segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Frank Zappa - Guitar [1988]


 
Por Mairon Machado (Publicado originalmente no blog Consultoria do Rock)


Há alguns anos, conversando com um grande amigo meu especialista em Frank Zappa, fui indagado: "Cara, qual disco do Zappa tu recomendarias para alguém que nunca ouviu?". Na hora eu respondi: "Grand Wazoo", e ele balançou a cabeça negativamente, dizendo que não servia e tecendo dezenas de razões para as quais uma pessoa que nunca ouvira Zappa sairia correndo ao ouvir aquele que é o melhor disco já lançado por ele na minha opinião.

Ficamos sem resposta, e depois de muitas semanas, voltei na casa dele e falei: "
In New York". Novamente não deu certo. A coisa inveredou por anos, mas recentemente, quase nove anos depois, eu falei com ele de novo e perguntei: "Lembra daquele disco do Zappa que eu recomendaria? Pois esse é o Guitar!!!". Como uma alegria de final de futebol, largamos um "aeeeeew, é Esse" e fomos ouvir a bolacha dupla lançada em 1988.

Frank Zappa em ação no ano de 1981
O leitor pode até achar estranho, um LP do Zappa, lançado em 88, ser o mais indicado para ser iniciado na carreira do maior gênio da música no século passado, só que com certeza o é. Dentro de uma carreira tão vasta quanto a de Zappa, que para os perdidos era um excelente guitarrista, ótimo compositor, maestro, vocalista, inventor, mestre, pai, mãe, filho, sobrinho e tudo o mais que você possa imaginar, Guitar apresenta apenas solos de Zappa gravados entre 1979 e 1984, desmistificando o que muitos arrotam por ai na maior ignorância, que Zappa sempre se apoiou em grandes guitarristas para fazer seus solos.

Longe disso, Zappa foi um dos principais guitarristas de todos os tempos, e nas 19 faixas do vinil (32 no CD duplo), ouvimos e aprendemos que subir no palco não é para qualquer um, já que Zappa e banda exalam virtuosismo, técnica e feeling.


Banda de Zappa com Steve Vai (mostrando o peito)


Com músicos como Steve Vai, Vinnie Colaiuta,  Bobby Martin, Ike Willis, Scott Thunes, entre outros, o que torna esse LP mais apetitoso é o fato de podermos ouvir vários gêneros que Zappa construiu durante toda sua carreira, e que ficavam relegados apenas a álbuns específicos (como o rock de Hot Rats ou a psicodelia de Sleep Dirt). Assim, ouvimos blues ("Sexual Harassment in the Workplace", "For Duane"), rock'n'roll ("Sunrise Redeemer", "Jim & Tammy's Upper Room", "Winos Do Not March"), muita psicodelia ("Republicans", "Once Again, ,Without the Net", "Move It or Park It", "But Who Was Fulcanelli"), reggae ("That's Not Really Reggae"), boogie ("Systems of Edges") e saborosas baladas zappianas ("Do Not Pass Go", "When No One Was No One", "Outside Now", "Were We Ever Really Safe in San Antonio?")

Destaques maiores para o embriagante reggae de "Things that Look Like Meat", a linda viagem de "GOA", o delírio musical de "That Ol' G Minor Thing Again" e o excepcional encerramento com o melhor solo da história do rock, "Watermelon in Easter Hay", em uma versão comovente e de chorar.

A resposta foi achada, e depois de ouvir esse LP, basta pegar seu estilo preferido e ir atrás dos demais discos de Zappa que se encaixam no mesmo.

Zappa e banda, em um show de 1984
Track list (do vinil):
1. Sexual Harassment in the Workplace
2. Republicans

3. Do Not Pass Go
4. That's Not Really Reggae
5. When No One Was No One
6. Once Again, without the Net
7. Outside Now
8. Jim & Tammy's Upper Room
9. Were We Ever Really Safe in San Antonio?
10. That Ol' G Minor Thing Again
11. Move It or Park It
12. Sunrise Redeemer
13. But Who Was Fulcanelli?
14. For Duane
15. GOA

16. Winos Do Not March
17. Systems of Edge
18. Things That Look Like Meat
19. Watermelon in Easter Hay

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