No dia 15 de dezembro de 1969, morria um Rei, com apenas um ano e um mês. Nesse período, os súditos do Rei, batizado de Escarlate, foram agraciados pela doação generosa de uma obra-prima, In the Court of Crimson King.
Greg Lake (baixo, vocais), Robert Fripp (guitarras, violões), Ian McDonald (saxofone, flauta, mellotron), Michael Giles (bateria, percussão) e Peter Sinfield (letras, iluminação) eram as partes do corpo desse Rei, fazendo-o caminhar pela Terra e conquistando uma legião de seguidores pela Europa e América.
Lake era a voz, colocando para fora os brilhantes pensamentos da mente Sinfield. O coração palpitante era comandado por Fripp, que sustentava-se na força das pernas de Giles. Por fim, McDonald exercia as demais funções vitais do Rei, e assim, o grupo saiu do anonimato em pequenos pubs londrinos para abrir o show dos Rolling Stones no Hyde Park, em 05 de julho de 1969, quando mais de 600 mil pessoas aplaudiram o quarteto em pé, durante a execução de uma de suas peças mais admiradas, "21st Century Schizoid Man".
Em outubro, foi lançado In the Court of Crimson King, e o grupo partiu para sua primeira excursão pelos Estados Unidos, quando Giles e McDonald decidiram não mais serem servos do Rei Escarlate e partiram para outro reinado.
O Rei perdeu suas forças, e acabou mudando de personalidade com o passar dos anos, ora com mais força, ora quase que oprimido na obscuridade, e deixou seu primeiro ano de vida marcado na história da música.
Vinte e sete anos após sua morte, finalmente o Epitáfio foi colocado em seu túmulo, na forma de uma belíssima coletânea chamada Epitaph. São quatro volumes, lançados em 1997, que resgatam diversas raridades relacionadas a primeira encarnação do grupo.
A coletânea saiu originalmente em uma versão apenas com os Volumes I e II, acompanhando um flyer que informava como obter os Volumes III e IV através dos correios (lembrando que Epitaph foi lançado pelo selo independente Discipline Global Mobile, pertencente à Robert Fripp, sendo respectivamente o terceiro lançamento do selo).
Parte do encarte do primeiro CD |
Posteriormente, os últimos volumes ganharam uma versão para ser vendida nas lojas, e assim, ficamos com dois CDs duplos que atingem em cheio aos saudosistas de plantão, e mostram como o King Crimson foi uma banda totalmente inovadora em sua época. O CD 1 está com os Volumes I e II, enquanto o CD 2 está com os volumes III e IV.
O primeiro volume é o único que não possui uma apresentação na íntegra dessa formação, mas sim, uma compilação reunindo canções interpretadas tanto na BBC quanto nos saudosos Fillmore East (Nova Iorque) e Fillmore West (San Francisco). O CD abre com a primeira apresentação do grupo no Maida Vale Studios, para a BBC Radio, no dia 06 de maio de 1969, interpretando "21st Century Schizoid Man" e "In The Court of the Crimson King", sendo "21st Century Schizoid Man" a primeira gravação oficial do King Crimson que se tem notícias, pulando para uma apresentação no mesmo programa, porém no dia 19 de agosto do mesmo ano, com a inédita "Get Thy Bearings" (original de Donovan) e a faixa que dá título a série.
Por fim, três canções no Fillmore nova-iorquino ("A Man, A City", versão original de "Pictures of a City", "Epitaph" e "21st Century Schizoid Man"), registradas na data de 21 de novembro de 1969, e as inéditas "Mantra", "Travel Weary Capricorn", "Travel Bleary Capricorn" e "Mars", registradas no dia 13 de dezembro de 1969 no Fillmore de San Francisco.
A qualidade da gravação das canções na BBC são excelentes, apesar de "21st Century Schizoid Man" ter sido retirada de um bootleg italiano, enquanto "In the Court of the Crimson King" foi retirada das fitas originais da BBC, e surge com pequenas modificações, tanto na letra quanto no solo de flauta. "Epitaph" também foi retirada da fita master, e "Get Thy Bearings" possui alguns ruídos, já que a gravação foi retirada de um registro feito por um fã diretamente da transmissão do programa, no dia 07 de setembro de 1969, mas nada que atrapalhe o prazer de ouvir a fusão de jazz com rock que Robert Fripp e cia. trouxeram para o grande público.
A gravação no Fillmore East foi fornecida por Giles, que possuía cópias das gravações originas em 8-pistas das apresentações do grupo em Nova Iorque, e possuem boa qualidade também. Destaque para "A Man A City", que ainda estava sendo moldada para se tornar a Maravilhosa canção que abre In the Wake of Poseidon. Já a apresentação no Fillmore West, também doada por Giles, destaca as quatro peças inéditas, repletas de improvisos, e em especial a loucura mellotrônica de "Mars", inspirada na obra de Gustav Holtz.
O segundo volume apresenta o último show da primeira formação do King Crimson em sua integridade, realizado no dia 15 de dezembro de 1969. Os registros originais foram cuidadosamente restaurados, e se não fossem as indicações que cortes acabaram sendo feitos na versão final (como em "Drop In", na qual está faltando uma parte do solo de Fripp), jamais saberíamos, tamanha a perfeição e qualidade do resultado final. Chama a atenção a citada "Drop In", versão original para "Islands" e uma versão mais madura de "A Man A City", com a letra quase completa, além da brutalidade de "Mars". Um show comovente, principalmente por que já se sabia que Giles e McDonald estavam saindo do grupo.
No encarte desse primeiro CD, notas para as canções registradas, escritas pelo jornalista David Singleton, uma longa discussão de Robert Fripp sobre vários aspectos relacionados a primeira formação do Rei Escarlate, como opinião sobre os músicos, material registrado, as performances ao vivo, tecnologia empregada pelo grupo, a gravação de In the Court of the Crimson King, entre outros tópicos interessantes, relatados em vinte e quatro páginas. Há ainda pequenos depoimentos individuais de Ian McDonald, Greg Lake, Peter Sinfield e Michael Giles, e como nota de rodapé, em cada página, as apresentações realizadas pela primeira formação do King Crimson, desde a primeira, no dia 09 de abril de 1969, no Speakeasy, em Londres, até o show de 11 de julho de 1969, no clube Mistrale, em Beckenham.
O CD 2, compreendendo os volumes III e IV, apresenta mais dois shows na íntegra. No volume III, uma compilação de cinco diferentes bootlegs resgata o show do grupo em Plumpton, no dia 09 de agosto de 1969. O repertório é parecido com o do Volume I, sem "Epitaph" e "A Man A City". "Get Thy Bearings" é a única canção que acabou tendo seu início "recriado" pra o lançamento, já que nenhum dos bootlegs contém o mesmo. A qualidade de gravação é regular, com alguns ruídos que não chegam a tornar a audição impossível.
O último volume foi retirado da coleção particular de Robert Fripp, e apresenta o show do King Crimson realizado no Chesterfield Jazz Club, em 07 de setembro de 1969, e particularmente, é o melhor dos volumes inseridos em Epitaph. O show ocorreu pouco depois de serem concluídas as gravações de In the Court of Crimson King, e mostram um grupo afiadíssimo, fazendo uma interpretação perfeita para "21st Century Schizoid Man", "Epitaph" e "Mars". A lamentar apenas a ausência de "I Talk to the Wind" e "In the Court of Crimson King", que apesar de serem interpretadas naquela noite por conta de problemas com o mellotron, que ficou desafinado, a Discipline julgou melhor não lançar essas versões.
No encarte do segundo CD, também com vinte e quatro paginas, comentários individuais sobre as personalidades do quinteto (incluindo Sinfield), uma longa entrevista com Rickard Vickers, roadie do grupo naquele período, uma breve entrevista com Robert Fripp e mais uma sequência de shows do Rei Escarlate nos rodapés, começando em 06 de julho, no Race Curse de Nottingham, e encerrando com o show no Lyceum de Londres, em 12 de setembro. Em ambos os encartes, muitas fotos até então inéditas, que só aguçam ainda mais a aquisição das bolachas.
Um epitáfio perfeito para celebrar e manter a memória do Rei sempre presente entre seus súditos e descendentes.
Track list
O primeiro volume é o único que não possui uma apresentação na íntegra dessa formação, mas sim, uma compilação reunindo canções interpretadas tanto na BBC quanto nos saudosos Fillmore East (Nova Iorque) e Fillmore West (San Francisco). O CD abre com a primeira apresentação do grupo no Maida Vale Studios, para a BBC Radio, no dia 06 de maio de 1969, interpretando "21st Century Schizoid Man" e "In The Court of the Crimson King", sendo "21st Century Schizoid Man" a primeira gravação oficial do King Crimson que se tem notícias, pulando para uma apresentação no mesmo programa, porém no dia 19 de agosto do mesmo ano, com a inédita "Get Thy Bearings" (original de Donovan) e a faixa que dá título a série.
Uma das várias fotos no encarte do primeiro CD |
Por fim, três canções no Fillmore nova-iorquino ("A Man, A City", versão original de "Pictures of a City", "Epitaph" e "21st Century Schizoid Man"), registradas na data de 21 de novembro de 1969, e as inéditas "Mantra", "Travel Weary Capricorn", "Travel Bleary Capricorn" e "Mars", registradas no dia 13 de dezembro de 1969 no Fillmore de San Francisco.
A qualidade da gravação das canções na BBC são excelentes, apesar de "21st Century Schizoid Man" ter sido retirada de um bootleg italiano, enquanto "In the Court of the Crimson King" foi retirada das fitas originais da BBC, e surge com pequenas modificações, tanto na letra quanto no solo de flauta. "Epitaph" também foi retirada da fita master, e "Get Thy Bearings" possui alguns ruídos, já que a gravação foi retirada de um registro feito por um fã diretamente da transmissão do programa, no dia 07 de setembro de 1969, mas nada que atrapalhe o prazer de ouvir a fusão de jazz com rock que Robert Fripp e cia. trouxeram para o grande público.
A gravação no Fillmore East foi fornecida por Giles, que possuía cópias das gravações originas em 8-pistas das apresentações do grupo em Nova Iorque, e possuem boa qualidade também. Destaque para "A Man A City", que ainda estava sendo moldada para se tornar a Maravilhosa canção que abre In the Wake of Poseidon. Já a apresentação no Fillmore West, também doada por Giles, destaca as quatro peças inéditas, repletas de improvisos, e em especial a loucura mellotrônica de "Mars", inspirada na obra de Gustav Holtz.
O segundo volume apresenta o último show da primeira formação do King Crimson em sua integridade, realizado no dia 15 de dezembro de 1969. Os registros originais foram cuidadosamente restaurados, e se não fossem as indicações que cortes acabaram sendo feitos na versão final (como em "Drop In", na qual está faltando uma parte do solo de Fripp), jamais saberíamos, tamanha a perfeição e qualidade do resultado final. Chama a atenção a citada "Drop In", versão original para "Islands" e uma versão mais madura de "A Man A City", com a letra quase completa, além da brutalidade de "Mars". Um show comovente, principalmente por que já se sabia que Giles e McDonald estavam saindo do grupo.
No encarte desse primeiro CD, notas para as canções registradas, escritas pelo jornalista David Singleton, uma longa discussão de Robert Fripp sobre vários aspectos relacionados a primeira formação do Rei Escarlate, como opinião sobre os músicos, material registrado, as performances ao vivo, tecnologia empregada pelo grupo, a gravação de In the Court of the Crimson King, entre outros tópicos interessantes, relatados em vinte e quatro páginas. Há ainda pequenos depoimentos individuais de Ian McDonald, Greg Lake, Peter Sinfield e Michael Giles, e como nota de rodapé, em cada página, as apresentações realizadas pela primeira formação do King Crimson, desde a primeira, no dia 09 de abril de 1969, no Speakeasy, em Londres, até o show de 11 de julho de 1969, no clube Mistrale, em Beckenham.
O segundo CD de Epitaph |
O CD 2, compreendendo os volumes III e IV, apresenta mais dois shows na íntegra. No volume III, uma compilação de cinco diferentes bootlegs resgata o show do grupo em Plumpton, no dia 09 de agosto de 1969. O repertório é parecido com o do Volume I, sem "Epitaph" e "A Man A City". "Get Thy Bearings" é a única canção que acabou tendo seu início "recriado" pra o lançamento, já que nenhum dos bootlegs contém o mesmo. A qualidade de gravação é regular, com alguns ruídos que não chegam a tornar a audição impossível.
O último volume foi retirado da coleção particular de Robert Fripp, e apresenta o show do King Crimson realizado no Chesterfield Jazz Club, em 07 de setembro de 1969, e particularmente, é o melhor dos volumes inseridos em Epitaph. O show ocorreu pouco depois de serem concluídas as gravações de In the Court of Crimson King, e mostram um grupo afiadíssimo, fazendo uma interpretação perfeita para "21st Century Schizoid Man", "Epitaph" e "Mars". A lamentar apenas a ausência de "I Talk to the Wind" e "In the Court of Crimson King", que apesar de serem interpretadas naquela noite por conta de problemas com o mellotron, que ficou desafinado, a Discipline julgou melhor não lançar essas versões.
Parte do encarte do CD 2 |
No encarte do segundo CD, também com vinte e quatro paginas, comentários individuais sobre as personalidades do quinteto (incluindo Sinfield), uma longa entrevista com Rickard Vickers, roadie do grupo naquele período, uma breve entrevista com Robert Fripp e mais uma sequência de shows do Rei Escarlate nos rodapés, começando em 06 de julho, no Race Curse de Nottingham, e encerrando com o show no Lyceum de Londres, em 12 de setembro. Em ambos os encartes, muitas fotos até então inéditas, que só aguçam ainda mais a aquisição das bolachas.
Um epitáfio perfeito para celebrar e manter a memória do Rei sempre presente entre seus súditos e descendentes.
Os quatro volumes de Epitaph |
Track list
Disco 1
1. 21st Century Schizoid Man
2. In The Court of the Crimson King
3. Get Thy Bearings
4. Epitaph
5. A Man, a City
6. Epitaph
7. 21st Century Schizoid Man
8. Mantra
9. Travel Weary Capricorn
10. Improv - Travel Bleary Capricorn
11. Mars
1. In The Court of the Crimson King
2. Drop In
3. A Man, a City
4. Epitaph
5. 21st Century Schizoid Man
6. Mars
Disco 3
1. 21st Century Schizoid Man
2. Get Thy Bearings
3. In The Court of the Crimson King
4. Mantra
5. Travel Weary Capricorn
6. Improv
7. Mars
Disco 4
1. 21st Century Schizoid Man
2. Drop In
3. Epitaph
4. Get Thy Bearings
5. Mantra
6. Travel Weary Capricorn
7. Improv
8. Mars
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