A
Maravilhas do Mundo Prog continua apresentando as Maravilhas feitas
pelos principais nomes do rock progressivo britânico (Pink Floyd,
Emerson Lake & Palmer, King Crimson, Yes e Genesis). Depois de
passearmos por quatro canções criadas pelo Pink Floyd, vamos agora
conhecer o que o trio Keith Emerson (teclados, órgão, minimoog,
sintetizadores), Greg Lake (baixo, guitarra, vocais) e Carl Palmer
(bateria, percussão) construiu em sua fantástica carreira.
The Nice: David O'List, Lee Jackson e Keith Emerson
Fazendo
um retrospecto na história do grupo, esse é um dos raros exemplos no
qual uma banda que surge como um Supergrupo consegu dar certo. Já
apresentamos aqui uma Maravilha Prog criada pelo grupo, "Tocatta",
mas não foi apenas uma única peça musical que fez desse trio um dos
principais nomes na história do rock progressivo. Em seus dez anos de
duração (até a primeira separação oficial), foram oito álbuns de estúdio
e três álbuns ao vivo, todos essenciais para a compreensão do que
significa o rock progressivo.
Quando de sua formação, muito se especulou sobre o que viria a sair da cabeça desse trio. Afinal, a exclusividade da banda estava na figura de Keith Emerson. Saído do fabuloso The Nice, com quem lançou quatro discos de estúdio e um ao vivo, nesta banda ele já havia apresentado um protótipo do que veio a ser o Emerson Lake & Palmer, principalmente nos álbuns Nice (1969) e Five Bridges (1970), ao lado de Lee Jackson (baixo) e David O'List (bateria). Fazendo estripulias nos teclados, Emerson virou uma referência para o instrumento, principalmente por trazer ao palco um gigantesco moog valvulado (raro por sinal).
Quando de sua formação, muito se especulou sobre o que viria a sair da cabeça desse trio. Afinal, a exclusividade da banda estava na figura de Keith Emerson. Saído do fabuloso The Nice, com quem lançou quatro discos de estúdio e um ao vivo, nesta banda ele já havia apresentado um protótipo do que veio a ser o Emerson Lake & Palmer, principalmente nos álbuns Nice (1969) e Five Bridges (1970), ao lado de Lee Jackson (baixo) e David O'List (bateria). Fazendo estripulias nos teclados, Emerson virou uma referência para o instrumento, principalmente por trazer ao palco um gigantesco moog valvulado (raro por sinal).
King Crimson: Ian McDonald, Michael Giles, Peter Sinfield, Greg Lake e Robert Fripp
Porém,
o The Nice acabou após uma série de divergências até hoje nebulosas,
mas Emerson não queria sair do picadeiro. Aproveitando-se da separação
do King Crimson, Emerson conversou com o recém-amigo Greg Lake, que
fazia parte da banda de Robert Fripp. O King Crimson fez alguns shows
com o The Nice, e claro, nos bastidores, Emerson e Lake começaram a
criar uma sonoridade envolvendo apenas piano, baixo e voz, o que atiçou e
muito a imaginação da dupla.
Planejando uma sequência para o The Nice, Emerson sugeriu a formação de um trio apenas com baixo, teclados e bateria, o que foi prontamente aceito por Lake. O primeiro baterista da lista foi Mitch Mitchell. Como a Band of Gypsies de Jimi Hendrix também estava com os dias contados (banda da qual Mitchell fazia parte), seria o casamento perfeito. Inclusive, foi dessa situação que surgiu o boato no qual um novo grupo poderia ter surgido, o HELP, com Hendrix tocando guitarra junto de Emerson, Lake e Palmer, boato esse que só foi desmentido mais de quarenta anos depois, mais precisamente em 2012, quando Lake assumiu que nunca se quer houve a hipótese de colocar um guitarrista na banda.
Planejando uma sequência para o The Nice, Emerson sugeriu a formação de um trio apenas com baixo, teclados e bateria, o que foi prontamente aceito por Lake. O primeiro baterista da lista foi Mitch Mitchell. Como a Band of Gypsies de Jimi Hendrix também estava com os dias contados (banda da qual Mitchell fazia parte), seria o casamento perfeito. Inclusive, foi dessa situação que surgiu o boato no qual um novo grupo poderia ter surgido, o HELP, com Hendrix tocando guitarra junto de Emerson, Lake e Palmer, boato esse que só foi desmentido mais de quarenta anos depois, mais precisamente em 2012, quando Lake assumiu que nunca se quer houve a hipótese de colocar um guitarrista na banda.
Atomic Rooster: John DuCann, Vincent Crane e Carl Palmer
Mitchell
recusou a oferta, e então eis que surge o nome de Palmer. Baterista da
The Crazy World of Arthur Brown, Palmer em 1970 estava começando uma
carreira de respeito no Atomic Rooster. o primeiro trabalho do grupo
havia acabado de ser lançado, e entrado entre os cincoenta mais vendidos
no Reino Unido, o que fez com que o baterista recusasse a oferta
inicialmente.
Porém, depois de uma conversa e uma jam, o clima rolou, e então, o casamento aconteceu. Emerson, Lake & Palmer surge desbancando a importância de Keith Emerson. Todos eram iguais, todos eram a banda, e todos iriam se destacar. Unindo forças individuais, o grupo subiu ao palco pela primeira vez em 20 de agosto de 1970, e seis dias depois, tocou para mais de 600 mil pessoas durante o festival da Ilha de Wight, sendo este apenas o segundo show do grupo.
Porém, depois de uma conversa e uma jam, o clima rolou, e então, o casamento aconteceu. Emerson, Lake & Palmer surge desbancando a importância de Keith Emerson. Todos eram iguais, todos eram a banda, e todos iriam se destacar. Unindo forças individuais, o grupo subiu ao palco pela primeira vez em 20 de agosto de 1970, e seis dias depois, tocou para mais de 600 mil pessoas durante o festival da Ilha de Wight, sendo este apenas o segundo show do grupo.
Iremos
falar mais desse show quando da próxima Maravilha referente ao ELP
(como ficou conhecido ao grupo) e portanto, não entrarei em detalhes
aqui, mas podemos antecipar que a apresentação incendiária do trio
rapidamente fez com que a gravadora Island assinasse com a banda, e no
primeiro dia do ano de 1971, veio ao mundo o primeiro álbum do grupo.
ELP: Emerson, Lake & Palmer
Emerson, Lake & Palmer
é um apanhando de canções que mais parecem a junção de solos
individuais com mesclas de partes em grupo. Sem dúvidas, o maior
destaque vai para Emerson, que comanda joias como "The Barbarian",
"Knife-Edge" e "The Three Fates". Palmer é o homem principal em "Tank", e
Lake acabou gerando as canções mais conhecidas do álbum: "Take a
Pebble" e "Lucky Man", essa última, a primeira a contar com o registro
de um sintetizador moog como instrumento principal. O álbum fez um
estrondoso sucesso, conquistando a quarta posição no Reino Unido, e
claro, a exigência por mais não tardou.
Porém,
mesmo com pouco tempo de formação, o amadurecimento do trio foi muito
rápido. Ainda em janeiro de 1971, em apenas seis dias, eles entraram nos
estúdios da Advision, em Londres, registrando lá o segundo álbum. Tarkus
chegou às lojas em junho do mesmo ano, e mostrou que sim, era possível o
ELP sobreviver como um grupo, e não com trabalhos individuais. A maior
prova disso se encontra logo na suíte de abertura do LP, que carrega o
nome do mesmo em mais de vinte minutos de duração, ocupando todo o Lado
A.
Capa dupla de Tarkus, contando a história da suíte que ocupa o Lado A
O
nome "Tarkus" refere-se ao gigantesco Tatu-Tanque que aparece na capa
do LP. Criada por William Neal, ele deu o nome de Tarkus para o animal,
fazendo uma mistura entre as palavras "Tartarus" (lugar de punição
mencionando em Pedro 2:4) e "Carcass" (os ossos que aparecem escrevendo o
nome do álbum), fazendo uma crítica a futilidade da guerra. A ideia de
Emerson foi contar a história do Tatu, desde seu nascimento em uma
erupção vulcânia, as batalhas com seu principal inimigo, um Manticore
(figura mitológica com cabeça de homem, corpo de leão e cauda de
escorpião), sua derrota para o Manticore e sua transformação para uma
versão aquática, batizada "Aquatarkus". Além disso, Tarkus significa
sapiência em Estoniano. A história de "Tarkus" é contada em desenhos
(também criados por Neal) que estão internamente na capa dupla do vinil
original.
A
suíte é dividida em em sete partes, quatro delas compostas por Emerson,
duas pela dupla Emerson/Lake e uma apenas por Lake. Apesar de não ter a
mão de Palmer na composição, sua importância para essa Maravilhosa
suíte é enorme, começando pela introdução de "Eruption", trecho que abre
a suíte com longos acordes de sintetizadores e batidas violentas nos
pratos, simbolizando uma erupção vulcânica que ocasiona o nascimento de
"Tarkus". Uma marcação complicadíssima de baixo, teclados e bateria
surge trazendo um solo de órgão, enquanto a bateria solta o peso,
marcando a canção para o moog fazer sua participação. Uma batida no
gongo nos apresenta a segunda parte do solo de órgão, sempre com a
complicada marcação ao fundo, a qual permanece em um pique alucinante, e
então, após uma série de viradas e marcações incríveis, chegamos em
"Stones of Years".
Keith Emerson, Carl Palmer e Greg Lake
Essa
balada prog apresenta os vocais suaves de Lake, contando sobre as
sensações que Tarkus está tendo, e como um tatu que é, apesar de sentir o
que ocorre a sua volta não consegue ouvir nada. A voz é acompanhada por
órgão, escalas de baixo e uma marcação recheada de rufadas da bateria.
Após duas estrofes, o piano surge forte, trazendo o solo de Emerson com o
órgão, enquanto ao fundo Lake executa uma escala menor e palmer
continua a marcação, colocando várias viradas na mesma. O solo de
Emerson não exibe o virtuosismo que o consagrou, mas apenas uma série de
notas e acordes que vão aumentando de velocidade, chegando então nas
duas últimas estrofes de "Stones of Years", e com efeitos na voz de
Lake, Tarkus começa a viajar pelo mundo, e enfrenta uma série de
inimigos, começando pelo pássaro "Iconoclast".
Temos
uma maluca sessão instrumental que resgata a marcação de "Eruption",
com mais pegada na bateria. Nela, Emerson abusa do órgão, arrancando
longas notas do mesmo, simbolizando a derrota de Iconoclast através de
uma guitarra, principal arma do segundo inimigo de Tarkus, "Mass", um
ser parte lagarto, parte lagosta e parte lançador de foguetes. Essa
sessão surge após uma complicada série de marcações entre baixo, bateria
e órgão, e é a parte mais agitada de "Tarkus", com a marcação vibrante
do baixo e do sintetizador. Lake canta rasgando a voz, fazendo diversas
referências religiosas, com fortes críticas à Igreja, demonstrando
também uma despreocupação da sociedade com os fatos relacionados aos
bispos, padres e outros personagens religiosos. O moog valvulado marca a
presença. Durante o solo de órgão, as marcações entre baixo e bateria
são quebradas, e novamente, Emerson procura fugir do virtuosismo. Porém,
o solo sofre uma mudança na segunda metade, com Palmer puxando o ritmo
em uma rufada veloz e diversas viradas, e com Lake trazendo a guitarra
para divertir-se entre as viajantes notas do moog.
O
encerramento da letra de "Mass" nos leva aos delirantes minutos de
"Manticore", o último inimigo de Tarkus, que surge com uma violenta
marcação de baixo, órgão e bateria, todos executando as mesmas batidas
ao mesmo tempo, e com breve intervenções do órgão, responsável por fazer
o encerramento desse trecho com um curto solo. A violenta marcação
aparece novamente, e uma incrível sequência de batidas na bateria nos
leva para o trecho mais belo de "Tarkus", batizado de "Battlefield".
O
andamento cadenciado do órgão e as viradas de Palmer trazem a voz de
Lake. A marcação é simples, mas cativante, e o estilo de cantar de Lake é
único. Palmer também destaca-se fazendo diversas viradas sem perder o
ritmo. Concluindo esse majestoso trecho, somos agraciados por um belo
solo de guitarra feito por Lake, que apesar de exalar algumas notas da
guitarra, extrai das mesmas uma melodia muito doce, digna de um dos
melhores solos de sua carreira como guitarrista. Tarkus é derrotado A
letra é retomada, agora com intervenções da guitarra ao fundo, e então, o
órgão nos leva ao encerramento de nossa maravilha com "Aquatarkus".
Aqui,
o moog sintetizado toma conta. Tendo ao fundo a marcação continua de
bumbo, chimbal e caixa, bem como as mudanças de notas do baixo, o moog
executa um tema de guerra, que repete-se por diversas vezes, e sobre
este tema, passa a realizar o solo de encerramento final. Um ritmo
marcial surge aos poucos na caixa de Palmer, enquanto o volume do solo
do moog vai diminuindo, e então, apenas o ritmo marcial segue ecoando
nas caixas de som, para um gongo retornar ao início de "Eurption",
simbolizando uma nova erupção, da qual surge o animal Aquatarkus, passando a informação de que apesar de Tarkus ter sido enterrado, ele
ainda estava vivo, e concluindo "Tarkus" com batidas violentas no órgão,
pratos e nas cordas do baixo, além de um longo acorde de órgão e o moog
duelando com a bateria.
A
suíte passou a frequentar o set list dos shows do grupo, e uma de suas
melhores versões ao vivo está registrada no essencial álbum triplo Welcome Back My Friends to the Show that Never Ends ... Ladies and Gentlemen, Emerson, Lake & Palmer
(1973), com mais de vinte e sete estonteantes minutos de duração. O
tecladista do Dream Theater, Jordan Rudess, fez uma magnífica versão
para "Tarkus" em seu álbum The Road Home (2007),
contando com os vocais de Kip Winger e a guitarra de Bumblefoot. Nossa
Maravilha ainda foi trilha de um filme russo em 1975 (filme este
batizado de "Begstvo Mistera Mak-Kinli")
Vale a pena ressaltar que o grupo quase acabou antes das gravações de Tarkus.
Enquanto Palmer mostrou-se muito bem receptivo por poder extrapolar
seus limites e experimentar novas formas de tocar, principalmente com a
suíte-título, Lake ficou desgostoso por não ser tão participativo na
canção. Brigas ocorreram e, segundo diversas fontes, Emerson chegou a
dizer para Lake: "Faça isso, ou então, deixe a banda". Lake decidiu sair, mas foi convencido por amigos e empresários a continuar, e o resultado, apareceu.
Tarkus
fez tanto sucesso quanto seu antecessor, e mais, levou o trio ao topo
das paradas britânicas, desbancando medalhões como Simon &
Garfunkel, Rolling Stones e Paul McCartney. Lá, ele permaneceu entre os
dez mais por mais de dezessete semanas. Seu lado B apresenta sete curtas
canções, destacando "Jeremy Bender" e "A Time and a Place". Ainda em
1971, o grupo gravou mais uma Maravilha, mas isso é assunto para daqui
há duas semanas.
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