual (descreve a história de amor de um casal separado pelo Muro de Berlim) e ir despedindo-se aos poucos da imagem de simpatizante do nazismo que estava sendo amplamente divulgada. Dos melhores discos dos anos 1970.
Mairon: Se alguém duvidava que Bowie era gênio, ele jogou toda a sua potencialidade no ventilador, e, oito meses depois, lançou a continuação de Low. Trazendo o aproveitamento de algumas pérolas que ficaram de fora do primeiro álbum da trilogia, ele agregou à ordem magnânima de colegas mais um gênio, Robert Fripp, e junto de Brian Eno, manteve a qualidade em um álbum que, assim como seu antecessor, é dividido em dois lados muito distintos. O lado A é voltado para as canções com vocais, e todas são de alto porte. Enquanto os fãs enaltecem a beleza da faixa-título, levada pela depressiva guitarra de Robert Fripp (somente ela já é suficiente para colocar“Heroes” entre os melhores discos de 1977), ainda destaco o pique absurdo de “Joe the Lion”, “Beauty and the Beast” e “Blackout”, essa última totalmente esquecida perante o brilho da faixa-título, mas com o mesmo potencial avassalador. Ainda no lado A está a hipnotizante “Sons of the Silent Age”, sem precedentes e antecedentes de tamanha sensação de leveza apresentada em algum álbum de qualquer artista. E daí vem o lado B, totalmente destruidor, com performances instrumentais estarrecedoras, principalmente na agonizante “Neuköln” e nas notas do koto de “Moss Garden”. Bowie faz uma performance soberba tanto no saxofone quanto nos sintetizadores, sendo que o primeiro instrumento é o centro das atenções em “V-2 Schneider”, concorrente de “Warszawa” ao posto de melhor canção do camaleão, mas ocupando o segundo lugar. Ainda temos a alegre “The Secret of Arabia”, indicando os rumos que Bowie seguiria nos anos 1980. Com 30 anos recém completados, Bowie entrava no seleto hall de artistas capazes de conquistar gerações tão distintas quanto a do início dos anos 1970, com um hard rock fenomenal, passando pela geração disco, com dois álbuns fabulosos em meados da mesma década, e antecipando o som pop dos anos 1980 em no mínimo cinco anos. Dois discos fantásticos no mesmo ano, que ocuparam a primeira e segunda posição na minha lista, e que, honestamente, só consigo fazer distinção porque Low tem uma picanha de novilho chamada “Warszawa”. Você pode ler um pouco mais sobre “Heroes” aqui.


04 Rocket to Russia
Ramones – Rocket to Russia (55 pontos)
Adriano: Bem superior ao primeiro disco da banda, embora ainda fique longe do meu top 10. Destaco “Cretin Hop”, “I Wanna Be Well”, o ótimo cover “Surfin’ Bird” e “Why Is It Always this Way?”.
Bernardo: O que os Ramones haviam iniciado no debut aqui foi aprimorado: como não se divertir com a pauleira anfetamínica de “Rockaway Beach”, “We’re a Happy Family”, “Teenage Lobotomy” e “Sheena Is a Punk Rocker”? Uma aula de fazer música chiclete – como se vê nas viciantes “I Don’t Care” e “I Wanna Be Well” –, os Ramones traçavam o caminho certo para entrar no rol das lendas do gênero, ainda restando devida homenagem a antecessores: as regravações aqui ficam por conta de “Do You Wanna Dance”, clássico na voz dos Beach Boys, “pais” dos Ramones em seu lado acessível e divertido, e “Surfin’ Bird”, do The Trashmen, os “pais” da demência, sujeira e tosquice ofensiva ao bom gosto. Excelente disco, mas se você me perguntar, o grande representante punk de 1977 é  Never Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols.
Bruno: Simplesmente o melhor e mais representativo disco da banda. Aqui os Ramones aperfeiçoaram seu som, que ainda era bastante cru no disco de estreia e emLeave Home (1977), e conseguiram criar um híbrido perfeito de guitarras rasgadas, energia, melodias pop, harmonias vocais e um instrumental simples e eficiente. A produção é impecável, e temos uma sequência de clássicos: “Cretin Hop”, “Rockaway Beach”, “Here Today, Gone Tomorrow”, “I Don’t Care”, “Sheena Is a Punk Rocker”, “We’re A Happy Family”, “Teenage Lobotomy”, “Do You Wanna Dance”, “I Wanna Be Well”, “Ramona”, “Surfin’ Bird”… Eu poderia passar o dia todo falando do quanto gosto desse disco e ainda assim não seria o suficiente.
Davi: Adoro Ramones. Os caras conseguem fazer um som rápido, pesado e melódico, além de possuírem identidade própria. Rocket to Russia é meu álbum favorito da banda. O que dizer de um trabalho que traz faixas do nível de “Rockaway Beach”, “Sheena Is a Punk Rocker”, “Do You Wanna Dance” e “I Don’t Care”? Para mim, é a obra-prima dos rapazes.
Diogo: Por razões essencialmente particulares, meu disco favorito do Ramones éMondo Bizarro (1992), mas isso não me impede de afirmar com todas as letras queRocket to Russia é o melhor e mais importante álbum da banda. A energia transmitida a cada audição é assombrosa, e mais assustador ainda é perceber o quanto esses caras eram capazes de criar com tão poucos recursos, neste caso com a qualidade quase sempre no máximo. É tanta música formidável, uma atrás da outra, que ficaria cansativo citá-las uma a uma, exaltando suas características e me perguntando como o quarteto era tão prolífico. Porque convenhamos, Leave Home, lançados dez meses antes, fica pouco para trás em relação a Rocket to Russia. Ouvi-lo é ter a certeza de quão estúpido é utilizar a expressão “comercial” como um demérito para artistas e discos, afinal, “Cretin Hop”, “Rockaway Beach” e “Sheena Is a Punk Rocker” são o quê? Isso para não falar dos covers para “Do You Wanna Dance” e “Surfin’ Bird”, que aparecem em suas versões definitivas. Música pop da mais grudenta, é isso que o Ramones fazia, e com uma competência de dar inveja a gente muito mais adulada. Sério, só tenho a lamentar por quem despreza a banda. Quanto mais ouço, mais respeito.
Eudes: Se o primeiro disco já não tivesse, com razão, ao meu ver, aparecido como o maior momento dos Ramones, Rocket to Russia não seria nenhuma surpresa aqui. Afinal é mais uma coleção de clássicos de bolso do rock. Uma goma de mascar cujo gosto nunca vai embora. Gabba, gabba, hey!
Fernando: A ala ramoniana da Consultoria conseguiu emplacar mais um disco da banda. Aparentemente, esse é superior ao do ano anterior, mas já ta bom, não é pessoal?!?!
Jaisson: Este disco é fundamental para minha breve carreira como guitarrista. Fui chamado para uma banda punk e este álbum foi ouvido em looping para entrar no espírito. Foi uma das poucas referências que tive de punk, pois não sou muito ligado ao estilo.
José Leonardo: Como comentei anteriormente, Ramones não é muito minha praia.  E este é o único disco deles que conheço, pois o tinha em LP. Na verdade é um bom disco, divertido e tal, mas, na minha opinião, está longe de figurar em uma lista de dez melhores de 1977.
Luiz Carlos: Apesar de reconhecer toda a importância do grupo no meio musical, acho Ramones um saco (esse sou eu escrevendo e fugindo das pedradas).
Mairon: O terceiro álbum dos norte-americanos do Ramones foi lançado junto com o excelente Leave Home, e é um disco essencial para se compreender o punk rock. Nele estão clássicos do estilo, destacando “Sheena Is a Punk Rocker”, “I Wanna Be Well”, “We’re a Happy Family”, “Teenage Lobotomy” e a clássica versão de “Surfin’ Bird”, além da melhor canção do Ramones na década de 1970, a linda “Here Today, Gone Tomorrow”. Um álbum bem superior ao primeiro disco, que entrou na lista de Melhores de 1976,  mas longe de estar na minha final de 1977, já que o melhor disco punk de 1977 é Never Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols, que eu dava como certo nesta lista.

05 Street Survivors
Lynyrd Skynyrd – Street Survivors (53 pontos)
Adriano: Ouvi apenas após a divulgação da lista final. Uma pena que a banda não tenha aparecido em 1973 com seu disco mais aclamado ou em 1974 com o razoávelSecond Helping, mas não sei se isso justifica sua entrada em 1977, quando Talking Heads, The Damned e outros grupos vinham apresentando boas novidades – talvez não tão novas assim – ao universo rock.
Bernardo: Último álbum do Lynyrd antes da tragédia. Tem seus momentos, mas quando se trata dessa banda, só gosto mesmo do primeiro disco.
Bruno: Por muito tempo tive um certo preconceito com esse disco, mas hoje o considero o segundo melhor da banda depois de Pronounced Leh-Nerd Skin-Nerd(1973). Infelizmente o último com a formação clássica antes do trágico acidente de avião, mas ao menos um testamento de respeito. Destaque para a adição da guitarra de Steve Gaines.
Davi: Último álbum com Ronnie Van Zant nos vocais. Disco clássico que conta com verdadeiros hinos como “You Got that Right”, “That Smell” e a divertidíssima “What’s Your Name”. Essencial!
Diogo: Nada mais justo que a banda que traduz melhor do que qualquer outra o que é o southern rock tenha seu merecido lugar em nossa série. Como isso não ocorreu com aquele que julgo ser o melhor do grupo, Pronounced Leh-Nerd Skin-Nerd, que seja com Street Survivors, que ganhou muito com a adição de Steve Gaines como terceiro guitarrista, compositor e até como vocalista, apesar de obviamente não ser tão bom quanto Ronnie Van Zant, que é a cara da banda e apresenta sua última performance no álbum. O último capítulo do Lynyrd Skynyrd clássico foi escrito com garra e dedicação, superando com facilidade seus dois predecessores imediatos,Nuthin’ Fancy (1975) e Gimme Back My Bullets (1976), vide clássicos indiscutíveis do calibre de “That Smell” (atenção às guitarras, totalmente formidáveis), “One More Time” e “I Never Dreamed”. O lado festeiro e bem humorado do grupo sempre foi um trunfo, e neste caso ele está muito bem representado, caso de “What’s Your Name”, “I Know a Little” e o cover para “Honky Tonk Night Time Man”. As amostras vocais de Gaines, “You Got that Right” e a blueseira “Ain’t No Good Life”, mantêm o pique no alto e fazem lamentar pelo talento perdido tão precocemente.
Eudes: Taí, se era para eternizar aqui no nosso humilde panteão um álbum do Lynyrd Skynyrd, deveria ser mesmo com Street Survivors. Não reinventa a roda, mas traz canções muito inspiradas, voltando à definição básica de rock ‘n’ roll. Sem muita coisa a dizer, mas saudando a presença do álbum aqui.
Fernando: Tá aí uma banda que merecia ser citada nesta série. Talvez seus dois primeiros discos sejam melhores que Street Survivors, mas nos anos de seus lançamentos a competição foi dura. Certamente será o último disco do Lynyrd Skynyrd a ser citado aqui. Infelizmente, seu lançamento foi seguido de uma tragédia que quase acabou com a banda.
Jaisson: É claro que no topo da minha lista não poderia ser outro. Street Survivorsdo Lynyrd Skynyrd é um dos álbuns mais icônicos do mundo do rock, que infelizmente não é só reconhecido pela sua qualidade, e sim por toda história do acidente após seu lançamento. O disco traz clássicos eternos da banda, como “What’s Your Name” e “That Smell”, depois cadencia com “One More Time”. Já com “I Know a Little” o boogie volta em grande estilo, e a peteca não cai com “You Got that Right”, “I Never Dreamed” e a homenagem a Merle Haggard com “Honky Tonk Night Time Man”. O disco fecha com um blues de primeira: “Aint No Good Life”.
José Leonardo: Não tenho nenhum álbum da banda e conheço apenas quatro ou cinco músicas do Lynyrd Skynyrd setentista, por isso abstenho-me de comentar.
Luiz Carlos: Se fosse possível reposicionar a lista, este seria facilmente o meu primeiro lugar. O quinto álbum de estúdio do Lynyrd Skynyrd encerra uma sequência de trabalhos irretocáveis iniciada com o debut, Pronounced Leh-Nerd Skin-Nerd, além de marcar o trágico fim da formação original, com o terrível acidente de avião ocorrido apenas alguns dias após seu lançamento, matando, entre tantos, o vocalista Ronnie Van Zant (um dos mais carismáticos e talentosos de todos os tempos). Seu track list passa facilmente por uma coletânea, com clássicos do grupo em seguida, como “What’s Your Name”, “That Smell”, “I Know a Little”, I Never Dreamed” e “Ain’t no Good Life”. O acidente marcou também o início da nova formação, que, apesar de algumas mudanças, segue até hoje. É emblemático também por sua afamada capa, que mostrava os membros do grupo em meio a chamas em um incêndio (e, claro, o “sobreviventes” no título também é de uma ironia trágica). Um marco na história da música e de um dos maiores grupos de todos os tempos (ao menos para mim).
Mairon: Merecida homenagem ao último álbum da primeira fase do Lynyrd Skynyrd. Já comentei sobre ele aqui, mas para não deixar o comentário em branco, posso dizer que este é um disco que marcou época, tanto por sua polêmica capa quanto pelo fato de que, pouco depois, três integrantes do grupo (o vocalista Ronnie Van Zant, o guitarrista Steve Gaines e a backing vocal Cassie Gaines) morreram em uma tragédia aérea que marcou 1977. É o Lynyrd no auge da carreira, exalando petardos, como a balada “I Never Dreamed”, a clássica “That Smell”, ou os blues alucinantes de “Ain’t No Good Life” e “I Know a Little”. Discão que vendeu mais de 2 milhões de cópias apenas nos Estados Unidos, e, infelizmente, não ficou marcado só por sua qualidade.


06 A Farewell to Kings
Rush – A Farewell to Kings (48 pontos)
Adriano: Um bom disco, embora eu veja poucos momentos realmente acachapantes. Mas um desses momentos basta pra me fazer ter grande simpatia pelo disco: o final de “Cygnus X-1”. O riff pesado e o vocal ensandecido de Geddy Lee criam algo tão inexplicável que eu chego a preferir essa música à irrefutável “La Villa Strangiato”, do disco seguinte. Só espero que o objetivo inicial do Rush de ser cópia do Led Zeppelin não os faça aparecer em todas as listas dessa série, como a banda inglesa…
Bernardo: Longe de ser ruim, mas não me marcou.
Bruno: A banda seguiu a linha do clássico 2112 (1976), e, apesar de manter a qualidade, não consegue equivalê-lo. A faixa-título, “Closer to the Heart” e o épico “Cygnus X-1″ são os destaques. Apesar de ser uma das músicas mais aclamadas do trio, não gosto de “Xanadu”. “Madrigal” e “Cinderella Man” são descartáveis.
Davi: Mais um belo álbum desse magnífico trio. Neil Peart conseguiu destaque na cena não apenas por ser um exímio baterista, mas também por ser um ótimo letrista. A canção mais lembrada daqui é “Closer to the Heart”, mas colocaria como destaques “Cygnus X-1” e “Cinderella Man”.
Diogo: Apesar de ter lançado ótimos álbuns anteriormente, acredito que o Rush tenha consolidado sua maioridade em A Farewell to Kings, após a bem sucedida experiência de 2112, quando foi dado seu grito de liberdade, mostrando que não precisava seguir regras alheias, caminhando pelas próprias pernas. Além disso, trata-se de um lançamento mais redondo que seu antecessor, sem o contraste entre a suíte que dá nome ao disco e o restante das faixas de 2112. “Xanadu” é, com facilidade, uma das dez melhores composições do grupo, isso se não estiver entre as cinco mais;  e seus 11 minutos transcorrem como se fossem três, dada a fluidez com que suas diversas nuances se apresentam ao ouvinte. A faixa-título é outro petardo de respeito, enquanto “Closer to the Heart” faz jus ao sucesso que tem até hoje. “Cinderella Man” faz parte do rol de músicas pouco lembradas, “neutralizadas” por clássicos presentes nos mesmos track lists, mas que passam longe, muito longe de fazer feio. “Cygnus X-1″, por sua vez, retoma e salienta a faceta mais progressiva com bastante agressividade, algo que seria colocado em ainda mais evidência no álbum seguinte,Hemispheres (1978), o melhor do Rush. Não entrou em minha lista particular, mas foi por pouco.
Eudes: Vou poupar os fãs de minha opinião sobre o Rush e de mais uma aparição deles por aqui. Não falo do que não compreendo.
Fernando: Dois épicos, “Xanadu” e “Cygnus X-1”, em que todos mostram por que são ícones em seus instrumentos, e quatro faixas mais curtas. O início de “A Farewell to Kings”, com um lindo dedilhado e até singelos sinos, é um contraste com o arregaço que foi a abertura de 2112, mesmo que a música seja bem diferente do que poderíamos concluir apenas ouvindo o início. Mas o dedilhado que faz a diferença é o de “Closer to the Heart”. Lembro da primeira vez que fizeram um show no Brasil, em 2002. Eles colocaram essa música no set list porque souberam que no País a canção fazia muito sucesso. Será que eles tinham alguma dúvida? Puta música!!!!
Jaisson: Que responsabilidade do Rush lançar um disco após 2112. Com A Farewell to Kings a banda conseguiu consolidar o ótimo momento em que estava. Destaque para a música “Xanadu”, que para mim é uma das melhores da carreira da banda, e “Cinderella Man”, uma das poucas músicas com letra de Geddy Lee.
José Leonardo: A Farewell to Kings sempre foi meu favorito da banda. O álbum anterior, 2112, foi o disco mais complexo até então e tornou a banda famosa internacionalmente.  A Farewell to Kings mantém a mesma direção. Minhas faixas favoritas são os dois épicos: “Xanadu” e “Cygnus X-1”, com uma grande performance da banda. As outras músicas são mais curtas, mas não menos ótimas: A bela “Closer to the Heart”, a sensacional e clássica faixa-título, que tem uma introdução de violão clássico. “Madrigal” e “Cinderella Man” completam o disco com competência, apesar de não serem brilhantes.
Luiz Carlos: Não há muito para dizer a respeito, assim como comentei sobre o Ramones. É um marco, é importante, é influente, mas também é um convite ao sono (ainda desviando das pedras).
Mairon: Depois de namorarem por dois anos com o progressivo, o trio canadense resolveu assumir a relação, e o casamento ocorreu em 1977, gerando quatro filhos geniais. O primeiro deles foi batizado A Farewell to Kings, e nele, o trabalho de Geddy Lee, Neil Peart e Alex Lifeson é praticamente perfeito. Aliás, o que Lifeson faz em todo o álbum, mesmo nas duas pequenas resvaladas (“Closer to the Heart” e “Madrigal”), é de tirar o chapéu, e deixar aquela dúvida de por que ele nunca está entre os dez mais nas listas de melhores guitarristas de todos os tempos. Nas demais músicas, ouvimos a pura perfeição, seja nos extasiantes cinco minutos da faixa-título, destacando o violão clássico de Lifeson e seu solo de guitarra fora do comum, no hard simples de “Cinderella Man” ou nas maravilhas prog “Xanadu”, trazendo uma das mais apreensivas e perfeitas introduções criadas pelo trio, e “Cygnus X-1″, diamante bruto que foi lapidado um ano depois, tornando-se a Maravilhosa “Cygnus X-1: Book Two – Hemispheres” (Hemispheres). Para mostrar que em 1977 o rock progressivo ainda mandava no mundo, contradizendo aqueles que consideram 1977 o ano do punk rock. Só não entrou na minha lista final pelo fato de Love Gun ter uma influência pessoal que eu não poderia desprezar nesse momento.

07 Trans Europa Express
Kraftwerk – Trans Europa Express (41 pontos)
Adriano: A princípio, Novella, do Renaissance, seria o primeiro colocado da minha lista, mas, embora Trans Europa Express não possua uma faixa no nível da inacreditável “The Touching Once (Is So Hard to Keep)”, ele é um disco mais consistente, sem nenhuma falha, belíssimo das primeiras notas no sequenciador ao último delay do vocoder. Minhas faixas favoritas são “Europe Endless”/“Europa Endloss” e “Showroom Dummies”/”Schaufensterpuppen”, mas a “suíte” que dá nome ao disco é também digníssima de nota, um dos mais belos exercícios de minimalismo presentes na música pop.
Bernardo: O último álbum dos alemães antes de cair na cabeça antes de cair de cabeça no synthpop tem uma concepção parecida com a do Novo Cinema Alemão: com a aberração do Terceiro Reich, a nova arte alemã era uma arte sem pais, apenas avós. A conexão direta, então, havia sido com a música tradicional da República de Weimar, música esta “humana” e melódica que se encontram com batidas sequenciadas em ritmo mecanizado, vozes modificadas, casando tradição e modernidade, e antes de tudo, transição, que influenciaria enormemente os artistas da new wave que seguiriam a missão de inserir universos já conhecidos dentro de novas concepções. É esse desmonte e reorganização conceituais visto em faixas como “Europe Endless”, “Hall of Mirrors” e a faixa-título que fizeram do Kraftwerk uma banda que ainda hoje soa original, criativa e contemporânea.
Bruno: Desafiador, influente e honesto, mas não faz minha cabeça.
Davi: Para meus amigos consultores não reclamarem que não ouvi o disco, cometi esse pecado com meus ouvidos. Em alguns momentos me recordou o Pacman, em outros, o joguinho do Sonic, em outros, aqueles filmes que passavam na Sessão da Tarde. Puta treco chato!
Diogo: Sou um mero aprendiz em se tratando de Kraftwerk, mas, apesar disso, posso afirmar com pouca chance de me arrepender tão logo que Trans Europa Express é facilmente o disco da banda que mais me agradou. As faixas são cativantes e desvelam melodias gélidas e sinuosas, como as de “Europa Endlos”, “Metall auf Metall” e da magnífica faixa-título. “Spiegelsaal”, então, tem propriedades hipnóticas. Disco surpreendente e indicadíssimo para se iniciar na musicalidade dos alemães. Além disso tudo, um certo pessoal de Nova York (EUA) soube enxergar as qualidades do Kraftwerk e, com a ajuda de seu trabalho, começou a operar uma das maiores revoluções na história da música moderna.
Eudes: Trans Europa Express: comentar o que sobre um dos monolitos do rock “fin du siécle”? Basta talvez dizer que é o álbum de “The Hall of Mirrors”, uma trilha sonora de nossa época. Mas não tenho dúvida de que o disco definitivo da banda já tinha sido gravado e se chama Radio-Aktivität (1975).
Fernando: A grande maioria dos que gostam do som do Kraftwerk tem esse álbum como o preferido. Eu ainda gosto mais de Autobahn (1974), apesar de não ser especialista no som do grupo. Som para ser ouvido sem pressa, sem outras preocupações. Para ser absorvido. O andamento hipnotizante das melodias faz bem e limpa a cabeça de qualquer um.
Jaisson: Só ouvi quando fiz a maratona do livro “1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer”.
José Leonardo: Estranho, pois eu geralmente não gosto de música eletrônica, mas eu gosto de Kraftwerk e de Tangerine Dream. Talvez porque eles estavam entre os primeiros. Se bem que a música do Kraftwerk sempre teve um apelo mais pop (com exceção dos primeiros trabalhos) do que a do Tangerine Dream (bem mais viajante). Temos aqui um excelente disco de música eletrônica que influenciou zilhões de artistas (sendo que a maioria deles não são do meu agrado!!!). Destaque para a etérea “The Hall of Mirrors” (provavelmente a melhor música do disco e a mais conhecida deles), “Trans-Europe Express” (com o famoso verso “From station to station, back to Dusseldorf City, meet Iggy Pop and David Bowie), e “Showroom Dummies”. Um marco na música eletrônica.
Luiz Carlos: Tido por muitos como um dos álbuns mais influentes da história da música, utiliza algumas técnicas e recursos sonoros de forma precursora no estilo. Dada a audição, há de se concordar que sua importância é imensa e que o som do grupo, realmente, é algo de vanguarda. Entretanto, particularmente não me agrada muito. Deixo os elogios a quem gosta.
Mairon: Uma lista de melhores sem uma fanfarronice não é uma lista de melhores. Com tantos discos bons lançados em 1977, os consultores surpreendem com o primeiro disco da nova fase do Kraftwerk, diferente dos dois anteriores (os bons AutobahnRadio-Aktivität), e muito longe dos áureos tempos da dupla Ralf e Florian. É um bom disco, se bem que, por muitas vezes, é difícil aguentar as repetições do lado B do vinil; e longe de ser um dos melhores de 1977, até porque, na linha que o álbum propõe, David Bowie deu um banho nesse ano. Love Gun ou o injustiçadíssimo Even in the Quietest Moments… (Supertramp) têm muito mais qualidade e importância para a música de 1977 do que este álbum.

08-Sin-After-Sin-300x300
Judas Priest – Sin After Sin (39 pontos)
Adriano: Imagino que a entrada deste disco seja uma compensação, porque Sad Wings of Destiny (1976) ficou de fora da lista de 1976. Só ouvi Sin After Sin após a divulgação da lista final e não tenho muito o que dizer.
Bernardo: Uma versão heavy metal de Joan Baez! “Diamonds and Rust”, metalizada pelo Judas Priest, ficou uma versão e tanto. “Sinner” e “Dissident Agressor” também são destaques notórios e dão um digno prosseguimento ao que tinha sido iniciado no antecessor, de 1976, Sad Wings of Destiny.
Bruno: Dos gigantes do heavy metal, o Judas Priest é a única banda que não fez parte da minha vida. Fui apreciar o trabalho deles depois de muito tempo, e ainda assim não está nem perto das minhas favoritas. A fase que mais gosto é justamente a dos anos 1970, mas acho Sin After Sin bem abaixo de discos como Sad Wings of Destiny eStained Class (1978).
Davi: Em seu primeiro álbum por uma grande gravadora e contando com o grande Simon Philips na bateria, Sin After Sin mostra uma banda cheia de garra, em constante evolução. Para mim, a melhor fase do Judas começaria no ano seguinte, mas ainda assim é um bom álbum. A clássica “Diamonds and Rust” é daqui. Vale uma audição.
Diogo: O terceiro disco do Judas Priest, apesar de ser levemente menos magnífico que seu antecessor, Sad Wings of Destiny, e seu sucessor, Stained Class, representa para mim o auge da banda tanto quanto os citados. Como fã extremo do trabalho do grupo nos anos 1970, é difícil não se empolgar com uma abertura tão avassaladora quanto a classicíssima semiprog “Sinner” ou com a adaptação majestosa para “Diamonds and Rust”, de Joan Baez, recheada de licks que a temperam de saudável agressividade, mas sem cair no peso desnecessário. “Starbreaker” é pura inspiração para o heavy metal oitentista, enquanto a rápida “Let Us Pray/Call for the Priest” efetivamente É heavy metal oitentista feito com anos de antecedência, afinal, de pioneirismo o Judas Priest entendia muito bem. “Last Rose of Summer” só não é a mais bela balada do grupo porque essa é uma seara em que o quinteto era frutífero em seus primeiros anos, vide as comoventes “Run of the Mill” (Rocka Rolla, 1974), “Dreamer Deceiver” (Sad Wings of Destiny) e a melhor canção já criada pelo grupo, “Beyond the Realms of Death” (Stained Class). No lado mais pesado, a compensação aparece com “Dissident Aggressor”, cujo nome já entrega a paulada agressiva quase sem precedentes à qual nossos ouvidos são submetidos.  A blueseira “Raw Deal” e a power ballad “Here Comes the Tears” estão um pequeno degrau abaixo do restante, mas não comprometem de maneira alguma a imensa qualidade do disco. Vale lembrar a presença de um jovem Simon Philips tomando conta das baquetas, antes de se tornar referência no instrumento, e fazendo um belo trabalho.
Eudes: Ótimos riffs, hard rock com melodia, embora com sonoridade exageradamente polida e limpa. Falta um pouco de blues na receita. Mas é ótimo e, depois saberíamos, indicava o começo dos anos 1980. “Sinner” empolga e “Starbreaker” mostra de onde o Iron Maiden veio… Gosto, tenho, ouço, mas o que este disco está fazendo em uma lista de melhores DE TODOS OS TEMPOS?
Fernando: De Sad Wings of Destiny até British Steel (1980) o Judas gravou cinco discos clássicos, e o ponto mais baixo é justamente Sin After Sin. Mesmo assim este contém faixas memoráveis, como “Sinner”, a ótima e genial versão de “Diamonds and Rust” e “Dissident Agressor”. Essa última antecipa o que muitas bandas fariam nos anos 1980, o que é comprovado pela versão feita pelo Slayer em South of Heaven(1988), se encaixando perfeitamente ao som do quarteto norte-americano. Prestem atenção nos timbres das guitarras: é heavy metal oitentista com timbres dos anos 1970. No mais, acho a capa um pouco sem graça, não concordam?
Jaisson: Este é o melhor disco da banda na década de 1970. Os riffs certeiros e o vocal de Rob Halford estão excelentes. É um álbum simples, que não possui a produção dos discos da década seguinte, mas bate de frente com qualquer um, pelo menos pra mim. Os licks das guitarras e os solos fazem a dupla Tipton e Downing se destacar, mas eles dão todo o espaço para que Halford apareça com sua voz. Destaque para “Diamond and Rust” e “Last Rose of Summer” com seu clima “hendrixiano”.
José Leonardo: Conheço pouquíssima coisa do Judas Priest, por isso abstenho-me de comentar.
Luiz Carlos: O Judas Priest é uma das bandas que marcaram minha vida. Consigo gostar de quase todos os discos do grupo (até mesmo do tão afamado Turbo, de 1986). Entretanto, não colocaria Sin After Sin entre os dez melhores do ano. Não que seja um disco fraco (de forma alguma), mas não possui, a meu ver, tanta representatividade quanto outros trabalhos (até mesmo se analisado independentemente do ano, dentro da discografia do grupo somente). Contudo, vale o destaque para algumas faixas que se tornaram clássicos, como “Sinner” e “Dissident Aggressor”, além do incrível cover de “Diamonds and Rust”, de Joan Baez.
Mairon: Se 1977 foi o ano do punk, esta lista não mostra isso. Eu acredito que 1977 foi o transmissão de faixas de um rei inglês que foi soberano por cinco anos para uma jovem imperadora que governaria o mundo por mais cinco anos, aproximadamente. Estou falando do rock progressivo, o rei, para a New Wave of British Heavy Metal, a imperadora. O divisor de águas é a afirmação do Judas Priest com seu terceiro álbum. Enquanto Pink Floyd, Yes, Renaissance e Supertramp (para citar alguns) faziam trabalhos excelentes na Inglaterra, novos grupos apareciam influenciados por Wishbone Ash, Thin Lizzy e UFO. O Judas Priest já existia quando os três citados estavam na ativa, mas foi somente com o terceiro álbum que a consolidação como banda ocorreu. O cover de “Diamonds and Rust” (Joan Baez) logo virou clássico, e a versão original de “Dissident Aggressor” é tão poderosa quanto o cover feito pelo Slayer em South of Heaven. O que falar da velocidade de “Let Us Prey/Call for the Priest”, símbolo forte da técnica e capacidade de criar solos e riffs memoráveis da dupla Tipton/Downing, ou da beleza acústica de “Here Comes the Tears”, a qual duvido você encontrar similar na carreira do Judas, mas da qual você encontrará muitas linhas parecidas nos primeiros álbuns do Iron Maiden. “Last Rose of Summer” é a demonstração de como fazer uma balada sem soar pegajoso, enquanto “Raw Deal” e “Starbreaker” são mais próximas ao que o Judas estava fazendo pré-Sin After Sin, incrementando momentos viajantes a um som pesado, com riffs grudentos e guitarras gêmeas, além de refrões com Halford soltando a voz. O auge do LP está logo na sua faixa de abertura, a épica “Sinner”, melhor canção do Judas Priest, animalesca, com Halford cantando muito e K.K. Downing iniciando os jovens guitarristas ingleses na arte de ser músico. Obrigado, consultores, por colocarem este magnífico e importante álbum entre os dez mais de 1977.


09 Going for the One
Yes – Going for the One (34 pontos)
Adriano: Embora o Yes não tenha conseguido manter o elevadíssimo nível dos álbuns anteriores – e eu não ache interessante que apareçam em uma lista de 1977 –, a banda lançou um ótimo disco, que apresenta uma nova faceta em seu som: um hard mais direto, mas nem por isso menos genial que os sinfonismos tradicionais. E é justamente essa nova faceta que nos oferta os melhores momentos dessa obra, como a caótica e empolgante faixa-título (cujo riff parece ter saído de algum exercício country de Steve Howe), composta por Jon Anderson, e a paulada de Chris Squire “Parallels”, que humilha qualquer bandinha AOR de qualquer época e ainda conta com performances sensacionais de Howe e Wakeman (este no órgão). O resto do disco é legal, mas o inseri na minha lista por conta dessas duas.
Bernardo: Fora Fragile (1971) e Close to the Edge (1972), não faço questão de dar muita corda pro Yes.
Bruno: Yes em 1977? Sério mesmo?
Davi: Bela banda. O grupo nos entrega o esperado. Uma viagem musical repleto de técnica e belas melodias. Destaque para a faixa-título e “Parallels”. Não é meu disco favorito deles nem de longe, mas ainda assim nos traz uma incrível satisfação, ainda mais depois de ter aturado o Kraftwerk.
Diogo: Going for the One é um disco muito bom, mas sou obrigado a admitir que sua presença em uma lista como esta decorre muito mais das fortes tendências progressivas de alguns colaboradores da série do que de evidentes qualidades do registro em si. Friso, porém, que o Yes, ao contrário do que alguns apregoam, conseguiu dar uma interessante atualizada em sua sonoridade neste álbum em comparação com seus antecessores, expressando mais concisão em ótimas faixas como “Parallels” e naquela que dá nome ao disco, que mostra que a banda ainda tinha gás suficiente para criar uma peça capaz de cativar mesmo ouvintes não muito acostumados com esse tipo de sonoridade, assim como foi “Roundabout” (Fragile) anos antes. Como não poderia deixar de ser em um álbum do Yes, há espaço para uma música de longa duração, no caso “Awaken”, que tem tudo para satisfazer os fanáticos pelo período mais áureo do quinteto.
Eudes: Vocês querem que eu diga o quê? Já não está claro que o Yes é a banda com maior número de fãs por aqui?
Fernando: Quando ouvi este disco pela primeira vez estranhei a faixa-título. Aquilo soava para mim com alguma banda hard. Seu riff e seu andamento eram estranhos em relação àquilo que eu pensava como rock progressivo. Porém “Parallels” e, principalmente, a dupla “Turn of the Century” e “Awaken” trouxeram tudo para a “normalidade” de novo. A meu ver, a volta de Wakeman foi benéfica para a banda,, mesmo entendendo que Relayer (1974) é um puta disco e reconhecendo o valor de Patrick Moraz.
Jaisson: Depois de uma longa parada, claro que os caras só podiam voltar com uma pedrada. O disco começa com a energia da música-título, que prepara o ouvinte para o que está por vir, uma mescla de um novo e velho Yes. Claro que o destaque fica para “Awaken” última faixa do disco, uma excelente música, mas que muitos chamam de obra-prima.
José Leonardo: A meu ver, o último grande trabalho da banda. Depois do ótimo Relayer, o Yes volta à carga, para a surpresa de seus fãs, com Rick Wakeman novamente a bordo, substituindo o tecladista suíço Patrick Moraz. Já vi alguns criticarem a faixa-título, por fugir um pouco do estilo da banda, mas eles se saíram muito bem, é uma música bem enérgica, com destaque para a steel guitar de Howe. A próxima música é a linda e acústica “Turn of the Century”, com um trabalho deslumbrante de Steve Howe e a voz angelical de Jon Anderson. O destaque de “Parallels” é o órgão de igreja e as linhas de baixo de Chris Squire.  “Wonderous Stories” seria o “hit single” do álbum, uma bela e cativante balada. E finalmente temos “Awaken”, uma longa peça épica de 15 minutos. O ponto alto do disco, uma das melhores criações da banda, com suas estruturas rítmicas e harmonias complexas, além das letras enigmáticas de Jon Anderson.
Luiz Carlos: Não ouvi.
Mairon: Mais um disco de rock progressivo na lista faz-me repetir o que enalteci em A Farewell to Kings, mostrando que, mesmo no auge da era punk, o progressivo ainda mandava na música mundial. Especialmente do Yes, o que o quinteto fez em Going for the One é extremamente relevante para a sua carreira. O grupo começou a montar um novo estilo de tocar, e o retorno de Rick Wakeman às teclas consolidou a formação Anderson, Howe, Squire, Wakeman e White de maneira que a comparação com a formação clássica (com Bill Bruford no lugar de Alan White) seja fiel. Os então veteranos lançaram um disco maravilhoso, desde sua abertura country com a faixa-título, o AOR perfeito de “Parallels” e a exuberância instrumental de “Wonderous Stories”. E para fechar, temos Steve Howe novamente mostrando que era o melhor músico do rock progressivo britânico, estraçalhando o violão na linda “Turn of the Century” (também com uma ótima performance de Anderson), e o quinteto soando como uma picanha ao ponto durante a maravilhosa “Awaken”, peça com 15 minutos cuja audição deveria ser obrigatória nas aulas de música para crianças. O ponto de sela da carreira do Yes, já que, a partir dele, o grupo entraria em uma reta de inclinação negativa, gerando um novo ponto de inflexão vinte anos depois, com o retorno dessa mesma formação (que ainda veio a gravar o contestado Tormato, no ano seguinte).

10 News of the World
Queen – News of the World (32 pontos)
Adriano: Os dois clássicos da banda aqui contidos, “We Will Rock You” e “We Are the Champions”, são provavelmente os mais fracos dos clássicos da banda. E, no geral, News of the World me parece inferior a A Day at the Races (1976) e Jazz (1978). Apesar disso, não é um disco ruim. Alguns momentos, em especial, são bem agradáveis de ouvir, como “Spread Your Wings”, “Who Needs You” e “It’s Late”, além, é claro, das duas faixas citadas.
Bernardo: Obra-prima do Queen. É um disco que abre com a trinca “We Will Rock You”, “We Are the Champions” e “Sheer Heart Attack”, com seus refrãos explosivos, grudentos e toda a pompa que só o Queen sabia oferecer. O disco ainda tem outros belos momentos, como no carregado refrão de “Spread Your Wings”, a divertida “Sleeping on the Sidewalk” e “My Melancholy Blues”, mais uma das performances vocais espetaculares de Freddie Mercury. Banda afinadíssima, que em seu age era uma máquina de fazer clássicos.
Bruno: Conhecido pelos dois megahits “We Are the Champions” e “We Will Rock You”,News of the World é uma paulada. Talvez o disco mais pesado e direto do Queen. A banda deixou de lado as longas composições, épicos e experimentações para apostar em um rock de arena de primeiro nível. “Spread Your Wings” é de chorar.
Davi: O grupo é conhecido pela voz marcante de Freddie Mercury, o timbre único de Brian May e pelos arranjos sempre muito bem elaborados. Em News of the World a história não é diferente. O LP é muito lembrado pelos clássicos “We Will Rock You” e “We Are the Champions”, mas vale destacar faixas não menos brilhantes como “It’s Late”, “Spread Your Wings”, “Sheer Heart Attack” e “Get Down, Make Love”. Clássico!
Diogo: A Night at the Opera é tão bom, mas tão bom, que às vezes me faz esquecer que o Queen tem, sim, outros lançamentos excelentes, e News of the World certamente está entre eles, ocupando lugar de destaque na discografia da banda, ao menos para mim, especialmente por três canções. A primeira é “Spread Your Wings”, mais bela criação do baixista John Deacon e uma das mais emocionantes baladas da época, rivalizando com as melhores criações de Freddie Mercury nessa seara, isso se não as supera. A segunda é “It’s Late”, amostra de que, mesmo quando enveredava para o lado mais pesado, o Queen tinha grande diferencial em relação à grande maioria das bandas de hard rock da época, soando único, remetendo a seu próprio estilo de fazer música e não a outros artistas. O terceiro motivo é “My Melancholy Blues”, tipo de obra que só poderia sair da mente, da voz, dos dedos e da alma de Freddie Mercury, um cara predestinado a elevar o status do Queen a um nível de arte que transcendia o popular, mas mesmo assim mobilizava multidões. De resto, News of the Worldmantém nível invejável, tanto que concorre com Jazz à terceira posição entre meus favoritos da banda (a segunda é ocupada por Queen II, de 1974). Ah, vale lembrar ainda que a superexposição muitas vezes nos faz esquecer quão fantástica é “We Are the Champions”, então deixo registrado.
Eudes: Mais um grande disco do Queen aqui. Por mais que “We Are the Champions” e “We Will Rock You” sejam brilhantes, mas tenham se tornado inaudíveis, só por trazê-las, este álbum já é histórico. Mas ele tem muito mais no vai e vem de canções melódicas infinitamente inspiradas (“All Dead, All Dead”) e pequenos rochedos metálicos (“Sheer Heart Attack”). O disco caminha por uma gama enorme de estilos roqueiros, sendo, dessa fase, o trabalho mais espontâneo e eficaz do Queen. E não esqueçam que o álbum fecha com a eterna “My Melancholy Blues”. Se, como penso, as listas devem buscar o ponto máximo de cada banda, este seria mesmo o disco.
Fernando: Depois de quatro petardos, News of the World é normal não conseguir manter o mesmo pique. Mesmo não sendo comparável aos discos anteriores, News of the World tem faixas memoráveis. “We Will Rock You” é a música que qualquer banda sonha em compor para tocar em grandes arenas. A poderosa “Sheer Heart Attack”, a melancólica “All Dead, All Dead” e a linda balada “Spread Your Wings” são destaques. Sem esquecer, é claro, da incrível “We Are the Champions”. Lembro da primeira vez que a ouvi, ainda criança, e achava que era algum hino e nunca uma música de uma banda de rock.
Jaisson: Todos sempre lembram apenas de “We Are the Champions” e “We Will Rock You”, mas este disco tem cada porrada esquecida, como “Sheer Heart Attack”, que possui uma energia gigante e mostra o lado heavy metal da banda, apesar daquele barulho ensurdecedor de frequência metálica. Mas o principal do álbum é a versatilidade da banda, que mostra baladas, música com influência flamenca e uma das minhas preferidas da banda, “It’s Late”.
José Leonardo: Apesar de possuir todos os álbuns do Queen, não incluí News of the World na lista de melhores. Sem sombra de dúvida, porém, é um belo disco, não tão brilhante quanto os anteriores, mas sólido, consistente e diversificado como de costume. Destaque para os hinos “We Will Rock You” e We Are the Champions” (talvez a canção mais conhecida da banda), as belas baladas “All Dead, All Dead” e “Spread Your Wings”, os rocks “Sheer Heart Attack” (pré-thrash) e “It’s Late”, o boogie blues “Sleeping on the Sidewalk” e a jazzy “My Melancholy Blues”.
Luiz Carlos: Se A Night at the Opera é tido comumente como o maior trabalho do Queen e um dos melhores discos de todos os tempos, certamente News of the Worldpode se gabar por abrir com dois dos maiores clássicos de todos os tempos, a dobradinha “We Will Rock You”/”We Are the Champions”, obrigatória nos shows do Queen e em qualquer vídeo motivacional ou eventos esportivos (pra ficar só nos mais óbvios), e que, por si só, já bastariam para eternizar o álbum. Claro, há todo um track list lotado de clássicos, como “Sheer Heart Attack” e a belíssima “Spread Your Wings” e “It’s Late”, além do fantástico encerramento com “My Melancholy Blues”.
Mairon: Perdi as contas de quantas vezes ouvi este álbum, e de como lutava comigo mesmo para entender por que seus maiores sucessos são exatamente as canções mais fracas, enquanto as melhores canções são totalmente esquecidas. Depois de A Night at the Opera e A Day at the Races, o quarteto inglês continuou sua forma de criar ótimas canções, caprichando cada vez mais na parte vocal e fugindo dos épicos quase progressivos dos dois primeiros álbuns. Assim nasceram duas das canções mais famosas do Queen, “We are the Champions” e “We Will Rock You”, que até hoje são ouvidas em qualquer canto do mundo. Mas elas são as canções mais fracas (não ruins) de um álbum fabuloso, que conta com a preciosidade de “Spread Your Wings”, a pancadaria de “Sheer Heart Attack”, as experiências de “Get Down, Make Love”, o peso de “Fight from the Inside”, com Roger Taylor nos vocais, e a safada “Sleeping on the Sidewalk”, com Brian May nos vocais. Ainda temos a simplicidade de “All Dead, All Dead” e as geniais linhas latinas de “Who Needs You”. Todas essas canções são muito superiores a “We are the Champions” e (principalmente) “We Will Rock You”, e o quarteto ainda deixou para o final do LP aquelas músicas que fazem News of the World valer a pena de ser ouvido, e de ter colocado na minha lista. Afinal, os épicos minutos de “It’s Late” são tão geniais quanto as equações de Maxwell, e a interpretação de Mercury em “My Melancholy Blues” está no mesmo nível do que o apresentado na fantástica “Somebody to Love”, do álbum anterior. E ambas são tão desconhecidas da grande massa quanto as citadas equações de Maxwell. Disco grandioso, top 5 fácil nos melhores do Queen. Não entendo, porém, como as melhores canções são tão esquecidas.

Listas individuais
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Adriano KCarão
  1. Kraftwerk – Trans Europa Express
  2. Renaissance – Novella
  3. Supertramp – Even in the Quietest Moments…
  4. Etron Fou Leloblan – Batelages
  5. Pink Floyd – Animals
  6. Silvio Rodríguez – Cuando Digo Futuro
  7. Bruford – Feels Good to Me
  8. Yes – Going for the One
  9. Noel Nicola – Comienzo el Día
  10. Jethro Tull – Songs from the Wood
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Bernardo Brum
  1. Neil Young – American Stars ‘n’ Bars
  2. David Bowie – “Heroes”
  3. Kraftwerk – Trans Europa Express
  4. Tom Waits – Foreign Affairs
  5. Ramones – Rocket to Russia
  6. Bob Marley & the Wailers – Exodus
  7. Sex Pistols – Never Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols
  8. Iggy Pop – Lust for Life
  9. Richard Hell and the Voidoids – Blank Generation
  10. Queen – News of the World
Caratula
Bruno Marise
  1. Ramones – Rocket to Russia
  2. Television – Marquee Moon
  3. Thin Lizzy – Bad Reputation
  4. Ramones – Leave Home
  5. The Clash – The Clash
  6. David Bowie – Low
  7. Elvis Costello – My Aim Is True
  8. The Jam – In the City
  9. David Bowie – “Heroes”
  10. Iggy Pop – Lust for Life
sex-pistols-never-mind-the-bollocks
Davi Pascale
  1. Sex Pistols – Never Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols
  2. Kiss – Love Gun
  3. Queen – News of the World
  4. Billy Joel – The Stranger
  5. AC/DC – Let There Be Rock
  6. Ramones – Rocket to Russia
  7. Foreigner – Foreigner
  8. Lynyrd Skynyrd – Street Survivors
  9. Fleetwood Mac – Rumours
  10. Blondie – Plastic Letters
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Diogo Bizotto
  1. Judas Priest – Sin After Sin
  2. David Bowie – Low
  3. Pink Floyd – Animals
  4. Ramones – Rocket to Russia
  5. Steely Dan – Aja
  6. David Bowie – “Heroes”
  7. Lynyrd Skynyrd – Street Survivors
  8. Thin Lizzy – Bad Reputation
  9. Billy Joel – The Stranger
  10. Fleetwood Mac – Rumours
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Eudes Baima
  1. Hermeto Pascoal – Slave Mass
  2. Muddy Waters – Hard Again
  3. Steely Dan – Aja
  4. Robertinho do Recife – Jardim da Infância
  5. Jean-Luc Ponty – Enigmatic Ocean
  6. Band Black Rio – Maria Fumaça
  7. Dennis Wilson – Pacific Ocean Blue
  8. Keith Jarret – The Survivor’s Suite
  9. Fagner – Orós
  10. Chic – Chic
rumours
Fernando Bueno
  1. Rush – A Farewell to Kings
  2. Pink Floyd – Animals
  3. Fleetwood Mac – Rumours
  4. Eloy – Ocean
  5. Billy Joel – The Stranger
  6. Lynyrd Skynyrd – Street Survivors
  7. Scorpions – Taken By Force
  8. David Bowie – “Heroes”
  9. Yes – Going for the One
  10. UFO – Lights Out
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Jaisson Limeira
  1. Lynyrd Skynyrd – Street Survivors
  2. Eric Clapton – Slowhand
  3. Rush – A Farewell to Kings
  4. AC/DC – Let There Be Rock
  5. Queen – News of the World
  6. Bad Company – Burnin’ Sky
  7. Judas Priest – Sin After Sin
  8. UFO – Lights Out
  9. Kiss – Love Gun
  10. Scorpions – Taken By Force
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José Leonardo Aronna
  1. Jethro Tull – Songs from the Wood
  2. Yes – Going for the One
  3. Pink Floyd – Animals
  4. Eloy – Ocean
  5. David Bowie – Low
  6. Rush – A Farewell to Kings
  7. David Bowie – “Heroes”
  8. AC/DC – Let There Be Rock
  9. Renaissance – Novella
  10. Kraftwerk – Trans Europa Express
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Luiz Carlos Freitas
  1. Goblin – Suspiria
  2. Aerosmith – Draw the Line
  3. Meat Loaf – Bat Out of Hell
  4. Scorpions – Taken By Force
  5. Lynyrd Skynyrd – Street Survivors
  6. Billy Joel – The Stranger
  7. David Bowie – Low
  8. Fleetwood Mac – Rumours
  9. Iggy Pop – The Idiot
  10. Thin Lizzy – Bad Reputation
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Mairon Machado
  1. David Bowie – Low
  2. David Bowie – “Heroes”
  3. SBB – Ze Słowem Biegnę do Ciebie
  4. Recordando o Vale das Maçãs – As Crianças da Nova Floresta
  5. Yes – Going for the One
  6. Judas Priest – Sin After Sin
  7. Queen – News of the World
  8. Triumph – Rock & Roll Machine
  9. Supertramp – Even in the Quietest Moments…
  10. Kiss Love Gun

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