O violino é um instrumento que não raramente aparece em obras relacionadas ao rock. U2, Guns N' Roses, Pink Floyd, Metallica são alguns exemplos de grandes bandas que utilizaram o instrumento para valorizar suas músicas. Alguns grupos por outro lado, colocaram o violino como instrumento de frente, ao lado da guitarra, e consagraram-se pela inovação e criatividade. Essa lista mostra cinco deles, um de cada estilo relacionado ao rock, abrindo espaço para você leitor trazer outros nomes que tiveram que ficar de fora por conta do nome da coluna.
Sem dúvidas, o rock progressivo foi o gênero que mais álbuns com violinos forneceu ao mercado da música. King Crimson, Premiata Forneria Marconi, Electric Light Orchestra, UK e Mahavishnu Orchestra são alguns dos diversos exemplos que trouxeram esse elemento da música clássica para o rock com qualidade. Porém, eu cito o primeiro álbum do Curved Air como único nessa lista por que dentre os violinistas do rock, Darryl Way é o que melhor sabia compor com o instrumento. Os demais apenas eram um complemento da obra, mas no Curved Air, o violino sempre foi o instrumento principal, junto a guitarra de Francis Monkman e a voz da linda Sonja Kristina, tanto que oito das dez canções do álbum são de Way. Ouça por exemplo o solo de "It Happened Today" ou "Rob One" e perceba o que digo quanto a importância do instrumento para a canção, e principalmente, a introdução de "Screw" e diga que estou errado. Os duelos de violino e guitarra surgiram em peças chamadas "Hide and Seek", e "Stretch", que encantam pela velocidade e precisão dos dedos de Way e Monkman. A brilhante homenagem que Way faz para o compositor Antonio Vivaldi na Maravilhosa "Vivaldi" é de deixar qualquer um boquiaberto, através das citações para passagens da imponente "As Quatro Estações". Impossível não se emocionar com um solo tão magistral e sublime quanto o nesse LP registrado. O casamento do violino com o rock foi feito nessa canção, e somente ela já merece com que o álbum esteja nessa lista. Poderia ainda citar o fato de Air Conditioning ser o primeiro LP picture da história, mas isso é apenas um complemento para uma história pioneira que foi a inclusão definitiva do violino como instrumento principal na música pop. Depois viriam David Cross, Jean Luc-Ponty, Eddie Jobson, Mik Kaminski ...
Sonja Kristina (vocais), Darryl Way (violino, backing vocals), Francis Monkman (guitarras, teclados), Rob Martin (baixo), Florian Pilkington-Miksa (bateria)
1. It Happened Today
2. Stretch
3. Screw
4. Blind Man
5. Vivaldi
6. Hide and Seek
7. Propositions
8. Rob One
9. Situations
10. Vivaldi (With Cannons)
Que o Jefferson Airplane sempre foi um grupo de relevância na música internacional ninguém duvida. Suas canções de protesto e a forte simbologia hippie colocaram o grupo na primeira posição para simbolizar a geração flower-power. No final da curta carreira dos californianos, as brigas internas levaram a diversas mudanças na formação, e também na sonoridade. O último e excepcional álbum do grupo trouxe como novidade o violinista Papa John Creach, que já havia feito participações especiais no álbum Bark (1970), mas em 72, foi efetivado como membro oficial, e mostrou do que era capaz duelando com a lisérgica guitarra de Jorma Kaukonen e ajudando a tornar as polêmicas letras do álbum ainda mais interessantes. O dramático violino de Papa em "Easter?", "Aerie (Gangle of Eagles)", "The Son of Jesus" ou "Alexander the Medium" faz essas canções entrarem facilmente naquelas que você ouve pela primeira vez e sai assustado com o que surge dos sulcos do vinil, e em todas o violino é um instrumento essencial para transmitir a indignação e pregação contra a igreja e o catolicismo feita por Grace Slick e Paul Kantner, e o que Papa faz nas violentas "Eat Starcht Mom", "Twilight Double Leader" ou "Milk Train" nunca mais foi reproduzido em disco algum. O melhor disco de rock com violinos que já ouvi, e um aprendizado para aqueles que acham que o flower-power falava apenas sobre paz e amor.
Grace Slick (vocal e piano), Paul Kantner (guitarras, vocal), Jorma Kaukonen (guitarras, vocal), Jack Casady (baixo), Papa John Creach (violino), John Barbata (bateria em 1, 2, 4, 6, 8 e 9, tamborim), Joey Covington (bateria em 3 e 5), Sammy Piazza (bateria em 7)
1. Long John Silver
2. Aerie (Gang of Eagles)
3. Twilight Double Leader
4. Milk Train
5. The Son of Jesus
6. Easter?
7. Trial by Fire
8. Alexander the Medium
9. Eat Starch Mom
Depois de algum tempo na berlinda, Dylan voltou com tudo em 1975, com o aclamado Blood on the Tracks, e em 1976, lançou dois grandiosos álbuns, o ao vivo Hard Rain e o fantástico Desire. Nesse álbum, Dylan retoma suas raízes folks, contando com a essencial participação de Emmylou Harris nos vocais e da excelente violinista Scarlet Rivera, que deu toda uma diferença para o som de Dylan. O que Scarlet faz nas linhas orientais da desconhecida "One More Cup of Cofee", a espanhola "Romance in Durango" ou na emocionante "Oh Sister" fizeram com que Dylan novamente fosse reconhecido mundialmente. A clássica "Joey" mostra uma pequena pitada do talento da moça ao violino, mas o ápice da performance de Scarlet é a clássica "Hurricane", uma das melhores canções de Dylan, segundo ele próprio, sua única canção manifesto, que deveria ser levada para as aulas de história no mundo todo, para as pessoas aprenderem o que é racismo de verdade. As deliciosas viagens do violino durante toda a declamação da longa história sobre a prisão do boxeador Rubin "Hurricane" Carter levarão às lágrimas gerações e gerações de pessoas com o passar dos anos.
Bob Dylan (vocal, guitarra, harmônica, piano em 2), Scarlet Rivera (violino), Howard Wyeth (bateria, piano), Dominic Cortese (acordeão, bandolim), Rob Stoner (baixo, backing vocals)
Músicos adicionais
Emmylou Harris (vocais)
Ronee Blakley (backing vocals em 1)
Steven Soles (backing vocals em 1)
Luther Rix (congas em 1)
1. Hurricane
2. Isis
3. Mozambique
4. One More Cup of Coffee
5. Oh, Sister
6. Joey
7. Romance in Durango
8. Black Diamond Bay
9. Sara
O Kansas começou em 1973 com seus dois pés fincados no rock progressivo, mas com o passar dos anos, virou um dos principais expoentes do que convencionou-se chamar AOR. O álbum de transição foi Point of Know Return, lançado em 1978. Até ele, o grupo havia lançado pérolas maravilhosas, como "Incomudro - Hymn to the Atman" (Song for America, 1975), "The Pinnacle" (Masque, 1975), "Magnum Opus" (Leftoverture, 1976), mas foi nesse disco que Robby Steinhardt conseguiu igualar sua técnica ao incrível talento do guitarrista Kerry Livgren e da velocidade dos teclados de Steve Walsh, um dos músicos mais injustiçados da história (aliás, os seis músicos do Kansas são ótimos e muito desconsiderados nas listas de Melhores músicos que surgem ano pós ano). Provas incontestáveis do excelente trabalho de violino feito por Robby (que também é um ótimo vocalista) estão nos velozes duelos com a guitarra em "Lightning's Hand", as incansáveis mudanças de "Paradox" ou o estraçalhamento de cordas nas épicas "Hopelessly Human" e "Closet Chronicles", as duas últimas faixas progressivas lançadas pelos americanos. Para os saudosistas, o solo de "Dust in the Wind" ainda hoje faz calcinhas (e cuecas) melarem mundo afora. Disco obrigatório em qualquer discoteca apreciável, mesmo não sendo o melhor trabalho do grupo.
Steve Walsh - (vocal principal em 1, 2, 3, 4, 5, 7 e 9, sintetizadores, vibrafone, piano, backing vocals, percussão), Robby Steinhardt (violinos, vocal principal em 6, 8 e 10, violinos, viola, backing vocals), Kerry Livgren (guitarra, violões, sintetizadores, piano, percussão), Rich Williams (guitarra, violões) Phil Ehart (bateria, tímpano, sinos tubulares, percussão adicional), Dave Hope (baixo)
1. Point of Know Return
2. Paradox
3. The Spider
4. Portrait (He Knew)
5. Closet Chronicles
6. Lightning's Hand
7. Dust in the Wind
8. Sparks of the Tempest
9. Nobody's Home
10. Hopelessly Human
No atual mercado fonográfico, a Dave Matthews Band certamente é a principal representante entre as bandas que se arriscam a fugir da formação básica de baixo, guitarra e bateria, adicionando instrumentos de sopro e o violino e criando um som moderno, diferenciado e muito bom de se ouvir. Europe 2009 foi lançado durante a turnê de Big Whiskey and the GrooGrux King (2009), álbum gravado sob um clima de tristeza e agonia por conta da morte de um dos principais músicos do grupo, o saxofonista LeRoi Moore. A turnê trouxe muita emoção, e Europe 2009 - lançado em CD triplo + DVD - é uma excelente coletânea que serve para ver por que o grupo conquistou uma legião tão grande de admiradores. Dentre os inúmeros destaques, o violino de Boyd Tinsley é um deles, principalmente nos petardos certeiros de "Don't Drink the Water" e "The Dreaming Tree", as clássicas "Funny the Way It Is" e "Crash Into Me", mas principalmente nas explorações improvisicionais das longas "You Might Die Trying", "Lying in the Hands of God", "Jimi Thing", "Ants Marching", "Two Step", e a melhor de todas as canções da DMB, "#41", uma fusão perfeita de jazz, soul, groove e muito sentimento. Para ouvir e aprender sobre os novos (nem tão novos assim) bons sons de uma das melhores bandas da atualidade, agradando aos jovens e aos saudosistas sem nenhum esforço.
Dave Matthews (violão, vocais), Stefan Lessard (baixo), Boyd Tinsley (violinos, backing vocals), Carter Beauford (bateria, percussão, backing vocals)
Músicos adicionais
Jeff Coffin (saxofone)
Tim Reynolds (guitarras)
Rashawn Ross (trompete)
1. Don't Drink the Water
2. Shake Me Like a Monkey
3. You Might Die Tryig
4. Seven
5. Funny the Way It Is
6. So Damn Lucky
7. Everyday
8. Crash into Me
9. #41
10. Spaceman
11. Corn Bread
12. Lying in the Hands of God
13. Jimi Thing
14. Why I Am
15. The Dreaming Tree
16. Alligator Pie
17. Ants Marching
18. Gravedigger
19. Dive In
20. Two Step
21. Rye Whiskey
22. Pantala Naga Pampa
23. Rapunzel
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