Por Mairon Machado
Convidados: Adriano "Groucho" KCarão e Marco Gaspari
O War Room desse mês é dedicado ao leitor Elardenberg, que nos indicou o álbum The Last Day, do grupo de mesmo nome, durante a matéria sobre os Melhores de Todos os Tempos do ano de 1972. Adriano KCarão, Marco Gaspari e Mairon Machado, conhecidos por admirar bandas um tanto obscuras, toparam conhecer o grupo ao mesmo tempo. Vamos para as opiniões do trio sobre o álbum dessa desconhecida banda de rock cristão dos anos 70.
1. God's Nature
Adriano: Ouvindo já.
Mairon: Soltei o play.
Marco: O Adriano com sua conexão movida a carro de boi.
Adriano: Legalzinho esse sax.
Mairon: Procurei nomes dos integrantes, historia do grupo ou qualquer outro fato mais importante relacionado a essa obra, mas não encontrei nada, somente o arquivo que o Elardenberg nos passou.
Adriano: Melhor assim. É legal experienciar obras de arte sem nenhuma informação prévia. A única informação prévia que considero essencial é: NÃO EH METÁU!!
Marco: Não nega que é americana... e vão pro céu, porque é bem legal essa primeira música.
Adriano: Eu tô bebendo cerveja enquanto escuto. É pecado?
Mairon: Eu to bebendo uisque, acho que também posso estar pecando.
Marco: Alguém sabe o ano?
Adriano: 72, não?
Mairon: Sim, 1972. Gostei desse início. Vocalizações suaves, uma boa guitarra e com certeza, o saxofone se destacando.
Adriano: Só o Elardenberg sabe as informações. Acho que é a banda dele.
Mairon: Pior que pelo que consta, nem ele sabe mais nada além do link.
Marco: Meio atrasado o som... pensei que fosse antes de 70.
Adriano: É muito jazz. Jazz pop.
Mairon: Não encontrei nada de progressivo até agora, mas é bom de ouvir. A letra pelo jeito é muito evangélica, mas não vou me deter nisso.
Marco: Sax'n'jazz'pop&roll, segundo o progarchive.
Mairon: O site nos passado indica: Classic Rock/Folk Rock.
Adriano: Curti as vocalizações. Melhor do que quando o rapaz canta sozinho. Eu não levo a sério a minha própria opinião quando escuto algo pela primeira vez, então também não levem, leitores.
2. I Hear The Lord
Mairon: Oh, uma moça cantando. Essa já é mais folk. Me lembra Joan Baez.
Adriano: Opa, essa vai ser power pop??
Mairon: De novo o saxofone se destacando.
Adriano: Só sei que é boa! Essa eu tô curtindo mais. Violãozinho, uns tímpanos meio deslocados, mas esse vocal e o sax.
Mairon: Creio que o único pecado é a letra evangélica, pois o som é bom.
Adriano: "I want you, I need you, I love you" haha.
Marco: Putz. Joan Baez? Forçou agora... incrível como tinha banda boa e desconhecida...
Mairon: Isso é verdade Marco.
Adriano: Acho meio tosco essas coisas de letra romântica que a galera transplanta pra letras evangélicas. Mas o próprio termo rock 'n' roll tem origem evangélica e foi transplantado pro rock "pagão", então tá perdoado. Em nome do Senhor!
Marco: Mas insisto que esse disco tem cara de anos 60.
3. Cloud Of Glory
Mairon: Oh, Lynyrd Skynyrd com saxofone. Muito bom.
Adriano: Não fosse o sax, eu ia pensar que era Lynyrd Skynyrd agora.
Mairon: Bah, mudou tudo, que misturança. Esse saxofone está fazendo misérias.
Adriano: Opa, mudou haha!
Mairon: Eu acho que tem uma cara flower-power mesmo.
Adriano: Mas é bem soft, bem pop, bem fresco. haha.
Mairon: Olha só que vocalizações.
Marco: Acho normal o sax. Melódico e safadinho, como todo padre mal intencionado.
Adriano: Hahaha!
Mairon: Ahuahuahauhauauau!
Adriano: Tá parecendo o Sly & the Family Stone.
Mairon: Não, o Sly era do coisa-ruim.
Marco: Se entender as letras estraga.
Adriano: Eu escuto Catedral, com seus hits "Chame a Deus", "Bendize Ó Minh'Alma" e tô achando tudo lindo. Não sei por que o Mairon se incomoda com as letras. Logo ele que escuta tanto Yes!
Mairon: Imaginem ir para uma igreja e ouvir esse lindo solo de guitarra.
Marco: Gostoso esse solinho. Elardenberg vai pro céu.
Mairon: As letras do Yes são ótimas. Essas letras evangélicas não combinam com o meu pensamento, me desculpem.
Adriano: Cara, isso é Lynyrd Skynyrd convertido pelo pastor Sly Stone.
Marco: Também pode ser o Grateful dead de 71/72, com outros vocais.
Adriano: Pow, Mairão, vc não curte nem os Byrds cantando "I like the christian life"?
Mairon: Não curto Byrds.
4. Come On Home
Mairon: Essa é mais flower-power impossível.
Adriano: Voz e violão.
Marco: Muito bom... muito bom... muito bom... acho que vou gastar os muito bom aqui pra não ter que ficar me repetindo.
Adriano: A cerveja acabou aqui. Mas Deus proverá!
Mairon: Essa levadinha acústica, e esse vocal feminino com o masculino, são belíssimos. Estou sendo levado pelos braços do Senhor ouvindo esse álbum. Grata surpresa. Muitas variações.
Adriano: Indo pegar mais cerveja.
Mairon: O Elardenberg não irá gostar , aheaheoiea
Marco: Eu quero que progressivo se foda. Pau na bunda do Magma. Vou me converter.
Mairon: Cara, esse saxofonista é o David Jackson cristão.
Marco: Muita maconha na casa do senhor.
Adriano: Hahaha! Gente, sério, tô achando o disco legal, mas por enquanto nada impressionante. Bom mermo são as banda gospel brasileira.
Mairon: As bandas gospel americanas são excelentes. Aquele filme, Matadores de Velhinha, tem uma trilha sonora foderosa.
Marco: Eu gosto... quero que você se dane, Adriano.
Adriano: De que adianta ir à missa se você manda seu colega consultor se danar?
Mairon: Eu estou gostando também. Bom de ouvir em um dia como hoje, chuvoso
Adriano: Aqui não tá chovendo. Quer dizer, tá chovendo graças do Senhor
5. Saxiano
Mairon: Uma balada com piano. Acho que o disco caiu um pouco seu nível nesse momento. O início foi muito bom, mas agora começa a ficar meio maçante. O nome representa bem o que é a canção, apenas sax e piano, nada de mais. Bonito até, pensei errado no seu início.
Adriano: Hahaha!
6. What Ya Gonna Do
Mairon: Boas vocalizações, mas o que se destaca mesmo é o saxofone, não dá para negar.
Adriano: Bem, depois da "Saxiano", o sax entra arrasando corações. Parece música de comercial! Esses caras estavam à frente de seu tempo. Isso é a cara da música genérica dos anos 90.
Mairon: Será que são dois saxofonistas?
Adriano: Parecem ser 2 sax, sim.
Marco: O cara do saxofone comprou o sax por aqueles dias. Só ele quer tocar.
Mairon: Esse som da bateria para mim é algo que me encanto totalmente. Olha a virada da canção. Agora sim, as vocalizações tem força.
Adriano: São dois sax. Resta saber se são dois saxofonistas ou se é um aloprado, como o Ara Tokatlián do Arco Iris.
Mairon: Belo disco Adriano, aliás.
Adriano: Hahaha! Verdade! Mas se fosse guitarra ninguém tava estranhando.
Mairon: Mas com o saxofone ficou muito bom e diferente.
Adriano: O Gaspari tem algo contra sax presente. Três sessões de análise e eu descubro por que ele odeia Supertramp!
Marco: Nada contra, Adriano, não precisa ofender citando o Supertramp.
Mairon: É que o Marco gosta só do David Jackson. Nem o Coltrane é um bom saxofonista para ele.
Adriano: Mas ele ama o Van der Graaf Generator. É amor e ódio!
Mairon: Essa baladinha não agradou.
Adriano: Cara, é sério. É comercial de quê? Maio é o mês das noivas e tal...
Marco: Como toda missa, não vejo a hora em que acaba... vamos lá, Aleluia...
Mairon: O álbum começou muito bem, mas caiu bastante nesse que suponho seja o Lado B
7. Sittin On A Thought
Mairon: Outra baladinha.
Adriano: Já passou a hora das ofertas.. Já pegaram o dinheiro, tão se lixando pra qualidade..
Marco: Não tem esta mýusica aqui...
Adriano: "mýusica" O Gaspari tá falando kobaïan.
Mairon: Opa! Sério?
Marco: Achei... tava se confessando. Já voltou.
Mairon: Heuaheuaheuhueae. Acho que vamos perder um leitor depois dessa.
Marco: Esqueceu que tô sem dedo?
Adriano: Cara, eu repito: não levem a sério meus comentários em uma primeira audição. Eu só iria elogiar o disco se ele fosse MUITO MUITO diferente de tudo o que eu já ouvi.
Marco: Esse disco podia acabar na quinta música. seria perfeito. Top 10 pra se levar no bazar da paróquia.
Adriano: Tô só ouvindo e dizendo com que eu acho parecido.
Mairon: Decepcionante esse Lado B. Ainda mais depois do ótimo início.
Adriano: O início não me agradou tanto, mas era bem diferenciado. Agora tá muito genérico. Prefiro o Pe. Fábio de Melo.
Marco: Que raio de comentário é esse, Adriano?
Adriano: Qual, Marco?
Marco: Diferenciado, genérico...
Mairon: Eu prefiro a Mara Maravilha
Marco: Mãe, falta muito? tô apertado!
8. One In The Spirit
Adriano: Opa!
Mairon: Finalmente, voltou a pegada do início.
Adriano: Ei, essa eu gostei! hahaha. Parece o quê? Me lembra algo..
Mairon: Lembra The Band.
Adriano: "It's the time of the season for loving..." ... The Zombies
Mairon: Também.
Adriano: Enfim, é bem peculiar. Interessante. A construção em cima dos violões ficou bacana. A alternância entre vocal masculino e feminino também. Preciso falar do sax? Haha! A bateria já tava enchendo o saco.
Mairon: Disse tudo Adriano.
Adriano: Opa! Mudaram. Já era tempo, de fato.. Sou o cara do sax. hahaha
Marco: Boa!
Adriano: Olha isso!
Marco: Só o Adriano quer comentar... tô ficando acuado aqui
Adriano: Sax e violão fazendo dueto em riff de encerramento. Essa banda sabia inovar de vez em quando!
Mairon: O problema é que não me identifico com a letra, e acho que isso está comprometendo a audição.
Adriano: Pow, Mairão. É hora de aceitar Jesus, cara! Jesus te ama, e o Marco também!
Mairon: Eu amo o Marco, mas não consigo me simpatizar com Jesus, O Senhor!
Adriano: Eu nunca tive problema com letras cristãs. Quando digo que sou fã de Catedral e Oficina G3, todo mundo pensa que é onda, mas é sério.
Mairon: Catedral é a banda aquela que o vocalista imita o Renato Russo?
Adriano: Mas Catedral >>> Legião Urbana (PEDRAS, MICAEL!!!)
Marco: Vocês falam muito, eu não consigo escutar a música.
9. Heaven In Your Heart
Mairon: Mais uma balada, essa bem folk.
Adriano: O vocal dessa moça no fundo fica interessante. O vocal do rapaz em primeiro plano nem tanto.
Mairon: Essa não tem saxofone, vocês perceberam?
Adriano: O saxofonista deve tá rezando ajoelhado no milho. Pecado da Soberba. Ou então foi comungar.
Marco: Tô achando decepcionante esse lado 2... vou prum centro espírita.
Mairon: Eu também Marco. Viram a capa do LP? Muito "bonita". Parece que foi meu enteado que pintou.
Adriano: Vi não!
Marco: Já comi.
Adriano: Já comeu quem?
Marco: A Soberba. Um pecado!
Adriano: Essa capa é um cenário da She-Ra? Tem que encontrar aquele bichinho?
10. Joyful Noise
Mairon: Para quem gosta de Jorbe Ben, esse início é perfeito!
Adriano: Haha. O saxofonista voltou.
Mairon: Mas já mudou. Essas inclusões de Jesus para lá, jesus para cá, não me agrada. Os saxofonistas mandando ver.
Marco: Sei lá Mairon, acho bom você não publicar esse War Room...
Mairon: Claro que vou, somos homens para assumir nossas opiniões.
Marco: Que opinião? Paramos na quinta música. O resto foi o Adriano pregando.
Mairon: UAHOEHOAIHEOAIHEO. Os discos gospel do Bob Dylan são melhores que esse!
Adriano: Cara, eu acho legal a construção sobre bases do violão
Marco: Faltou força no martelo.
Mairon: Taí Marco, uma guitarrinha para encerrar o álbum com estilo.
Adriano: Opa! Tem um guitarrista, galera! É o George Benson?
Marco: Hehe... parece.
Mairon: Lembra bastante.
Adriano: Esses violões não lembram o Arco Iris, Mairão? Com bem menos qualidade, claro, por que Arco Iris > Jesus
Mairon: Não, Arco Iris é melhor.
Adriano: Próximo war room vai ser com Catedral.
Mairon: O Marco escolhe o próximo.
Considerações Finais
Mairon: Gostei muito do início do disco, mas depois, as baladas diminuiram bastante o tesão que o álbum havia provocado.
Marco: Mi consi fin é q gos d dis pe meta .
Mairon: GENIAL MARCO!
Adriano: Caralho, o Marco perdeu todos os dedos???
Mairon: E tam gos d dis pe meta, a pri meta.
Marco: Adriano, vou ter que contar a piada?
Mairon: Adriano, não peça isso, por favor
Adriano: E n gos d dis, M gos d Elard.
Mairon: E tam gos do Elard.
Adriano: Desculpem, eu estava distraído. Colocando pra ouvir "Where Is Yesterday" do United States of America, faixa que começa parecendo uma missa
Mairon: Esperava bem mais do álbum, mas agora entendo por que ele é tão raro.
Marco: Bom, o disco lembra um monte de coisas bacanas que eu não consigo lembrar. Depois cansou. E muito. Vou cumprimentar só o lado A do Elardemberg.
Mairon: Não é algo que eu vá ouvir diariamente, mas não posso negar que o lado A é muito bom.
Adriano: Falando sério - o quanto a cerveja permitir -, a princípio só não gostei de o disco ser bem soft, bem pop. Depois ele ficou meio qualquer coisa, mas a banda surpreende às vezes. Sei lá, esses anos de 68 a 75 oferecem tantas coisas maravilhosas, que é meio apelação comentar esse disco assim principalmente se for o Tago Mago. Programem-se.
Marco: É isso aí... agradeço a oportunidade de me reunir com tão nobres companheiros, mas a mulher me chama...
Adriano: Até o próximo culto. Paz do Senhor, irmãos!
Mairon: Valeu meus caros, até a próxima. Em nome do senhor Steve Howe e da deusa David Bowie.
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